O céu é o limite para o dólar: Banco Central despeja US$ 12,7 bilhões no mercado em 4 dias. Por que a moeda americana não baixa?
A sazonalidade de dezembro, somada com uma tentativa de escapar de uma possível taxação, ajudaram a sustentar o câmbio elevado — mas essa não é a única explicação

Mesmo com o Banco Central já tendo vendido US$ 12,7 bilhões desde a última quinta-feira (12) na maior injeção de recursos no câmbio desde a pandemia, o dólar segue em alta. A moeda norte-americana chegou encostar no patamar de R$ 6,27 hoje, renovando os recordes históricos.
Naturalmente, há uma forte preocupação com o quadro fiscal brasileiro, em especial após o anúncio do pacote de cortes de gastos, anunciado em novembro pelo governo federal.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a contenção de despesas deve chegar a R$ 70 bilhões — R$ 30 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026.
O entendimento do mercado é que o montante não será suficiente e uma nova rodada de cortes será necessária, como explica Nicholas McCarthy, diretor da área de Estratégias de Investimentos do Itaú.
Acontece que mesmo com os sucessivos leilões do BC nos últimos dias, o dólar não arrefeceu. Pelo contrário, aliás. Nesta quarta-feira (18), a moeda norte-americana renovou as máximas históricas pela tarde, encerrando a sessão a R$ 6,2657, uma alta de 2,78%. Na máxima do dia, a divisa chegou à marca de R$ 6,2707.
O dólar não cai — e a culpa não é exatamente do BC
Em primeiro lugar, é preciso dizer que o dólar não se valorizou de uma hora para outra. Esse é um movimento que acontece desde quando o Banco Central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), adiou o corte das taxas de juros no ano passado.
Leia Também
O aperto monetário por lá alimentou incertezas sobre o futuro da economia norte-americana, levando a um efeito dominó: o dólar se fortaleceu, as bolsas caíram e os yields (retorno) dos títulos do Tesouro norte-americanos, o famoso Treasury, disparou.
“O dólar subiu de R$ 4,80 para R$ 5,30/R$ 5,40 por causa disso”, comenta McCarthy, ressaltando que outras moedas no mundo também foram desvalorizadas no mesmo período. “Mas [a subida de] de R$ 5,40 para R$ 6,00, foi culpa do Brasil”, pondera.
Além da incerteza fiscal que paira sobre o mercado brasileiro, o recente salto do dólar por aqui coincidiu com um momento particularmente complicado para o câmbio.
Tradicionalmente no final do ano há uma maior saída de dólares do país devido à remessa de lucros e dividendos por empresas multinacionais.
A cereja do bolo desse movimento veio do Congresso: a Câmara dos Deputados aprovou na última terça-feira (17) o projeto de lei que taxa em pelo menos 15% o lucro de multinacionais instaladas no Brasil.
A sazonalidade de dezembro, combinada com a antecipação das remessas para escapar da taxação, aumentou ainda mais a pressão sobre o câmbio.
Até onde vão os preços?
O cenário não deve ser dos melhores para o real.
Além de a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA contribuir para o fortalecimento do dólar, o mercado recebeu mal a medida, que começa em 2026, de desoneração de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, com impactos diretos na arrecadação federal.
“Segundo estimativas, [essa isenção] teria um impacto de R$40 bilhões sobre a arrecadação", diz André Valério, economista sênior do Banco Inter.
“Apesar de o governo dizer que a medida será neutra do ponto de vista fiscal, devido à compensação com o aumento da alíquota sobre aqueles que recebem acima de R$50 mil por mês, isso não deve se concretizar, uma vez que muito dos afetados pelo aumento da alíquota provavelmente irão otimizar o planejamento tributário a fim de diminuir a incidência”, acrescenta.
Por fim, tanto Valério, do Inter, quanto McCarthy, do Itaú, concordam que a aprovação do pacote de corte de gastos pelo Congresso com a menor desidratação possível pode ser um primeiro passo para o alívio do câmbio por aqui.
No entanto, apenas uma melhora mais substancial do panorama fiscal pode garantir que o dólar caia — e permaneça baixo.
Com o pé na pista e o olho no céu: Itaú BBA acredita que esses dois gatilhos vão impulsionar ainda mais a Embraer (EMBR3)
Após correção nas ações desde as máximas de março, a fabricante brasileira de aviões está oferecendo uma relação risco/retorno mais equilibrada, segundo o banco
Ações, ETFs e derivativos devem ficar sujeitos a alíquota única de IR de 17,5%, e pagamento será trimestral; veja todas as mudanças
Mudanças fazem parte da MP que altera a tributação de investimentos financeiros, publicada ontem pelo governo; veja como ficam as regras
Banco do Brasil (BBAS3) supera o Itaú (ITUB4) na B3 pela primeira vez em 2025 — mas não do jeito que o investidor gostaria
Em uma movimentação inédita neste ano, o BB ultrapassou o Itaú e a Vale em volume negociado na B3
Adeus, dividendos isentos? Fundos imobiliários e fiagros devem passar a ser tributados; veja novas regras
O governo divulgou Medida Provisória que tira a isenção dos dividendos de FIIs e Fiagros, e o investidor vai precisar ficar atento às regras e aos impactos no bolso
Fim da tabela regressiva: CDBs, Tesouro Direto e fundos devem passar a ser tributados por alíquota única de 17,5%; veja regras do novo imposto
Governo publicou Medida Provisória que visa a compensar a perda de arrecadação com o recuo do aumento do IOF. Texto muda premissas importantes dos impostos de investimentos e terá impacto no bolso dos investidores
Gol troca dívida por ação e muda até os tickers na B3 — entenda o plano da companhia aérea depois do Chapter 11
Mudança da companhia aérea vem na esteira da campanha de aumento de capital, aprovado no plano de saída da recuperação judicial
Petrobras (PETR4) não é a única na berlinda: BofA também corta recomendação para a bolsa brasileira — mas revela oportunidade em uma ação da B3
O BofA reduziu a recomendação para a bolsa brasileira, de “overweight” para “market weight” (neutra). E agora, o que fazer com a carteira de investimentos?
Cemig (CMIG4), Rumo (RAIL3), Allos (ALOS3) e Rede D’Or (RDOR3) pagam quase R$ 4 bilhões em dividendos e JCP; veja quem tem direito a receber
A maior fatia é da Cemig, cujos proventos são referentes ao exercício de 2024; confira o calendário de todos os pagamentos
Fundo Verde: Stuhlberger segue zerado em ações do Brasil e não captura ganhos com bolsa dos EUA por “subestimar governo Trump”
Em carta mensal, gestora criticou movimentação do governo sobre o IOF e afirmou ter se surpreendido com recuo rápido do governo norte-americano em relação às tarifas de importação
Santander Renda de Aluguéis (SARE11) está de saída da B3: cotistas aprovam a venda do portfólio, e cotas sobem na bolsa hoje
Os investidores aceitaram a proposta do BTG Pactual Logística (BTLG11) e, com a venda dos ativos, também aprovaram a liquidação do FII
Fundo imobiliário do segmento de shoppings vai pagar mais de R$ 23 milhões aos cotistas — e quem não tem o FII na carteira ainda tem chance de receber
A distribuição de dividendos é referente a venda de um shopping localizado no Tocantins. A operação foi feita em 2023
Meu medo de aviões: quando o problema está na bolsa, não no céu
Tenho brevê desde os 18 e já fiz pouso forçado em plena avenida — mas estou fora de investir em ações de companhias aéreas
Bank of America tem uma ação favorita no setor elétrico, com potencial de alta de 23%
A companhia elétrica ganhou um novo preço-alvo, que reflete as previsões macroeconômicas do Brasil e desempenho acima do esperado
Sem dividendos para o Banco do Brasil? Itaú BBA mantém recomendação, mas corta preço-alvo das ações BBSA3
Banco estatal tem passado por revisões de analistas depois de apresentar resultados ruins no primeiro trimestre do ano e agora paga o preço
Santander aumenta preço-alvo de ação que já subiu mais de 120% no ano, mas que ainda pode se valorizar e pagar dividendos
De acordo com analistas do banco, essa empresa do ramo da construção civil tem uma posição forte, sendo negociada com um preço barato mesmo com lucros crescendo em 24%
Dividendos e recompras: por que esta empresa do ramo dos seguros é uma potencial “vaca leiteira” atraente, na opinião do BTG
Com um fluxo de caixa forte e perspectiva de se manter assim no médio prazo, esta corretora de seguros é bem avaliada pelo BTG
“Caixa de Pandora tributária”: governo quer elevar Imposto de Renda sobre JCP para 20% e aumentar CSLL. Como isso vai pesar no bolso do investidor?
Governo propõe aumento no Imposto de Renda sobre JCP e mudanças na CSLL; saiba como essas alterações podem afetar seus investimentos
FIIs e fiagros voltam a entrar na mira do Leão: governo quer tirar a isenção de IR e tributar rendimentos em 5%; entenda
De acordo com fontes ouvidas pelo Valor Econômico, a tributação de rendimentos de FIIs e fiagros, hoje isentos, entra no pacote de medidas alternativas ao aumento do IOF
UBS BB considera que essa ação entrou nos anos dourados com tarifas de Trump como um “divisor de águas”
Importações desse segmento já estão sentindo o peso da guerra comercial — uma boa notícia para essa empresa que tem forte presença no mercado dos EUA
Maior fundo imobiliário de renda urbana da B3 vende imóvel locado pelo Insper por R$ 170 milhões; veja o que muda para os cotistas
O FII anunciou nesta segunda-feira (9) que firmou um acordo para a venda total do edifício localizado na Rua Quatá, em São Paulo