Para começar o último pregão do mês do melhor modo, os mercados financeiros amanhecem hoje no maior clima de “sextou”. Seja no Brasil, na Europa ou nos Estados Unidos, os investidores iniciam o dia repercutindo os resultados financeiros de gigantes das bolsas.
Na véspera, os negócios já iam bem na B3, mas ficaram ainda melhores depois do anúncio feito pela Petrobras (PETR4), ainda com o mercado aberto, de uma gigantesca distribuição de dividendos.
A petroleira anunciou a intenção de distribuir R$ 87,8 bilhões em dividendos. Trata-se de um recorde na história da companhia. Os acionistas da empresa receberão R$ 6,73 por PETR4 na carteira.
Um dos principais beneficiários da medida será a União, que recentemente pediu às estatais que avaliassem uma maior distribuição de dividendos em um momento no qual o governo busca fontes para financiar uma série de benefícios lançada às vésperas das eleições.
O anúncio ajudou o Ibovespa a subir mais de 1% ontem, recuperando a faixa dos 102 mil pontos.
Petrobras continua nos holofotes hoje
No que depender da Petrobras, o Ibovespa ganha novo impulso hoje.
Depois do fechamento de ontem, a Petrobras reportou lucro de R$ 54,3 bilhões no segundo trimestre deste ano. Trata-se de uma alta de 26,8% na comparação com o mesmo período de 2021.
O resultado foi beneficiado pela valorização do dólar, que compensou parte da queda nas cotações do petróleo nos mercados internacionais no fim do primeiro semestre.
Os ADRs — isto é, recibos de ações brasileiras negociados nos Estados Unidos — da petroleira reagem em forte alta hoje, avançando mais de 6% nesta manhã na bolsa de valores de Nova York (NYSE).
Vale, um contrapeso-pesado
Em contrapartida, outro peso-pesado da B3 ameaça atrapalhar um pouco a festa. A Vale também divulgou seu balanço trimestral ontem à noite, depois do fechamento. E o resultado lançou luz sobre resultados nos quais a mineradora provavelmente preferiria manter a discrição.
O lucro líquido das operações continuadas, por exemplo, diminuiu 49,7% ante o mesmo período do ano anterior. Já a receita líquida de vendas recuou 32,44% no mesmo intervalo.
Os números foram influenciados principalmente pela queda das cotações do minério de ferro e do cobre nos mercados internacionais.
Lula no primeiro turno das eleições?
As eleições presidenciais de outubro voltam ao foco nesta sexta-feira após a divulgação da última pesquisa Datafolha na noite de ontem.
Segundo o levantamento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve uma vantagem de 18 pontos sobre o atual chefe do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (PL), no primeiro turno.
O novo levantamento indica a manutenção do cenário aferido na rodada anterior, em junho. Nele, Lula tem 47% das intenções de voto — o mesmo patamar anterior — enquanto Bolsonaro oscilou positivamente um ponto, para 29%.
A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.
Balanços também movimentam as bolsas estrangeiras
Enquanto as duas maiores empresas do Ibovespa apontam para lados opostos, a sinalização vinda do exterior é positiva.
As bolsas de valores da Europa abriram em alta e os índices futuros de Nova York apontam para um bom início de sessão em Wall Street.
Os mercados de ações estrangeiros repercutem principalmente os balanços da Apple e da Amazon no segundo trimestre.
As ações da Amazon subiam mais de 12% no pré-mercado hoje, beneficiadas pelo aumento nas vendas.
Os papéis da Apple subiam mais de 2,5%. Isso apesar de o lucro ter recuado mais de 10% no período. Os analistas esperavam uma queda ainda maior.
Um alívio contido na Europa
Além da divulgação de balanços relevantes, o movimento positivo na Europa tem outro motivo para respirar aliviado nesta sexta-feira.
O otimismo se deu após a Eurostat, agência de estatística da União Europeia, divulgar novos dados de PIB (produto interno bruto) além das expectativas dos analistas de mercado.
A economia do bloco cresceu 0,7% no segundo trimestre deste ano na base trimestral. O resultado veio bem acima do esperado pelos economistas consultados pelo The Wall Street Journal, que projetavam alta de 0,1% entre abril e junho.
Já em relação ao mesmo período de 2021, a expansão do PIB foi de 4% no trimestre em análise, acima do estimado pelo mercado, de 3,4%.
O indicador renovou os ânimos dos investidores, afastando — ainda que temporariamente — temores de que a Europa entrará em recessão.
Zona do Euro otimista hoje
É importante destacar que, em situação de “copo meio cheio, copo meio vazio”, os mercados europeus optaram por encarar esta manhã com positividade.
Afinal, ainda hoje cedo, a Eurostat divulgou dados nem tão animadores assim de inflação.
De acordo com a agência, a taxa de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Zona do Euro atingiu um novo recorde histórico em julho, na base ano a ano, ao passar da máxima de 8,6% em junho para os atuais 8,9%.
O aumento dos preços também superou as expectativas dos analistas, que projetavam uma alta anual de 8,6%, estável em relação ao mês anterior.
O bloco econômico segue sofrendo os efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia, com destaque para os preços de energia aos consumidores europeus. Somente os custos de energia na região dispararam 39,7% em julho no comparativo anual.
Indicadores para ficar de olho
Por aqui, os investidores devem ficar atentos à divulgação dos dados de desemprego no Brasil, com a divulgação, pelo IBGE, da Pnad Contínua do trimestre encerrado em junho.
No exterior, o governo norte-americano divulga na manhã de hoje o índice de gastos com consumo pessoal.
O chamado PCE é o indicador favorito do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para projetar a inflação nos Estados Unidos, que há meses encontra-se nos níveis mais elevados em quatro décadas.
Agenda do dia
- Zona do euro: PIB do 2° trimestre (06h)
- Zona do euro: Índice de preços ao consumidor (CPI) de julho (06h)
- México: PIB do 2° trimestre (08h)
- Brasil: Pnad Contínua do trimestre até junho (09h)
- EUA: Índice de preços de gastos com consumo (PCE) em junho (09h30)
Balanços do dia
Antes da abertura
- Brasil: Usiminas
- EUA: Chevron
- EUA: ExxonMobil
- EUA: Procter & Gamble (P&G)
- França: Renault
- Reino Unido: Astrazeneca
Após o fechamento
- Brasil: Raia Drogasil
- Portugal: Pharol
- França: Air France-KLM
- França: BNP Paribas