Minerva Foods (BEEF3) e SLC Agrícola (SLCE3): como os desafios logísticos afetam os negócios das gigantes do agro brasileiro
Os CEOs das duas companhias alertaram sobre a escassez de contêineres nos portos e os problemas tributários na exportação da produção
A Minerva Foods (BEEF3) e a SLC Agrícola (SLCE3) estão entre as maiores companhias do setor agropecuário no Brasil, uma especializada em proteína animal e a outra, em grãos. Embora operem com modelos de negócios diferentes, ambas enfrentam um desafio comum que atinge outras empresas do setor no País: os problemas estruturais relacionados à logística.
“Dobramos a produção de algodão nos últimos três anos, então enfrentamos um gargalo de contêineres nos portos. Precisamos de investimentos em capacidade”, afirmou o CEO da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato.
“Historicamente, o Brasil não trabalha com um planejamento estratégico de infraestrutura. Primeiro vem a produção, aparece o gargalo e depois vêm os investimentos. A ordem dos fatores é invertida”.
O comentário ocorreu na última terça-feira (28), durante o painel “Brazilian Agriculture: A Global player in a Connected World”, que também contou com a participação do CFO da Minerva Foods, Edison Ticle, e de Erasmo Battistella, CEO da Be8, no primeiro dia do Latin America Investment Conference (LAIC), evento do banco UBS, em São Paulo.
VEJA TAMBÉM: Copom e Fed definem os rumos – confira as análises e onde investir após a Super Quarta
O gargalo logístico no Brasil
A falta dos containers é um reflexo da crise do transporte marítimo enfrentada que se estende desde 2021, em meio à recuperação das paralisações pela pandemia da Covid-19.
Leia Também
No início de 2020, com a pandemia de Covid-19, diversos países iniciaram lockdowns e paralisaram a produção de bens, o que impactou negativamente o crescimento econômico.
Como resultado, empresas marítimas passaram a diminuir a quantidade de navios de carga em operação. Isso afetou não só o fluxo habitual de mercadorias importadas e exportadas, mas também impediu a coleta de contêineres vazios. A questão virou um problema global.
Apesar dos avanços quanto aos gargalos logísticos nos portos brasileiros, o Brasil vive o que as empresas do setor chamam de “pico do gargalo de contêineres”, impactando tanto nas exportações quanto nos custos logísticos para empresas do setor agropecuário.
Nos últimos anos, a escassez de contêineres vazios e os gargalos no transporte interno, como nas rodovias e ferrovias, agravaram ainda mais o congestionamento nos portos brasileiros, especialmente em locais de grande fluxo, como Santos e Paranaguá.
SLC: “gargalo de 2025 não vai ser pior do que foi em 2023”
No caso SLC, o problema nos contêineres atinge produtos como açúcar, algodão e café. A companhia também é especializada na produção de grãos, como soja e milho.
No entanto, após a construção do Corredor Norte — que compreende os estados do Tocantins e Maranhão e possibilita o escoamento da produção de grãos em outros estados — e do incremento na capacidade nos portos do Sudeste e do Nordeste, a companhia diz que sente menos essa questão.
“Não temos praticamente gargalos na parte de grãos nos portos brasileiros”, disse Pavinato.
Para 2025, segundo projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil vai colher uma safra próxima de 322 milhões de toneladas de grãos.
Na opinião do CEO da SLC Agrícola, isso deve gerar mais gargalos. No entanto, não é uma surpresa, considerando que o Brasil alcançou uma produção recorde em 2023
“O gargalo de 2025 não vai ser pior do que foi em 2023, já que escoamos a produção com um consumo doméstico menor. Nesses últimos 3 anos, vimos o consumo doméstico do milho crescer bastante, puxado pelas carnes e biocombustíveis”, afirmou Pavinato.
“Esse ano vamos consumir 21 milhões de toneladas de milho no mercado interno. Os gargalos logísticos existem, mas não limitam nossas exportações. Só poderíamos ter margens melhores”.
VEJA TAMBÉM: Quais são as melhores ações para investir em 2025? E-book gratuito mostra as perspectivas da Empiricus Research, Trígono Capital e BTG Pactual
Na Minerva, questão tributária torna logística “irracional” no Brasil
Além da parte logística, o CFO da Minerva Foods (BEEF3), Edison Ticle, enxerga que o Brasil conta com outro problema estrutural: a questão tributária.
Ticle comenta que a empresa sofreu muito com a crise de contêineres, já que o frigorífico exporta 70% da sua produção em carnes congeladas.
“É impressionante como o aparato logístico do Brasil é disparado o pior de todos. Eu não estou comparando com os Estados Unidos, e sim com a Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia e Chile”, disse.
“Disparado aqui é o mais caro e o menos eficiente. O que a gente procurou fazer? Como a gente usa muitos portos, resolvemos sair um pouco de Santos e do Sul. Tentando desenvolver algumas alternativas mais pro Norte”.
O diretor financeiro reforçou que o custo talvez seja um pouco mais caro no Norte, mas disse que é preciso levar em conta atrasos na parte dos contêineres.
“Isso acaba impactando o capital de giro das companhias. Em um país em que a taxa de juros é de 13%-14%, o capital de giro faz muita diferença no retorno final”, afirmou.
A questão tributária para Minerva
Quanto à parte tributária, apesar das vantagens do agronegócio em relação a outros setores, Ticle ressaltou os problemas na parte do departamento fiscal.
O executivo destacou os desafios enfrentados pela área fiscal da Minerva em diferentes países, apontando a discrepância na estrutura entre o Brasil e os demais mercados.
“No departamento fiscal da Minerva no Brasil, eu tenho entre 150 e 200 pessoas, enquanto no Paraguai eu tenho três. O mesmo acontece na Argentina, onde contamos com cinco ou seis pessoas, e no Uruguai, apenas duas”, afirmou.
Ele ressaltou que o sistema tributário brasileiro consome recursos excessivos da companhia. “Isso suga a massa cinzenta da companhia, já que, o tempo todo, precisamos fazer um planejamento tributário, entender o que acontece com o ICMS dos estados, com os créditos e os créditos presumidos.”
De acordo com o executivo, o impacto é tão significativo que chega a distorcer as decisões logísticas. “Acabamos tomando decisões irracionais do ponto de vista logístico, agravando ainda mais a situação que enfrentamos no país hoje.”
*Com informações do Money Times
Tupy (TUPY3) azeda na bolsa após indicação de ministro de Lula gerar ira de conselheiro. Será mais um ano para esquecer?
A indicação do ministro da Defesa para o conselho do grupo não foi bem recebida por membros do colegiado; entenda
Santander (SANB11), Raia Drogasil (RADL3), Iguatemi (IGTI11) e outras gigantes distribuem mais de R$ 2,3 bilhões em JCP e dividendos
Santander, Raia Drogasil, JHSF, JSL, Iguatemi e Multiplan somam cerca de R$ 2,3 bilhões em proventos, com pagamentos previstos para 2025 e 2026
Eztec (EZTC3) renova gestão e anuncia projeto milionário em São Paulo
Silvio Ernesto Zarzur assume nova função na diretoria enquanto a companhia lança projeto de R$ 102 milhões no bairro da Mooca
Dois bancos para lucrar em 2026: BTG Pactual revela dupla de ações que pode saltar 30% nos próximos meses
Para os analistas, o segmento de pequenos e médios bancos concentra oportunidades interessantes, mas também armadilhas de valor; veja as recomendações
Quase 170% em 2025: Ação de banco “fora do radar” quase triplica na bolsa e BTG vê espaço para mais
Alta das ações em 2025 não encerrou a tese: analistas revelam por que ainda vale a pena comprar PINE4 na bolsa
Tchau, B3! Neogrid (NGRD3) pode sair da bolsa com OPA do Grupo Hindiana
Holding protocolou oferta pública de aquisição na CVM para assumir controle da Neogrid e cancelar seu registro de companhia aberta
A reorganização societária da Suzano (SUZB3) que vai redesenhar o capital e estabelecer novas regras de governança
Companhia aposta em alinhamento de grupos familiares e voto em bloco para consolidar estratégia de longo prazo
Gafisa, Banco Master e mais: entenda a denúncia que levou Nelson Tanure à mira dos reguladores
Uma sequência de investigações e denúncias colocou o empresário sob escrutínio da Justiça. Entenda o que está em jogo
Bilionária brasileira que fez fortuna sem ser herdeira quer trazer empresa polêmica para o Brasil
Semanas após levantar US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos, a fundadora da Kalshi revelou planos para desembarcar no Brasil
Raízen (RAIZ4) precisa de quase uma “Cosan” para voltar a um nível de endividamento “aceitável”, dizem analistas
JP Morgan rebaixou a recomendação das ações de Raízen e manteve a Cosan em Neutra, enquanto aguarda próximos passos das empresas
Direito ao voto: Copel (CPLE3) migra para Novo Mercado da B3 e passa a ter apenas ações ordinárias
De acordo com a companhia, a reestruturação resulta em uma base societária mais simples, transparente e alinhada às melhores práticas do mercado
Então é Natal? Reveja comerciais natalinos que marcaram época na televisão brasileira
Publicidades natalinas se tornaram quase obrigatórias na cultura televisiva brasileira durante décadas, e permanecem na memória de muitos; relembre (ou conheça) algumas das mais marcantes
Com duas renúncias e pressão do BNDESPar, Tupy (TUPY3) pode eleger um novo conselho do zero; entenda
A saída de integrantes de conselhos da Tupy levou o BNDESPar a pedir a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária para indicar novos nomes. Como o atual conselho foi eleito por voto múltiplo, a eventual AGE pode resultar na eleição de todo o colegiado
Natal combina com chocolate? Veja quanto custa ter uma franquia da incensada Cacau Show e o que é preciso para ser um franqueado
A tradicional rede de lojas de chocolates opera atualmente com quatro modelos principais de franquia
Energisa (ENGI3) avança em reorganização societária com incorporações e aumento de capital na Rede Energia
A Energisa anunciou a aprovação de etapas adicionais da reorganização societária do grupo, com foco na simplificação da estrutura e no aumento da eficiência operacional
Sinal verde no conselho: Ambipar (AMBP3) aprova plano de recuperação judicial
Conselho de administração aprovou os termos do plano de recuperação do Grupo Ambipar, que já foi protocolado na Justiça, mas ainda pode sofrer ajustes antes da assembleia de credores
AZUL4 com os dias contados: Azul convoca assembleias para extinguir essas ações; entenda
Medida integra o plano de recuperação judicial nos EUA, prevê a conversão de ações preferenciais em ordinárias e não garante direito de retirada
Totvs (TOTS3) acerta aquisição da empresa de software TBDC, em estratégia para fortalecer presença no agro
Negócio de R$ 80 milhões fortalece atuação da companhia no agronegócio e amplia oferta de soluções especializadas para o setor
Entre dividendos e JCP: Suzano (SUZB3), Isa (ISAE4), Porto Seguro (PSSA3) e Marcopolo (POMO4) anunciam pacote bilionário aos acionistas
Dividendos, JCP e bonificações movimentam quase R$ 4 bilhões em operações aprovadas na última sexta-feira antes do Natal
‘Socorro’ de R$ 10 bilhões à Raízen (RAIZ4) está na mesa da Cosan (CSAN3) e da Shell, segundo agência
Estresse no mercado de crédito pressiona a Raízen, que avalia aporte bilionário, desinvestimentos e uma reestruturação financeira com apoio dos controladores