Argentina espera protestos contra intervenção do governo em empresa privada
Governo anunciou a intervenção na Vicentín por 60 dias. Segundo a Casa Rosada, o objetivo era evitar a falência
A decisão do presidente da Argentina, Alberto Fernández, de intervir na companhia de grãos e derivados Vicentín segue causando desconforto em analistas do mercado e no setor produtivo local. Apesar do avanço do novo coronavírus, cuja contenção exige distanciamento social, a tarde deste sábado, 20, inclusive, deve ser de protestos em várias cidades do país, com bandeiras em defesa da exportadora cerealista e da propriedade privada.
Em 9 de junho, o governo argentino, por decreto, anunciou a intervenção na Vicentín por 60 dias. Segundo a Casa Rosada, o objetivo era evitar a falência - o fato foi considerado como inconstitucional pela oposição. Fernández ainda pretende enviar projeto de lei para o Congresso, visando declarar a exportadora como empresa de interesse nacional e estatizá-la em caráter definitivo.
A intenção assustou líderes agrícolas da Argentina, que têm convocado protestos para evitar uma suposta escalada intervencionista no país. Atos são esperados na capital Buenos Aires e também em outras cidades importantes, como Mendoza e Rosario.
Analistas dizem que o decreto do governo argentino sobre a Vicentín acaba por reavivar temores em relação à volta do kirchnerismo. O presidente Alberto Fernández é temido desde a eleição presidencial do ano passado, justamente por sua ligação íntima com os ex-presidentes Néstor Kirchner e Cristina Kirchner.
"Não estamos atacando propriedades privadas, estamos resgatando uma empresa falida, cujos próprios proprietários pediram ao Estado para assumi-la. Se não (digo isso), pareço um louco que se levanta e pede para desapropriar empresas", defendeu-se hoje o presidente argentino em entrevista à rádio El Destape. À emissora, ele ainda disse não estar preocupado com as manifestações convocadas para esta tarde.
Seja como for, a intervenção na Vicentín, rechaçada pela oposição e pelo setor agrícola do país, que vê um "precedente perigoso", tampouco foi aprovada por analistas do mercado. "Essa decisão envia um sinal negativo para a comunidade empresarial do país, preocupada que a aquisição de ativos seja novamente uma possibilidade. Tudo isso reforça a tendência negativa para o país", diz Daniel Kerner, diretor para América Latina do Eurasia Group. "Este não é o começo de um plano para nacionalizar várias empresas. Não é isso que Fernández está pensando, mas mostra que o governo responderá aos crescentes problemas econômicos aumentando a intervenção do Estado."
O UBS também vê como negativas as notícias de intervenção na Vicentín, mas diz que o caso guarda diferenças com a nacionalização da petrolífera Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF), expropriada pela então presidente Cristina Kirchner em 2013, alegando preocupações com a soberania energética. "Diferentemente da situação atual da Vicentín, que entrou em contato com os credores, a YPF não teve um problema de estresse financeiro quando sofreu a intervenção", diz o banco.
A gasolina baixou — mas, para os brasileiros, ainda vale a pena cruzar a fronteira e encher o tanque na Argentina
A desvalorização cambial na Argentina, somada ao preço ainda alto da gasolina no Brasil, eleva o fluxo de motoristas na fronteira dos países
Lula, Ciro e Simone usam redes sociais para repudiar atentado a Cristina Kirchner; Bolsonaro ainda não se manifestou
A tentativa de ataque a Cristina Kirchner ocorreu no fim da noite de ontem, quando a vice-presidente chegava a sua casa em Buenos Aires
Sempre teremos Buenos Aires – ou Istambul: enquanto Argentina promove troca ministerial, inflação na Turquia dispara; entenda a situação
‘Fritura’ política é apontada como motivo para troca de ministro na Argentina; na Turquia, inflação atinge o maior nível de 1998
‘Fritado’ por Cristina Kirchner, ministro da Economia da Argentina renuncia; país toma medidas para conter a saída de dólares
Martín Guzmán pediu demissão em meio à crise política que contrapôs o presidente Alberto Fernández e o grupo liderado pela vice-presidente Cristina Kirchner
A Argentina ataca novamente: conheça o imposto inventado pelos hermanos para compensar o aumento dos auxílios
Imposto sobre ‘ganhos inesperados’ será cobrado de empresas com sede na Argentina com lucro líquido superior a 1 bilhão de pesos
Mirando além das fronteiras, Espaçolaser abre duas lojas próprias na Colômbia
Investimento feito foi de US$ 150 mil por unidade, e amplia estratégia de internacionalização voltada para a América Latina, de olho também em Argentina e Chile
PIB da Argentina sobe 2,6% no 1º trimestre
Na comparação com igual período do ano passado, o avanço foi de 2,5%
Ford prevê recuperação gradual da Argentina e anuncia investimento de US$ 580 milhões
Durante encontro virtual com jornalistas, presidente da montadora na América do Sul afirmou que a estabilização da inflação será chave na saída do país vizinho da crise
Marfrig compra produtora de hambúrgueres na Argentina por US$ 4,6 milhões
Compra visa fortalecer portfólio de produtos de maior valor agregado e expandir operações no país vizinho
FMI confirma contato do governo da Argentina com pedido de novo pacote de ajuda
Segundo a entidade, ambos discutiram os desafios da Argentina, inclusive no contexto da pandemia
Leia Também
-
A terapia de choque de Milei deu certo? Argentina registra o primeiro superávit trimestral em 16 anos. Veja como presidente conseguiu
-
Milei tem vitória no “STF” da Argentina e mantém decreto em vigor, mas batalha ainda não terminou
-
Segura, Javier Milei: Argentina terá inflação de “apenas” 150% em 2024, mas contração econômica será maior, diz FMI
Mais lidas
-
1
Ficou mais difícil investir em LCI e LCA após mudanças nas regras? Veja que outras opções você encontra no mercado
-
2
Após o halving, um protocolo 'surge' para revolucionar o bitcoin (BTC): entenda o impacto do protocolo Runes
-
3
Novo imposto vem aí? Governo avalia criar cota e sobretaxar em até 25% excesso de importação de aço, mas teme disparada da inflação