Sou conservador e assim vou continuar! Onde devo investir com a Selic tão baixa?
Com os juros tão baixos, como permanecer conservador? Conversei com especialistas que sugeriram carteiras de investimentos para quem não quer correr (muito) risco de bolsa

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) baixou a taxa básica de juros de 6,50% a 6,00% ao ano, menor Selic da história.
Conforme eu mostrei nesta outra matéria, juros nesse patamar sacrificam as aplicações de renda fixa conservadora, cujas rentabilidades são atreladas à Selic ou ao CDI, taxa de juros que costuma seguir a taxa básica de perto.
É nesses investimentos pós-fixados que devemos aplicar nossa reserva de emergência. Mas os investidores conservadores costumam investir todo o seu patrimônio nesses ativos de baixo risco.
Nesta outra matéria, eu falei sobre o que o investidor ainda pode fazer para melhorar sua rentabilidade caso tenha deixado de ganhar com a queda da Selic ou não tenha se preparado para essa nova era de juro baixo.
Mas algumas dicas dessa lista exigem que o investidor tome mais risco. Ativos como ações, fundos imobiliários, imóveis e títulos de renda fixa privada com maior risco de crédito surgem como as alternativas mais atrativas neste cenário.
Só que nem todo investidor pode ou quer se expor à volatilidade da bolsa, e nós aqui no Seu Dinheiro entendemos isso. Muitos são conservadores e continuarão a ser, ainda que os juros estejam no chão.
Leia Também
Alguns não toleram ver retorno negativo, mesmo que momentaneamente, por questões emocionais; outros têm renda inconstante e difícil de prever, como é o caso daqueles que são autônomos ou free lancers; outros, ainda, têm idade avançada e já estão usufruindo (ou prestes a usufruir) do patrimônio que acumularam durante a vida, devendo focar em preservá-lo.
Mas então o que resta a esses investidores? Eles deverão se contentar em simplesmente reduzir seus gastos mensais e os custos das suas aplicações?
Não necessariamente. Eu conversei com quatro especialistas de instituições financeiras diferentes que sugeriram carteiras de investimento conservadoras para esse cenário de Selic a 6% ao ano.
Modalmais
A Modalmais espera novo corte de 0,5 ponto percentual na Selic ainda neste ano. Ou seja, espera que o ano termine com a Selic em 5,5% ao ano, embora não descarte a possibilidade de queda para 5,25% ou mesmo 5% ainda em 2019 ou início de 2020.
Carteira do investidor conservador sugerida pelo head da plataforma de investimentos, Ronaldo Guimarães:
A maior parte da carteira deve permanecer aplicada em renda fixa, sendo dividida entre aplicações conservadoras com rentabilidade atrelada ao CDI e fundos de debêntures incentivadas, títulos emitidos por empresas para financiar projetos de infraestrutura e isentos de imposto de renda para a pessoa física.
TAG Investimentos
Para a TAG, juros podem cair mais e ficar num patamar baixo por um período prolongado de tempo.
Carteira do investidor conservador sugerida pelo sócio gestor Marco Bismarchi:
A TAG Investimentos sugere faixas de percentuais para a composição da sua carteira conservadora. Por exemplo, o investidor pode destinar de 5% a 10% a fundos de ações, 10% a 15% a multimercados, 5% a 10% a títulos públicos atrelados à inflação, 5% a 10% a fundos de crédito privado, e o restante a renda fixa conservadora atrelada ao CDI e com liquidez diária.
Segundo Marco Bismarchi, o sócio gestor da TAG com quem eu conversei, a alocação em renda variável deve ser distribuída tanto por fundos de ações long only (tradicionais, que basicamente só atuam comprados em ações) quanto fundos de ações long biased (que fazem operações de proteção para ganhar tanto na alta quanto na baixa).
Já a parcela destinada aos multimercados deve ser distribuída entre fundos macro e fundos de outras classificações, com long & short, quantitativos e com investimento no exterior.
Entre os títulos atrelados à inflação (Tesouro IPCA+), destacam-se os papéis de longo prazo, que ainda estão pagando taxas prefixadas de 3,5% ou mais. Finalmente, os fundos de crédito privado podem investir em títulos high yield (títulos de dívida de maior risco), desde que estes contem com garantias robustas.
Azimut Brasil Wealth Management
Para a Azimut, as NTN-B até tem o que valorizar ainda. Mas, para o investidor conservador, a melhor alternativa para ganhar um “a mais” seriam as debêntures incentivadas e fundos de debêntures incentivadas.
Carteira do investidor conservador sugerida pelo responsável pela área de gestão de investimentos, Alexandre Hishi
Para a Azimut, a carteira conservadora não precisa conter fundos de ações, mas é interessante ter um certo percentual de fundos multimercados com baixa volatilidade e alguma exposição a ações. O restante deve ser alocado em renda fixa, o que deve incluir aplicações conservadoras atreladas ao CDI, Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Tesouro IPCA+ (NTN-B) e fundos de debêntures incentivadas.
Itaú Unibanco
Para o Itaú, a Selic permanecerá baixa pelo menos até o fim de 2020 e, se subir, será só lá para o fim de 2021. “E, mesmo assim, não para níveis como tínhamos antes”, disse Martin Iglesias, especialista em investimentos do Itaú Unibanco.
O Itaú Unibanco define o investidor conservador como aquele que não aceita ter perdas de capital no horizonte de um mês.
“É aquele investidor que olha o extrato mensalmente e não gosta de ver menos do que tinha antes. Não tem a ver com o quanto ele sabe sobre investimentos. Sua prioridade é preservar patrimônio”, disse Iglesias.
Assim, a ideia da carteira conservadora do Itaú não é ter grande retorno, mas sim preservar o patrimônio, visando um retorno de 102% ou 103% do CDI no longo prazo - que também não é uma enorme rentabilidade. Com Selic a 6,00%, o CDI está em algo como 5,90%. Isso significa que 102% do CDI corresponde a 6,02%, e 103% do CDI equivale a 6,08%.
“Ao longo dos últimos anos, a parcela de investidores que se identifica com o perfil conservador diminuiu. A maior parte hoje se identifica como moderado”, completou.
Carteira do investidor conservador sugerida pelo especialista em investimentos do Itaú Unibanco, Martin Iglesias:
A carteira conservadora prevê a maior parte do patrimônio ainda alocada em aplicações conservadoras de remuneração atrelada à Selic ou ao CDI. O Itaú sugere ainda uma pequena alocação em fundos multimercados e títulos de renda fixa prefixada, como o Tesouro Prefixado (LTN e NTN-F).
Juro baixo deve durar um bom tempo
É importante que mesmo o investidor mais conservador fique atento à rentabilidade da sua carteira e faça as alterações necessárias nesse momento inédito da economia brasileira, uma vez que esse cenário de juros baixos deve permanecer ainda por um bom tempo.
“Nós nos acostumamos a não correr risco porque a renda fixa pagava muito acima da inflação. Mas isso acabou. Podemos até voltar a ter uma inflação mais alta, mas deve subir pouco. Para ter rendimento maior, será preciso correr mais risco”, diz Ronaldo Guimarães, do Modalmais.
Ele lembra que ou o investidor se acostuma com um rendimento pífio acima da inflação - atualmente na casa de 1% ao ano - ou migra parte do portfólio para outras aplicações mais rentáveis.
E isso não significa apenas migrar para ações, como vimos. Há uma série de investimentos intermediários, na própria renda fixa (aplicações com menos liquidez ou um pouco mais de risco de crédito), entre os fundos imobiliários e os fundos multimercados.
Martin Iglesias, do Itaú, destaca essa necessidade de diversificação. “Num universo de Selic alta, a necessidade de diversificação não é tão clara para o investidor. Com uma Selic baixa, a forma de navegar é a diversificação ampla”, diz.
Bancos costumam ser mais conservadores que as plataformas independentes e gestoras de fortunas na hora de classificar o perfil de investidor dos seus clientes, como você pôde ver pela carteira do Itaú, bem mais conservadora que as demais. Mas mesmo dentro da renda fixa, é possível diversificar um pouco.
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
De olho na classe média, faixa 4 do Minha Casa Minha Vida começa a valer em maio; saiba quem pode participar e como aderir
Em meio à perda de popularidade de Lula, governo anunciou a inclusão de famílias com renda de até R$ 12 mil no programa habitacional que prevê financiamentos de imóveis com juros mais baixos
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Tarifaço de Trump pode não resultar em mais inflação, diz CIO da Empiricus Gestão; queda de preços e desaceleração global são mais prováveis
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, fala sobre política do caos de Trump e de como os mercados globais devem reagir à sua guerra tarifária
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Não foi só o Banco Master: entre os CDBs mais rentáveis de março, prefixado do Santander paga 15,72%, e banco chinês oferece 9,4% + IPCA
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado; no mês passado, estoque de CDBs no país chegou a R$ 2,57 trilhões, alta de 14,3% na base anual
Renda fixa para abril chega a pagar acima de 9% + IPCA, sem IR; recomendações já incluem prefixados, de olho em juros mais comportados
O Seu Dinheiro compilou as carteiras do BB, Itaú BBA, BTG e XP, que recomendaram os melhores papéis para investir no mês
110% do CDI e liquidez imediata — Nubank lança nova Caixinha Turbo para todos os clientes, mas com algumas condições; veja quais
Nubank lança novo investimento acessível a todos os usuários e notificará clientes gradualmente sobre a novidade
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
XP rebate acusações de esquema de pirâmide, venda massiva de COEs e rentabilidade dos fundos
Após a repercussão no mercado, a própria XP decidiu tirar a limpo a história e esclarecer todas as dúvidas e temores dos investidores; veja o que disse a corretora
PGBL ou VGBL? Veja quanto dinheiro você ‘deixa na mesa’ ao escolher o tipo de plano de previdência errado
Investir em PGBL não é para todo mundo, mas para quem tem essa oportunidade, o aporte errado em VGBL pode custar caro; confira a simulação
De Minas para Buenos Aires: argentinos são a primeira frente da expansão do Inter (INBR32) na América Latina
O banco digital brasileiro anunciou um novo plano de expansão e, graças a uma parceria com uma instituição financeira argentina, a entrada no mercado do país deve acontecer em breve
XP Malls (XPML11) é desbancado por outro FII do setor de shopping como o favorito entre analistas para investir em março
O FII mais indicado para este mês está sendo negociado com desconto em relação ao preço justo estimado para as cotas e tem potencial de valorização de 15%
Mata-mata ou pontos corridos? Ibovespa busca nova alta em dia de PIB, medidas de Lula, payroll e Powell
Em meio às idas e vindas da guerra comercial de Donald Trump, PIB fechado de 2024 é o destaque entre os indicadores de hoje
Debêntures da Equatorial se destacam entre as recomendações de renda fixa para investir em março; veja a lista completa
BB e XP recomendaram ainda debêntures isentas de IR, CRAs, títulos públicos e CDBs para investir no mês
Vencimento de Tesouro Selic paga R$ 180 bilhões nesta semana; quanto rende essa bolada se for reinvestida?
Simulamos o retorno do reinvestimento em novos títulos Tesouro Selic e em outros papéis de renda fixa