A estratégia da Cury (CURY3) que impulsiona as ações em 75% no ano e coloca dividendos no bolso do acionista, segundo o CFO
Seu Dinheiro conversou com João Carlos Mazzuco sobre a faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, dividendos, cenário macro e mais; confira

Tijolo por tijolo, a Cury (CURY3) vem cimentando seu bom momento na bolsa com uma estratégia que prioriza execução, foco e consistência. Ou, como resume o CFO João Carlos Mazzuco: “mais do mesmo, bem feito”.
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Mazzuco celebrou o desempenho das ações da construtora, que alcançaram um pico histórico logo depois de um balanço forte no primeiro trimestre deste ano, aos R$ 31,31.
Desde janeiro, os papéis acumulam uma alta de mais de 75% fora do Ibovespa, contra cerca de 13% do principal índice da bolsa e 36% do Índice Imobiliário da B3, o Imob.
Parte disso também pode ser atribuído ao fato de que a companhia é vista pelo mercado como uma das maiores beneficiadas com a nova faixa 4 do Minha Casa Minha Vida (MCMV), que abarca rendas de até R$ 12 mil por família.
O CFO ressalta que a Cury já operava, na prática, com o conceito de faixa 4 mesmo antes da sua formalização pelo governo.
Cerca de 30% das vendas da companhia já ocorriam fora do Minha Casa Minha Vida — justamente para a faixa de renda que agora é atendida —, sendo financiadas via Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com juros em torno de 12% ao ano.
Leia Também
Com a ampliação da população atendida pelo MCMV, esse percentual caiu para apenas 5% — movimento que, segundo Mazzuco, deve se converter em maior demanda para a empresa.
“Agora a gente consegue capturar o cliente que tinha uma faixa de renda acima do teto até então, mas que não queria ou podia sustentar um financiamento com juros de 12% ao ano e que talvez consiga no caso de 10% [teto do programa]”, afirma.
Mazzuco também falou sobre dividendos, os desafios impostos pelo cenário macroeconômico e as avenidas de crescimento para a empresa a partir de agora, e deu um recado para o acionista. Veja abaixo os principais destaques da conversa.
- SAIBA MAIS: Deixou a declaração para última hora? Baixe o Guia do Imposto de Renda e veja como resolver isso de forma descomplicada
A faixa 4 do Minha Casa Minha Vida
Sobre o MCMV, o CFO afirma que não há projetos no pipeline focados exatamente na nova faixa, pelo menos no curto prazo, já que os próximos lançamentos já estão em maioria aprovados — o que impede uma mudança de rota agora.
“O nosso land bank [estoque] hoje já está voltado às faixas 3 e 4 mesmo. Também temos que levar em consideração que os projetos que já temos em andamento, para os próximos meses, já estão quase todos aprovados. Então, não conseguimos mudar a rota”, pontua.
Ainda assim, Mazzuco não descarta a incorporação de novos lançamentos voltados à faixa 4 no futuro, embora ressalte que cada caso será analisado individualmente.
Mas o executivo destaca os lançamentos do Porto Maravilha, na zona portuária do Rio de Janeiro (RJ), como os grandes vencedores com a faixa 4 do Minha Casa Minha Vida. Isso porque o preço médio das unidades oferecidas pela Cury por lá estão justamente no ticket que agora é atendido pelo programa, entre R$ 400 mil e R$ 500 mil.
A região — que inclui trechos do Centro e bairros como São Cristóvão, Cidade Nova e Santo Cristo — passa por um projeto de revitalização desde 2009 e hoje abriga marcos como o Museu do Amanhã, o Boulevard Olímpico e a Pedra do Sal.
A Cury já entregou mais de 10 mil unidades na região e dos 15 residenciais do local, 14 são da companhia. O Valor Geral das Vendas (VGV) chega à casa dos R$ 4 bilhões.
“A gente tem uma performance de vendas muito forte no Porto Maravilha. Isso [a faixa 4] deve nos permitir até um certo ganho de preço por lá, à medida que aumenta a chamada ‘affordability’ — como dizemos no mercado —, ou seja, a capacidade de compra do nosso cliente, agora que ele pode acessar uma taxa de juros menor”, afirma Mazzuco.
O projeto mais recente da companhia nessa região é o “Arcos do Porto”, com um total de 400 unidades, com um VGV de R$ 175 milhões e cerca de 63% já vendidos.
As avenidas de crescimento no Rio de Janeiro
A Cury é tradicional por limitar sua atuação aos dois estados mais populosos do Brasil, e Mazzuco descarta novas aventuras para o futuro da companhia: “Ainda tem muito espaço para crescer onde estamos”, diz.
No Rio de Janeiro, a Cury detém cerca de 15% de participação de mercado, impulsionada especialmente pela atuação no Porto Maravilha — região que passou por uma expansão significativa após a aprovação de uma lei que estendeu a legislação de zoneamento urbano.
“Essa extensão aumenta a avenida de crescimento para a empresa. Então, temos essa área tão grande na qual podemos explorar novos projetos e novos desenvolvimentos”, disse o CFO na conversa com o Seu Dinheiro.
Fora isso, a cidade também aprovou alterações no Plano Diretor positivas para a Cury. A lei municipal que define as diretrizes para o desenvolvimento urbano no Rio de Janeiro permitiu um aumento no potencial construtivo, possibilitando à empresa desenvolver empreendimentos com maior número de unidades em terrenos estratégicos. Isso resulta em maior eficiência e redução de custos por unidade.
Com a aprovação, a companhia vislumbra novas oportunidades de crescimento na Zona Norte da cidade, por exemplo. Segundo Mazzuco, essa é uma região historicamente carente de moradia de qualidade e que, apesar de já ter recebido lançamentos no passado, enfrentava um grande obstáculo: uma legislação de zoneamento ultrapassada, ainda datada da década de 1970.
Esse arcabouço legal anterior exigia, por exemplo, um número mínimo de vagas de garagem incompatível com projetos voltados à população de baixa renda. “Ou você fazia subsolo, o que encarece muito o empreendimento, ou usava o térreo, o que reduz o potencial construtivo do terreno”, explica.
Oportunidades para a Cury em São Paulo
No caso de São Paulo — onde a empresa detém 6,5% de market share — , a revisão do Plano Diretor, aprovada em 2023, trouxe mudanças importantes que impactam diretamente o setor imobiliário. O objetivo foi atualizar as diretrizes urbanísticas da cidade, equilibrando densidade populacional, mobilidade, preservação ambiental e acesso à moradia.
A Cury tem aproveitado esse ambiente regulatório mais favorável para expandir sua presença em bairros como Barra Funda, Mooca, Tatuapé, Anália Franco, Chácara Santo Antônio e Jardim Guedala — todos com localização estratégica e boa infraestrutura.
“Você atrai o cliente certo quando entrega um produto acessível em uma região valorizada e bem conectada”, resume o executivo.
Mazzuco relembra que, há cerca de cinco anos, os empreendimentos da Cury estavam concentrados majoritariamente nas periferias. O problema, segundo ele, é que a infraestrutura urbana não acompanhou esse crescimento. Levar serviços públicos de qualidade para essas áreas, como transporte e saneamento, é algo caro e complexo.
“O morador foi para essas regiões, mas é alguém que, tipicamente, leva duas horas para chegar ao trabalho e outras duas para voltar”, afirma.
Hoje, com a possibilidade de construir em regiões mais centrais de São Paulo — próximas a estações de metrô, trem ou terminais de ônibus —, o cenário mudou. A demanda por esses empreendimentos aumentou significativamente. “Quando conseguimos viabilizar esse tipo de projeto, a atratividade cresce muito”, diz o executivo.
Como a Cury está olhando para o cenário macro no Brasil?
Apesar do cenário macroeconômico desafiador, a Cury segue relativamente blindada de variáveis como juros altos. Isso graças ao modelo do programa Minha Casa Minha Vida, que limita os juros cobrados, independentemente da Selic.
Diferente da lógica de outros setores, na construção civil as empresas com exposição às rendas mais baixas são as mais resilientes a momentos delicados da economia justamente por isso.
Além disso, o CFO destaca que o programa é financiado majoritariamente com recursos do FGTS, e não do Tesouro Nacional. “Isso nos protege das discussões sobre corte de gastos do governo, porque o orçamento do MCMV não entra na conta do ajuste fiscal.”
Do lado da inflação da construção civil, o momento também é favorável.
Mazzuco explica que os principais insumos — como aço, concreto, cimento e blocos — estão hoje mais baratos do que no final de 2023.
A combinação entre um cenário internacional de baixo crescimento, sobretudo na China, e o comportamento mais contido do dólar, tem ajudado a manter os preços de materiais sob controle. “Claro que isso pode mudar a qualquer momento, mas comparado com os picos de 2021 e 2022, hoje vivemos um ambiente muito mais tranquilo”.
Os maiores desafios da Cury hoje
Apesar do ambiente favorável em vendas e lançamentos, o maior desafio da Cury hoje está do lado da execução. O CFO reconhece que a construção precisa acompanhar o ritmo acelerado de crescimento comercial da companhia.
“Esse é o nosso maior desafio: garantir que a atividade de obra siga acompanhando o nosso crescimento nas vendas e nos lançamentos”, afirma. Segundo ele, as lideranças internas da área de engenharia estão confortáveis com um avanço de até 30% na capacidade de construção da empresa.
Esse é, segundo Mazzuco, o patamar de crescimento que a companhia vem perseguindo nos últimos anos — e manter essa consistência operacional é essencial para sustentar os bons resultados. “O grande foco agora é garantir que a engenharia continue entregando na mesma velocidade que a empresa cresce”, conclui.
O recado para os acionistas — e expectativas para os dividendos
João Carlos Mazzuco, CFO da companhia, reforça que a empresa mantém uma operação altamente geradora de caixa — e que a política é clara: repassar boa parte desse valor aos investidores.
“Esse caixa é para ir para o bolso do acionista. É o que tem ocorrido e é o que vai continuar ocorrendo”, afirma. A meta da companhia é distribuir cerca de 80% do lucro do exercício anterior em dividendos, e Mazzuco afirma que essa diretriz deve se manter firme tanto em 2025 quanto nos anos seguintes.
Do lado operacional, o executivo destaca que a empresa ainda tem muito lucro a ser apropriado. “Nosso backlog está muito alto — são unidades já vendidas que ainda serão construídas e contabilizadas como receita”, afirma.
Isso reforça, segundo ele, o potencial de crescimento dos lucros nos próximos trimestres, o que sustenta uma visão positiva sobre os múltiplos de mercado e a valorização das ações.
“Gosto de dizer que estamos fazendo mais do mesmo — mas com uma operação que continua focada no crédito associativo, gerando caixa e distribuindo dividendos. É isso que define a Cury e é isso que vamos seguir entregando”, conclui.
Citi vê dois gatilhos para as ações da Petrobras (PETR4), mas tem recomendação neutra — e motivos têm a ver com dividendos
Banco americano iniciou cobertura das ações preferenciais deixando a Petrobras em banho-maria, diante das incertezas em relação ao preço do petróleo e mais investimentos à frente
Centre Pompidou, museu francês fechado até 2030, abre nova unidade em… Foz do Iguaçu; entenda
O espaço é um dos clássicos da cena artística de Paris e tem um acervo extenso de arte moderna e contemporânea
De São Paulo a Xangai em um clique: China abre seu mercado de ações para o Brasil em uma parceria rara de ETFs recíprocos
Primeiros fundos lançados na B3 para investir direto em ações chinesas são da Bradesco Asset e já estão sendo negociados
De olho em expansão internacional, Havaianas se une à top model Gigi Hadid em colaboração exclusiva
Coleção com quatro modelos foi anunciada nesta quarta-feira (28) e integra parte da estratégia da Alpargatas (ALPA4) de levar as Havaianas mundo afora
Após entrar com pedido de recuperação judicial, Azul (AZUL4) será excluída do Ibovespa e demais índices da B3; entenda
A companhia aérea formalizou nesta quarta-feira (28) um pedido de proteção contra seus credores nos Estados Unidos — o temido Chapter 11
Visa lança cartão para público ultrarrico, com direito a experiências que o dinheiro não compra; entenda quem pode ser cliente
Com a barra bem alta, público potencial do programa de fidelidade é de apenas 200 mil pessoas no país e requer convite de bancos para entrar no “clube de mimos”
Na dúvida, fica como está: ata do Fed indica preocupação com as possíveis consequências das tarifas de Trump
A decisão pela manutenção das taxas de juros passou pelo dilema entre derrubar a atividade econômica e o risco de aumento de inflação pelas tarifas
O ciclo de alta acabou? Bitcoin (BTC) recua para US$ 107 mil, e mercado de criptomoedas entra em modo de correção
Bitcoin recua após alta de quase 50% em menos de dois meses, altcoins desabam e mercado entra em correção — mas analistas ainda veem espaço para valorização
Se não houver tag along na oferta de Tanure pela Braskem (BRKM5), “Lei das S.A. deixou de nos servir”, diz presidente da Amec
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Fábio Coelho explica os motivos pelos quais a proposta do empresário Nelson Tanure pelo controle da Braskem deveria acionar o tag along — e as consequências se o mecanismo for “driblado”
Após reunião com banqueiros, Fazenda diz que vai estudar alternativas ao IOF
Ministro da Fazenda e secretário-executivo estiveram com os presidentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e dos quatro maiores bancos privados do país
Brava (BRAV3): “querem encher o carrinho sem pagar o prêmio de controle”, diz analista. Entenda o que está em jogo na petroleira
Ação lidera ganhos do Ibovespa após solicitação do acionista Yellowstone de acabar com a ‘poison pill’, mas analista enxerga faca de dois gumes no movimento; minoritário podem ser afetados
“Estou decepcionado”: Elon Musk reclama de projeto de Trump sobre impostos e gastos nos EUA
O bilionário soltou o verbo em relação a um importante projeto de lei do presidente norte-americano, que pode dar fôlego à política de deportações
GameStop compra 4 mil bitcoins (BTC) no valor de meio bilhão de dólares, e ação despenca 9%
Plano de aquisição de criptomoedas visa proteção contra riscos sistêmicos e faz parte da estratégia do CEO de superar desafios enfrentados pela empresa
Quatro galerias brasileiras vão expor na Art Basel Paris, uma das feiras de arte mais importantes do mundo
Evento acontece em outubro no Grand Palais; uma exposição gratuita será feita em frente ao Louvre
Quando cripto encontra Wall Street: Circle mira valuation de US$ 6,7 bilhões com oferta de ações na NYSE
Emissora da stablecoin USDC, a Circle protocolou seu IPO na Bolsa de Nova York para captar até US$ 624 milhões — movimento que reforça a corrida das stablecoins em meio ao avanço da regulação cripto nos EUA
Neuralink, startup de Elon Musk, é avaliada em nova cifra bilionária e redime semana com explosão de foguete da SpaceX e queda nas vendas da Tesla
O que mudou para a nova avaliação? Simples: a startup finalmente avançou no seu objetivo de criar uma interface cerebral generalizada e integrada ao cérebro humano
Turquia começa a multar viajantes que levantam antes da hora do desembarque em aviões
Todos os voos que pousarem no país estão sujeitos às regras
Méliuz (CASH3) divulga regras para quem quer pular fora da estratégia dos bitcoins e receber o dinheiro de volta
Os investidores que não desejarem fazer parte da nova empreitada da plataforma já podem pedir o reembolso dos investimentos nos papéis CASH3
Azul (AZUL4) prevê menos aviões e desalavancagem para superar recuperação judicial nos EUA; ação tomba
Aérea traçou um novo plano de negócios para ajudar a colocar a empresa de pé; no pré-market da Bolsa de Nova York, ADRs chegaram a cair 40%
Justiça aprova recuperação judicial da AgroGalaxy (AGXY3), mas rejeita cláusulas de proteção de terceiros garantidores
Com uma dívida de R$ 4,6 bilhões, empresa tem dois anos para cumprir as obrigações do plano, que prevê venda de ativos e condições de pagamento distintas para diferentes categorias de credores