Caros demais! Fundos de renda fixa para pequeno investidor perdem da poupança e da inflação
Em cenário de juros baixos, taxas de administração altas comem boa parte da rentabilidade, sobretudo dos fundos que aceitam aplicações iniciais pequenas

Quanto mais a taxa básica de juros (Selic) cai, mais evidentes ficam as altas taxas cobradas pelos fundos de renda fixa no Brasil. E o custo maior recai justamente nas costas do pequeno investidor.
Um levantamento da fintech de investimentos Magnetis mostrou que os fundos de renda fixa com valores iniciais de investimento mais baixos cobram taxas de administração tão altas que seu retorno vem perdendo da poupança e da inflação.
A análise foi feita com base nos dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) do histórico de fundos de investimento no país.
Foram analisadas as taxas médias de administração dos fundos de renda fixa dos segmentos varejo e varejo alta renda de 2015 a 2019, além do retorno real (rendimento após descontada a inflação) dos últimos 12 meses. Todos os tipos de fundos de renda fixa foram incluídos na amostra, mesmo os de crédito privado e atrelados a índices.
O estudo mostra que, quanto menor o valor de aporte mínimo inicial, maior a taxa de administração cobrada e, consequentemente, menor a rentabilidade.
Pequeno investidor paga a conta
Os pequenos investidores são os que mais sofrem. Nos fundos com valor de investimento mínimo inicial até R$ 1 mil, a taxa de administração média cobrada é de 2,42% ao ano.
Leia Também
Fim do aperto da Selic impulsiona ações sensíveis aos juros, e petroleiras amargam as piores performances da B3; confira o ranking de abril
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Um absurdo num cenário de Selic a 6,50%, ainda mais considerando que mais da metade dos fundos analisados na pesquisa são passivos e ultraconservadores, investindo apenas em ativos atrelados à Selic e ao CDI e não demandando um grande trabalho de gestão.
Com isso, esses fundos tiveram um retorno médio de 62% do CDI nos 12 meses encerrados em maio, num cenário em que a poupança vem rendendo 70% da Selic. Lembrando que o CDI é uma taxa de juros que tende a andar colada na taxa básica.
Mas não foi só da caderneta de poupança que eles perderam. Na prática, o retorno médio de 62% do CDI no período resultou em um retorno real negativo de 0,71%, isto é, esses fundos perderam até para a inflação - coisa que não deve acontecer de jeito nenhum com os seus investimentos mais conservadores, voltados justamente para reserva de emergência e preservação de capital.
Quem tem mais grana não se sai muito melhor
Fundos voltados para investidores com mais bala na agulha cobraram taxas mais baixas e tiveram retornos um pouco melhores, mas ainda assim longe do ideal.
Os fundos com aporte inicial mínimo entre R$ 1 mil e R$ 25 mil têm uma taxa de administração média de 1,03%, resultando num retorno de 84% do CDI nos últimos 12 meses. O retorno real foi positivo, mas baixinho: 0,69%.
Já os fundos com aporte inicial mínimo entre R$ 25 mil e R$ 100 mil cobram, em média, 0,90% ao ano e retornaram, nos últimos 12 meses, 86% do CDI, ou 0,82% acima da inflação.
Só os investidores mais abastados é que vêm obtendo ganhos mais aceitáveis, digamos, nos fundos de renda fixa.
Fundos que aceitam aportes iniciais mínimos de R$ 100 mil ou mais cobram, em média, 0,53% ao ano de taxa de administração, tendo retornado 92% do CDI nos últimos 12 meses, ou 1,18% acima da inflação.
Com juros baixos, fugir dos custos altos é fundamental
Comparando a rentabilidade média dos fundos de renda fixa hoje com o cenário no final de 2015, quando a Selic estava em 14,25% ao ano, a perda de rentabilidade foi significativa, mesmo para quem investe mais.
Segundo o levantamento, a rentabilidade média para quem investia mil reais era de 79% do CDI no fim de 2015, sendo que hoje é de 62% do CDI. Já para quem investe acima de R$ 100 mil, o retorno caiu de 96% do CDI para 92% do CDI.
Os resultados do levantamento evidenciam a importância de fugir dos altos custos na renda fixa, especialmente a mais conservadora. Não é possível prever exatamente para onde vão os juros, nem a rentabilidade dos investimentos, mas podemos dispensar atenção especial aos custos, e cortá-los o máximo possível.
Hoje em dia, investidores de todos os portes conseguem aplicações de renda fixa mais rentáveis e com nível de risco similar à poupança, aos fundos e aos títulos dos grandes bancos. A chave está justamente e buscar aplicações com custos mais baixos.
Já existem por aí, por exemplo, fundos de renda fixa conservadora bem mais baratos e rentáveis que os fundos dos bancões, aceitando aportes iniciais mínimos da ordem das centenas de reais, acessíveis a literalmente qualquer investidor.
Em geral, esses fundos são oferecidos nas plataformas de investimento das corretoras e distribuidoras de valores, e são ideais para a reserva de emergência.
Afinal, é importante frisar que os dados da Anbima incluem todos os fundos do mercado destinados às pessoas físicas. Como a taxa de administração média é ponderada pelo patrimônio dos fundos, os fundos caros dos grandes bancos, onde se concentram a maior parte dos investidores e dois recursos, acabam puxando a média para cima.
Marcelo Romero, diretor de investimentos da Magnetis, acredita que é uma questão de tempo até que os bancões se adaptem à nova realidade de juros, pois cobrar taxas tão altas vai se tornar insustentável.
“Há uma tendência natural de que, em algum momento, os bancos reduzam suas taxas, como aconteceu na previdência privada. Não há como sustentar um custo que é tão alto em relação ao retorno, principalmente se a Selic cair mais”, diz.
Entre os fundos de renda fixa conservadora baratos que podemos encontrar fora dos bancões, destacam-se aqueles que investem apenas em títulos públicos atrelados à Selic, a aplicação mais conservadora da nossa economia, garantida pelo governo. Esses fundos têm retorno próximo a 100% do CDI e não cobram taxa alguma. Atualmente, o BTG Pactual Digital, a corretora Pi e a plataforma de investimentos Órama dispõem de fundos desse tipo.
Existem ainda fundos que investem em títulos públicos e alguma coisa de crédito privado de primeira linha, cobrando taxas de administração de até 0,3% ao ano.
Fora do universo dos fundos, o pequeno investidor tem ainda a opção da NuConta - conta de pagamentos do Nubank que investe todo o saldo automaticamente em títulos públicos e rende 100% do CDI, sem a cobrança de taxas - e do investimento no Tesouro Direto, cuja taxa de custódia obrigatória é de apenas 0,25% ao ano.
Quem quiser receber 100% do CDI sem taxas também tem a opção dos CDB dos bancos médios que têm liquidez diária para essa remuneração. Nesse caso, porém, há o risco da instituição financeira, mas também há a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a mesma garantia da caderneta de poupança.
Todas essas opções têm o potencial de render mais que a poupança, a inflação e os fundos caros, mesmo com cobrança de imposto de renda sobre os rendimentos.
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quase metade dos apostadores de bets também são investidores — eles querem fazer dinheiro rápido ou levar uma bolada de uma vez
8ª edição do Raio-X do Investidor, da Anbima, mostra que investidores que diversificam suas aplicações também gostam de apostar em bets
14% de juros é pouco: brasileiro considera retorno com investimentos baixo; a ironia é que a poupança segue como preferência
8ª edição do Raio-X do Investidor da Anbima mostra que brasileiros investem por segurança financeira, mas mesmo aqueles que diversificam suas aplicações veem o retorno como insatisfatório
JP Morgan rebaixa Caixa Seguridade (CXSE3) para neutra após alta de 20% em 2025
Mesmo com modelo de negócios considerado “premium”, banco vê potencial de valorização limitado, e tem uma nova preferida no setor
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Mesmo investimentos isentos de Imposto de Renda não escapam da Receita: veja por que eles precisam estar na sua declaração
Mesmo isentos de imposto, aplicações como poupança, LCI e dividendos precisam ser informadas à Receita; veja como declarar corretamente e evite cair na malha fina com a ajuda de um guia prático
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Quanto e onde investir para receber uma renda extra de R$ 2.500 por mês? Veja simulação
Simulador gratuito disponibilizado pela EQI calcula o valor necessário para investir e sugere a alocação ideal para o seu perfil investidor; veja como usar
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
Foco em educação: Potencia Ventures faz aporte de R$ 1,5 milhão na UpMat
Potencia Ventures investe R$ 1,5 milhão na startup UpMat Educacional, que promove olimpíadas de conhecimento no país.
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Como declarar fundos de investimento no imposto de renda 2025
O saldo e os rendimentos de fundos devem ser informados na declaração de IR. Saiba como declará-los