Pouco menos de uma hora depois de o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmar que o real não tem tido comportamento atípico em relação a outras moedas, o BC fez uma atuação surpresa no mercado à vista de dólar, vendendo moeda a R$ 4,125.
Até então, o BC vinha fazendo apenas atuações programadas, trocando o vencimento de swaps cambiais por dólar à vista, em operações comunicadas previamente e com volume máximo em US$ 550 milhões.
O leilão surpresa (aviso em dois para os mais antigos) foi feito às 13h20, chamando para propostas até 13h25. O lote mínimo é de US$ 1 milhão. O resultado saiu pouco depois, com a taxa de corte em R$ 4,125. O volume da operação não é divulgado e sempre foi assim (o difícil foi lembrar, já que desde fevereiro de 2009 o BC não atuava dessa forma). Devemos saber dos números dentro de uma semana, com dados do fluxo cambial.
A atuação aconteceu em meio a uma piora generalizada nos mercados globais que levaram o dólar a rapidamente escalar até R$ 4,1943, alta de 1,3%. Com o leilão, a moeda chegou a operar em baixa, mas depois voltou a subir, e valia R$ 4,1442 por volta das 15 horas, alta de 0,12% (Veja nossa cobertura de mercados).
Campos Neto também voltou a afirmar que embora o regime seja de câmbio flutuante, o BC vai atuar sempre que encontrar problemas de liquidez no mercado.
Recado reforçado por meio dessa atuação sem aviso prévio. Agora, o comprado (que ganha com a alta do dólar) sai um pouco da sua zona de conforto, pois o BC pode voltar a atuar a qualquer momento.
Como já dissemos, as atuações do BC não buscam mudar a tendência do mercado ou defender uma linha de preço, mas sim para suavizar eventuais movimentos de estresse do mercado. Tal estratégia é conhecida como “leaning against the wind” ou “inclinar-se contra o vento” em tradução literal.