Como investidor, devo me preocupar com a nova crise argentina?
A vitória iminente da oposição nas eleições presidenciais do país vizinho não está sendo bem recebida pelos mercados e contagia o Brasil
A provável vitória do candidato da oposição à presidência da Argentina deixou o país numa situação ainda mais complicada. Os mercados reagiram mal, e o movimento acabou contagiando os ativos brasileiros, notadamente o câmbio. No vídeo a seguir, eu explico como e porque a nova crise dos hermanos pode afetar o investidor brasileiro:
Leia a transcrição do vídeo sobre a crise na Argentina
A Argentina escolhe o seu próximo presidente no final de outubro, e o resultado das prévias eleitorais e das pesquisas mostram que Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como candidata a vice, deve mesmo ganhar. E o possível retorno do kirchnerismo não causa tensão só nos mercados hermanos. O Brasil também vem sentindo os seus efeitos. Crise na Argentina: e eu com isso?
No começo de agosto, o resultado das prévias eleitorais argentinas levaram os nossos vizinhos a uma nova crise. A vitória de Fernández representou o triunfo de uma chapa potencialmente populista sobre o governo de aspirações liberais de Mauricio Macri.
Os mercados não gostaram nada nada. No primeiro pregão depois do resultado, a bolsa portenha despencou 30%, o dólar fechou em alta de 15% sobre o peso, e o banco central do país se viu obrigado a subir os juros em cerca de dez pontos percentuais, pra 74%.
De lá para cá, já teve congelamento de preços, aumento do salário mínimo, restrição à compra de dólares, demissão de ministro da Fazenda, rebaixamento de nota de classificação de risco e até calote seletivo.
Apesar das rivalidades no futebol, problemas na Argentina são preocupantes para os brasileiros para além das eventuais relações de amizade entre os dois países. A Argentina é um importante parceiro comercial do Brasil, então é claro que crises econômicas e políticas por lá podem ter efeitos negativos no nosso comércio internacional. Além disso, tem a questão do Mercosul. Se o governo argentino não for alinhado ao governo brasileiro - o que vai ser o caso se Alberto Fernández de fato ganhar - as negociações na esfera do bloco tendem a ficar mais difíceis.
Por sinal, logo depois que o resultado das prévias foi divulgado, surgiram dúvidas em relação ao futuro do tratado de livre-comércio que o Mercosul fechou recentemente com a União Europeia. Felizmente, um acordo fechado pelos membros do Mercosul em julho garantiu que o Brasil não dependa mais da aprovação do parlamento dos demais países do bloco pra que novas regras relativas a temas econômicos e comerciais entrem em vigor por aqui. Basta que o nosso Congresso aprove.
No mercado financeiro, bolsa e câmbio também podem ser afetados. Do ponto de vista dos investidores internacionais, Brasil e Argentina estão dentro das mesmas caixinhas: a dos países emergentes e a de América Latina. Fora que os dois países compartilham alguns aspectos históricos, como uma certa predileção por governos intervencionistas.
Isso pode fazer com que os fundos de investimento com exposição regional a emergentes ou países latino-americanos retirem recursos da região quando uma crise se abate sobre um deles. Um processo semelhante acontece com as moedas locais. Em situações de crise, elas passam a ser vistas como arriscadas e tendem a se desvalorizar em bloco frente ao dólar.
Por fim, existe ainda a questão das empresas brasileiras abertas em bolsa cujas receitas são, em parte, atreladas à economia argentina. Quando os hermanos passam por dificuldades, vale a pena ficar de olho nas suas ações, que podem acabar sofrendo.
Gostou do vídeo? Então não deixe de se inscrever no canal do Seu Dinheiro no YouTube e clicar no sininho para receber as notificações. E pode deixar dúvidas e ideias para outros vídeos no campo dos comentários.
A gasolina baixou — mas, para os brasileiros, ainda vale a pena cruzar a fronteira e encher o tanque na Argentina
A desvalorização cambial na Argentina, somada ao preço ainda alto da gasolina no Brasil, eleva o fluxo de motoristas na fronteira dos países
Lula, Ciro e Simone usam redes sociais para repudiar atentado a Cristina Kirchner; Bolsonaro ainda não se manifestou
A tentativa de ataque a Cristina Kirchner ocorreu no fim da noite de ontem, quando a vice-presidente chegava a sua casa em Buenos Aires
Sempre teremos Buenos Aires – ou Istambul: enquanto Argentina promove troca ministerial, inflação na Turquia dispara; entenda a situação
‘Fritura’ política é apontada como motivo para troca de ministro na Argentina; na Turquia, inflação atinge o maior nível de 1998
‘Fritado’ por Cristina Kirchner, ministro da Economia da Argentina renuncia; país toma medidas para conter a saída de dólares
Martín Guzmán pediu demissão em meio à crise política que contrapôs o presidente Alberto Fernández e o grupo liderado pela vice-presidente Cristina Kirchner
A Argentina ataca novamente: conheça o imposto inventado pelos hermanos para compensar o aumento dos auxílios
Imposto sobre ‘ganhos inesperados’ será cobrado de empresas com sede na Argentina com lucro líquido superior a 1 bilhão de pesos
Mirando além das fronteiras, Espaçolaser abre duas lojas próprias na Colômbia
Investimento feito foi de US$ 150 mil por unidade, e amplia estratégia de internacionalização voltada para a América Latina, de olho também em Argentina e Chile
PIB da Argentina sobe 2,6% no 1º trimestre
Na comparação com igual período do ano passado, o avanço foi de 2,5%
Ford prevê recuperação gradual da Argentina e anuncia investimento de US$ 580 milhões
Durante encontro virtual com jornalistas, presidente da montadora na América do Sul afirmou que a estabilização da inflação será chave na saída do país vizinho da crise
Marfrig compra produtora de hambúrgueres na Argentina por US$ 4,6 milhões
Compra visa fortalecer portfólio de produtos de maior valor agregado e expandir operações no país vizinho
FMI confirma contato do governo da Argentina com pedido de novo pacote de ajuda
Segundo a entidade, ambos discutiram os desafios da Argentina, inclusive no contexto da pandemia
Leia Também
-
Milei tem vitória no “STF” da Argentina e mantém decreto em vigor, mas batalha ainda não terminou
-
Segura, Javier Milei: Argentina terá inflação de “apenas” 150% em 2024, mas contração econômica será maior, diz FMI
-
Haddad nos Estados Unidos: ministro da Fazenda tem agenda com FMI e instituição chefiada por brasileiro Ilan Goldfajn; veja