Contra tudo e contra todos: o crescimento das gestoras de patrimônio frente aos grandes bancos
Adversidades da economia brasileira não foram obstáculos suficientes para barrar o crescimento de 10% do seu volume sob gestão em junho
Pouco a pouco, as gestoras de patrimônio vão conquistando um espaço que antes era só dos grandes bancos. O volume sob gestão dessas casas alcançou R$ 98,6 bilhões, distribuídos por 6 mil grupos familiares ou investidores em junho deste ano - um avanço de 10% ante junho do ano passado, segundo a Anbima.
Gestores explicam que o avanço poderia ser maior, mas comemoram o fato de haver uma parcela da população preocupada com a gestão profissional do seu dinheiro - num momento em que está mais difícil saber onde aplicar.
Nos últimos dois anos, as gestoras de patrimônio foram beneficiadas pelo juro baixo, que obrigou as pessoas a turbinar as carteiras e olhar investimentos além do Tesouro Direto. Porém, a crise minou a geração de riqueza no País - e com isso desacelerou o processo de crescimento dessas casas. Em 2018, o avanço foi só de 2%.
O que segurou a tendência de alta foi justamente a falta de compreensão dos brasileiros sobre o universo dos investimentos e o aquecido mercado de fusões e aquisições - que, em 2018, teve o melhor semestre desde 2010. Com mais empresários vendendo participações, mais liquidez no mercado - e parte desses voluptuosos recursos vão para bancos ou gestoras.
Na Azimut Wealth Management, o presidente Antonio Costa conta que o crescimento de 40% no ano, para R$ 5 bilhões, foi em parte sustentado pela captura dessa riqueza e pela valorização da figura do "advisor" (consultor). "As pessoas estão acuadas, precisam mais de alguém que diga 'calma' e oriente", diz. "Não é enviar um questionário; tem de entender a dinâmica desses investidores e dessas famílias de forma holística, principalmente em um momento como este." Reflexo dessa preocupação é a alocação de mais de 50% do volume total do setor estar em renda fixa.
Para o diretor da Ativa Wealth Management, Arnaldo Curvello, o crescimento da gestora ainda é muito pequeno, sobretudo se comparado ao saldo de R$ 700 bilhões parados na poupança. Para traçar um paralelo, nos Estados Unidos, as maiores casas têm US$ 700 bilhões sob o guarda-chuva. "É uma tendência as pessoas procurarem pela gestão profissional, mas ainda estamos muito atrasados." A casa também tem R$ 5 bilhões sob gestão.
O cenário atual, porém, deixa o potencial da indústria represado, aponta Jan Karsten, presidente da GPS, do grupo suíço Julius Baer, com R$ 28 bilhões. "Se o mercado de capitais aquecer, o gestor de patrimônio vai crescer a uma taxa maior que a dos private bankings", diz. "Por outro lado, se as coisas piorarem, há um risco de maior saída de brasileiros para Estados Unidos e Portugal, por exemplo. Isso é um fator preocupante."
Mais acessível. O avanço das casas independentes trava ainda na ideia de que são feitas apenas para grandes fortunas, como em family offices. De fato, gestoras mais consolidadas, como a GPS, têm foco nesse público; mas, aos poucos, novos nomes aparecem para "popularizar" a gestão de patrimônio no País.
É o caso da Fiduc, que permite a gestão de R$ 5 mil, apesar de aconselhar ter pelo menos R$ 50 mil. Diferentemente dos bancos, em que o gerente recebe pelos produtos, na Fiduc, os administradores são remunerados com base em uma taxa fixa sobre o patrimônio do cliente.
"As pessoas têm medo de investir ou fazem escolhas ruins. Um exemplo é a Bolsa: todo mundo entra na alta", explica Valter Police responsável pela Academia Fiduc. "É comportamental. Por isso, é preciso uma gestão profissional." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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