Por que investir no exterior é importante mesmo quando os rendimentos em renda fixa no Brasil estão tão atraentes?
Especialistas discutiram como os eventos globais estão moldando as estratégias de investimento e a importância da diversificação internacional

Na última quinta-feira (5), a Empiricus, junto do BTG Pactual, promoveu o Empiricus Asset Day, reunindo especialistas para discutir estratégias de investimento com foco na diversificação internacional.
Com as eleições americanas no horizonte e outros eventos globais em curso, o painel ‘Fortalecimento de Carteira com Investimentos Internacionais’ trouxe reflexões importantes sobre como investir no exterior pode ser crucial para a proteção e crescimento do patrimônio.
Do painel, participaram Eric Hatisuka, da Mirabaud Family Office, e João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, sob mediação de Vinícius Pinheiro, diretor de jornalismo dos portais Money Times e Seu Dinheiro.
- “Preferimos estar concentrados em empresas de alta qualidade de execução”, diz a analista Larissa Quaresma; veja as 10 ações que compõem seu portfólio atual
Diversificação: um pilar fundamental em investimentos
Uma das questões centrais do debate foi: “Por que investir no exterior quando os rendimentos em renda fixa no Brasil estão tão atraentes?”
Eric Hatisuka respondeu a essa questão destacando três pontos fundamentais para internacionalizar os investimentos, começando pela diversificação.
"Investimentos lá fora são uma classe de ativos que a gente tem recomendado sempre. Primeiramente, por diversificação. O mantra dos investimentos faz muito sentido, e lá fora oferece um ambiente de diversificação e produtos mais diversos, então compõe melhor a carteira."
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Além disso, Hatisuka mencionou o cenário favorável dos retornos internacionais, impulsionado por um ambiente de inovação e taxas de juros competitivas. "Os juros americanos de 5,5% que estão agora [...] a gente não via desde 2006. Entre 2006 e 2007, os juros americanos estavam em 5,25%, então você tem um ambiente [favorável] de retornos [...] mais que aqui, até em proporção."
Hatisuka também trouxe uma reflexão sobre o peso da economia brasileira no cenário global. "O Brasil hoje é aproximadamente 1,7% do PIB global. Do ponto de vista de investimentos, a pergunta talvez seja: a gente tem dinheiro aqui porque a gente mora aqui, a gente consome em reais, a gente vive no Brasil. Mas sendo 1,7% do PIB global, a gente é obrigado a diversificar para lá fora. Do ponto de vista do estrangeiro, o risco é estar aqui".
Ele concluiu sugerindo que alocar cerca de 30% da carteira no exterior já seria suficiente para aproveitar as vantagens da diversificação e buscar retornos mais sólidos.
Expectativa de corte de juros nos EUA: o que esperar do afrouxamento monetário?
Ao se aprofundarem no tema dos juros americanos, João Piccioni comentou sobre a desaceleração econômica observada nos últimos meses:
"O que a gente está vendo agora nos últimos indicadores é uma desaceleração um pouco mais rápida do que eu particularmente estava enxergando no primeiro semestre."
Ele prosseguiu destacando os problemas nos dados de emprego e a pressão para que o Federal Reserve (FED) aja: "Os dados de emprego realmente começaram a mostrar problemas, [...] Vemos os números deteriorarem e, consequentemente, começam os pedidos, principalmente no mercado financeiro, para que o FED dê sinais de intervenção em política monetária."
Sobre o futuro dos juros, ele indicou esperar cortes ainda em 2024: "Eu estou com a cabeça que devem vir dois cortes de juros ainda, um agora em setembro e outro para o final do ano".
LEIA TAMBÉM: SD Select entrevista analista e libera carteira gratuita de ações americanas pra você buscar lucros dolarizados em 2024. Clique aqui e acesse.
Cenário de recessão nos EUA: soft landing ou um impacto mais profundo?
A discussão sobre a recessão nos EUA trouxe à tona a incerteza sobre o futuro da maior economia do mundo. Hatisuka explicou que o final de ciclos econômicos trazem sinais mistos que dificultam previsões: "O final do ciclo é sempre complicado. Você nunca sabe direito se ainda está no crescimento ou já está na recessão”.
Ele também destacou que a inflação segue pressionando para cima, citando a geopolítica global e o impacto da desintegração comercial: "O padrão da inflação mudou. Estávamos num cenário pós-crise de 2008 em que a inflação estava sempre pressionando para baixo. Agora, vemos o oposto, com o mundo menos integrado, a geopolítica mais complicada".
No entanto, ele acredita em um cenário de soft landing para a economia americana, com cortes moderados nos juros: "A gente não acredita em hard landing, deve ser um soft landing. O juro terminal americano não deve cair muito abaixo dos 3,5%, um patamar que deve segurar os mercados".
Bolsa americana: Apple (AAPL34) e Google (GOGL34) na corrida da Inteligência Artificial
No painel, os especialistas também discutiram as perspectivas para a bolsa americana, destacando o impacto da inovação tecnológica e da geopolítica dos Estados Unidos.
Pinheiro abriu a discussão abordando a resiliência da bolsa americana, mesmo diante de crises como a pandemia e a alta histórica dos juros: "Os arautos do apocalipse vêm quebrando a cara sucessivamente em relação à bolsa americana" .
Piccioni concordou que os pessimistas provavelmente continuarão errando. Ele destacou o contínuo crescimento das empresas americanas, impulsionado pela inovação e pelo fluxo constante de investimentos: "A gente pode até ter alguns sustos de curto prazo, [...] mas não me parece que a gente tenha uma bolsa americana estruturalmente para baixo nos próximos anos".
Hatisuka ofereceu uma visão mais estrutural: "Para mim, a bolsa americana só cai estruturalmente no dia que o dólar perder o poder de reserva mundial". Ele conectou a força da bolsa ao poder geopolítico dos EUA e ao orçamento militar do país, destacando que essas variáveis estão interligadas.
Ao citarem as empresas de maior relevância, Piccioni destacou que a alocação em tecnologia continua a ser a maior prioridade na carteira de equities da empresa.
Segundo Piccioni, o lançamento iminente do Apple Intelligence marca um ponto de virada: "As pessoas ainda não se deram conta disso: [...] eu posso conversar com a Inteligência Artificial e ela pode fazer esse debate aqui com a gente".
Além da Apple, outros players como Alphabet também estão avançando rapidamente. Piccioni citou o lançamento do Pixel com o Gemini, que oferece funcionalidades semelhantes ao Apple Intelligence.
Essas inovações, segundo ele, vão impactar diretamente o mercado: "O que a gente vai começar a ver é a entrada da Inteligência Artificial dentro do hall de pessoas físicas. Isso vai mudar muito a forma de entregar serviços".
Ele também mencionou o crescimento contínuo da NVIDIA (NVDC34), já previsto pelos investidores, mas destacou que novos saltos no uso da IA em outros segmentos podem surpreender.
Além disso, apontou a Qualcomm (QCOM34) ganhando mercado da Intel no fornecimento de chips para IA: "Intel está ficando para trás [...] eu iria com esses três cases".
Ethereum desafia o Bitcoin e as perspectivas para o mercado de criptomoedas
O mercado de criptomoedas está se tornando cada vez mais relevante, com um destaque crescente no cenário institucional. De acordo com Piccioni, "O mercado voltou a falar de criptomoedas lá fora, de uma forma mais institucional. A discussão de cripto agora está na mídia como uma classe de ativo normal". Esse reconhecimento está impulsionando o interesse e a inovação na área.
Ele também destacou que a criptomoeda pode oferecer oportunidades valiosas para a nova geração, especialmente em um cenário de mudanças demográficas e menciona o trabalho de Neal Howell, que prevê uma transformação significativa na pirâmide etária, com os millennials buscando novas formas de gerar riqueza. Nesse contexto, a criptomoeda surge como um meio para impulsionar a esperança e a ascensão econômica dos mais jovens.
Quando questionado sobre possíveis concorrentes do Bitcoin, Piccioni acredita que, embora seja difícil encontrar uma criptomoeda que o desafie diretamente, o "melhor posicionado hoje parece o Ethereum. A chave é como criar serviços dentro dessa plataforma, o que pode gerar valor em função do dólar".
Ele ressaltou que, enquanto o Bitcoin pode funcionar como uma reserva de valor, o Ethereum e outras criptomoedas podem oferecer serviços inovadores que ampliam suas utilidades e valor no mercado.
No painel, os participantes também debateram sobre outras possibilidades de investimentos no exterior, como bolsa europeia e iniciativas de venture capital, bem como a visão deles em relação à China e países asiáticos. Para conferir as ideias na íntegra, assista ao vídeo abaixo.
Quase metade dos apostadores de bets também são investidores — eles querem fazer dinheiro rápido ou levar uma bolada de uma vez
8ª edição do Raio-X do Investidor, da Anbima, mostra que investidores que diversificam suas aplicações também gostam de apostar em bets
14% de juros é pouco: brasileiro considera retorno com investimentos baixo; a ironia é que a poupança segue como preferência
8ª edição do Raio-X do Investidor da Anbima mostra que brasileiros investem por segurança financeira, mas mesmo aqueles que diversificam suas aplicações veem o retorno como insatisfatório
Santander (SANB11), Weg (WEGE3), Kepler Weber (KEPL3) e mais 6 empresas divulgam resultados do 1T25 nesta semana – veja o que esperar, segundo o BTG Pactual
De olho na temporada de balanços do 1º trimestre, o BTG Pactual preparou um guia com suas expectativas para mais de 125 empresas listadas na bolsa; confira
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Mesmo investimentos isentos de Imposto de Renda não escapam da Receita: veja por que eles precisam estar na sua declaração
Mesmo isentos de imposto, aplicações como poupança, LCI e dividendos precisam ser informadas à Receita; veja como declarar corretamente e evite cair na malha fina com a ajuda de um guia prático
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Bitcoin (BTC) rompe os US$ 95 mil e fundos de criptomoedas têm a melhor semana do ano — mas a tempestade pode não ter passado
Dados da CoinShares mostram que produtos de investimento em criptoativos registraram entradas de US$ 3,4 bilhões na última semana, mas o mercado chega à esta segunda-feira (28) pressionado pela volatilidade e à espera de novos dados econômicos
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Quanto e onde investir para receber uma renda extra de R$ 2.500 por mês? Veja simulação
Simulador gratuito disponibilizado pela EQI calcula o valor necessário para investir e sugere a alocação ideal para o seu perfil investidor; veja como usar
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
Pouco ou muito otimista? Ark Invest projeta bitcoin em US$ 2,4 milhões em 2030
Gestora de criptoativos projeta alta média anual de 72% do bitcoin nos próximos cinco anos.
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
A marca dos US$ 100 mil voltou ao radar: bitcoin (BTC) acumula alta de mais de 10% nos últimos sete dias
Trégua momentânea na guerra comercial entre Estados Unidos e China, somada a dados positivos no setor de tecnologia, ajuda criptomoedas a recuperarem parte das perdas, mas analistas ainda recomendam cautela
Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações
A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)