O Ibovespa dançou conforme a música da Previdência — mas, ao fim do dia, mal saiu do lugar
O Ibovespa chegou a cair mais de 1% nesta quinta-feira (27), em meio à cautela dos mercados em relação à Previdência. Mas as movimentações na cena política ajudaram a dissipar os temores
A reforma da Previdência ditou o comportamento do Ibovespa e do dólar à vista nesta quinta-feira (27). Quando as notícias eram negativas, o mercado reagiu com cautela; mas, quando o noticiário trouxe sinais mais encorajadores, os agentes financeiros colocaram as mangas para fora.
O saldo, ao fim do dia, foi praticamente nulo para o principal índice da bolsa brasileira: o Ibovespa bateu os 99.420,64 pontos na mínima (-1,26%) e tocou os 101.024,95 pontos na máxima (+0,33%), mas, ao término do pregão, marcava 100.723,97 pontos — uma ligeira alta de 0,04%.
O dólar à vista exibiu comportamento semelhante: oscilou entre os R$ 3,8726 (+0,66%) e os R$ 3,8273 (-0,51%), fechando a sessão em queda de 0,35%, a R$ 3,8335.
Essas variações se devem às mudanças de percepção dos mercados em relação à Previdência. Do pessimismo quanto ao cronograma de tramitação ao otimismo com a postura dos principais agentes políticos, os agentes financeiros foram ajustando suas posições — e calibrando suas apostas antes do fechamento do semestre.
Tensão matutina
Na primeira etapa, os mercados mostraram-se apreensivos com o cancelamento da sessão de hoje da comissão especial para a reforma da Previdência na Câmara. Afinal, havia a previsão de leitura do relatório do deputado Samuel Moreira — e a postergação elevou as dúvidas em relação ao cumprimento do cronograma de tramitação.
Analistas, operadores e outros agentes financeiros têm batido duramente na tecla do cronograma, uma vez que o Congresso entrará em recesso no próximo dia 18. Assim, há apenas três semanas para que o texto seja aprovado na comissão especial e no plenário da Câmara, em dois turnos — caso contrário, o tema ficará parado até o retorno das atividades em Brasília.
Leia Também
As preocupações do mercado ganham ainda mais volume em função da postura adotada pelo Banco Central — a instituição sinaliza que novos cortes na Selic não serão feitos enquanto ocorrerem avanços significativos na tramitação da reforma.
"A aprovação da Previdência na comissão especial tem se mostrado mais difícil do que o inicialmente pensado", pondera um analista. No entanto, movimentações dos principais atores políticos ao longo do dia contribuíram para dissipar parte das preocupações e injetar confiança nos agentes financeiros, disparando a onda de fortalecimento do Ibovespa e do dólar.
Alívio vespertino
A onda começou a mudar no início da tarde. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o relator da proposta no colegiado, Samuel Moreira, afirmaram que o plano, agora, é realizar a leitura do voto complementar na tarde da próxima terça-feira (2).
Maia ainda afirmou que terá uma nova conversa com os governadores na terça, num esforço para incluir os Estados no texto da reforma. E um tom semelhante foi adotado pelos líderes do Novo, Solidariedade e Podemos na Câmara, que confirmaram o novo prazo e também ressaltaram a importância da questão dos Estados e municípios.
Ainda nesse âmbito, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, reuniu-se com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e usou o Twitter para defender a inclusão dos Estados e municípios na proposta:
A inclusão dos estados e municípios na reforma da Previdência é necessária, e o entendimento é o caminho para encontrar soluções. Converso agora, na residência oficial, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o líder do governo no Senado, @fbezerracoelho (MDB-PE). pic.twitter.com/ubp2dKBYJq
— Davi Alcolumbre (@davialcolumbre) June 27, 2019
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A percepção de que as principais forças políticas se articulam para fortalecer a proposta de reforma da Previdência agradou os agentes financeiros, dando um impulso aos ativos locais. Mas esse movimento teve alcance limitado, já que a preocupação em relação ao cronograma de tramitação continua no radar.
Assim, dividido entre otimismo e cautela, o Ibovespa ficou praticamente estável e defendeu o nível dos 100 mil pontos pelo sexto pregão consecutivo.
De olho no Japão
No exterior, os mercados globais voltaram as atenções para a reunião do G-20, no Japão — o foco, naturalmente, está no diálogo entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, a respeito da guerra comercial.
Os dois líderes darão continuidade às negociações, e o mercado mostra-se esperançoso quanto ao anúncio de algum tipo de trégua ou acordo preliminar que amenize as tensões no front comercial. E, em meio a essa expectativa, as bolsas americanas tiveram um dia bastante tranquilo.
O S&P 500 e o Nasdaq se mantiveram em alta durante toda a sessão, terminando com ganhos de 0,38% e 0,73%, respectivamente. Já o Dow Jones não se afastou muito da estabilidade, fechando em leve queda de 0,04%.
Juros reagem
A melhoria de humor dos mercados locais se refletiu no comportamento da curva de juros: durante a manhã, quando a preocupação em relação ao prazo da reforma era predominante, os DIs operaram em alta; mas, em meio ao otimismo com o cenário político, as curvas recuaram e fecharam o dia em queda.
Na ponta curta, os DIs com vencimento em janeiro de 2021 viraram e recuaram de 5,96% para 5,93%. No vértice longo, as curvas para janeiro de 2023 caíram de 6,75% para 6,73%, enquanto as para janeiro de 2025 ficaram inalteradas em 7,24%.
Mais cedo, o Relatório de Inflação do BC mostrou um cenário em que a inflação fica ao redor das metas até 2021, o que, em tese, autorizaria novos cortes da Selic. Contudo, o documento também reforça a necessidade de “avanços concretos” na agenda de reformas para a consolidação desse cenário.
GPA no topo
Um ativo do Ibovespa se destacou desde o início do pregão: as ações PN do Grupo Pão de Açúcar (GPA) (PCAR4), que fecharam em forte alta de 11,26%, a R$ 94,14. Os ganhos expressivos se devem aos planos de restruturação anunciados pelo francês Casino, controlador da empresa brasileira.
O projeto inclui a reorganização das operações do Casino na América Latina, com o GPA comprando a Almacenes Éxito e passando a concentrar as atividades de supermercados do grupo francês no continente. O plano ainda prevê a migração do GPA para o Novo Mercado da B3, com a conversão de todas as ações preferenciais em ordinárias.
Debandada da B3: quando a onda de saída de empresas da bolsa de valores brasileira vai acabar?
Com OPAs e programas de recompras de ações, o número de empresas e papéis disponíveis na B3 diminuiu muito no último ano. Veja o que leva as empresas a saírem da bolsa, quando esse movimento deve acabar e quais os riscos para o investidor
Medo se espalha por Wall Street depois do relatório de emprego dos EUA e nem a “toda-poderosa” Nvidia conseguiu impedir
A criação de postos de trabalho nos EUA veio bem acima do esperado pelo mercado, o que reduz chances de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro; bolsas saem de alta generalizada para queda em uníssono
Depois do hiato causado pelo shutdown, Payroll de setembro vem acima das expectativas e reduz chances de corte de juros em dezembro
Os Estados Unidos (EUA) criaram 119 mil vagas de emprego em setembro, segundo o relatório de payroll divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Departamento do Trabalho
Sem medo de bolha? Nvidia (NVDC34) avança 5% e puxa Wall Street junto após resultados fortes — mas ainda há o que temer
Em pleno feriado da Consciência Negra, as bolsas lá fora vão de vento em poupa após a divulgação dos resultados da Nvidia no terceiro trimestre de 2025
Com R$ 480 milhões em CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai 24% na semana, apesar do aumento de capital bilionário
A companhia vive dias agitados na bolsa de valores, com reação ao balanço do terceiro trimestre, liquidação do Banco Master e aprovação da homologação do aumento de capital
Braskem (BRKM5) salta quase 10%, mas fecha com ganho de apenas 0,6%: o que explica o vai e vem das ações hoje?
Mercado reagiu a duas notícias importantes ao longo do dia, mas perdeu força no final do pregão
SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano
Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel
Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo
Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos
Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima
O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez
Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas
Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro
Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai mais de 10% na bolsa
As ações da companhia recuaram na bolsa depois de o BC determinar a liquidação extrajudicial do Master e a PF prender Daniel Vorcaro
Hapvida (HAPV3) lidera altas do Ibovespa após tombo da semana passada, mesmo após Safra rebaixar recomendação
Papéis mostram recuperação após desabarem mais de 40% com balanço desastroso no terceiro trimestre, mas onda de revisões de recomendações por analistas continua
Maiores quedas do Ibovespa: Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) sofrem na bolsa. O que acontece às empresas de Rubens Ometto?
Trio do grupo Cosan despenca no Ibovespa após balanços fracos e maior pressão sobre a estrutura financeira da Raízen
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Levantamento mostra que fundos de shoppings e do agronegócio dominaram as maiores valorizações, superando com sobra o desempenho do IFIX
Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%
Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
