A Bula da Semana: Guerra Comercial Domina Agosto
Mês começou com sobretaxa dos EUA em US$ 300 bilhões de produtos chineses e termina com retaliação de Pequim enfurecendo Trump
Agosto vai chegando ao fim praticamente do mesmo jeito que começou, com a guerra comercial dominando a cena e trazendo muita incerteza ao mercado financeiro. Quando no primeiro dia do mês o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma nova rodada de tarifas contra US$ 300 bilhões em produtos chineses, era esperado que houvesse uma retaliação por parte da China.
Mas não se imaginava que Pequim iria elevar a disputa no dia em que a atenção estava voltada para a cidade de Jackson Hole, nas montanhas do Wyoming, onde o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursaria. A mensagem vaga de “Jay” e a decisão do governo chinês enfureceram Trump, abalando os mercados globais na sexta-feira.
E a última semana do mês começa com os mercados financeiros globais ainda sob impacto dos acontecimentos ao final da semana passada, sem saber o que esperar para a disputa entre as duas maiores economias do mundo. Enquanto Trump assume a preferência por tarifas cada vez mais altas, a China não parece disposta em terminar a guerra tão cedo. Então, é melhor se acostumar com uma escalada do confronto - e com as consequências que tal embate representam para a economia dos EUA e para o crescimento global.
O próprio Powell afirmou que a incerteza comercial “parece estar” desempenhando um papel na desaceleração da economia mundial e no enfraquecimento da manufatura norte-americana bem como dos gastos com capital nos EUA. Mas os danos causados pela disputa prejudicam não só os EUA, irradiando para outros países ao redor do mundo.
Nesta semana, então, merecem atenção o desempenho da economia (PIB) do Brasil e dos EUA no trimestre passado, ambos na quinta-feira, que podem lançar luz sobre uma temida recessão, diante de um cenário de PIB mundial menor que se desenha. Dados de inflação e consumo nos EUA e sobre o desemprego no Brasil, na sexa-feira, também são destaque.
Recessão à vista?
A divulgação dos números do PIB brasileiro é o grande destaque da agenda econômica doméstica e devem reforçar a percepção de que a retomada da atividade ficou para 2020. Ainda assim, após cair 0,2% nos três primeiros meses deste ano, a economia brasileira deve evitar entrar em uma recessão técnica, crescendo 0,2% no segundo trimestre.
Leia Também
Apesar de todos os setores econômicos estarem sofrendo de uma crise de confiança, esperando algum gatilho para retomar os investimentos e o consumo, a base de comparação fraca deve garantir um resultado positivo entre abril e junho de 2019, em ambos os confrontos.
Com isso, os números positivos devem ser olhados com cautela. Os fracos resultados dos atividade econômica e o nível elevado do desemprego ao longo do primeiro semestre não empolgam. Nem a aprovação de uma reforma da Previdência robusta no Congresso pode ter forças para acelerar o ritmo de crescimento do país na segunda metade do ano.
Nesse contexto de retomada gradual da atividade e do consumo internos e de acirramento da disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo, há poucas razões para acreditar que os bancos centrais tenham poder para combater a próxima crise - por mais que estejam dispostos em reduzir os juros para sustentar o crescimento econômico.
O inimigo é outro
O que mais chamou a atenção do mercado financeiro foi a mudança na retórica de Trump, com o chefe da Casa Branca querendo interferir até onde as empresas privadas fabricam seus produtos. Embora não esteja claro qual autoridade legal Trump tem para forçar as empresas como agir, a declaração acionou o sinal de alerta entre os investidores.
Afinal, quanto os EUA podem perder sem a China e seu potencial mercado consumidor de 1,4 bilhão de pessoas? As empresas norte-americanas conseguiriam encontrar um mercado “alternativo à China” com o mesmo potencial do país asiático? E o que aconteceria com a China? As dificuldades de curto prazo penalizariam a força motriz do crescimento chinês a longo prazo?
Em outra declaração fora do comum, Trump questionou quem era o “maior inimigo dos EUA”: “‘Jay’ Powell, ou o presidente [chinês,] Xi [Jinping]?”. Sabe-se que há muito tempo Trump vem pressionando o Federal Reserve para cortar agressivamente a taxa de juros norte-americana.
Mas durante o simpósio nas montanhas do Wyoming (EUA), Powell fez um discurso em que não prometeu nenhuma flexibilização monetária, nem se comprometeu com novos cortes - nem em setembro. O presidente do Fed apenas disse que está “observando atentamente os desdobramentos” na economia e na guerra comercial que irá “agir conforme apropriado”.
Aos poucos, então, os investidores vão se dando conta de que o problema é a forma como Trump está lidando com seus dois maiores inimigos, provocando o pânico nos ativos globais para conseguir o que quer. Trata-se de uma estratégia que o republicano gosta de cultivar, tocando as relações com as instituições e outros países como faz com suas empresas.
Só que essa abordagem do presidente pode representar um risco à reeleição dele no ano que vem. Carros, aviões, soja e petróleo estão entre os milhares de produtos dos EUA que tiveram tarifa elevada para 10%. Tais produtos são produzidos em grande parte nos estados do Meio-Oeste, que garantiram a vitória de Trump em 2016.
Iowa, por exemplo, é o maior produtor de soja, enquanto Michigan e Ohio concentram a produção de veículo. Trump levou esses três estados na última eleição, e não deve ter sido à toa que a China mirou nessa região, avaliando os impactos da medida enquanto aposta na vitória de um democrata na eleição presidencial dos EUA, em novembro de 2020.
Afinal, para Pequim, é muito ruim ter de lidar com um presidente cuja relação política se baseia em um humor flutuante [e autoritário], que tem efeito não apenas no comércio. Aos poucos, essa variação de temperamento pode incomodar também os cidadãos e as empresas, adiando decisões de consumo e de investimentos, causando grandes danos não apenas à economia chinesa e do restante do mundo, mas também à economia dos EUA.
Confira a seguir os principais destaques desta semana, dia a dia:
Segunda-feira: A semana começa com o relatório de mercado Focus (8h30) e traz também o índice de confiança da indústria em agosto (8h). No exterior, destaque para o feriado bancário no Reino Unido, enquanto nos EUA, a semana começa com os números sobre a encomenda de bens duráveis em julho. Na China, sai o lucro da indústria em julho.
Terça-feira: Dados domésticos sobre os custos e a confiança na construção civil enchem a agenda local, sem destaques. Já no exterior, merece atenção a leitura revisada do PIB da Alemanha no segundo trimestre, quando caiu 0,1% em relação ao período anterior. Nos EUA, serão conhecidos dados do setor imobiliário norte-americano e sobre a confiança do consumidor.
Quarta-feira: A FGV traz mais uma sondagem, desta vez, sobre a confiança do setor de serviços. No front político, é esperada a leitura do parecer da reforma da Previdência na CCJ do Senado.
Quinta-feira: Dados do PIB do Brasil e dos EUA no segundo trimestre deste ano são o grande destaque do dia, que traz ainda o índice de preços ao produtor brasileiro (IPP) em julho e o IGP-M de agosto. Também serão conhecidos os estoques no atacado norte-americano e as vendas pendentes de imóveis.
Sexta-feira: A semana chega ao fim com os números sobre o mercado de trabalho no Brasil (Pnad) atualizados até julho e dados sobre a inflação ao consumidor (CPI) na zona do euro em agosto. Nos EUA, saem os dados sobre a renda pessoal e os gastos com consumo no mês passado, juntamente com o índice de preços PCE, além do sentimento do consumidor norte-americano em agosto. No fim do dia, saem dados de atividade na China.
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
Por que o mercado ficou tão feliz com a prévia da Vamos (VAMO3) — ação chegou a subir 10%
Após divulgar resultados operacionais fortes e reforçar o guidance para 2025, os papéis disparam na B3 com investidores embalados pelo ritmo de crescimento da locadora de caminhões e máquinas
Brava Energia (BRAV3) enxuga diretoria em meio a reestruturação interna e ações têm a maior queda do Ibovespa
Companhia simplifica estrutura, une áreas estratégicas e passa por mudanças no alto escalão enquanto lida com interdição da ANP
Inspirada pela corrida pelo ouro, B3 lança Índice Futuro de Ouro (IFGOLD B3), 12° novo indicador do ano
Novo indicador reflete a crescente demanda pelo ouro, com cálculos diários baseados no valor de fechamento do contrato futuro negociado na B3
FII RCRB11 zera vacância do portfólio — e cotistas vão sair ganhando com isso
O contrato foi feito no modelo plug-and-play, em que o imóvel é entregue pronto para uso imediato
Recorde de vendas e retorno ao Minha Casa Minha Vida: é hora de comprar Eztec (EZTC3)? Os destaques da prévia do 3T25
BTG destaca solidez nos números e vê potencial de valorização nas ações, negociadas a 0,7 vez o valor patrimonial, após a Eztec registrar o maior volume de vendas brutas da sua história e retomar lançamentos voltados ao Minha Casa Minha Vida
Usiminas (USIM5) lidera os ganhos do Ibovespa e GPA (PCAR3) é a ação com pior desempenho; veja as maiores altas e quedas da semana
Bolsa se recuperou e retornou aos 143 mil pontos com melhora da expectativa para negociações entre Brasil e EUA
Como o IFIX sobe 15% no ano e captações de fundos imobiliários continuam fortes mesmo com os juros altos
Captações totalizam R$ 31,5 bilhões até o fim de setembro, 71% do valor captado em 2024 e mais do que em 2023 inteiro; gestores usam estratégias para ampliar portfólio de fundos
De operário a milionário: Vencedor da Copa BTG Trader operava “virado”
Agora milionário, trader operava sem dormir, após chegar do turno da madrugada em seu trabalho em uma fábrica
Apesar de queda com alívio nas tensões entre EUA e China, ouro tem maior sequência de ganhos semanais desde 2008
O ouro, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, acumulou valorização de 5,32% na semana, com maior sequência de ganhos semanais desde setembro de 2008.
Roberto Sallouti, CEO do BTG, gosta do fundamento, mas não ignora análise técnica: “o mercado te deixa humilde”
No evento Copa BTG Trader, o CEO do BTG Pactual relembrou o início da carreira como operador, defendeu a combinação entre fundamentos e análise técnica e alertou para um período prolongado de volatilidade nos mercados
Há razão para pânico com os bancos nos EUA? Saiba se o país está diante de uma crise de crédito e o que fazer com o seu dinheiro
Mesmo com alertas de bancos regionais dos EUA sobre o aumento do risco de inadimplência de suas carteiras de crédito, o risco não parece ser sistêmico, apontam especialistas
Citi vê mais instabilidade nos mercados com eleições de 2026 e tarifas e reduz risco em carteira de ações brasileiras
Futuro do Brasil está mais incerto e analistas do Citi decidiram reduzir o risco em sua carteira recomendada de ações MVP para o Brasil
Kafka em Wall Street: Por que você deveria se preocupar com uma potencial crise nos bancos dos EUA
O temor de uma infestação no setor financeiro e no mercado de crédito norte-americano faz pressão sobre as bolsas hoje
B3 se prepara para entrada de pequenas e médias empresas na Bolsa em 2026 — via ações ou renda fixa
Regime Fácil prevê simplificação de processos e diminuição de custos para que companhias de menor porte abram capital e melhorem governança
Carteira ESG: BTG passa a recomendar Copel (CPLE6) e Eletrobras (ELET3) por causa de alta no preço de energia; veja as outras escolhas do banco
Confira as dez escolhas do banco para outubro que atendem aos critérios ambientais, sociais e de governança corporativa
