Tsunami abala mercados
Paralisação nacional contra cortes na educação e indícios de que o senador Flávio Bolsonaro praticou lavagem de dinheiro elevam o clima de incerteza nos negócios

O mercado financeiro doméstico está preocupado com o tsunami que atinge precocemente o governo Bolsonaro, com a paralisação nacional contra cortes na educação assustando os investidores e trazendo à memória os protestos de Junho de 2013 no país. E o clima de incerteza nos negócios locais ganhou um fenômeno a mais, em meio aos indícios de que o senador Flávio Bolsonaro praticou lavagem de dinheiro na compra e venda de imóveis.
Segundo um relatório do Ministério Público (MP), também existem elementos que indicam a prática de uma “organização criminosa” no gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando Flávio era deputado estadual. Além disso, o senador lucrou mais de R$ 3 milhões com a negociação de 19 imóveis, que teria sido comprados e vendidos para lavar dinheiro. Ele nega as acusações.
Já a primeira grande manifestação nacional enfrentada pelo presidente reuniu multidões de estudantes, professores e funcionários da educação nos 26 estados e no Distrito Federal ontem. O tom dos protestos foi similar em todas as cidades do país, com cartazes e gritos contrários a Bolsonaro e ao ministro da Educação, Abraham Weintraub. No Texas (EUA), o presidente apagou fogo com gasolina, chamando os manifestantes de “idiotas úteis”.
E o receio do mercado financeiro doméstico é de que esse movimento nacional visto ontem se transforme nas manifestações contra o aumento de R$ 0,20 na passagem de transporte público em São Paulo. A sensação é de que os protestos de ontem na capital paulista tiveram um toque das chamadas Jornadas de Junho, preenchendo os dois lados da Av. Paulista pela primeira vez desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Busca por proteção
Diante desse noticiário, os investidores deve buscar proteção nos ativos, abrigando-se no dólar, que pode ultrapassar novamente a barreira dos R$ 4,00, enquanto o Ibovespa pode voltar a ser negociado no limiar dos 90 mil pontos. O temor é de agravamento da situação política, minando o apoio do Congresso à reforma da Previdência. É bom lembrar que os ativos locais embutiram nos preços a aprovação das novas regras para aposentadoria.
Além desses fatores externos, a articulação política fraca do governo com o Legislativo desanima os investidores. O desempenho pífio da atividade econômica também incomoda - principalmente os players estrangeiros. O ritmo mais fraco que o esperado põe em xeque as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, em meio aos sinais de desaceleração apontados por diversos setores.
Leia Também
Várias instituições financeiras começaram a revisar ainda mais para baixo as estimativas para o crescimento da economia este ano, mas a maioria segue ainda acima de 1%. Aliás, os sinais de fraqueza da atividade mantêm vivas as apostas de que a taxa básica de juros pode voltar a cair em algum momento deste ano.
Mas a valorização do dólar e as projeções da inflação cada vez mais próximas do alvo perseguido pelo Banco Central para este ano e o próximo, em 4,25% e 4,00%, impedem a retomada do ciclo de queda da Selic. Até porque um novo piso histórico do juro básico tende a renovar a pressão de alta da moeda norte-americana, levando-a a níveis inéditos.
Tensão também no exterior
O ambiente externo tampouco está favorável aos ativos de risco, em meio à escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. O mais recente movimento foi a decisão da Casa Branca de restringir algumas empresas de fazer negócios nos EUA, com o presidente norte-americano, Donald Trump, assinando uma ordem que proíbe o uso de equipamentos de telecomunicações de países considerados “adversários estrangeiros”.
O movimento teve claramente como alvo a Huawei. Para a fabricante chinesa, tal medida apenas irá colocar os EUA para trás quando a tecnologia 5G passar a ser utilizada em larga escala. A Huawei é líder disparada na próxima geração de telecomunicação móvel, que será lançada em breve e visa ampliar as facilitações tecnológicas no dia a dia das pessoas.
Em reação, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no vermelho, ao passo que as praças asiáticas tiveram uma sessão mista. Hong Kong ficou de lado, Xangai teve leve alta (+0,6%), enquanto Tóquio caiu 0,6%. As principais bolsas europeias também iniciaram o pregão em queda, apesar do afago de Trump sobre a taxação de veículos fabricados no Velho Continente, em uma estratégia que visa ter a Europa como aliada na disputa contra a China. Já o dólar cai ante o euro e o iene, enquanto o petróleo avança.
Junho ou 2020
A dificuldade de um acordo comercial entre EUA e China existe porque o governo Trump exige mudanças fundamentais na forma como a economia chinesa cresce, fazendo com que Pequim renuncie às ferramentas usadas nas últimas décadas para transformar o país na segunda economia do mundo. E tais mudanças teriam de ser via lei.
Entre outras coisas, os EUA querem que a China facilite o acesso de empresas norte-americanas ao mercado chinês; acabe com a prática de forçar as empresas estrangeiras de compartilhar tecnologia como preço para entrar na China; pare de “roubar” propriedade intelectual estrangeira e interrompa os subsídios às empresas nacionais.
Além do mais, Washington quer que Pequim faça todas essas mudanças com Trump apontando uma faca no pescoço dos chineses, criando ainda um sistema de verificação que dê aos EUA a confiança de que a China está realmente fazendo todas essas coisas. Daí, então, por quê a imprensa estatal invocou um espírito patriótico.
Em meio à escalada da guerra comercial, o presidente chinês Xi Jinping está sob forte pressão política para provar que valem a pena todos os esforços que o partido Comunista está forçando o povo chinês a suportar. A resistência a Washington trata-se de uma questão de soberania e curvar-se aos EUA seria perder a face - algo muito sério na cultura asiática.
Assim, enquanto o mercado financeiro alimenta esperanças de que EUA e China irão alcançar um acordo comercial, durante o encontro de Trump e Xi na cúpula do G-20 no Japão, no fim do mês que vem, não se pode perder de vista que um termo final pode levar mais tempo que o esperado para ser redigido.
Se não houver um progresso significativo em direção a um acordo na reunião em junho, a tendência é de que o conflito se arrasta provavelmente até depois da eleição presidencial dos EUA, em 2020. Afinal, por que a China faria duras concessões a um alguém que pode nem ser presidente por muito mais tempo?
Mas a questão principal é: se a guerra comercial persistir até lá - as eleições norte-americanas são daqui a 18 meses - quanto mais dano colateral pode ser causado na China, nos EUA e na economia mundial? É a essa pergunta que o mercado financeiro busca respostas, com reflexos nos preços dos ativos globais.
Até porque a próxima rodada de tarifas irá sobretaxar em 25% todos os produtos chineses importados pelos EUA. Esses US$ 300 bilhões restantes afetam diretamente os bens que os norte-americanos mais compram - como o iPhone. A tendência, então, é de alta nos preços ao consumidor, agravando o cenário à frente em relação ao visto até agora.
Agenda perde força
A agenda econômica desta quinta-feira perde força, em termos de divulgações relevantes. No Brasil, o calendário do dia traz apenas o primeiro IGP do mês, o IGP-10 (8h). Nos Estados Unidos, saem dados sobre o setor imobiliário e à indústria na Filadélfia, ambos às 9h30, além dos pedidos semanais de seguro-desemprego feitos no país, no mesmo horário.
Ibovespa deu uma surra no S&P 500 — e o mês de abril pode ter sido apenas o começo
O desempenho do Ibovespa em abril pode ser um indício de que estamos diante de uma mudança estrutural nos mercados internacionais, com implicações bastante positivas para os ativos brasileiros
Bitcoin mira marca de US$ 100 mil e ganha fôlego com Donald Trump sinalizando mais acordos comerciais
A principal criptomoeda do mundo foi o melhor investimento de abril e especialistas veem mais valorização à frente
Esta empresa mudou de nome e ticker na B3 e começa a negociar de “roupa nova” em 2 de maio: confira quem é ela
Transformação é resultado de programa de revisão de estratégia, organização e cultura da empresa, que estreia nova marca
Trump acena com negociações tarifárias, mas anuncia sanções ao petróleo do Irã — com alvo indireto na China
Presidente diz que quem comprar petróleo e petroquímicos do país do Oriente Médio não terá mais permissão para fazer negócios com os Estados Unidos
Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como
Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como
Elon Musk demitido da Tesla? WSJ diz que conselho deu início a busca por substituto, mas montadora nega; entenda
A Tesla tem sido alvo de boicotes devido à aproximação do bilionário com o governo Trump. Conselheiros estariam insatisfeitos com a postura de Musk e a repercussão nos lucros e valor de mercado da montadora
Ozempic na mira de Trump? Presidente dos EUA diz que haverá tarifas para farmacêuticas — e aproveita para alfinetar Powell de novo
Durante evento para entregar investimentos, Trump disse entender muito mais de taxas de juros do que o presidente do Fed
China já sente o peso das tarifas de Trump: pedidos de exportação desaceleraram fortemente em abril
Empresas americanas estão cancelando pedidos à China e adiando planos de expansão enquanto observam o desenrolar da situação
Entenda por que Bolsonaro pode se beneficiar se ação penal de Ramagem for suspensa no caso da tentativa de golpe de Estado
Câmara analisa pedido de sustação da ação contra o deputado Alexandre Ramagem; PL, partido de Bolsonaro, querem anulação de todo o processo
Diretor do Inter (INBR32) aposta no consignado privado para conquistar novos patamares de ROE e avançar no ambicioso plano 60-30-30
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Flavio Queijo, diretor de crédito consignado e imobiliário do Inter, revelou os planos do banco digital para ganhar mercado com a nova modalidade de empréstimo
Ninguém vai poder ficar em cima do muro na guerra comercial de Trump — e isso inclui o Brasil; entenda por quê
Condições impostas por Trump praticamente inviabilizam a busca por um meio-termo entre EUA e China
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Depois de lambermos a lona no início de janeiro, a realidade acabou se mostrando um pouco mais piedosa com o Kit Brasil
Trump pressionou, Bezos recuou: Com um telefonema do presidente, Amazon deixa de expor tarifas na nota fiscal
Após conversa direta entre Donald Trump e Jeff Bezos e troca de farpas com a Casa Branca, Amazon desiste de exibir os custos de tarifas de importação dos EUA ao lado do preço total dos produtos
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Balanço da Weg (WEGE3) frustra expectativa e ação despenca 10% na bolsa; o que fazer com a ação agora
Lucro líquido da companhia aumentou 16,4% na comparação anual, mas cresceu menos que o mercado esperava
Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas
Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio
Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento
Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China
Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump
Donald Trump: um breve balanço do caos
Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso