Localiza, Unidas e Movida são as empresas mais beneficiadas pelo corte de juros, segundo estudo da XP
No relatório, os analistas da corretora destacaram que mais de 90% das dívidas das três empresas de locação de carros são pós-fixadas e atreladas à Selic
Quem acompanha o mercado financeiro há um certo tempo, provavelmente demorou a acreditar que hoje veríamos a Selic alcançar o patamar dos 5% ao ano, conforme decidiu ontem (30) o Copom.
Além de afetar os investimentos de renda fixa tornando os seus retornos cada vez menos rentáveis ou até mesmo negativos dependendo do caso, a queda na taxa básica de juros provoca, especialmente, a redução no custo de dívida das companhias, que está atrelada à Selic.
Entre os setores que mais seriam impactados pela contração da taxa básica de juros está o setor de locação de veículos, com companhias como Localiza (RENT3), Unidas (LCAM3) e Movida (MOVI3). É isso o que aponta um estudo feito pela equipe de análise da XP Investimentos divulgado nesta semana e que levou em consideração apenas as empresas que a corretora faz cobertura.
Em sua justificativa, os analistas destacam que as três companhias estão crescendo cada vez mais e operando com níveis maiores de endividamento. Além disso, mais de 90% das dívidas das três são pós-fixadas e atreladas à Selic.
Ao olhar o índice de alavancagem das três, é possível perceber que a razão entre a dívida líquida e o potencial de geração de caixa (Ebitda) varia entre 2,7 e 3,0 vezes, o que mostra que as empresas são atrativas, já que as dívidas não comprometem tanto o potencial de geração de caixa.
"Isso as torna sensíveis a oscilações na taxa básica de juros. Estimamos que um corte percentual na taxa Selic resulte em um incremento médio próximo de 10% no preço-alvo dessas companhias", destacam os especialistas.
Leia Também
Eles ainda afirmaram que "considerando a trajetória esperada para a taxa Selic em 2020, esperamos uma redução superior a 1,0 ponto percentual no custo médio da dívida em relação a 2019 [se tudo se mantiver constante]".
Hoje, o preço-alvo das ações da Localiza é de R$ 49,50. Já o da Movida é de R$ 19 e o da Unidas é de R$ 20.
De olho nos shoppings
Após o setor de locação de carros, o segundo setor que mais seria beneficiado é o de shoppings. No relatório, os analistas afirmam que Iguatemi (IGTA3) e Multiplan (MULT3) são administradoras que possuem respectivamente 85% e 70% de suas dívidas atreladas à Selic. A brMalls (BRML3), por sua vez, apresenta 42% de sua dívida atrelada à taxa básica de juros.
E não é só isso. Ao olhar o indicador que mostra a alavancagem média das empresas, a relação entre a dívida líquida e o potencial de geração de caixa (Ebitda) média das duas primeiras está em 2,5 vezes. Já no caso da brMalls o indicador está em aproximadamente 1,9 vez.
"No geral, o setor possui alta sensibilidade à variação da taxa de juros, porém opera a níveis de alavancagem abaixo da média histórica devido ao menor crescimento, sendo a maior parte das recentes emissões voltada à gestão dos passivos."
E diante de um cenário de corte de juros de 0,5 ponto percentual no custo da dívida das companhias, os analistas esperam um incremento médio de cerca de 6,5% no preço-alvo dos papéis.
Hoje, o preço-alvo das ações da Iguatemi é de R$ 58. Já o da Multiplan é de R$ 31 e da brMalls é de R$ 17.
Com muita energia (literalmente)
Outro setor que poderia ser bastante beneficiado é o elétrico. De acordo com os analistas, empresas como Copel (CPLE6), AES Tietê (TIET11), Equatorial (EQTL3) e Cemig (CMIG4) possuem, em média, 42% de suas dívidas atreladas à Selic.
Em sua análise, os analistas apontam que um corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic levaria a uma expansão entre 3% e 6% nos preços-alvo das companhias do setor elétrico.
E no quesito endividamento, as companhias operam com uma razão entre a dívida líquida e o potencial de geração de caixa (Ebitda) entre 2,0 vezes e 4,0 vezes, na média.
Mas conforme explicam os analistas, o motivo para o nível de endividamento ser um pouco maior está atrelado à própria dinâmica operacional do setor.
Nele, as companhias fazem dívidas para captar recursos com o objetivo de financiar a construção de novos empreendimentos ou a aquisição de outras empresas. Com isso, os financiamentos vão sendo pagos por meio da geração de caixa dos próprios ativos.
Outro ponto é que a queda da taxa de juros torna mais atrativas as empresas que pagam dividendos mais elevados, especialmente nos segmentos de transmissão como Taesa (TAEE11) e Cteep (TRPL4), e de geração de energia, como AES Tietê e Engie Brasil.
Hoje, o preço-alvo das ações da Copel é de R$ 68. Já o da AES Tietê é de R$ 16,50 e da Equatorial é de R$ 110 e o da Cemig é de R$ 16.
Compras e mais compras
E o varejo não fica para trás. Conforme explicam os analistas, a Lojas Renner (LREN3), Lojas Americanas (LAME4), B2W (BTOW3), Via Varejo (VVAR3), Magazine Luiza (MGLU3), Grupo Pão de Açúcar (PCAR4) e Carrefour (CRFB3) possuem entre 75% e 100% das dívidas atreladas à Selic.
Porém, pelo fato de serem pouco alavancadas, com indicadores de dívida líquida/Ebitda entre 0,3 e 2,5 vezes, elas não seriam tão beneficiadas quanto os demais setores.
Os analistas pontuam que o varejo tem, como particularidade, a questão do desconto de recebíveis, que faz com que as companhias sejam capazes de antecipar as vendas realizadas a prazo e transformar o montante a receber no futuro em entrada imediata de caixa. Tal processo é feito por meio de instituições financeiras, que cobram uma taxa atrelada à Selic.
O cenário de juros mais baixos para as varejistas implica em menores despesas financeiras com empréstimos e financiamentos bem como com a antecipação de recebíveis.
"Nossa análise de sensibilidade sugere que Lojas Americanas, B2W, Via Varejo, Magazine Luiza são as mais impactadas, seja por endividamento mais elevado e/ou maior saldo de recebíveis, com incremento de 3% a 4% no preço-alvo para cada corte de 0,5 ponto percentual na Selic", destacam os analistas.
Hoje, o preço-alvo das ações da Lojas Americanas é de R$ 18. Já o da B2W é de R$ 58, o da Via Varejo é de R$ 8,60 e o da Magazine Luiza é de R$ 39.
Mineração e siderurgia
E não são só eles. Entre os outros setores que podem ser bastante beneficiados está o de mineração e siderurgia. Nele, os analistas afirmam que os níveis de dívida pós-fixada e atrelada à Selic chegam a patamares elevados, como é o caso da Usiminas (USIM5).
Sua relação entre a dívida líquida e o potencial de geração de caixa, por exemplo, é de 2,30 vezes, levando em consideração os dados do segundo trimestre, e de 2,49 vezes, se considerarmos o terceiro trimestre deste ano.
Mas a empresa considerada mais "sensível" no setor é a CSN (CSNA3), porque possui os níveis mais altos de alavancagem. Nela, a relação entre a dívida líquida e o potencial de geração de caixa (Ebitda) foi de 4,11 vezes no segundo trimestre de ano e aumentou para 5,18 vezes no último balanço.
Para os analistas, o corte de 0,5 ponto percentual na Selic deve resultar em um incremento de cerca de 1,7% no preço-alvo da empresa.
Por outro lado, a Vale (VALE3) é a menos sensível do setor. O motivo é que ela possui um baixo volume de dívida atrelado à Selic, logo a redução no juro não "produz alterações significativas no nosso preço-alvo".
Já Usiminas e Gerdau (GGBR4) devem ver um aumento menor no preço-alvo de suas ações de 0,7% e de 0,4% , respectivamente.
Hoje, o preço-alvo das ações da Usiminas é de R$ 8,50. Já o da CSN é de R$ 17 e da Vale é de R$ 68 e o da Gerdau é de R$ 19.
Papel e celulose
As companhias do setor de papel e celulose, por sua vez, têm apenas 25% da dívida pós-fixados e atrelados à Selic. Entre as empresas cobertas pela XP, os analistas pontuaram que a Suzano (SUZB3) é a que tem menor percentual de dívida atrelada à Selic, mas que é mais sensível em termos de oscilação de taxa de juros porque é mais alavancada do que a Klabin (KLBN11).
A expectativa dos especialistas é que a queda de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros promova um incremento de 0,4% no preço-alvo das ações da Suzano. Já no caso da Klabin, o impacto deve ser um pouco menor e ficar em torno de 0,3%.
Hoje, o preço-alvo das ações da Suzano é de R$ 40. Já o da Klabin é de R$ 19.
Alimentos e bebidas
Além de todos os setores listados antes, outro que deve ser impactado é o setor de alimentos e bebidas. Entre os destaques, os analistas colocam o nome da BRF (BRFS3), que teria uma variação de 0,9% no preço-alvo para cada redução de 0,5 ponto percentual da Selic.
JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), por outro lado, não devem ser muito impactadas porque ambas possuem poucas dívidas em reais, já que a maior parte é dolarizada. A Ambev (ABEV3), por sua vez, também não deve sofrer porque as dívidas em reais seguem taxas fixas, conforme explicam os analistas.
Hoje, o preço-alvo das ações da BRF é de R$ 47. Já o da Marfrig é de R$ 14 e o da Ambev é de R$ 21.
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
