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Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
Mercados

Afinal, o que acontece com o dólar?

Depois de fazer mínimas na linha de R$ 3,65, moeda americana toma fôlego e ultrapassa os R$ 3,80. A explicação está em Brasília

Eduardo Campos
Eduardo Campos
14 de novembro de 2018
6:01 - atualizado às 19:54
Ilustração-Planalto
Imagem: Pomb

Parece que faz mais tempo, mas há apenas duas semanas ouvíamos discussões sobre a cotação do dólar ir a R$ 3,50 ou até mais baixo do que isso. No entanto, o preço subiu mais de 4,5% desde a mínima de R$ 3,65 da véspera da eleição e volta para cima dos R$ 3,80.

Excesso de otimismo eleitoral? Piora do quadro externo? É difícil achar explicações absolutas para um mercado complexo e conhecido por humilhar quem tenta cravar verdades, mas é possível encontrar bons elementos explicativos olhando mais para o que se passa por aqui mesmo, mais especificamente em Brasília.

Para o economista da 4E Consultoria Bruno Lavieri a formação de preço está mais relacionada à questão doméstica, pautada por uma leitura muito otimista logo após a eleição de Jair Bolsonaro.

“O mercado se deixou contagiar pelo otimismo, viu mais do que poderia enxergar, além do que seria razoável”, diz o especialista.

Para Lavieri, o que tem se configurado é que o quadro político não será tão tranquilo assim e os desafios, notadamente, na área fiscal são incontornáveis. “O mercado está mais cauteloso”, avalia.

O responsável pela mesa institucional de futuros da Genial Investimentos, Roberto Motta, vai na mesma linha, já que o mercado externo estava negativo desde que o dólar foi testar os R$ 3,65.

“O pano de fundo do mercado externo é o mesmo desde o mês passado. Foi o pano de fundo no mercado local que se deteriorou”, diz Motta.

O que fazia o real ter uma performance favorável era a expectativa com relação ao governo Bolsonaro. No entanto, a capacidade de gerenciar a agenda política está decepcionando um pouco.

O governo eleito não se posicionou contra as chamadas "pautas-bombas", como o reajuste do Judiciário, e também há declarações dúbias sobre a reforma da Previdência, que não deveria olhar apenas os números, mas também o social.

“A formação da equipe tem notícias boas, mas o que realmente está fazendo o mercado se deteriorar é a capacidade política do governo, que nesse início de transição tem se mostrado aquém do desejado”, pondera Motta.

Além disso, o especialista soma um vetor técnico ao ajuste de preços, não só no dólar, mas também na bolsa de valores. O Ibovespa já recuou cerca de 5% desde a última máxima de fechamento, aos 89.598 pontos, no dia 5 de novembro.

Os principais “tomadores” de risco no mercado local desde o fim de setembro e ao longo de outubro foram os fundos de investimento. As cotas tiveram bons resultados e agora vão começar a oscilar no vermelho.

A performance positiva foi construída, justamente, nessa expectativa com o novo governo, mas agora como essa menor probabilidade de boas notícias, Motta explica que os fundos são obrigados a reduzir o tamanho de suas posições para manter o nível de volatilidade das cotas.

“A posição técnica faz acelerar esse processo de deterioração. Essa rápida piora mostra uma redução de posição de fundos multimercados que estavam aplicados no kit Brasil”, diz Motta.

O que vem pela frente?

Os dois especialistas concordam no diagnóstico, mas divergem quanto ao cenário que podemos ter pela frente.

A 4E Consultoria mantém projeção de dólar entre R$ 3,80 a R$ 3,90 até o encerramento de 2018 e acredita que 2019 será de desvalorização do real, com a taxa de câmbio indo a R$ 4,20 até o fim do ano. Para dar um parâmetro, a mediana do boletim Focus, do Banco Central (BC), aponta dólar a R$ 3,70 para este ano e a R$ 3,76 no fim de 2019.

Algumas frustrações já aconteceram e outras ainda podem vir a acontecer. Segundo Lavieri, o mercado também mantém projeções de crescimento da economia acima do normal. Para 2019, a casa trabalha com 2%, o Focus está em 2,5%, mas há prognósticos mais otimistas, ao redor de 3% ou mais.

O ponto, segundo o economista, é que o trabalho do novo governo não será fácil e não deve ser satisfatório. A grande dúvida é como será feita a articulação política e há desencontros em tópicos fundamentais dentro do governo Bolsonaro como a própria reforma da Previdência.

Lavieri lembra, ainda, que o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, se colocou em uma situação de enfrentamento desnecessária com o Congresso Nacional, ao falar em dar uma “prensa” nos parlamentares para aprovar a reforma da Previdência. “Obviamente o Congresso não quer se ver nessa situação”, diz o economista.

Para Motta, da Genial, esse desempenho recente dos ativos brasileiros deve levar Paulo Guedes a falar com Jair Bolsonaro, argumentado que a equipe precisa agir para gerar notícias efetivamente positivas e trabalhar pela aprovação de outras medidas, como autonomia do Banco Central, cessão onerosa da Petrobras e cadastro positivo de crédito.

“Acho perigoso continuar apostando na piora dos ativos. Acho mais provável que essa pressão de preços chegue a Brasília e faça Paulo Guedes e equipe acelerarem as pautas favoráveis. Isso pode ser um drive para o mercado devolver parte dessa piora”, diz Motta.

Para Motta, o patamar de R$ 3,80 a R$ 3,90 para o dólar não se consolidou e o mercado deve voltar para a linha de R$ 3,75 se o governo der resposta ao mercado usando a “agenda boa” que pode ser tocada mesmo com a Previdência ficando para 2019.

“O calcanhar de Aquiles deles é a capacidade política. Começa a se cobrar alguma coisa com relação a isso e não se entrega na velocidade desejada”, diz Motta, lembrando que o “tempo” do mercado é bem diferente do “tempo” da política.

O vetor externo

No mercado externo, o dólar também está em recuperação, o que não contribui para o desempenho do real. O DXY, que mede o comportamento da divisa americana ante uma cesta de moedas, testa patamares não vistos desde meados de 2017, acima dos 97 pontos.

Entre os pares emergentes, o desempenho do real desde o fim de outubro só não é pior que o apresentado pelo peso mexicano, com perda de quase 6%. Coincidência ou não, o México também enfrenta uma transição de governo e os últimos acenos do presidente eleito Andrés Manuel Lopez Obrador (AMLO) decepcionaram as expectativas de mercado. Na ponta oposta, os melhores desempenhos são da rúpia da indonésia, peso argentino e lira turca, com valorizações entre 2% e 3%.

Por outro lado, uma tese que começa a ser aventada no exterior, pode ter algum reflexo por aqui também. A queda acentuada do petróleo pode reduzir o ímpeto inflacionário nos Estados Unidos, levando o Federal Reserve (Fed), banco central americano, a rever a trajetória de alta dos juros por lá.

Posições no mercado futuro

De volta ao mercado local é sempre válido olhar o que acontece no mercado futuro, pois é lá que a formação de preço realmente acontece.

Olhando as posições em dólar futuro e cupom cambial (DDI – juro em dólar) o quadro geral continua basicamente o mesmo, temos os estrangeiros com volumosa posição comprada. Na ponta de venda estão os bancos e os fundos de investimento.

No entanto, no decorrer de novembro, há uma acomodação da posição vendida dos bancos e fundos. A “aposta” no real foi reduzida ou lucros realizados.

No caso dos bancos, especificamente no mercado de dólar futuro, eles saíram de vendidos em cerca de US$ 7,5 bilhões no fim de outubro para comprados em US$ 1,13 bilhão, até o pregão de segunda-feira.

No entanto, as instituições financeiras ainda carregam uma posição vendida de US$ 19,15 bilhões em cupom cambial, resultando em uma posição geral vendida de US$ 18 bilhões, pouco maior que os US$ 17,5 bilhões do fechamento do mês passado.

Os fundos de investimento estavam vendidos em US$ 21 bilhões considerando dólar e cupom cambial, contra US$ 25,14 bilhões no fim de outubro. O ajuste aconteceu no mercado de cupom, onde a posição recuou de US$ 20,89 bilhões para US$ 11,37 bilhões, já que a posição vendida em dólar futuro aumentou de US$ 4,25 bilhões para US$ 9,73 bilhões.

O gringo tinha fechado outubro com uma posição comprada de US$ 40,5 bilhões, sendo US$ 29,5 bilhões em cupom cambial e outros US$ 11 bilhões em dólar futuro. Agora, essa “aposta” no dólar está em US$ 37,3 bilhões.

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