🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Naiana Oscar

Naiana Oscar

Naiana Oscar é jornalista freelancer. Formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e com MBA em Informação Econômico-Financeira e Mercado de Capitais no Instituto Educacional BM&FBovespa e UBS Escola de Negócios. Foi subeditora de Economia do Estadão. Trabalhou como repórter no Jornal da Tarde, no Estadão e na revista Exame

5º MAIS RICO DO MUNDO

Carlos Slim, o bilionário que lucrou com um monopólio e virou o ‘dono do México’

Com conglomerado de mais de 200 empresas, empresário acumulou fortuna de US$ 64 bilhões, que equivale a cerca de 6% do PIB do país, e se tornou o quinto homem mais rico do mundo

Naiana Oscar
Naiana Oscar
21 de julho de 2019
6:07 - atualizado às 14:31
Retrato do empresário Carlos Slim, durante entrevista em 2005 no Hotel Gran Meliá Mofarrej, em São Paulo,, após café da manhã de empresários com o presidente Lula
Carlos Slim, o homem mais rico da América Latina, durante visita ao Brasil em 2005 - Imagem: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Cada vez que um cidadão mexicano usa um caixa eletrônico, compra um iPhone, toma um café, faz uma ligação no celular, adquire roupas, sapatos ou maquiagem em uma das maiores redes de varejo do país, está contribuindo com alguma quantia para engordar os cofres de Carlos Slim, o homem mais rico da América Latina e o quinto mais rico do mundo, segundo o ranking de 2019 da revista Forbes. Sua fortuna está estimada em US$ 64 bilhões - que equivale a 6% do PIB do México.

No país, ele é dono de construtoras, seguradoras, hotéis, do banco Inbursa, do grupo Sanborns, que inclui lojas de roupas, eletrônicos e restaurantes. Tem também uma mineradora, uma petroleira, uma montadora de veículos chineses. Além do negócio mais valioso, que lhe colocou no topo do ranking dos bilionários globais: a empresa de telefonia América Móvil, que detém cerca de 70% do mercado de telefonia móvel e 80% do mercado de telefonia fixa do país.

  • Esta reportagem faz parte da série especial Rota do Bilhão, que conta a trajetória dos 10 homens mais ricos do mundo. Quem são? Como vivem? Como ficaram bilionários? E que lições você pode aprender com eles? Veja todas as histórias neste link.
Da esquerda para direita: o ex-presidente do México Enrique Peña Nieto, o empresário Carlos Slim e o ator Leonardo Di Caprio
Da esquerda para direita: o ex-presidente do México Enrique Peña Nieto, o empresário Carlos Slim e o ator Leonardo Di Caprio - Imagem: Divulgação/Governo do México

Formado em engenharia, Carlos Slim herdou a veia empreendedora e a habilidade com os números de seu pai, Julian, um libanês que chegou ao México, em 1902, com 14 anos, fugindo do recrutamento militar do Império Otomano. Começou com um armazém e depois, aproveitou a crise que se instalou no país com a revolução mexicana para adquirir uma série de propriedades - um senso de oportunidade que também seria herdado pelo filho.

Slim é o quinto de seis irmãos. Todos tinham o hábito de anotar seus gastos em uma caderneta e submetê-los ao patriarca semanalmente. “Dinheiro que não vai para os negócios evapora”, Julian costumava dizer às crianças. Aos 10 anos, Carlos Slim já tinha uma conta corrente e antes dos 20 já fazia seus investimentos. Na década de 60, em uma viagem para os Estados Unidos, fez questão de conhecer a Bolsa de Nova York para entender como funcionava. Entre os livros que já relatou ter lido naqueles anos, está o How to Be Rich (Como Enriquecer), de J. Paul Getty, na época o homem mais rico dos Estados Unidos.

Embora tenho sido um aluno exemplar no curso de Engenharia - até hoje ele é conhecido por funcionários como El Ingienero -, Slim abandonou a profissão logo depois de formado para abrir uma corretora de valores. Aos 25 anos, comprou também uma imobiliária e uma engarrafadora. Mais tarde adquiriu uma mineradora, uma gráfica e a fábrica de cigarros Cigatam, que tinha a licença do Malboro. Os negócios passaram a integrar o que ele batizou de Grupo Carso - iniciais dos nomes Carlos e Soumaya, sua mulher, que faleceu em 1999.

Comprar na crise é de família

Em 1982, quando o México se afundou numa crise econômica, Slim reproduziu a estratégia de seu pai durante a revolução mexicana, e foi às compras. Os preços dos ativos estavam muito baixos porque os investidores debandaram do país. Ele contou ao jornalista Lawrence Wright, em 2009, ter adquirido empresas por 1% de seu valor de mercado naquela época. Na lista, estão companhias como a varejista Sanborns, a Anderson Clayton, que vendia descaroçadores de algodão, uma subsidiária da Firestone, e um dos principais bancos do país, o Bancomer.

Leia Também

Mas foi na década de 90, quando o presidente Carlos Salinas decidiu privatizar as estatais, que Slim fez seu principal negócio. O governo colocou à venda a precária companhia telefônica Telmex e ofereceu aos interessados um monopólio de seis anos nas ligações de longa distância, além de uma licença de telefonia celular que cobria o país inteiro. Slim e seus parceiros fizeram o maior lance: US$ 1,76 bilhão por 20,4% das ações com direito a voto.

Até hoje, há quem diga que ele foi beneficiado na disputa pela amizade com o presidente, o que os dois negam. “Enquanto países como o Brasil e os Estados Unidos dividiram seus monopólios estatais em diversas empresas, que fariam concorrência entre si, o México vendeu seu monopólio intacto, proibindo qualquer competição durante seis anos”, descreveu o Wall Street Journal.

Nos anos seguintes, Slim bolou uma estratégia para crescer em banda larga. Ele sabia que esse era o futuro, mas os mexicanos não tinham computador. Passou a vender as máquinas e permitir que os consumidores pagassem em prestações na conta de telefone. Mais tarde, para popularizar o uso dos celulares no México colocou em curso o que chamou de plano Gillette (que lucra com os aparelhos e não com a venda das lâminas). Slim subsidiava os celulares e lucrava com os cartões pré-pagos.

Hoje, a América Móvil é uma das empresas de telecomunicações mais lucrativas do mundo, com 275 milhões de clientes de banda larga e celular e 360 milhões de assinantes de telefonia fixa em 25 países. Em 2018, o grupo faturou US$ 52 bilhões e lucrou US$ 2,3 bilhões. No Brasil, o conglomerado de Slim é dono de Embratel, Claro, NET e, mais recentemente, da Nextel, adquirida em março por R$ 3,4 bilhões. Nos EUA, é um dos acionistas do jornal New York Times.

Homem usando celular caminha próximo à fachada de loja da operadora Claro, no centro do Rio de Janeiro.
Claro é uma das principais empresas de telecom do Brasil e pertence ao grupo mexicano América Móvil - Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo/AE

Monopólio privado

Para alguns mexicanos, o império de Carlos Slim é motivo de orgulho. Para outros, ele é parte do sistema que impede o país de crescer e se desenvolver. “Ele comprou um monopólio e transformou-o num império”, escreveu a professora do Instituto Autônomo de Tecnologia do México, Denise Dresser, em 2005. “Carlos Slim possui o melhor negócio do mundo e o consumidor mexicano, um dos piores.” Ao contrário do que se imaginava, a privatização não tornou o mercado mais competitivo, nem baixou os preços dos serviços. Segundo a OCDE, o império de Carlos Slim custou aos mexicanos US$ 13 bilhões a mais por ano entre 2005 e 2009.

No papel, o monopólio nas ligações de longa distância acabou em 1997, mas na prática se estendeu por mais de 25 anos. O conglomerado de Slim operava com vantagens que tornavam o mercado quase impossível para as concorrentes. Segundo a americana AT&T, por exemplo, Carlos Slim impediu sua expansão no México cobrando taxas altíssimas pelo uso da rede da Telmex.

Mas as coisas estão mudando. Em 2014, líderes dos três maiores partidos políticos se articularam para ampliar a concorrência nas telecomunicações. A nova legislação estabeleceu regras especiais para a America Móvil, companhia dominante, obrigando-a a compartilhar sua infraestrutura e permitir o uso de sua rede por competidores menores, sem cobrança. Nos últimos dois anos, Slim tem enfrentado competição de verdade pela primeira vez em território mexicano. Embora a participação de mercado continue alta, os lucros da Móvil vêm caindo com a entrada de concorrentes como a AT&T, que levaram a uma redução dos preços de planos de celulares.

Uma coleção de Rodin

Mas os concorrentes já não são mais um problema para Carlos Slim. Nos últimos anos, o patriarca vem se distanciando dos negócios, ao delegar funções-chave nas principais empresas do grupo ao seus seis herdeiros e genros. Tem mais tempo para a família e para as suas paixões: beisebol e arte - é o maior colecionador privado de obras de Rodin no mundo.

Seção do escultor Auguste Rodin no Museo Soumaya, no México, que pertence à Fundação Carlos Slim
Seção do escultor Auguste Rodin no Museo Soumaya, no México, que pertence à Fundação Carlos Slim - Imagem: Shutterstock

Recado para os sucessores

Antes de se afastar do dia a dia de suas mais de 200 empresas, escreveu, provavelmente a mão - já que não usa computador nem envia e-mails - uma lista de princípios na condução de seus negócios. Entre eles, um ensinamento que resume sua estratégia: “manter a austeridade em tempos de vacas gordas, fortalece, capitaliza e acelera o desenvolvimento da empresa. Desse modo evitam-se ajustes drásticos nas épocas de crise”. E garante-se um caixa parrudo para ir às compras.

 

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
PET FIGHT

Cade admite Petlove como terceira interessada, e fusão entre Petz e Cobasi pode atrasar

25 de abril de 2025 - 11:55

Petlove alega risco de monopólio regional e distorção competitiva no setor pet com criação de gigante de R$ 7 bilhões

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

HABLAS ESPANHOL?

Nubank (ROXO34) recebe autorização para iniciar operações bancárias no México

24 de abril de 2025 - 20:49

O banco digital iniciou sua estratégia de expansão no mercado mexicano em 2019 e já conta com mais de 10 milhões de clientes por lá

VOANDO MAIS ALTO

Azul (AZUL4) capta R$ 1,66 bilhão em oferta de ações e avança na reestruturação financeira

24 de abril de 2025 - 11:20

Oferta da aérea visa também a melhorar a estrutura de capital, aumentar a liquidez das ações e equitizar dívidas, além de incluir bônus de subscrição aos acionistas

TENTANDO EVITAR UMA PANE

A decisão de Elon Musk que faz os investidores ignorarem o balanço ruim da Tesla (TSLA34)

23 de abril de 2025 - 11:45

Ações da Tesla (TSLA34) sobem depois de Elon Musk anunciar que vai diminuir o tempo dedicado ao trabalho no governo Trump. Entenda por que isso acontece.

QUEM MAIS PERDEU?

O que aconteceu com a fortuna dos maiores bilionários chineses com Trump ‘tocando o terror’ nas tarifas contra o gigante asiático? 

20 de abril de 2025 - 13:40

Com a guerra comercial que está acontecendo entre China e EUA, os bilionários norte-americanos já perderam quase meio trilhão de dólares somados. Nesse cenário, como estão os ricaços chineses?

VERÃO SEM FILAS

Sol sem clichê: 4 destinos alternativos para curtir o verão no Hemisfério Norte

20 de abril de 2025 - 13:00

De Guadalajara a Montreal, quatro cidades surpreendentes para quem quer fugir do lugar comum com charme e originalidade no verão do Hemisfério Norte

RUÍDOS NA IMAGEM

Inteligência artificial e Elon Musk podem manchar a imagem das empresas? Pesquisa revela os maiores riscos à reputação em 2025

19 de abril de 2025 - 16:42

A pesquisa Reputation Risk Index mostrou que os atuais riscos à reputação das empresas devem aumentar no decorrer deste ano

NÃO ESTÁ SENDO FÁCIL

Os cinco bilionários que mais perderam dinheiro neste ano em meio ao novo governo Trump – e o que mais aumentou sua fortuna

19 de abril de 2025 - 12:07

O ano não tem sido fácil nem para os ricaços; a oscilação do mercado tem sido fortemente influenciada pelas decisões do novo governo Trump, em especial o tarifaço global proposto por ele

REVIRAVOLTA?

Ações da Hertz dobram de valor em dois dias após bilionário Bill Ackman revelar que assumiu 20% de participação na locadora de carros 

17 de abril de 2025 - 15:16

A gestora Pershing Square começou a montar posição na Hertz no fim de 2024, mas teve o aval da SEC para adiar o comunicado ao mercado enquanto quintuplicava a aposta

E O EURO NÃO AJUDA...

O destino mais desejado da Europa é a cidade mais cara do mundo em 2025; quanto custa a viagem?

16 de abril de 2025 - 12:02

Seleção do European Best Destinations consultou mais de 1,2 milhão de viajantes em 158 países para elencar os 20 melhores destinos europeus para o ano

CAPITAIS DO CAPITAL

Brasil fica fora de lista com as cidades mais ricas de 2025; Nova York lidera, confira

14 de abril de 2025 - 12:16

Nova York lidera ranking de metrópoles com mais habitantes milionários publicado pela Henley & Partners e pela New World Wealth; nenhuma cidade da América Latina ou da África aparece no top 50

ATRAVESSANDO A TEMPESTATE

Bitcoin (BTC) em tempos de guerra comercial: BTG vê janela estratégica para se posicionar na maior criptomoeda do mundo

11 de abril de 2025 - 19:29

Relatório do BTG Pactual analisa os impactos das tarifas no mercado de criptomoedas e aponta que ainda há espaço para investidores saírem ganhando, mesmo em meio à volatilidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Senta que lá vem mais tarifa: China retalia (de novo) e mercados reagem, em meio ao fogo cruzado

11 de abril de 2025 - 8:15

Por aqui, os investidores devem ficar com um olho no peixe e outro no gato, acompanhando os dados do IPCA e do IBC-Br, considerado a prévia do PIB nacional

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed

9 de abril de 2025 - 8:45

Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Prazo de validade: Ibovespa tenta acompanhar correção das bolsas internacionais, mas ainda há um Trump no meio do caminho

8 de abril de 2025 - 8:15

Bolsas recuperam-se parcialmente das perdas dos últimos dias, mas ameaça de Trump à China coloca em risco a continuidade desse movimento

ENGORDOU A FORTUNA

Sem medo do efeito Trump: Warren Buffett é o único entre os 10 maiores bilionários do mundo a ganhar dinheiro em 2025

7 de abril de 2025 - 16:03

O bilionário engordou seu patrimônio em US$ 12,7 bilhões neste ano, na contramão do desempenho das fortunas dos homens mais ricos do planeta

BILIONÁRIO COM APETITE RENOVADO

Sem aversão ao risco? Luiz Barsi aumenta aposta em ação de companhia em recuperação judicial — e papéis sobem forte na B3

7 de abril de 2025 - 12:14

Desde o início do ano, essa empresa praticamente dobrou de valor na bolsa, com uma valorização acumulada de 97% no período. Veja qual é o papel

ELEITORES ARREPENDIDOS?

Bilionário Bill Ackman diz que Trump está perdendo a confiança dos empresários após tarifas: “Não foi para isso que votamos”

7 de abril de 2025 - 12:02

O investidor americano acredita que os Estados Unidos estão caminhando para um “inverno nuclear econômico” como resultado da implementação da política tarifária do republicano, que ele vê como um erro

PESOU NO BOLSO

Mark Zuckerberg e Elon Musk no vermelho: Os bilionários que mais perdem com as novas tarifas de Trump

4 de abril de 2025 - 11:31

Só no último pregão, os 10 homens mais ricos do mundo perderam, juntos, em torno de US$ 74,1 bilhões em patrimônio, de acordo com a Bloomberg

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar