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Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
Gestão

Seu fundo já é quant e talvez você nem saiba

Uso intensivo de tecnologia na gestão de recursos é tendência irreversível. É isso que faz um fundo quantitativo. O que os difere é a intensidade desse uso

Eduardo Campos
Eduardo Campos
3 de setembro de 2019
5:41 - atualizado às 21:49
fundo quantitativo
Imagem: Shutterstock

Eles fazem parte da paisagem no mercado externo e lideram rankings de rentabilidade com folga no mercado americano. Por aqui, os fundos quantitativos ou quants parecem engatinhar, mas a tendência de crescimento é irreversível.

De fato, muito em breve não fará mais sentido dividir as casas de gestão em quants ou não. Essa é a principal mensagem das conversas que tive com o sócio e gestor da Kadima, Rodrigo Maranhão, e com o sócio e gestor da Giant Steps Capital, Rodrigo Terni.

Antes de apresentar as casas e suas estratégias vamos tentar desmitificar o uso do termo quantitativo. Segundo Maranhão, a ideia básica do modelo é reduzir a discricionariedade. No fundo tradicional a decisão de investimento passa pela interpretação do gestor. No quant, a decisão é tomada de forma sistemática, baseada em regras preestabelecidas.

Terni diz que não gosta do termo “quant”, pois não faz muito sentido fazer esse tipo de divisão. No fim das contas, diz Terni, quant é apenas o uso de tecnologia no processo de gestão. A discussão é o grau de utilização das ferramentas tecnológicas disponíveis na gestão.

“Lá fora, as pessoas já se deram conta de quanto mais tecnologia, melhor o seu resultado. Quanto mais atrasado você estiver, pior será o resultado”, explica Terni.

Volume infindável de dados

Segundo Maranhão, temos um número pequeno de empresas na bolsa com um patamar de liquidez de cerca de US$ 1 milhão. São cerca de 150. Nos Estados Unidos, o número é de 4,5 mil empresas.

Imagine um gestor ou mesmo uma equipe fazer a análise de resultados “no braço”, de forma individualizada. A saída natural é ter uma ferramenta que faça essa “leitura” do balanço de milhares de empresas de forma sistematizada e, dependendo do modelo, escolha quem entra e quem sai do portfólio.

“As casas tradicionais vão ter de abraçar a tecnologia senão serão atropeladas em algum momento”, avalia Maranhão.

Terni lembra que o volume de informações disponíveis cresce de forma exponencial e a tomada de decisão acontece em milésimos de segundo. Exemplo da vida real: um tuíte de Donald Trump e o mundo desaba ou se reconstrói.

“Se você acha que lendo o jornal estará mais informado que um cara que dispõe de uma tecnologia de inteligência artificial, você é muito ingênuo”, diz Terni.

Mas e a genialidade do gestor?

No nosso histórico de fundos e casas de investimento temos personalidades que se destacam pela experiência, genialidade, insight ou sorte mesmo (não se chega a lugar algum sem sorte). E a gestão quant não quer dizer que essas características deixam de ser relevantes.

Na avaliação de Terni, o insight do gestor é extremamente importante, mas sem as ferramentas corretas esse potencial é pouco explorado.

Vamos a um exemplo prático: O gestor acha que todo tuíte de Trump é sinal para compra de dólar. Ele pode simplesmente passar a operar esse trade e ver se tem sucesso ou não. Com a tecnologia disponível, esse mesmo gestor pode pegar todos os tuítes de Trump e fazer inúmeros estudos e simulações e perceber que a estratégia até faz sentido, mas não daria tanto resultado assim.

“O problema é o cara confiar cegamente no insight e não usar a tecnologia para dar suporte. O ser humano tem as ideias, monta teorias, percebe os diferentes sinais do mercado. Mas não posso superestimar o que consigo fazer sozinho. Não faz sentido ter toda essa tecnologia e não usar isso na gestão”, explica Terni.

Ferramenta de diversificação

Enquanto nosso mercado caminha para o inexorável uso da tecnologia, o investidor, que ainda está se acostumando com essa ideia, pode encarar um fundo quant na carteira como uma forma de diversificação em relação às casas puramente discricionárias.

“Olhando a carteira como um todo, resulta em redução de risco. O único almoço de graça que o mercado dá é a diversificação”, diz Maranhão.

Terni também avalia que esse estilo de gestão é uma ferramenta de diversificação, já que a tecnologia dá capacidade de olhar ativos no mundo todo de forma rápida e com diferentes correlações.

As gestoras e seus fundos

Começando pela Kadima, Maranhão nos explica que essa é a gestora quantitativa mais antiga do Brasil, fundada em 2007. A casa tem pouco mais de R$ 1 bilhão sob gestão em seis famílias de fundos.

O principal deles é o Kadima FIC FIM, aberto para o público geral. Há um fundo de maior volatilidade para investidores qualificados, um multimercado com proposta de capturar tendências de longo prazo. Um de ações, o Kadima Equities Master FIA, um long short e dois de Previdência (com Icatu e XP).

Segundo Maranhão, a equipe da Kadima está sempre melhorando seus modelos e algoritmos de investimento, refinando a capacidade de seleção de ativos, tamanho da posição e quando comprar e vender. A Kadima é dedicada a esse modelo de gestão baseado nas pesquisas quantitativas, mas o Maranhão lembra que a experiência do gestor conta e muito no desenho dos produtos.

De acordo com Maranhão, essa abordagem quant serve para qualquer tipo de produto financeiro, até mesmo para crédito e na renda fixa “dá para pensar” em algo ligado ao IMA-B (índice de títulos de renda fixa indexados ao IPCA). Novos produtos devem caminhar por essas linhas.

A Giant Steps é o novo nome da Visia Investimentos, que começou a atuar em 2012, com o fundo Zarathustra, reunindo profissionais com passagem pelo setor financeiro que estavam inconformados com a pouca utilização de tecnologia na gestão. Não por acaso, a meta da casa é se tornar referência em uso de tecnologia na gestão de recursos.

Segundo Terni, a casa está com cerca de R$ 1,3 bilhão sob gestão. “Mas estamos apenas começando. Tem espaço para crescer bastante no curto prazo.”

Os fundos Zarathustra e Darius buscam explorar momentos de irracionalidade nos mercados. Segundo Terni, é como se fosse um radar procurando crises e euforias. Assim, podem passar um tempo “andando de lado até dar uma porrada”. A diferença é o nível de risco que existe entre os dois fundos.

Nos momentos de normalidade, os fundos Sigma e Axis fazem uma análise crítica das informações do mercado, buscando ativos para construção de patrimônio do longo prazo. Segundo Terni, o fundo tem uma carteira balanceada e bastante diversificada. A recomendação de Terni é dividir meio a meio a alocação em cada uma das estratégias.

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