Mercado dividido entre estímulo e crescimento

O mercado financeiro ainda não sabe qual caminho trilhar em 2019. De um lado, os investidores redobram a cautela em relação ao impacto da guerra comercial na atividade econômica global, após a declaração decepcionante sobre a questão comercial sino-americana e dos dados fracos sobre a inflação na China.
De outro, os ativos de riscos - emergentes, principalmente - tentam tirar proveito da retórica mais suave (“dovish”) do Federal Reserve em relação à condução da taxa de juros norte-americana neste ano, após a ata da reunião de dezembro, divulgada ontem, mostrar insegurança quanto à necessidade de novos apertos.
Nessa encruzilhada, os investidores ficam sem rumo. Afinal, a ausência de progresso em temas delicados nas negociações entre Washington e Pequim mostra que as expectativas por um desfecho comercial rápido estavam sendo construídas “no vazio” e as duas maiores economias do mundo seguem em embate.
Ainda se espera avanços em áreas problemáticas, como os subsídios chineses às empresas e a proteção à propriedade intelectual. Além disso, o presidente Donald Trump enfrenta dificuldades internas para encerrar a paralisação do governo (shutdown), que entra hoje no vigésimo dia e pode impactar a economia.
O republicano deixou ontem um encontro na Casa Branca com líderes da oposição, alegando que a discussão era uma total “perda de tempo”. Ele culpou os democratas de não estarem dispostos em negociar, enquanto insistia na verba para a construção de um muro. Para Nancy Pelosi, a abordagem de Trump foi “patética”.
Risco em baixa
Diante de tantos reveses, o mercado financeiro não consegue se escorar apenas na possibilidade de manutenção da política monetária do Fed neste ano, sob a égide de menor escassez de recursos. O receio com a desaceleração econômica pesa e inibe o apetite por risco entre os investidores, aguçando a volatilidade.
Leia Também
As principais bolsas asiáticas fecharam em queda, sendo que as perdas foram lideradas por Tóquio (-1,3%), após Xangai e Hong Kong diminuírem a desvalorização e encerrarem com leves baixas. Além da falta de detalhes sobre os próximos passos entre Estados Unidos e China, pesaram os dados chineses.
O índice de preços ao produtor chinês (PPI) desacelerou fortemente em dezembro, a +0,9%, ante alta de 2,7% em novembro, em base anual, sugerindo uma demanda mais fraca no atacado em meio à perda de tração da atividade. A previsão era de alta de 1,5%.
Da mesma forma, a inflação ao consumidor chinês (CPI) subiu 1,9% no mês passado, menos que o avanço de 2,2% no mês anterior, no ritmo mais lento de alta dos preços no varejo em seis meses. O resultado ficou abaixo da estimativa de +2,1%.
Esse números mostram o desafio da China para impulsionar a demanda, em meio à perda de tração da atividade, e também ecoam no Ocidente. Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no vermelho, o que penaliza o desempenho das principais praças europeias.
As commodities também perdem força, com o petróleo devolvendo a alta recente, mas o WTI segue acima da faixa de US$ 50 e o Brent, de US$ 60. Os metais básicos estão pressionados. Já o dólar mede forças em relação às moedas rivais, como euro e iene, mas ganha terreno entre as de países emergentes.
Powell fecha o dia
Resta saber, agora, o que o presidente do Fed, Jerome Powell, tem a dizer, após a ata do último encontro do ano passado mostrar a necessidade de mais paciência e cautela na condução do ciclo de alta dos juros. “Jay” participa hoje (15h45) de um evento em Washington e o mercado irá observar se a fala dele seguirá dovish.
Por ora, o Fed ainda prevê mais duas altas em 2019. Mas o mercado financeiro acredita que essa previsão será revista, para baixo, já nas próximas reuniões e ventila até a chance de um corte nos juros, sob argumento da desaceleração global.
Ao longo do dia, nos EUA, serão conhecidos os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país (11h30) e os estoques no atacado em novembro (13h). No Brasil, saem dados sobre a safra de grãos neste ano (9h) e números preliminares do IGP-M neste mês (8h).
Terra brasilis
Mas foram os sinais relacionados à proposta de uma reforma da Previdência mais dura que animaram os ativos locais ontem. A combinação de idade mínima mais “adequada”, um ciclo mais curto de transição e um sistema de capitalização aliviaria a pressão de curto prazo na questão fiscal, encerrando a discussão sobre o tema.
Os investidores ainda aguardam medidas mais concretas, como o detalhamento da reforma em si, uma vez que o otimismo com o discurso já está precificado. Ainda assim, o mercado financeiro brasileiro está comprando a ideia de reformas econômicas profundas e antecipa um bom andamento dessa pauta no Congresso.
Com isso, a Bolsa brasileira renovou o recorde de pontuação pela quinta vez neste ano, já na faixa dos 93 mil pontos, enquanto o dólar caiu abaixo de R$ 3,70, no menor nível em mais de dois meses. Porém, esse movimento local só foi possível por causa da melhora do sentimento global.
Votação secreta
Como o Legislativo ainda está em recesso, só será possível medir o apoio às reformas econômicas em fevereiro, quando os protagonistas dessa pauta entram em cena. E antes de apreciarem as medidas propostas pelo governo, deputados e senadores terão de escolher seus presidentes.
Nesse sentido, merece atenção a decisão do Supremo Tribunal Federal contra o recurso que autorizou voto aberto para a eleição no Senado. O presidente da Suprema Corte, Dias Toffoli, derrubou a decisão do ministro Marco Aurélio Mello e manteve a votação secreta na Casa.
Toffoli também negou o pedido feito pelo deputado federal eleito Kim Kataguiri para que a eleição para a presidência na Câmara seja aberta, sob o argumento de que o regimento interno do Congresso prevê votação secreta.
A importância dessa questão é que, caso as votações para as presidências na Câmara e no Senado fossem abertas, os parlamentares poderiam se sentir menos confortáveis em apoiar outros nomes. Send agora fechada, deputados e senadores, principalmente os da “velha política”, podem optar por opositores ao governo.
Afinal, gerou controvérsia a decisão do PSL de apoiar a reeleição de Rodrigo Maia na Câmara. O fato foi bem explorado pelo MBL de Kim Kataguiri, que irá se candidatar ao cargo, e trouxe desconforto a nomes estrelados do partido, como a deputada estadual eleita Janaina Paschoal. Aos olhos dos investidores, porém, o apoio a Maia reforça as chances de aprovação da agenda liberal.
Regulação das stablecoins trava no Senado dos EUA e Federal Reserve emite novo alerta sobre riscos
Projeto batizado de GENIUS Act travou no Senado em meio a embate entre democratas e republicanos após controvérsias envolvendo Donald Trump, sua família e o mercado cripto
Subiu demais? Ação da JBS (JBSS3) cai na B3 após entregar resultado sólido no 1T25
Os papéis figuram entre as maiores quedas do Ibovespa nesta quarta-feira (14); saiba o que fazer com eles agora
Ação da Casas Bahia (BHIA3) sobe forte antes de balanço, ajudada por vitória judicial que poderá render mais R$ 600 milhões de volta aos cofres
Vitória judicial ajuda a impulsionar os papéis BHIA3, mas olhos continuam voltados para o balanço do 1T25, que será divulgado hoje, após o fechamento dos mercados
Balanço do Nubank desagradou? O que fazer com as ações após resultado do 1T25
O lucro líquido de US$ 557,2 milhões no 1T25, um salto de 74% na comparação anual, foi ofuscado por uma reação negativa do mercado. Veja o que dizem os analistas
Show de talentos na bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca
Ibovespa acaba de renovar sua máxima histórica em termos nominais e hoje depende do noticiário corporativo para continuar subindo
Trump e o Boeing: por dentro da controvérsia (e da possível aeronave) que família real do Catar ofereceu aos EUA
Segurança, legalidade e carpetes felpudos: o que está por trás da luxuosa e polêmica aeronave que a família real do Catar ofereceu a Donald Trump
Nubank (ROXO34) atinge lucro líquido de US$ 557,2 milhões no 1T25, enquanto rentabilidade (ROE) vai a 27%; ações caem após resultados
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco digital do cartão roxo atingiu a marca de 27%; veja os destaques do balanço
Ibovespa dispara quase 3 mil pontos com duplo recorde; dólar cai mais de 1% e fecha no menor patamar em sete meses, a R$ 5,60
A moeda norte-americana recuou 1,32% e terminou a terça-feira (13) cotada a R$ 5,6087, enquanto o Ibovespa subiu 1,74% e encerrou o dia aos 138.963 pontos; minério de ferro avançou na China e CPI dos EUA veio em linha com projetado
Com bolsa em alta, diretor do BTG Pactual vê novos follow-ons e M&As no radar — e até IPOs podem voltar
Para Renato Hermann Cohn, diretor financeiro (CFO) do banco, com a bolsa voltando aos trilhos, o cenário começa a mudar para o mercado de ofertas de ações
Unidos contra Trump? Lula e Xi aproveitam encontro na China para mandar mensagem aos EUA
Sem mencionar o nome do republicano, o presidente chinês, Xi Jinping, também comentou sobre a política tarifária dos EUA
Yduqs no vermelho: Mercado deixa ações de recuperação após balanço fraco. Ainda vale a pena ter YDUQ3 na carteira?
Para os analistas, a Yduqs (YDUQ3) apresentou resultados mistos no 1T25. O que fazer com os papéis agora?
Ibovespa renova máxima histórica e busca os 139 mil pontos nesta terça-feira (13); entenda o que impulsiona o índice
“Última” máxima intradiária do Ibovespa aconteceu em 8 de maio, quando o índice registrou 137.634,57 pontos
Hapvida (HAPV3) dispara na B3 com balanço mais forte que o esperado, mas perda de beneficiários acende sinal de alerta. Vale a pena comprar as ações?
A companhia entregou resultado acima do esperado e mostrou alívio na judicialização, crescimento da base de clientes ainda patina. Veja o que dizem os analistas
Elo, agora em 3 fatias iguais: Bradesco, Banco do Brasil e Caixa querem voltar a dividir a empresa de pagamentos igualmente
Trio de gigantes ressuscita modelo de 2011 e redefine sociedade na bandeira de cartões Elo de olho nos dividendos; entenda a operação
Um acordo para buscar um acordo: Ibovespa repercute balanço da Petrobras, ata do Copom e inflação nos EUA
Ibovespa não aproveitou ontem a euforia com a trégua na guerra comercial e andou de lado pelo segundo pregão seguido
Por dentro do Omoda 5 e do Jaecoo 7, apostas das jovens marcas chinesas para conquistar o Brasil
Duas novas marcas chinesas, mas que pertencem a um grupo conhecido, chegam ao Brasil com produtos elogiáveis a preços competitivos
Depois do incêndio, EUA e China aparecem com baldes d’água: o que está em jogo no cessar-fogo da guerra comercial
A reação brasileira ao armistício tarifário tem sido, no mínimo, peculiar. Se por um lado a trégua parcial afasta o fantasma da recessão global e reacende o apetite por commodities, por outro, uma série de forças contrárias começa a moldar o desempenho do mercado local
Trégua entre EUA e China evita catástrofe, mas força Brasil a enfrentar os próprios demônios — entenda os impactos do acordo por aqui
De acordo com especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, o Brasil poderia até sair ganhando com a pausa na guerra tarifária, mas precisaríamos arrumar a casa para a bolsa andar
Comprado em Brasil: as ações escolhidas pelo Bank of America para investir no Ibovespa hoje
O banco projeta corte de juros ainda neste ano e uma Selic menor do que o mercado para 2026 — nesse cenário, as ações podem ter um desempenho melhor na bolsa no curto prazo
Apple avalia aumentar preço da nova linha de iPhones enquanto evita apontar o verdadeiro “culpado”
Segundo o jornal The Wall Street Journal, a Apple quer justificar possível alta com novos recursos e mudanças no design dos smartphones a serem lançados no outono dos EUA