Mercado aguarda próximos capítulos
Apresentação de proposta ainda robusta para a reforma da Previdência anima o mercado doméstico, enquanto exterior monitora riscos geopolíticos e desaceleração na China

Dados fracos de atividade industrial na China e tensão geopolítica entre Estados Unidos e Irã pressionam os mercados internacionais nesta manhã, antes de indicadores econômicos que podem calibrar as chances de corte de juros pelo Federal Reserve ainda neste ano. No Brasil, o mercado financeiro ficou animado com uma proposta de reforma da Previdência ainda robusta e aguarda as cenas dos próximos capítulos no Congresso.
O calendário é apertado. O debate na comissão especial sobre o parecer do relator, deputado Samuel Moreira, deve começar na próxima terça-feira e se estender até o fim deste mês. A previsão é de que o relatório, que prevê uma economia fiscal perto de R$ 1 trilhão em dez anos, seja votado somente na primeira semana de julho, o que exigirá um esforço extra para votar o texto no plenário da Câmara em dois turnos, antes do recesso.
A previsão é de que o último dia de sessão dos parlamentares seja em 17 de julho. Mas o presidente da Casa, Rodrigo Maia, só irá colocar a reforma da Previdência em votação nesse prazo se houver garantia de que há, pelo menos, os 308 votos necessários para aprovar o texto, em dois turno. Há sinais de que existe um acordo e uma contagem em torno de 330 votos para o proposta apresentada ontem na comissão especial.
Se isso for confirmado, será visto como positivo para os ativos locais, conduzindo a Bolsa brasileira (Ibovespa) e o dólar a novos patamares de negociação. Para o investidor, a potencial aprovação de novas regras para aposentadoria remove um dos grandes problemas estruturais do país, destravando uma ampla agenda de reformas econômicos e resgatando o “espírito animal” do empresário.
Cai um militar
Mas nem tudo são flores em Brasília. A demissão do general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, foi a primeira baixa de um militar na equipe do presidente Jair Bolsonaro, trazendo de volta os ruídos políticos vindos do Palácio do Planalto. A demissão foi atribuída a uma “falta de alinhamento político-ideológico”, após os embates de Santos Cruz com o guru do presidente, Olavo de Carvalho.
Mais uma vez, o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, foi o pivô da crise. É bom lembrar que ele já havia sido apontado como um dos responsáveis pela demissão do então secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, o primeiro ministro a cair. Santos Cruz é o terceiro ministro de Jair Bolsonaro a sair em seis meses de governo. Ele será substituído pelo general Luiz Eduardo Ramos, comandante militar do Sudeste.
Leia Também
Mercado se despede de 2019
A Bula da Semana: Adeus ano velho
Os investidores também monitoram a greve convocada para hoje contra a reforma da Previdência, que pode afetar a circulação do transporte público em várias cidades e interromper outras atividades do dia a dia. Os protestos são organizados por centrais sindicais e também se opõem aos cortes na Educação.
Exterior tenso
O cenário internacional também está um pouco mais tenso, diante da escalada geopolítica após os supostos ataques contra dois navio-petroleiro no Estreito de Hormuz. Os EUA acusam o Irã de estar envolvido, exibindo um vídeo que mostra que a Guarda Revolucionária iraniana removeu uma mina detonada de um dos petroleiros, sugerindo que o país persa tentou esconder evidências de seu envolvimento. O Irã nega.
Em meio à troca de acusações, os preços do barril do petróleo estão levemente mais fracos hoje, após subirem mais de 2% ontem, após o ataque no Golfo de Omã. O sinal negativo também prevalece entre as bolsas. A sessão na Ásia foi de perdas, com os investidores também tensos com os protestos em Hong Kong em relação à lei de extradição.
O índice Hang Seng caiu 0,65%, enquanto Xangai recuou 1%, reagindo aos dados fracos sobre a atividade chinesa. A produção industrial no país cresceu 5% em maio, em relação a um ano antes, no ritmo mais lento desde 2002, ficando abaixo da previsão de alta de 5,4%. Já as vendas no varejo chinês avançaram 8,6%, acima da estimativa (+8,1%), embaladas pelo feriado prolongado no país pelo Dia do Trabalho.
Os investimentos em ativos fixos também perderam força, desacelerando a 5,6% nos cinco primeiros meses deste ano, ante projeção de +6,1%. Os números mostram que a guerra comercial com os EUA continuam afetando o ritmo da segunda maior economia do mundo, o que abre espaço para novas medidas de estímulo por parte do governo, com o Banco Central chinês (PBoC) também podendo lançar mão de várias ferramentas.
Já no Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no vermelho, o que contamina a abertura do pregão na Europa. Nos demais mercados, o dólar mede forças em relação às moedas rivais, ao passo que o juro projetado (yield) pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) segue abaixo de 2,10%, à espera dos dados de atividade nos EUA, que podem reforçar as chances de alívio monetário pelo Fed.
Atividade calibra juros
Mais indicadores de atividade são esperados para esta sexta-feira. No Brasil, sai o IBC-Br (8h30) de abril, que pode lançar luz sobre o viés para o PIB brasileiro no segundo trimestre, após os desempenhos positivos da indústria e do setor de serviços, mas da queda nas vendas no varejo no mesmo mês.
Diante da recuperação econômica lenta e aquém do esperado, combinada com o cenário de inflação ainda comportado e com o andamento da reforma da Previdência no Congresso, o mercado financeiro segue convicto de que o Banco Central deve voltar a cortar a Selic em breve. As apostas são de duas quedas antes do fim do ano, em julho e em dezembro.
Ainda na agenda econômica doméstica, sai o primeiro IGP de junho, o IGP-10 (8h). Já no exterior, as atenções se voltam para os dados dos EUA sobre as vendas no varejo (9h30) e a produção industrial (10h15) em maio. A previsão é de crescimento do comércio (+0,3%) e estabilidade na indústria, após as quedas de 0,2% e 0,5% no mês anterior, respectivamente.
Os números devem dar novas pistas sobre a perda de tração da economia norte-americana, após crescer 3% nos três primeiros meses de 2019, calibrando as chances de corte nos juros antes do fim do ano. As apostas são de que o Federal Reserve inicie o ciclo de queda em julho, também à dose de 0,25 ponto, dando continuidade ao movimento em setembro.
Ainda no calendário econômico dos EUA, às 11h, saem os estoques das empresas em abril e a versão preliminar do índice de confiança do consumidor em junho.
Então, é Natal
Pausa no mercado doméstico, amanhã e quarta-feira, por causa das festividades natalinas reduz a liquidez dos negócios ao longo da semana
Mercado se prepara para festas de fim de ano
Rali em Nova York e do Ibovespa antecede pausa para as festividades de Natal e ano-novo, que devem enxugar liquidez do mercado financeiro nos próximos dias
CPMF digital e impeachment agitam mercado
Declarações de Guedes embalaram Ibovespa ontem, mas criação de “CPMF digital” causa ruído, enquanto exterior digere aprovação de impeachment de Trump na Câmara
Mercado em pausa reavalia cenário
Agenda econômica fraca do dia abre espaço para investidor reavaliar cenário, após fim das incertezas sobre guerra comercial e Brexit
Mercado recebe ata do Copom, atento ao exterior
Ata do Copom, hoje, relatório trimestral de inflação e IPCA, no fim da semana, devem calibrar apostas sobre Selic e influenciar dólar e Ibovespa
China segue no radar, agora com dados de atividade
Crescimento da indústria e do varejo chinês acima do esperado em novembro mantém o apetite por risco no mercado financeiro
A Bula da Semana: Contagem regressiva
Última semana cheia de 2019 deve ser marcada por liquidez reduzida no mercado financeiro e ajustes de fim de ano nos ativos globais
Mercado comemora fim das incertezas
Vitória de Boris Johnson nas eleições, abrindo caminho para o Brexit, e progresso em direção a acordo comercial limitado entre EUA e China embalam os mercados
Copom se prepara para aterrissar e Brasil, para decolar
BC brasileiro indica que fim do ciclo de cortes da Selic está próximo, mas mantém porta aberta para novas quedas, enquanto S&P melhora perspectiva do rating do país
Dia de decisão de BCs
Bancos Centrais dos EUA e do Brasil anunciam decisão de juros, mas atenção do mercado financeiro está na sinalização dos próximos passos
Mercado resgata cautela, à espera de decisão
Véspera de decisão do Fed e do Copom e contagem regressiva para prazo final de novas tarifas dos EUA contra a China deixam mercados na defensiva
Agenda define rumo dos mercados
Expectativa por decisão do Fed e do Copom, na quarta-feira, e por acordo comercial entre EUA e China antes do dia 15 marcam início da semana
A Bula da Semana: Semana de decisão de BCs
Bancos Centrais dos EUA (Fed) e do Brasil (Copom) anunciam decisão sobre a taxa de juros na quarta-feira; um dia depois, é a vez do BC da zona do euro (BCE)
IPCA e payroll dividem atenção com guerra comercial
Dados de inflação no Brasil e emprego nos EUA devem agitar o mercado financeiro hoje, que segue atento ao noticiário sobre a guerra comercial
Mercado renova otimismo sobre acordo comercial
Investidor monitora negociações entre EUA e China e possibilidade de remoção de aumento tarifário previsto para o dia 15
Não vai ter acordo
As investidas protecionistas da Casa Branca, com o presidente norte-americano, Donald Trump, usando a artilharia das tarifas contra vários parceiros comerciais, assustam o mercado financeiro. Os investidores alimentavam esperanças de que Estados Unidos e China iriam assinar um acordo antes do fim do ano, mas já se dão conta de que uma nova taxação contra […]
Mercado entre guerra comercial e PIB
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre deste ano (9h) é o destaque do dia, já que a agenda econômica está esvaziada no exterior, mantendo o foco na guerra comercial. Aqui, a expectativa é de que a economia brasileira volte a surpreender, enquanto lá fora a preocupação é com as […]
Mercado renova esperanças no mês do Natal
Último mês do ano começa com esperanças renovadas em torno de acordo comercial entre EUA e China capaz de evitar novas tarifas no dia 15
A Bula da Semana: Agenda carregada recheia a semana
Último mês de 2019 começa com uma série de indicadores econômicos relevantes no Brasil, lançando luz sobre o cenário do país em 2020
Mercado mostra cautela na Black Friday
Investidor mostra pouca disposição em comprar ativos de risco, em meio à tensão entre EUA e China