Mercado segue sensível à cena política
STF adia julgamento sobre conduta de Moro e mantém Lula preso, mas dúvidas sobre apoio à reforma da Previdência trazem cautela

O mercado financeiro brasileiro deve respirar aliviado com a decisão do STF de manter Lula preso, adiando para agosto o julgamento sobre a conduta de Moro. Ontem, a possibilidade de soltura do ex-presidente azedou de vez o humor dos investidores, que já estavam mais sensíveis, após certa frustração com o tom não tão dócil dos bancos centrais.
Mas a cena política deve continuar ditando o rumo dos negócios locais, em meio à expectativa pela votação do parecer da reforma da Previdência na comissão especial ainda nesta semana. Hoje, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deve conversar com alguns governadores sobre a inclusão dos estados no texto que será enviado ao plenário.
O tema divide deputados e provoca a reação de aliados importantes. Por isso, a reforma entra hoje na quarta sessão e a votação da proposta na comissão especial pode ser adiada em “um ou dois dias”, o que, segundo Maia, não faz muita diferença, mas aperta ainda mais o cronograma para aprovação na Casa, em dois turnos, antes do recesso parlamentar.
Esses ruídos vindos do Congresso e do Judiciário acenderam a “luz amarela” no mercado doméstico, abrindo espaço para uma realização de lucros. No pior momento do dia, o Ibovespa chegou a perder os 100 mil pontos, mas acabou fechando levemente acima dessa marca, enquanto o dólar voltou a ser negociado acima de R$ 3,85.
Já os juros futuros embutiram prêmios, reagindo à indicação não tão suave do Comitê de Política Monetária (Copom). A postura mais conservadora também do Federal Reserve contrariou as expectativas do mercado internacional, aumentando o movimento local de aversão ao risco. E o cenário externo ainda delicado deve continuar atrapalhando hoje.
Entre pombos e falcões
O mercado financeiro captou rapidamente a mensagem mais suave (“dovish”) dos principais bancos centrais globais sobre a condução da política monetária, que pode se tornar mais frouxa para estimular a atividade econômica. Mas os investidores acabaram indo longe demais ao antecipar um ciclo intenso de cortes de juros, começando já em julho.
Leia Também
Com isso, os BCs do Brasil (Copom) e dos Estados Unidos (Fed) tiveram que adotar uma postura mais conservadora (“hawkish”) ontem, ajustando as expectativas e deixando claro que, embora estejam prontos para agir, ainda existem muitos riscos no cenário. Assim, o primeiro passo em direção ao afrouxamento vai depender de uma série de fatores.
Ou seja, enquanto os investidores viam pombos e apostavam na queda acentuada das taxas básicas aqui e nos EUA nos próximos meses, os presidentes Roberto Campos Neto e Jerome Powell transformaram-se em falcões e defenderam seus mandatos, deixando claro que tal movimento agressivo nos juros é difícil de se justificar.
A mensagem é de que não cabe aos BCs assumir o protagonismo, tal qual em 2008. Tanto o Fed quanto o Copom estão com o dedo no gatilho para disparar um processo de estímulos. Mas, primeiro, a bola está no campo político, ressaltando o papel das lideranças políticas para ajudar na trajetória do crescimento econômico.
E isso vale tanto para o Congresso Nacional quanto para a Casa Branca. Tudo vai depender, então, do desenrolar das atividades em Brasília em torno da reforma da Previdência e entre Washington e Pequim sobre a guerra comercial para saber quando (e se) a rota da política monetária será alterada, rumo à injeção de “dinheiro fácil”.
Baixa expectativa
Diante disso, os investidores diminuíram as expectativas em relação a um corte iminente de juros pelo Fed e também estão menos esperançosos quanto a um acordo comercial entre EUA e China durante o encontro do G20, no Japão. Esse sentimento pesou nas bolsas asiáticas, que encerraram de forma mista.
Tóquio e Xangai tiveram perdas moderadas, enquanto Hong Kong exibiu leves ganhos. Relatos de que o governo Trump não irá fazer concessões durante as negociações com a delegação chinesa reduziram as chances de um acordo, fazendo com que o melhor cenário seja, agora, apenas a retomada das conversas entre os dois países.
A guerra comercial continua sendo a maior fonte de incerteza para o mercado financeiro, gerando preocupação quanto ao impacto potencial no crescimento econômico global e nos lucros das empresas. E qualquer piora adicional nas relações entre EUA e China pode agravar esse cenário.
Com isso, os investidores mostram cautela, o que deixa os índices futuros das bolsas de Nova York na linha d’água, mas com um ligeiro viés positivo, após Wall Street registrar ontem a terceira queda seguida. Na Europa, as principais bolsas abriram com leves baixas. O dólar, por sua vez, tem desempenho misto.
Já o petróleo tem alta firme, diante dos sinais de queda nos estoques norte-americanos, ao mesmo tempo em que monitora o conflito entre EUA e Irã e aguarda a reunião dos países produtores e exportadores (Opep), na semana que vem. Entre os bônus, o rendimento (yield) do papel norte-americano de 10 anos (T-note) oscila em alta.
Pausa na agenda
A agenda econômica desta quarta-feira segue carregada, porém com menos destaques. No Brasil, merecem atenção os índices de confiança dos empresários na construção civil e no comércio, às 8h. Depois, o Banco Central entra em cena para divulgar dados sobre as operações de crédito em maio (10h30) e sobre o fluxo cambial semanal (12h30).
Já no exterior, o calendário norte-americano traz os pedidos de bens duráveis em maio (9h30) e os estoques semanais de petróleo bruto e derivados no país (11h30). Na Europa, logo cedo, tem o sentimento do consumidor alemão e o discurso do presidente do BC inglês (BoE), Mark Carney.
Com real digital do Banco Central, bancos poderão emitir criptomoeda para evitar “corrosão” de balanços, diz Campos Neto
O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, ainda afirmou que a comissão será rigorosa com crimes no setor: “ fraude não se regula, se pune”
O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar
Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores
O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair
Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas
Banco Central lança moedas em comemoração ao do bicentenário da independência; valores podem chegar a R$ 420
As moedas possuem valor de face de 2 e 5 reais, mas como são itens colecionáveis não têm equivalência com o dinheiro do dia a dia
Nubank (NUBR33) supera ‘bancões’ e tem um dos menores números de reclamações do ranking do Banco Central; C6 Bank lidera índice de queixas
O banco digital só perde para a Midway, conta digital da Riachuelo, no índice calculado pelo BC
Economia verde: União Europeia quer atingir neutralidade climática até 2050; saiba como
O BCE vai investir cerca de 30 bilhões de euros por ano; União Europeia está implementado políticas para reduzir a emissão de carbono
A escalada continua: Inflação acelera, composição da alta dos preços piora e pressiona o Banco Central a subir ainda mais os juros
O IPCA subiu 0,67% em junho na comparação com maio e 11,89% no acumulado em 12 meses, ligeiramente abaixo da mediana das projeções
Focus está de volta! Com o fim da greve dos servidores, Banco Central retoma publicações — que estavam suspensas desde abril
O Boletim Focus volta a ser publicado na próxima segunda-feira (11); as atividades do Banco Central serão retomadas a partir de amanhã
Greve do BC termina na data marcada; paralisação durou 95 dias
Os servidores do Banco Central cruzaram os braços em abril e reivindicavam reajuste salarial e reestruturação da carreira — demandas que não foram atendidas a tempo
Vai ter cartinha: Banco Central admite o óbvio e avisa que a meta de inflação para 2022 está perdida
Com uma semana de atraso, Banco Central divulgou hoje uma versão ‘enxuta’ do Relatório Trimestral da Inflação
Greve do BC já tem data pra acabar: saiba quando a segunda mais longa greve de servidores da história do Brasil chegará ao fim — e por quê
A data final da greve dos servidores do BC leva em consideração a Lei de Responsabilidade Fiscal, sem previsão de acordo para a categoria
O fim da inflação está próximo? Ainda não, mas para Campos Neto o “pior momento já passou”
O presidente do BC afirmou que a política monetária do país é capaz de frear a inflação; para ele a maior parte do processo já foi feito
O Seu Dinheiro pergunta, Roberto Campos Neto responde: Banco Central está pronto para organizar o mercado de criptomoedas no Brasil
Roberto Campos Neto também falou sobre real digital, greve dos servidores do Banco Central e, claro, política monetária
O Banco Central adverte: a escalada da taxa Selic continua; confira os recados da última ata do Copom
Selic ainda vai subir mais antes de começar a cair, mas a alta do juro pelo Banco Central está próxima do pico
A renda fixa virou ‘máquina de fazer dinheiro fácil’? Enquanto Bitcoin (BTC) sangra e bolsa apanha, descubra 12 títulos para embolsar 1% ao mês sem estresse
O cenário de juros altos aumenta a tensão nos mercados de ativos de risco, mas faz a renda fixa brilhar e trazer bons retornos ao investidor
Sem avanços e no primeiro dia de Copom, servidores do BC mantêm greve
A greve já dura 74 dias, sem previsão de volta às atividades; o presidente do BC, Roberto Campos Neto, deve comparecer à Câmara para esclarecer o impasse nas negociações com os servidores
Precisamos sobreviver a mais uma Super Quarta: entenda por que a recessão é quase uma certeza
Não espere moleza na Super Quarta pré-feriado; o mundo deve continuar a viver a tensão de uma realidade de mais inflação e juros mais altos
Greve do BC: Vai ter reunião do Copom? A resposta é sim — mesmo com as publicações atrasadas
A reunião do Copom acontece nos dias 14 e 15 de junho e os servidores apresentaram uma contraproposta de reajuste de 13,5% nos salários
Nada feito: sem proposta de reajuste em reunião com Campos Neto, servidores do BC seguem em greve
Mais uma vez, a reunião do Copom de junho se aproxima: o encontro está marcado para os dias 14 e 15 e ainda não se sabe em que grau a paralisação pode afetar a divulgação da decisão
Inflação no Brasil e nos EUA, atividade e juros na Europa; confira a agenda completa de indicadores econômicos da semana que vem
Nesta semana, o grande destaque no Brasil fica por conta do IPCA, o índice de inflação que serve de referência para a política monetária do BC