🔴 COPOM À VISTA: RECEBA EM PRIMEIRA MÃO 3 TÍTULOS PARA INVESTIR APÓS A DECISÃO – ACESSE GRATUITAMENTE

Eduardo Campos

Eduardo Campos

Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.

Dominância política

A eleição é na Argentina, mas o problema também é nosso

Prévias eleitorais dão vitória a candidato de Cristina Kirchner e mercado reage de forma bastante negativa. Dólar sobe mais de 30% ante o peso. BC sobe juro a 74%

Eduardo Campos
Eduardo Campos
12 de agosto de 2019
12:45 - atualizado às 15:23
Cristina Kirchner
Cristina Kirchner - ex-presidente da Argentina e atua candidata a vice na chapa com Alberto Fernández - Imagem: Shutterstock

O mercado externo já não estava com viés positivo em função das tensões entre Estados Unidos e China e agora ganhamos um vetor regional a pressionar o preço dos ativos brasileiros. A eleição na Argentina tomou contornos que preocupam o mercado e a resposta é um clássico “vende tudo a qualquer preço", perguntas ficam para depois.

Para dar uma dimensão do que é a preocupação com a volta de um regime tido como populista no país vizinho, algo representado pela candidatura de Alberto Fernández, que tem Cristina Kirchner como vice, o país está valendo 30% menos em dólar em questão de horas. Pois essa é a valorização da moeda americana ante o peso argentino, que está sendo negociado acima dos 60 pesos por dólar. Para dar mais uns parâmetros, o juro básico por lá foi reajustado, há pouco, para 74%, e a inflação projetada para o fim de 2019 é de 49,2%. Também foram anunciados dois leilões de US$ 50 milhões.

Segundo o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, voltamos ao imponderável das questões políticas. Apesar dos avanços que temos em termos de agenda doméstica, é inescapável o Brasil sofrer dentro desse cenário. “Somos uma Argentina no curto prazo”, explica.

O economista-chefe da GO Associados, Eduardo Velho, avalia que o mercado teme uma guinada populista no país vizinho com a eventual saída de Mauricio Macri da presidência. Mas acredita que a mudança de orientação na nossa política econômica pode nos blindar de um eventual contágio ao longo do tempo.

A grande dúvida, externada pelos dois economistas, é o futuro das negociações comerciais que o Brasil vem costurando, no âmbito do Mercosul, com a União Europeia e com os Estados Unidos. Não se sabe se o novo governo argentino adotaria uma postura pragmática ou se voltaríamos a ter birras ideológicas pautando negociações comerciais. Mais cético e direto, meu amigo gringo disse o seguinte: "a estratégia de refundar o Mercosul morreu."

Qual é a capital do Brasil?

A piada é recorrente, mas, de fato, para muitos estrangeiros a capital do Brasil é Buenos Aires. Por isso que não escapamos desses movimentos de “sell-off” regional quando eles acontecem. Brincadeiras à parte, apanhamos no contexto regional de América Latina. Fundos com essa mandato fazem, por vezes, uma redução linear de risco.

Leia Também

Aliás, há poucas semanas o Departamento de Comércio dos EUA cometeu essa gafe ao publicar que o secretário americano falou sobre infraestrutura em Buenos Aires, Argentina. Mas ele estava mesmo em um evento aqui em Brasília.

Uma boa forma de tentarmos medir o quando o evento regional afeta o Brasil em um dia ruim globalmente é olhar que enquanto as bolsas do mundo caem cerca de 1%, nós aqui estamos perdendo 2% ou mais.

Segundo Vieira, da Infinity, a variável que mais preocupa por aqui é o dólar. A cotação abriu bastante pressionada, indo acima dos R$ 4, isso depois de uma semana na qual a moeda americana já tinha avançado 1,26%.

Para ele, os especuladores podem se aproveitar do momento para fazer um tipo de ataque contra o real, já que o juro baixo minou as operações de carry trade (arbitragem de taxas de juros) e o fluxo cambial segue bastante desfavorável.

Mais avaliações

O pregão ruim estava contratado desde a noite de domingo, depois que saíram os resultados de uma prévia eleitoral na Argentina. Os resultados mostraram Alberto Fernándes com cerca de 47% dos votos, contra 32% de Macri. O que assustou foi essa diferença de 15 pontos, que já leva muitos bancos e consultorias a acreditar que uma virada até 27 de outubro, data da eleição, seria impossível.

Só lembrando que na sexta-feira, os mercados argentinados tiveram um dia bastante positivo, com alta de quase 8% da bolsa portenha, justamente com o mercado se posicionando para uma pequena diferença, mesmo que favorável ao oposicionista, nas prévias que aconteceram no fim de semana. Nesta segunda, o Merval, principal índice da bolsa de lá, cai cerca de 30%.

Viera conversou com alguns colegas em Buenos Aires e alguns deles disseram acreditam que esse resultado, aliado ao tranco dos mercados, pode levar Macri a mudar sua estratégia e conseguir uma virada até o dia da eleição.

Em relatório, o BTG Pactual reconhece que as pesquisas de votação, inclusive as feitas pelo próprio banco, tiveram margens de erro nunca vistas na história do país, pois as sondagens mostravam uma diferencia mínima entre os dois candidatos. Fala-se no fenômeno do "voto envergonhado" por lá.

A grande questão, segundo o BTG, é quão rápido Fernández vai anunciar seu programa econômico ou amenos algumas medidas fundamentais para evitar essa forte desvalorização do peso.

Em discurso feito ontem, o candidato apenas disse que não fará nenhuma loucura, mas manteve a retórica de atacar o pagamento de juros aos bancos. O país já tem programa de financiamento junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e segundo o Itaú Unibanco, precisa levantar outros US$ 15 bilhões até o fim de 2020 para a rolagem de compromissos internacionais.

Em seu boletim matinal, a Guide Investimentos resumiu bem a questão: “Dada a situação atual do país, com economia em recessão, inflação forte, dívida externa elevada e um pacote de auxílio do FMI já em curso, a volta de um governo intervencionista não traz boas perspectivas para o mercado, que já deve se preparar para a possibilidade de um default.”

Também em nota a clientes, o Goldman Sachs, avalia que os resultados da eleição primária são praticamente irreversíveis e que o foco deve mesmos e voltar para qual será a agenda economia de um provável governo Fernández-Kirchner.

O GS também avalia que a desvalorização do peso, como reflexo dessa incerteza política, pode reverter a incipiente queda da inflação, que vinha sendo uma das bandeiras de Macri na campanha eleitoral.

Para terminar, o presidente Jair Bolsonaro, apoia abertamente Mauricio Macri e não tem poupado críticas ao possível retorno de Kirchner ao comando do país vizinho, pois a candidata à vice-presidência sempre foi ligada aos ex-presidentes Dilma Rousseff e  Luiz Inácio Lula da Silva, e alinhada a Nicolás Maduro e Hugo Chavéz.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
Soy loco por ti America

Mirando além das fronteiras, Espaçolaser abre duas lojas próprias na Colômbia

23 de julho de 2021 - 6:51

Investimento feito foi de US$ 150 mil por unidade, e amplia estratégia de internacionalização voltada para a América Latina, de olho também em Argentina e Chile

retomada

PIB da Argentina sobe 2,6% no 1º trimestre

23 de junho de 2021 - 19:20

Na comparação com igual período do ano passado, o avanço foi de 2,5%

em encontro virtual

Ford prevê recuperação gradual da Argentina e anuncia investimento de US$ 580 milhões

1 de dezembro de 2020 - 18:44

Durante encontro virtual com jornalistas, presidente da montadora na América do Sul afirmou que a estabilização da inflação será chave na saída do país vizinho da crise

Marfrig compra produtora de hambúrgueres na Argentina por US$ 4,6 milhões

6 de outubro de 2020 - 9:18

Compra visa fortalecer portfólio de produtos de maior valor agregado e expandir operações no país vizinho

alternativas para o país

FMI confirma contato do governo da Argentina com pedido de novo pacote de ajuda

27 de agosto de 2020 - 6:33

Segundo a entidade, ambos discutiram os desafios da Argentina, inclusive no contexto da pandemia

alívio para o vizinho

Argentina fecha acordo com credores para reestruturação da dívida

4 de agosto de 2020 - 11:38

Governo “ajustará algumas das datas de pagamento” dos novos bônus estabelecidas na oferta de troca anunciada em 6 de julho

dados oficiais

PIB da Argentina cai 5,4% no 1º trimestre na comparação anual

23 de junho de 2020 - 20:01

Além disso, o PIB caiu 4,8% em relação ao quarto trimestre de 2019, na série sem ajustes sazonais

em meio à pandemia

Argentina espera protestos contra intervenção do governo em empresa privada

20 de junho de 2020 - 16:48

Governo anunciou a intervenção na Vicentín por 60 dias. Segundo a Casa Rosada, o objetivo era evitar a falência

Reestruturação de dívda

Negociação com credores da Argentina prossegue até segunda-feira, diz Fernández

9 de maio de 2020 - 15:53

De acordo com o jornal La Nación, a decisão de estender o prazo foi tomada após o ministro ter informado o presidente de que o porcentual de credores que aceitaram os termos do governo não era suficiente para que a proposta fosse bem sucedida

situação crítica

S&P rebaixa rating de transferência e conversibilidade da Argentina para CCC-

8 de maio de 2020 - 13:48

Decisão reflete o entendimento de que há restrição ao acesso de divisas estrangeiras que seriam essenciais no pagamento da dívida do país

Contra a covid-19

Argentina impõe severa proibição de viagens até setembro

28 de abril de 2020 - 8:55

Proibição pressiona a Latam, que tem importante operação doméstica na Argentina e tem buscado ajuda de vários governos

Efeito coronavírus

Argentina deixa negociações comerciais do Mercosul

25 de abril de 2020 - 12:10

País vizinho decidiu se retirar das negociações comerciais em curso e futuras do bloco por conta da crise envolvendo a pandemia do coronavírus

Situação de emergência

Argentina posterga pagamento de até US$ 10 bilhões da dívida pública para 2021

6 de abril de 2020 - 12:30

Texto do decreto cita a declaração de emergência nacional, em meio ao avanço da covid-19, para justificar a medida.

anticrise

Argentina tem quarentena obrigatória a partir desta sexta

20 de março de 2020 - 6:39

Argentinos poderão sair de suas casas para comprar bens básicos, como alimentos e remédios, que serão controlados pelas forças de segurança

A 'SELIC' ARGENTINA

BC da Argentina corta taxa de juros da Leliq de 40% a 38%

5 de março de 2020 - 19:40

A nova taxa de política monetária valerá a partir da próxima licitação de LELIQ, em 10 de março

Questão de proximidade

Governo argentino minimiza decisão de Trump de dar prioridade a Brasil na OCDE

15 de janeiro de 2020 - 16:44

Ministério das Relações Exteriores da Argentina tratou a iniciativa como uma “decisão lógica” pela proximidade entre Bolsonaro e Trump

avaliação

Agência S&P sobe nota da Argentina 10 dias após corte

31 de dezembro de 2019 - 8:29

Em 20 de dezembro, a S&P havia rebaixado o rating do país de CC para default seletivo (SD), após o governo ter estendido para 2020 um pagamento previsto para 19 de dezembro de notas de curto prazo do Tesouro em dólar

Com a corda no pescoço

Ministro da Economia da Argentina diz que governo conversa com credores para renegociar dívidas

19 de dezembro de 2019 - 18:49

Governo também busca uma política de dívida que forneça alívio para uma economia em recessão

impasse

Presidente da Argentina dá passo atrás em pacote emergencial

19 de dezembro de 2019 - 7:49

Artigo eliminado permitia que o Executivo fizesse uma reforma administrativa sem consultar o Legislativo e interviesse em 60 órgãos, como os entes reguladores de eletricidade e gás

novo pacote econômico

Argentina taxa imóvel e congela tarifas

18 de dezembro de 2019 - 7:44

Ministro da Economia argentino informou que o governo pretende, em até 180 dias, fazer mudanças no esquema tarifário. Até lá, as tarifas de energia permanecem congeladas

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar