Previdência e Trump dão um choque de realidade nos mercados e Ibovespa fecha em queda
Novos atrasos na tramitação da reforma da Previdência, somados ao tom mais agressivo assumido por Trump na ONU, eletrocutaram o Ibovespa e derrubaram o principal índice da bolsa brasileira de volta aos 103 mil pontos
O Ibovespa estava numa boa fase. O principal índice da bolsa brasileira, afinal, conseguiu terminar os últimos cinco pregões no nível dos 104 mil pontos, resistindo às instabilidades geradas pela guerra comercial e pelas decisões de política monetária no mundo.
Mas, com a confiança lá no alto, o mercado acionário brasileiro parece ter ignorado alguns fatores de risco que estavam no radar. E, nesta terça-feira (24), dois fatores de instabilidade — um doméstico e outro externo — se uniram para dar um choque no Ibovespa.
O índice até começou a sessão de hoje no campo positivo, chegando a subir 0,24% mais cedo, aos 104.892,90 pontos. Mas, com notícias desfavoráveis no front da reforma da Previdência e sinalizações pouco amigáveis por parte do presidente americano, Donald Trump, os agentes financeiros foram eletrocutados.
Como resultado, o Ibovespa fechou o pregão em queda de 0,73%, aos 103.875,66 pontos — é a primeira vez desde o dia 16 que o índice encerra uma sessão abaixo dos 104 mil pontos. No mês, contudo, a bolsa brasileira ainda acumula ganhos de 2,71%.
O mercado de câmbio também sentiu os efeitos dessa onda de cautela, embora em menor intensidade: o dólar à vista terminou o dia praticamente estável, em ligeira queda de 0,05%, a R$ 4,1692. No entanto, a moeda americana ficou longe das mínimas — mais cedo, bateu os R$ 4,1535 (-0,43%).
Para quantificar melhor a intensidade desse choque, é melhor explicar separadamente os dois fatores que estiveram por trás da corrente elétrica que atravessou os mercados nesta terça-feira. Comecemos, então, pelo lado doméstico, já que o noticiário de Brasília foi responsável pela primeira descarga de energia que atingiu as negociações.
Leia Também
- CONVITE ESPECIAL: Hoje é nosso aniversário de 1 ano do Seu Dinheiro. E estamos com uma super novidade para você, leitor. Aqui neste vídeo nosso colunista Fausto Botelho conta os detalhes. Aproveite!
Dedo na tomada
Ainda durante a manhã, os líderes do Senado decidiram cancelar a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que seria realizada nesta terça-feira — na pauta, estava a provação da nova versão do relatório, de modo a liberá-la para votação no plenário da Casa.
Agora, uma nova sessão da CCJ do Senado está prevista para a próxima terça-feira (1), com o texto sendo deliberado pelo plenário na quarta (2). "Como a reforma ainda é um assunto importante, qualquer atraso gera um estresse nos mercados", diz um operador. Vale lembrar que, originalmente, a votação da reforma pelo plenário aconteceria hoje.
Esse novo atraso fez o Ibovespa perder força e virar ao campo negativo por volta de 11h, destoando das bolsas americanas, que nesse horário ainda conseguiam sustentar um leve desempenho positivo.
Um segundo operador ainda pondera que os mercados não foram reagiram ao discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU. "Toda essa virada foi por causa da Previdência e das dificuldades que estão sendo vistas no Senado. Esses atrasos e movimentos não são bons".
Soltando faísca
Lá fora, o desencadeador da cautela foi o discurso de Donald Trump na ONU. Entre outros pontos, o presidente americano reforçou sua postura protecionista, afirmando que não aceitará um acordo comercial com a China que não seja vantajoso para os EUA.
"A China não só se recusou a adotar as reformas prometidas, como também adotou um modelo econômico que depende de enormes barreiras de mercado, pesados subsídios estatais, manipulação cambial, transferências forçadas de tecnologia e roubo de propriedade intelectual", disse Trump nesta manhã.
Embora o tom mais agressivo adotado por Trump tenha trazido cautela aos mercados acionários de maneira generalizada, um aspecto da fala do presidente americano acabou mexendo diretamente com o desempenho do setor de tecnologia.
E isso porque, durante seu pronunciamento, o republicano atacou diretamente as plataformas de redes sociais, afirmando que um pequeno número de companhias desse setor estaria adquirindo imenso poder. Assim, papéis de empresas como Facebook, Twitter e Alphabet passaram a cair forte em Nova York.
Assim, o Dow Jones (-0,53%), o S&P 500 (-0,84%) e o Nasdaq (-1,46%) também terminaram o dia no campo negativo, o que contribuiu para enfraquecer ainda mais o Ibovespa. E olha que toda essa reação negativa ocorreu antes da confirmação da abertura, pela Câmara dos Representantes, de um pedido de impeachment contra o presidente americano...
Curto circuito
As declarações de Trump cortaram o otimismo visto lá fora durante a manhã. Mais cedo, os agentes financeiros reagiam positivamente às sinalizações emitidas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, confirmando que a próxima rodada de negociações comerciais com a China ocorrerá em duas semanas.
As indicações de que Washington e Pequim tentavam criar bases mais amistosas para o encontro de outubro faziam com que os mercados mostrassem-se mais dispostos a assumir riscos. Em meio aos temores de uma desaceleração econômica mais intensa no mundo, qualquer avanço nas negociações é bem recebido pelos investidores.
No entanto, o tom mais agressivo assumido por Trump em relação à China acabou neutralizando essa percepção mais positiva em relação aos desdobramentos da guerra comercial. Agora, o mercado volta a mostrar dúvida quanto aos eventuais avanços que poderão ser atingidos nessa nova rodada formal de negociações entre as potências.
Juros elétricos
No front doméstico, os agentes financeiros também repercutiram a ata da última reunião do Copom, que decidiu pelo corte de 0,5 ponto na taxa Selic, levando-a a um novo piso histórico de 5,5% ao ano. No documento, o Banco Central reforçou a mensagem de que novas reduções na taxa básica de juros devem ocorrer nos próximos encontros.
Além disso, os mercados ainda reagiram à alta de 0,09% na inflação medida pelo IPCA-15 em setembro — no ano, o indicador acumula ganho de 2,60% e, em 12 meses, de 3,22%. Com a inflação sob controle, ganha força a leitura de que, de fato, há espaço adicional para cortes na Selic.
Mas, mesmo com essas duas sinalizações apontando um corte mais profundo da Selic no futuro, as curvas de juros fecharam em alta, tanto na ponta curta quanto na longa. Os DIs também foram influenciados pela onda de cautela gerada pelo atraso na tramitação da Previdência no Senado e pela piora do humor no exterior.
Assim, as curvas com vencimento em janeiro de 2021 subiram de 5,00% para 5,03%, e as para janeiro de 2023 avançaram de 6,13% para 6,15%. No vértice mais extenso, os DIS para janeiro de 2025 foram de 6,74% para 6,79%.
Choques no Ibovespa
No lado positivo do índice, destaque para o setor de frigoríficos, com JBS ON (JBSS3) fechando em alta de 7,10%, BRF ON (BRFS3) avançando 4,36% e Marfrig ON (MRFG3) subindo 2,72%. Os papéis reagiram positivamente ao aumento de 76% nas importações de carne de porco pela China, em meio ao surto de febre suína que atinge a produção do país asiático.
Na ponta oposta, as mineradoras e siderúrgicas despontaram como destaques negativos do Ibovespa: Vale ON (VALE3) caiu 2,43%, Usiminas PNA (USIM5) recuou 2,83% e CSN ON (CSNA3) teve baixa de 4,03%, após o minério de ferro fechar em queda de 3,50% no porto chinês de Qingdao.
Debandada da B3: quando a onda de saída de empresas da bolsa de valores brasileira vai acabar?
Com OPAs e programas de recompras de ações, o número de empresas e papéis disponíveis na B3 diminuiu muito no último ano. Veja o que leva as empresas a saírem da bolsa, quando esse movimento deve acabar e quais os riscos para o investidor
Medo se espalha por Wall Street depois do relatório de emprego dos EUA e nem a “toda-poderosa” Nvidia conseguiu impedir
A criação de postos de trabalho nos EUA veio bem acima do esperado pelo mercado, o que reduz chances de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro; bolsas saem de alta generalizada para queda em uníssono
Depois do hiato causado pelo shutdown, Payroll de setembro vem acima das expectativas e reduz chances de corte de juros em dezembro
Os Estados Unidos (EUA) criaram 119 mil vagas de emprego em setembro, segundo o relatório de payroll divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Departamento do Trabalho
Sem medo de bolha? Nvidia (NVDC34) avança 5% e puxa Wall Street junto após resultados fortes — mas ainda há o que temer
Em pleno feriado da Consciência Negra, as bolsas lá fora vão de vento em poupa após a divulgação dos resultados da Nvidia no terceiro trimestre de 2025
Com R$ 480 milhões em CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai 24% na semana, apesar do aumento de capital bilionário
A companhia vive dias agitados na bolsa de valores, com reação ao balanço do terceiro trimestre, liquidação do Banco Master e aprovação da homologação do aumento de capital
Braskem (BRKM5) salta quase 10%, mas fecha com ganho de apenas 0,6%: o que explica o vai e vem das ações hoje?
Mercado reagiu a duas notícias importantes ao longo do dia, mas perdeu força no final do pregão
SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano
Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel
Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo
Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos
Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima
O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez
Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas
Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro
Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai mais de 10% na bolsa
As ações da companhia recuaram na bolsa depois de o BC determinar a liquidação extrajudicial do Master e a PF prender Daniel Vorcaro
Hapvida (HAPV3) lidera altas do Ibovespa após tombo da semana passada, mesmo após Safra rebaixar recomendação
Papéis mostram recuperação após desabarem mais de 40% com balanço desastroso no terceiro trimestre, mas onda de revisões de recomendações por analistas continua
Maiores quedas do Ibovespa: Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) sofrem na bolsa. O que acontece às empresas de Rubens Ometto?
Trio do grupo Cosan despenca no Ibovespa após balanços fracos e maior pressão sobre a estrutura financeira da Raízen
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Levantamento mostra que fundos de shoppings e do agronegócio dominaram as maiores valorizações, superando com sobra o desempenho do IFIX
Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%
Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
