Taesa (TAEE11) e ISA Cteep (TRPL4): por que parte do mercado aposta na queda das ações preferidas dos “caçadores de dividendos”
Duas das principais transmissoras de energia do País, Taesa e ISA Cteep vêm recebendo desde o ano passado recomendações de “venda” de analistas
As empresas boas pagadoras de dividendos costumam cair no gosto do investidor pessoa física, que busca uma fonte extra de receitas recorrentes na carteira.
Mas aqui também é válida a máxima de mercado que norteia os “rendimentos”: dividendo passado não é garantia de dividendo futuro.
Uma empresa só distribui seu lucro para os acionistas em proporções elevadas se não tiver nenhum investimento no horizonte para seu próprio negócio.
- [Recomendação de investimento] 5 ações para buscar dividendos recorrentes na sua conta; baixe o relatório gratuito
Enfrentando esse tipo de situação – e mais alguns eventos específicos – duas companhias do setor elétrico, que tradicionalmente reúne grandes pagadoras de dividendos, estão na berlinda.
A Taesa (TAEE11) e a ISA Cteep (TRPL4), duas das principais transmissoras de energia do País, que atuam em 18 Estados, vêm recebendo desde o ano passado recomendações de “venda” de analistas de corretoras (sell side) – um movimento que pouco se vê no mercado brasileiro.
Ambas devem reduzir o pagamento de dividendos — extraordinários, então, nem pensar —, exatamente o que atrai a força compradora dos pequenos investidores. A Taesa tem 773 mil pessoas físicas em sua base acionária; a Cteep, 339 mil.
Leia Também
Investimentos pesados pela frente
Ambas participaram de leilões de transmissão no ano passado e têm pela frente elevados investimentos, da ordem de R$ 3 bilhões só no curto prazo, em projetos marcados por deságios acima do esperado pelo mercado.
“A grande dúvida é qual será o retorno dessa alocação de capital e também qual a proporção do descontentamento da base atual de acionistas, principalmente das pessoas físicas, que privilegiam bastante os dividendos”, disse o analista de uma gestora de fundos.
Ele lembra que essa situação não preocuparia se estivesse relacionada, por exemplo, a empresas como a Equatorial Energia (EQTL3). A ação da distribuidora sempre performou muito bem, apesar de a empresa nunca ter sido uma grande pagadora de dividendos.
“Isso porque a alocação de capital foi feita com retornos altos, o que não é tanto o caso da transmissão, pelo menos hoje. A competitividade nesse segmento aumentou muito e isso tem gerado a percepção de que os retornos estão mais baixos.”
VEJA TAMBÉM - DIREITA OU ESQUERDA? TABATA AMARAL FALA SOBRE OS PLANOS PARA CIDADE DE SÃO PAULO
Dividendos encarecem Taesa (TAEE11) e Cteep (TRPL4)
Nas palavras de um gestor, as ações da Taesa (TAEE11) e Cteep (TRPL4) estão muito caras, e isso tem relação direta com os dividendos pagos.
“Os controladores dessas empresas vêm priorizando o pagamento de dividendos às custas da piora da estrutura de capital. Isso atrai o investidor pessoa física desavisado, que compra a ação porque vê um payout alto, mas não tem a capacidade ou a disposição para analisar os dados da empresa e entender que essa distribuição não é sustentável”, disse o gestor.
Nas contas do gestor, as empresas já deveriam ter reduzido muito o pagamento de dividendos diante do volume de investimentos previstos e o IGP-M em queda, que se reflete negativamente nas receitas.
Um analista diz que os investidores institucionais já estão short [apostando na queda] dos dois papéis, mas isso não tem sido suficiente para as ações caírem.
A explicação muito provavelmente vem da força compradora dos pequenos investidores. Olhando em termos de TIR (taxa de retorno), como as ações não caem e com o juro subindo, esses papéis ficaram bem mais caros que outros do setor. “Assim, não dá para não ter recomendação de venda”, disse.
Semana passada, o JP Morgan colocou as ações da Taesa e Cteep em underweight — ou seja, com performance abaixo da dos pares no mercado.
Os analistas Henrique Peretti e Victor Burke escreveram que as empresas negociam hoje com valuation elevado num momento em que o cenário para ambas é de “pressões vendedoras” à vista, apesar de isso não estar hoje refletido nas cotações.
A avaliação no mercado é que ações com perspectiva de queda e balanços alavancados de ambas podem diminuir o espaço para a distribuição dos lucros.
Pressão vendedora
No caso da ISA Cteep, existe uma potencial pressão adicional. Afinal, a Eletrobras prepara a venda de sua participação de 35,74% do capital total da transmissora. A ex-estatal detém 52,48% em ações preferenciais (PN, sem direito a voto), as mais líquidas; e 9,73% em ações ordinárias (ON, com direito a voto) da companhia.
Se toda a participação for vendida, a operação, que poderá superar R$ 5 bilhões, deverá gerar o chamado overhang – quando uma grande oferta vendedora de papéis tem potencial para afetar negativamente as cotações.
Além disso, a Aneel, agência reguladora do setor elétrico, deve anunciar uma redução na indenização de RBSE (Rede Básica do Sistema Existente), o que deve gerar uma reversão de provisão de R$ 1 bilhão e deve afetar o lucro da companhia.
Por conta disso, e do aumento da alavancagem da companhia, o mercado espera um eventual anúncio de mudanças na política de dividendos da ISA Cteep. A relação entre a dívida líquida e o Ebitda pode sair de 2,4x para mais de 4x em 2026, de acordo com os analistas do Bradesco BBI.
A companhia tem cerca de R$ 15 bilhões de investimentos (capex) até 2028, mas informou que vai manter a prática de distribuição de 75% do lucro líquido regulatório.
No caso da Taesa, a alavancagem já é alta, de 3,8x; e para o Bradesco BBI vai superar 4x em 2025.
Taesa mudou cálculo dos dividendos
A Taesa anunciou em 8 de maio a alteração de sua política de dividendos, o que levou a uma desvalorização da ação. Desde então, o papel cai 6,5% na B3.
Em 2024, a empresa deverá distribuir 75% do lucro líquido regulatório. A a partir de 2025, a intenção é aumentar para entre 90% e 100% do lucro líquido regulatório.
Até o ano passado, a distribuição era de 100% do lucro líquido IFRS, que em 2023 foi de R$ 1,4 bilhão, enquanto o lucro líquido regulatório ficou em R$ 1,1 bilhão ou 21% menos.
Ao anunciar a mudança, a Taesa citou as necessidades de recursos para seu plano de investimentos e a situação da alavancagem.
Para o mercado, a empresa começou a se mexer para segurar a alavancagem e manter seu rating de crédito AAA. E não se descarta a possibilidade de a empresa anunciar novas mudanças na distribuição. “Deveriam reduzir mais para o endividamento parar de subir logo”, disse um gestor.
A Taesa ainda tem em sua base acionária a Cemig, que detém 36,97% das ONs; 1,28% das PNS e 21,68% do capital total. Assim como a Eletrobras na ISA Cteep, a empresa também pode, a qualquer momento, optar por vender a participação.
Para outro gestor, na Taesa é mais forte a discussão sobre um payout menor na margem. Na ISA Cteep, as pressões da possível venda da fatia da Eletrobras e da decisão sobre a RBSE pesam mais sobre os papéis.
Posições vendidas
A posição alugada — de investidores que tomam o papel para montar posições vendidas — em ISA Cteep equivale a cerca de 16% das ações em circulação (free float) no mercado. As taxas para o aluguel, de 5%, estão elevadas e a quantidade de dias para zerar a posição é de 30.
Na Taesa, o aluguel representa 6,5% do free float, as taxas estão em 0,5% e a zeragem é possível em 27 dias.
“Mas é importante destacar que, mesmo com as reduções de payout, os yields em si dessas empresas não são horrorosos, embora possivelmente menores do que foram nos últimos anos. O que gerou essa situação foi a perspectiva de incremento do negócio, após as aquisições que ambas fizeram nos leilões de transmissão”, pondera o gestor.
O J.P Morgan tem preço-alvo de R$ 31 para Taesa em dezembro de 2025. Trata-se de um potencial de desvalorização de 7% em relação à cotação atual (R$ 33,35 em 18/6). Para a ISA CTEEP o target é de R$ 25, cotação atual de mercado.
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano
Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque
Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição
TRXF11 volta a encher o carrinho de compras e avança nos setores de saúde, educação e varejo; confira como fica o portfólio do FII agora
Com as três novas operações, o TRXF11 soma sete transações só em dezembro. Na véspera, o FII já tinha anunciado a aquisição de três galpões
BofA seleciona as 7 magníficas do Brasil — e grupo de ações não tem Petrobras (PETR4) nem Vale (VALE3)
O banco norte-americano escolheu empresas brasileiras de forte crescimento, escala, lucratividade e retornos acima da Selic
Ibovespa em 2026: BofA estima 180 mil pontos, com a possibilidade de chegar a 210 mil se as eleições ajudarem
Banco norte-americano espera a volta dos investidores locais para a bolsa brasileira, diante da flexibilização dos juros
JHSF (JHSF3) faz venda histórica, Iguatemi (IGTI3) vende shoppings ao XPML11, TRXF11 compra galpões; o que movimenta os FIIs hoje
Nesta quinta-feira (11), cinco fundos imobiliários diferentes agitam o mercado com operações de peso; confira os detalhes de cada uma delas
Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever
Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial
Heineken dá calote em fundo imobiliário, inadimplência pesa na receita, e cotas apanham na bolsa; confira os impactos para o cotista
A gestora do FII afirmou que já realizou diversas tratativas com a locatária para negociar os valores em aberto
Investidor estrangeiro minimiza riscos de manutenção do governo atual e cenários negativos estão mal precificados, diz Luis Stuhlberger
Na carta mensal do Fundo Verde, gestor afirmou que aumentou exposição às ações locais e está comprado em real
Após imbróglio, RBVA11 devolve agências à Caixa — e cotistas vão sair ganhando nessa
Com o distrato, o fundo reduziu ainda mais sua exposição ao setor financeiro, que agora representa menos de 24% do portfólio total
Efeito Flávio derruba a bolsa: Ibovespa perde mais de 2 mil pontos em minutos e dólar beira R$ 5,50 na máxima do dia
Especialistas indicam que esse pode ser o começo da real precificação do cenário eleitoral no mercado local, depois de sucessivos recordes do principal índice da bolsa brasileira
FII REC Recebíveis (RECR11) mira R$ 60 milhões com venda de sete unidades de edifício em São Paulo
Apesar de não ter informado se a operação vai cair como um dinheiro extra no bolso dos cotistas, o RECR11 voltou a aumentar os dividendos em dezembro
Ações de IA em alta, dólar em queda, ouro forte: o que esses movimentos revelam sobre o mercado dos EUA
Segundo especialistas consultados pelo Seu Dinheiro, é preciso separar os investimentos em equities de outros ativos; entenda o que acontece no maior mercado do mundo
TRX Real Estate (TRXF11) abocanha novos imóveis e avança para o setor de educação; confira os detalhes das operações
O FII fez sua primeira compra no segmento de educação ao adquirir uma unidade da Escola Eleva, na Barra da Tijuca (RJ)
O estouro da bolsa brasileira: gestor rebate tese de bolha na IA e vê tecnologia abrindo janela de oportunidade para o Brasil
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Daniel Popovich, gestor da Franklin Templeton, rebate os temores de bolha nas empresas de inteligência artificial e defende que a nova tecnologia se traduzirá em crescimento de resultados para as empresas e produtividade para as economias
Aura (AURA33): small cap que pode saltar 50% está no pódio das ações para investir em dezembro segundo 9 analistas
Aura Minerals (AURA33) pode quase dobrar a produção; oferece exposição ao ouro; paga dividendos trimestrais consistentes e negocia com forte desconto.
CVM suspende 6 empresas internacionais por irregularidades na oferta de investimentos a brasileiros; veja quais são
Os sites, todos em português, se apresentam como plataformas de negociação em mercados globais, com ativos como moedas estrangeiras, commodities, metais, índices, ETFs, ações, criptoativos e outros
Bolsa perdeu R$ 183 bilhões em um único dia; Itaú Unibanco (ITUB4) teve maiores perdas
Essa é a maior queda desde 22 de fevereiro de 2021, ainda período da pandemia, e veio depois que Flávio Bolsonaro foi confirmado como candidato à presidência pelo PL
Do céu ao inferno: Ibovespa tem a maior queda desde 2021; dólar e juros disparam sob “efeito Flávio Bolsonaro”
Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à presidência