🔴 É AMANHÃ: ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE – VEJA COMO PARTICIPAR GRATUITAMENTE

Cinco passos para a real educação financeira

O mercado financeiro pertence aos praticantes: as pessoas aprendem e se educam a partir da prática; o conhecimento precisa emanar da prática para a teoria. E não o contrário.

17 de janeiro de 2019
11:24 - atualizado às 20:11
dólar na carteira
Notas de dólares - Imagem: Shutterstock

“O primeiro passo para uma regeneração, econômica ou outra, é criarmos um estado de espírito de confiança – mais, de certeza, nessa regeneração. Não se diga que os factos provam o contrário. Os factos provam o que quer o raciocinador. Nem, propriamente, existem factos, mas apenas impressões nossas, a que damos, por conveniência, aquele nome. Mas haja ou não factos, o que é certo é que não existe ciência social – ou, pelo menos, não existe ainda. E como assim é, tanto podemos crer que nos regenaremos, como crer o contrário. Se temos, pois, a liberdade de escolha, por que não escolher a atitude mental que nos é mais favorável em vez daquela que nos é menos?”

Isso é Fernando Pessoa, em “Teoria e Prática do Comércio”. Sem heterônimos, o poeta era um gênio da Economia. Os interessados podem se aprofundar no assunto em “A Economia em Pessoa: Ensaios Empresariais do Poeta”, organizado pelo também genial Gustavo Franco.

Para uma verdadeira transformação, o primeiro passo é escolher a atitude mental correta. No mundo real, porém, não restrito ao platonismo das ideias, importam mesmo os resultados efetivos e esses, de novo segundo Pessoa, dependem de três coisas:

i. saber trabalhar (que é mais que o trabalho);

ii.descobrir oportunidades (que é mais do que aproveitar as existentes); e

iii.criar relações tanto na vida material quanto na vida mental.

Leia Também

O resto, recorrendo ainda ao mesmo autor, é sorte – “como herdar do tio brasileiro ou não estar onde caiu a granada.”

Muita resistência, um pouco de sorte

Lembrei de Charles Bukowski: “As pessoas que resolviam as coisas, em geral, tinham muita persistência e um pouco de sorte. Se a gente persistisse bastante, a sorte normalmente chegava. Mas a maioria das pessoas não podia esperar a sorte; por isso, desistia”.

Acho um bom guia teórico e prático para nos orientar e educar para o mundo dos investimentos – e para a vida como um todo, pra ser sincero.

A lacuna na educação financeira no Brasil ainda é preocupante.

Temos youtubers que não entendem nada de investimentos falando sobre o assunto (nunca ganharam dinheiro de verdade com isso, enquanto vendem sua imagem de bons comunicadores para gerar cadastros nas corretoras; uma vez lá, o investidor que se vire), bancos e corretoras fingindo ensinar para simplesmente empurrar produtos munidos de conflito de interesses, imprensa em terra arrasada e instituições isentas sem capacidade de comunicação com o varejo.

Às vezes, me pergunto por que a educação financeira fracassou no Brasil. Certamente, há vários pontos. Identifico três principais. Existem outros, claro. Mas destaco um trio. O primeiro é de cunho macro. Toda a Educação fracassou no Brasil. Ora, se a educação financeira é um subconjunto da Educação, seria muito difícil a primeira carregar características tão diferentes da segunda. Uma está contida na outra.

O  segundo fator é que se adota uma linguagem institucional para se falar com o varejo. Communication breakdown, como diria Led Zeppelin. É como se um índio viesse falar comigo. Não vou entender nada. E, do alto de meu ensimesmamento, ainda pensarei: “Caramba, como é que pode ter mais índio do que investidor em Bolsa neste país?”.

Será que não está na hora de uma autorreflexão pelo regulador, pela B3, por bancos e corretoras sobre a demarcação das terras da comunicação financeira no Brasil? Podíamos todos nos juntar numa campanha em prol do fim do desmatamento financeiro da poupança.

Educação financeira

O mercado financeiro pertence aos praticantes. Por isso, acreditamos que as pessoas aprendem e se educam a partir da prática. Ninguém aprende a jogar futebol ou a andar de bicicleta lendo livro de engenharia mecânica. Você aprende a jogar futebol jogando futebol. Você aprende a cozinhar cozinhando. Você aprende a investir investindo. Ninguém se educa, de fato, em investimentos com professor universitário nem com youtuber que nunca ganhou dinheiro em Bolsa.

O conhecimento precisa emanar da prática para a teoria. E não o contrário. Em não sendo o caso, caímos na metáfora de Pablo Triana em “Lecturing birds on flying”. A partir de nosso conhecimento em aerodinâmica, queremos ensinar os pássaros a voar.

Um cidadão comum, sob a devida orientação, começa a investir. Vai “learn by doing”, passo a passo, sentindo na pele que é possível. Curiosamente, como vantagem à introdução do suposto leigo, há algo muito democrático no mercado: a partir de indicações isentas e feitas em escala, ele pode investir tão bem quanto um profissional; a ação XYZ sobe igualzinho para ele e para o Stuhlberger.

Se preferir, pode encurtar o caminho e investir pragmaticamente como um profissional, a partir de fundos de investimento hoje disponíveis ao varejo – mais sobre isso abaixo.

No momento em que o investidor percebe a tangível e efetiva maior rentabilidade de sua carteira frente à poupança ou a outros instrumentos igualmente populares, ele automaticamente se engaja. Saímos do platonismo do “será que eu consigo” para a material constatação de que “estou mesmo ganhando dinheiro”. Acabou a conversinha. Então, pronto, ele automaticamente se engajou com a educação financeira. Etimologicamente, “educação” é guiar para fora – e “guiar", claro, implica direcionamento para uma ação concreta, e não apenas para contemplação platônica das ideias.

Para a real educação financeira, precisamos adentrar o espectro da prática, portanto, da material realização de uma ação voltada às finanças. A educação se liga a situações presenciadas e a experiências vividas – ou seja, a educação financeira implica viver, experimentar e presenciar o mundo das finanças.

Não há outro caminho. Se queremos que nossos leitores sejam educados financeiramente (e aqui falamos do mais alto grau de educação, alinhado ao dos profissionais), precisamos que eles pratiquem, que invistam e lucrem com isso.

Recuperando o início de Fernando Pessoa, o primeiro passo é adotar um estado de espírito de confiança. Depois, no mundo real, importam mesmo os resultados efetivos.

Os passos

Se você quer resultados efetivos para educar-se na prática, aqui vão cinco passos para seu PhD. Todos eles tratam-no como um adulto, e não como aluno do maternal II. São passos para você ganhar dinheiro como gente grande:

1- Abra uma conta na Ágora Corretora e invista no fundo Nimitz da SPX. Nada a favor da Ágora especificamente. Nem conheço muito pra ser sincero. A questão aqui é que é o único lugar onde esse fundo está aberto para o investidor de varejo. Você precisa aproveitar isso. É possível que alguém tente dissuadi-lo no meio do caminho, porque o fundo não teve bom retorno em 2018. Não dê ouvidos. Primeiro: há retornos à média no desempenho dos fundos. Google it. Mas vai muito além, claro. A SPX é a melhor gestora brasileira, seu gestor é um dos maiores gênios do mercado de capitais brasileiro e é sua única chance hoje de pegar um atalho para investir em nível profissional world-class, hall of fame.

Em tempo: a mais recente carta da SPX é uma aula de hombridade, honestidade intelectual e humildade. Não há heróis – e juro que isso não é um quarteto fantástico de “Hs” da Marvel. “Eu errei. E ponto.” Sem tergiversar, sem desculpinha, sem conversa do tipo “estava certo, mas acabei capitulando antes da hora”. Os gênios também erram. Reconhecer isso é o primeiro passo para retomar a rota. Aproveite enquanto o Nimitz ainda não decolou. Cavalo selado não passa duas vezes.

2- Se você guarda sua reserva de emergência na poupança (ou em qualquer outro lugar), migre para o fundo DI do BTG. É igualmente seguro e líquido, mas rende mais do que qualquer outro porque é mais barato. Trata-se apenas de uma decisão racional. Não há razão objetiva para sua reserva de emergência estar em nenhum outro lugar.

3- Entenda que ações são, sim, investimentos de risco. Mas só uma pessoa não corre riscos na vida: aquela que não faz nada. Ter uma posição grande em ações pode ser arrojado demais para você, claro. Não ter posição alguma pode ser ainda mais arriscado. Você vai se atolar de títulos da dívida pública brasileira, num país em que a trajetória fiscal é simplesmente explosiva? Não seria melhor se proteger da inflação ou de, num cenário extremo, um eventual calote em ativos reais, tais como ações, que são pedaços de empresas? Se você ainda não começou em renda variável, vá pequeno, coloque o pé na água, só a pontinha. Monte uma posição pequena. Esqueça a dica quente do momento. Compre BOVV11 e SMAL11.

4- Balanceie seu portfólio de imóveis com fundos imobiliários. É muito mais líquido, fácil, acessível, rápido e diversificado. Fora que não dá encheção de saco. Se você não tem imóveis, é ainda mais importante ter uns FIIs na carteira. Forma bacana de ter renda imobiliária.

5- Diversifique. E faça isso da forma mais ampla possível, envolvendo moedas. Tenha dólar na carteira e outras divisas fortes. Também diversifique de si mesmo. Em outras palavras, tenha investimentos diferentes daqueles que representem suas ideias e convicções. Você pode estar errado. Mantenha sempre proteções aos investimentos de risco. Moeda forte, terras, ouro, puts são instrumentos clássicos.

Adeus, investimentos ruins

Percorra o programa de cinco passos e livre-se do vício dos investimentos ruins. Investidores anônimos também amam e não devem sofrer preconceitos dos ditos sóbrios do mercado de capitais brasileiro. Tendo passado por 1 a 5, sente na mão, desligue o computador e volte daqui cinco anos. A especulação financeira (aqui no sentido de tentativas de adivinhação do comportamento do mercado no curto prazo) é uma daquelas ideias que parecem boas, mas são ruins.

Pessoas que sabem, mas não sabem o bastante vão querer convencê-lo do canto da sereia do day trade, do swing trade do sei-lá-mais-o-quê trade. Má educação não é apenas um belo filme de produção do Almodóvar – é algo para termos sempre em mente no Brasil.

Mercados

Mercados iniciam a quinta-feira próximos à estabilidade. De novo, aguardam sinalizações mais concretas sobre a reforma da Previdência no Brasil, enquanto monitoram aumento das tensões sobre a novela chamada guerra comercial entre EUA e China. Resultados trimestrais abaixo do esperado na Europa também estão no radar, bem como os desdobramentos de outra novela, o Brexit.

Agenda norte-americana traz atividade na região da Filadélfia e pedidos de auxílio-desemprego. Zona do Euro revela inflação ao consumidor. Por aqui, saem IBC-Br e IPC-Fipe.

Ibovespa Futuro cai 0,2 por cento, dólar e juros futuros estão perto do zero a zero.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
A BOLHA ESTOUROU?

Investidor de Nubank e Inter, Softbank tem maior prejuízo trimestral da história

8 de agosto de 2022 - 10:47

Com o naufrágio das empresas de tecnologia na bolsa, o grupo japonês registrou prejuízo trimestral equivalente a R$ 122 bilhões

Market Makers

Gestor de um dos fundos mais voláteis — e rentáveis — do mercado teme “terceiro turno” na disputa entre Lula e Bolsonaro

5 de agosto de 2022 - 16:43

Gestor-trader Cláudio Coppola calcula probabilidade de 20% de Bolsonaro pedir recontagem após segundo turno acirrado contra Lula

Também tem risco!

Melhor momento para investir em renda fixa ainda está por vir – mas convém evitar emissores desses setores

28 de julho de 2022 - 21:02

Ulisses Nehmi, da Sparta, e Marcelo Urbano, da Augme, gestoras especializadas em crédito privado, falam das perspectivas para a renda fixa e os setores mais promissores ou arriscados

AUTORREGULAÇÃO

Populares, mas pouco transparentes? Anbima vai criar novas regras para fundos que investem em criptomoedas

21 de julho de 2022 - 12:54

O patrimônio de fundos que investem em ativos digitais disparou 680% de dezembro de 2020 a abril de 2022, para os atuais R$ 4,7 bilhões

FOME DE AQUISIÇÕES

Vinci Partners quer levantar US$ 1,4 bilhão para novos fundos de private equity e de energias renováveis

13 de julho de 2022 - 10:45

O fundo atual da Vinci, gestora formada por ex-sócios do atual BTG Pactual, possui na carteira empresas como rede de pizzarias Domino’s e o banco digital Agi

Em meio ao terremoto

Apesar dos resgates, fundos multimercados conseguem fechar o 1º semestre no azul; emissões de renda variável desabam 75% no período

7 de julho de 2022 - 18:10

Período difícil para ativos de risco beneficiou a renda fixa e levou investidores a fugirem de fundos de ações e multimercados

FII DO MÊS

Fundos de papel retornam ao topo da preferência dos analistas; veja quais são os FIIs favoritos para julho

6 de julho de 2022 - 7:01

Em meio ao temor de recessão global, as corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro voltaram-se novamente para a proteção do papel

'Grande inverno cripto'

Após dar calote, fundo de criptomoedas Three Arrows Capital (3AC) pede falência nos EUA

3 de julho de 2022 - 14:06

Fundo hedge que operava alavancado está com dificuldade de pagar credores e busca proteção contra credores americanos

irmão caçula

Itaú Asset “apimenta” família de fundos Global Dinâmico com opção alavancada

14 de junho de 2022 - 8:00

Fundo Global Dinâmico Ultra foi desenhado para alocar até 40% do patrimônio no exterior e está disponível só para investidores qualificados

Panorama dos gestores

Com a Selic nas alturas, é hora de esquecer a bolsa? Não para os grandes gestores, que enxergam oportunidades no mercado

14 de junho de 2022 - 7:00

Pesquisa mensal da série “Os Melhores Fundos de Investimento”, da Empiricus, mostra que gestores mudaram de posição sobre a bolsa brasileira

DE OLHO NAS STARTUPS

XP capta fundo de R$ 915 milhões em parceria com fundador do Buscapé para investir em até 25 startups

9 de junho de 2022 - 15:07

A captação contou com mais de 12 mil investidores qualificados e superou a oferta base inicial; a duração do fundo Headline XP é de 10 anos

FII DO MÊS

Corretoras apostam em um fundo imobiliário de papel e outro de tijolo para lucrar em junho; veja quais são os FIIs do mês

8 de junho de 2022 - 7:03

Ao contrário do que ocorre na brincadeira de pedra, papel ou tesoura, no caso dos FIIs não é preciso escolher entre as duas classes para montar uma carteira vencedora

Investimento alternativo

Vitreo lança fundo de vinhos com opção de resgate na forma de garrafas

8 de junho de 2022 - 6:02

Novo fundo da Vitreo em parceira com a Oeno Asset é voltado para investidores profissionais e pretende captar até R$ 150 milhões

Ainda dá tempo

Não tenho FGTS, como faço para investir na oferta de ações da privatização da Eletrobras (ELET3)?

6 de junho de 2022 - 18:47

Pessoas físicas também poderão participar das maneiras tradicionais: por meio da compra direta de ações ou do investimento em fundos de ações que participem da oferta

O primeiro passo

Vai investir seu FGTS na Eletrobras (ELET3)? Veja os fundos disponíveis até agora e saiba qual escolher

3 de junho de 2022 - 6:00

Recursos do FGTS destinados à compra de ações da Eletrobras deverão ser aplicados em fundos especialmente constituídos para a ocasião, os FMP-FGTS. Mas já existem 24 deles no mercado. Qual escolher?

COMPRA DE EMPRESAS

Advent International capta US$ 25 bilhões para fundo global. E pode usar uma parte desse dinheiro para comprar empresas no Brasil

24 de maio de 2022 - 10:19

Esse é o décimo fundo global da Advent, que tem presença no Brasil desde 1997 e recentemente investiu em empresas como Tigre e Grupo CRM, dono da Kopenhagen

Maxi Renda (MXRF11) sobe após CVM recuar e encerrar polêmica sobre a distribuição de dividendos do fundo imobiliário

18 de maio de 2022 - 12:39

O FII é um dos destaques da indústria, que respira aliviada após a xerife do mercado de capitais reconhecer a regularidade do pagamento de proventos com base no “lucro caixa”

CVM recua e libera distribuição de dividendos do fundo imobiliário Maxi Renda FII (MXRF11) com base no ‘lucro caixa’ — relembre o caso

17 de maio de 2022 - 20:24

A xerife do mercado de capitais reconheceu “a existência de obscuridade e contradição” na decisão original

IR 2022

Ao declarar fundos no imposto de renda, qual CNPJ informar? O do fundo ou o da administradora?

17 de maio de 2022 - 7:00

Esta é uma das dúvidas mais comuns entre os investidores, mas em 2022 parece que finalmente a Receita deixou isso claro

Mais um fundo imobiliário suspende dividendos para pagar dívida com a Rede D’Or (RDOR3); entenda a situação do HCRI11

16 de maio de 2022 - 13:04

O FII Hospital da Criança segurará o pagamento de maio para saldar parte de uma dívida de quase R$ 1 milhão com a empresa

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar