🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

Vale ainda é uma mina de problemas, mas resultados contam outra história

Depois de algum tempo defendendo que era hora de esperar e, com todo respeito às vítimas das tragédias em Brumadinho e Mariana, acho que está na hora de comprar as ações, desde que você tenha estômago para aguentar a inevitável volatilidade que devemos ter pela frente

25 de maio de 2019
6:01 - atualizado às 9:49
Navio da Vale
Imagem: Agência Vale

Uma das principais notícias desta temporada de resultados foi a de que, pela primeira vez na história, a Vale (VALE3) reportou um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Apesar de absolutamente verdadeira, a manchete não conta toda a história: o resultado operacional da Vale foi bom, com geração de caixa de US$ 2,2 bilhões, em linha com o primeiro trimestre do ano passado. Com um capex (investimento em ativos fixos) realizado de US$ 512 milhões, temos uma geração de caixa livre saudável da ordem de US$ 1,6 bilhão.

O que fez a Vale reportar números tão ruins foram as provisões referentes ao rompimento da barragem em Brumadinho – a companhia reconheceu despesas de US$ 4,7 bilhões, já incluindo os efeitos do descomissionamento das barragens a montante, o que levou ao Ebitda negativo de US$ 652 milhões – ajustado para esses efeitos, o Ebitda seria positivo em US$ 4,5 bilhões (a bagatela de R$ 18 bilhões).

O que mais me chamou a atenção no resultado foi que, mesmo com volumes muito menores no trimestre, o Ebitda da divisão de minerais ferrosos cresceu em relação ao mesmo período do ano anterior – o aumento de preço do minério de ferro mais do que compensou a queda dos volumes!

O aumento de preços do minério se deu muito em função da própria Vale – o mercado está “justo”, sem muita folga: com a brasileira produzindo menos em função da paralisação da atividade em diversas minas, o preço disparou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em um mercado de commodities com pouca diferenciação entre os diversos produtores, a “mão invisível” do mercado é implacável – oferta e demanda definem preços e devem fazer Adam Smith chorar de emoção onde quer que esteja gerindo sua fábrica de alfinetes.

Leia Também

Desde o rompimento da barragem em Brumadinho, em janeiro deste ano, o minério já subiu cerca de 30% e está nas máximas desde o começo de 2017. Enquanto o preço sobe, os estoques em portos chineses só caem, o que dá alguma sustentação para os preços no curto prazo.

Fazendo uma conta simples, mas bastante útil, aponta para um potencial alto de valorização para as ações da Vale e, dados os níveis atuais, dá até para dizer que o papel aguenta bastante desaforo.

Basicamente, é o seguinte: o "breakeven" por tonelada de minério para o primeiro trimestre ficou em US$ 30. Essa é só uma maneira bonitinha para dizer que, com o preço do minério abaixo de US$ 30, a Vale começa a dar prejuízo e, acima disso, lucro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Pois bem, o minério hoje é negociado a quase US$ 93 por tonelada, mas isso é um “preço lista”, digamos que role um desconto e alguns outros ajustes no meio do caminho e o preço realizado (preço médio de venda) seja US$ 83/ton, mais próximo do que foi no primeiro trimestre (quando o preço lista estava mais baixo).

Sob essas premissas, dá para dizer que para cada tonelada que a Vale vender, ela faz US$ 53 de Ebitda. As estimativas de produção atualizadas (já levando em consideração os efeitos de Brumadinho) indicam volume entre 307 e 332 milhões de toneladas de minério de ferro para 2019.

Se trabalharmos com 310 milhões de toneladas para o segmento de minerais ferrosos (que é o que importa, no fim das contas) e manutenção dos níveis nas outras unidades de negócio, dá para falar em um Ebitda de US$ 18,2 bilhões em 2019. Usando um múltiplo EV/Ebitda (múltiplo que mede a relação entre o valor da empresa e o Ebitda) de 5x (já abaixo da média histórica de 5,5x), chego em um valor justo de R$ 58,2 por ação – um potencial de cerca de 20% de alta para o preço de tela.

Esse número é conservador porque (i) usa um volume de produção próximo ao mínimo do guidance; (ii) usa um preço realizado abaixo do que foi o primeiro trimestre, apesar de o minério estar operando cerca de 10% acima no segundo trimestre e (iiI) já embute um desconto no múltiplo EV/Ebitda porque, bem, a Vale causou os dois maiores desastres ambientais da história brasileira em um intervalo de pouco mais de três anos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sem forçar muito, dá para chegar em um preço justo de R$ 71 por ação (quase 50% de valorização) – é só trabalhar com um preço realizado de US$ 90/ton de minério (que está praticamente dado para o segundo trimestre) e um volume de 320 milhões de toneladas (no meio das projeções da companhia).

E por que Vale está, assim, tão “barata”?

Até o dia 25 de janeiro, as ações da Vale negociavam em torno de R$ 56 – no dia 28 de janeiro, primeiro pregão depois do rompimento de Brumadinho, as ações fecharam cotadas a R$ 42. Mais do que os estragos do desastre (que foram muitos!), Brumadinho deixou a impressão de que a Vale, seus consultores e os órgãos reguladores são incapazes de avaliar adequadamente a situação das barragens brasileiras.

Oras, se todos os documentos e licenças estavam em dia e se, de fato, a companhia estava sendo mais cautelosa depois do que houve em Mariana, como não conseguiram detectar os problemas em Brumadinho? Todas as barragens são suspeitas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para piorar, a crise custou a cabeça de Fabio Schvartsman, então presidente da companhia e um dos executivos mais respeitados do país. Fabio assumiu o cargo no início de 2017 e provocou profundas alterações na estrutura de governança e nas diretrizes operacionais da mineradora – em menos de um ano, o preço das ações mais do que dobrou!

Além disso, operacionalmente, a vida da Vale ficou, de fato, mais difícil – além da menor produção, é difícil acreditar que, ao menos no médio prazo, a companhia tenha vida fácil em conseguir aprovações ambientais, sem contar o maior custo com segurança e até mesmo seguros corporativos.

Por fim, o que parece estar pesando mais para o papel no curto prazo: o fluxo de notícias ainda é bastante negativo. Há poucos dias, a notícia de que um novo rompimento pode ocorrer a qualquer momento em Minas Gerais – há o risco de desabamento no talude da mina de Congo Seco.

O desabamento, em si, tem poucos impactos – a mina está desativada desde 2016 e o conteúdo, seco, seria acomodado dentro da própria mina, sem prejuízos para o entorno. A questão é que há a possibilidade de que o eventual desabamento gere tremores que podem vir a causar o rompimento da barragem Sul Superior, a cerca de 1,5km da mina de Congo Seco (tem bastante condicional aí, não?!).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quando da divulgação da notícia (16 de maio), as ações chegaram a cair 4,5% e fecharam em queda de 3,2%. O movimento, na minha humilde opinião, foi exagerado e dá nota de como o mercado deve reagir a tudo que for relacionado à Vale por um bom tempo.

Entre o processo de edição e publicação desta coluna, pode ser que o talude ceda e que a mina se rompa. Aí a Vale poderia pedir música para o Fantástico: os três maiores desastres ambientais da história do país em menos de três anos. Sinceramente, me parece pouco provável, por mais que não se possa descartar mais nada no que diz respeito à Vale e suas minas...

Mesmo sabendo que preços de commodities são extremamente voláteis e que, a qualquer momento, novos desdobramentos da guerra comercial entre China e EUA podem devastar o mercado de minério de ferro, o potencial para geração de caixa da Vale mais do que compensa os riscos – o termo técnico seria: “nesse nível de preços, o papel aguenta desaforo pra caralho”.

Depois de algum tempo defendendo que era hora de esperar, acredito que a maioria das incertezas ficou para trás e, com todo respeito às vítimas das tragédias em Brumadinho e Mariana, acho que está na hora de comprar Vale, desde que você tenha estômago para aguentar a inevitável volatilidade que devemos ter pela frente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sem forçar muito, dá para chegar em um preço justo de R$ 71 por ação (quase 50% de valorização) – é só trabalhar com um preço realizado de US$ 90/ton de minério (que está praticamente dado para o segundo trimestre) e um volume de 320 milhões de toneladas (no meio das projeções da companhia).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
VEJA DETALHES

Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas

23 de outubro de 2025 - 13:40

O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio

FII EXPERIENCE 2025

Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta

23 de outubro de 2025 - 11:00

Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras

FII EXPERIENCE 2025

FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator

23 de outubro de 2025 - 7:02

Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado

HORA DE VENDER

JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa

22 de outubro de 2025 - 17:31

Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)

FII EXPERIENCE 2025

“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners

22 de outubro de 2025 - 16:55

Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam

CHEGOU AO TOPO?

Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso

21 de outubro de 2025 - 18:30

É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA

VAMOS...PULAR!

Por que o mercado ficou tão feliz com a prévia da Vamos (VAMO3) — ação chegou a subir 10%

21 de outubro de 2025 - 15:04

Após divulgar resultados operacionais fortes e reforçar o guidance para 2025, os papéis disparam na B3 com investidores embalados pelo ritmo de crescimento da locadora de caminhões e máquinas

MUDANÇAS NO ALTO ESCALÃO

Brava Energia (BRAV3) enxuga diretoria em meio a reestruturação interna e ações têm a maior queda do Ibovespa

21 de outubro de 2025 - 12:10

Companhia simplifica estrutura, une áreas estratégicas e passa por mudanças no alto escalão enquanto lida com interdição da ANP

BOLSA DOURADA

Inspirada pela corrida pelo ouro, B3 lança Índice Futuro de Ouro (IFGOLD B3), 12° novo indicador do ano

21 de outubro de 2025 - 9:03

Novo indicador reflete a crescente demanda pelo ouro, com cálculos diários baseados no valor de fechamento do contrato futuro negociado na B3

FIIS HOJES

FII RCRB11 zera vacância do portfólio — e cotistas vão sair ganhando com isso

20 de outubro de 2025 - 18:01

O contrato foi feito no modelo plug-and-play, em que o imóvel é entregue pronto para uso imediato

PRÉVIA OPERACIONAL 3T35

Recorde de vendas e retorno ao Minha Casa Minha Vida: é hora de comprar Eztec (EZTC3)? Os destaques da prévia do 3T25

20 de outubro de 2025 - 11:55

BTG destaca solidez nos números e vê potencial de valorização nas ações, negociadas a 0,7 vez o valor patrimonial, após a Eztec registrar o maior volume de vendas brutas da sua história e retomar lançamentos voltados ao Minha Casa Minha Vida

BALANÇO SEMANAL

Usiminas (USIM5) lidera os ganhos do Ibovespa e GPA (PCAR3) é a ação com pior desempenho; veja as maiores altas e quedas da semana

18 de outubro de 2025 - 15:40

Bolsa se recuperou e retornou aos 143 mil pontos com melhora da expectativa para negociações entre Brasil e EUA

ESTRATÉGIA

Como o IFIX sobe 15% no ano e captações de fundos imobiliários continuam fortes mesmo com os juros altos

18 de outubro de 2025 - 14:25

Captações totalizam R$ 31,5 bilhões até o fim de setembro, 71% do valor captado em 2024 e mais do que em 2023 inteiro; gestores usam estratégias para ampliar portfólio de fundos

DAY TRADE

De operário a milionário: Vencedor da Copa BTG Trader operava “virado”

18 de outubro de 2025 - 13:29

Agora milionário, trader operava sem dormir, após chegar do turno da madrugada em seu trabalho em uma fábrica

FORTALEZA SEGURA

Apesar de queda com alívio nas tensões entre EUA e China, ouro tem maior sequência de ganhos semanais desde 2008

17 de outubro de 2025 - 19:11

O ouro, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, acumulou valorização de 5,32% na semana, com maior sequência de ganhos semanais desde setembro de 2008.

COPA BTG TRADER

Roberto Sallouti, CEO do BTG, gosta do fundamento, mas não ignora análise técnica: “o mercado te deixa humilde”

17 de outubro de 2025 - 18:40

No evento Copa BTG Trader, o CEO do BTG Pactual relembrou o início da carreira como operador, defendeu a combinação entre fundamentos e análise técnica e alertou para um período prolongado de volatilidade nos mercados

VAI COMEÇAR O BARATA-VOA?

Há razão para pânico com os bancos nos EUA? Saiba se o país está diante de uma crise de crédito e o que fazer com o seu dinheiro

17 de outubro de 2025 - 17:25

Mesmo com alertas de bancos regionais dos EUA sobre o aumento do risco de inadimplência de suas carteiras de crédito, o risco não parece ser sistêmico, apontam especialistas

AUMENTOU O RISCO BRASIL?

Citi vê mais instabilidade nos mercados com eleições de 2026 e tarifas e reduz risco em carteira de ações brasileiras

17 de outubro de 2025 - 13:03

Futuro do Brasil está mais incerto e analistas do Citi decidiram reduzir o risco em sua carteira recomendada de ações MVP para o Brasil

QUANDO HÁ UMA BARATA…

Kafka em Wall Street: Por que você deveria se preocupar com uma potencial crise nos bancos dos EUA

17 de outubro de 2025 - 9:49

O temor de uma infestação no setor financeiro e no mercado de crédito norte-americano faz pressão sobre as bolsas hoje

REGIME FÁCIL

B3 se prepara para entrada de pequenas e médias empresas na Bolsa em 2026 —  via ações ou renda fixa

16 de outubro de 2025 - 0:05

Regime Fácil prevê simplificação de processos e diminuição de custos para que companhias de menor porte abram capital e melhorem governança

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar