Um ano de guerra: da resistência ucraniana às armas nucleares — como Putin vai sair dessa?
Quando invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, o presidente russo contava com uma rendição rápida de Kiev, mas não foi o que aconteceu e hoje ele se vê com a imagem arranhada dentro e fora de seu próprio país

“Porque se não for o amor, então será a bomba… A bomba, a bomba que vai nos unir” . O clássico “Ask”, da banda britânica The Smiths, está mais vivo do que nunca e deve tocar muito na playlist de Vladimir Putin. Na véspera de completar um ano, o conflito entre Ucrânia e Rússia coloca o mundo cara a cara com seu maior pesadelo: uma guerra nuclear.
"Sou forçado a anunciar hoje que a Rússia está suspendendo sua participação no Tratado de Redução de Armas Estratégicas" — foi assim que Putin sinalizou na terça-feira de Carnaval (21) que está disposto a tudo para vencer uma Ucrânia que, inesperadamente, vem resistindo ao domínio russo.
Essa, no entanto, não é a primeira vez que Putin coloca as armas nucleares sobre a mesa. Poucos dias depois de invadir a Ucrânia, o chefe do Kremlin alertava os países que interferissem nos planos da Rússia sofreriam consequências do "tipo que nunca viram".
O Ocidente ignorou o recado e muniu Kiev de armas, tanques e bilhões de dólares numa guerra indireta que colocou Putin em uma encruzilhada (geo)política — o homem mais poderoso da Rússia começou a ser questionado dentro e fora do país, inclusive pela aliada China.
Embora esteja tentando afastar a imagem de um líder desesperado pela vitória, Putin disse que não será ele a apertar o botão do fim do mundo.
"É claro que não faremos isso primeiro. Mas se os EUA realizarem testes, então nós o faremos. Ninguém deve ter ilusões perigosas de que a paridade estratégica global pode ser destruída", disse Putin na terça-feira (21) em discurso à nação.
Leia Também
- Leia também: Assim caminha a humanidade: para onde está indo o mundo um ano depois da invasão da Ucrânia pela Rússia
Evitando surpresas no aniversário da guerra
“Passando dias quentes de verão dentro de casa… Escrevendo versos assustadores”. Diferente do que cantou Morrissey e seus ex-companheiros de banda, não é verão na Ucrânia, mas é dentro de casa que a população vai passar os próximos dias.
No início do mês que marca um ano da guerra, o ministro da Defesa da Ucrânia afirmou que a Rússia está preparando uma nova ofensiva para o dia 24 de fevereiro. Segundo Oleksii Reznikov, Moscou reuniu milhares de soldados e sinalizou que pode “tentar alguma coisa” na data.
Por isso, a ordem de Kiev é clara: ninguém deve sair de casa até lá — não é um toque de recolher oficial, mas até as aulas presenciais foram transferidas para o mundo virtual para evitar que crianças e adolescentes circulem por cidades na mira de Moscou.
Os heróis da resistência
Em Ask, The Smiths também canta que “a timidez é legal e a timidez pode te impedir de fazer todas as coisas que você gostaria de fazer na vida” — não na Ucrânia. Os ucranianos não foram nada tímidos e resistiram.
Horas depois da invasão, em 24 de fevereiro de 2022, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lançava o que seria uma profecia: “Quando você atacar, verá nossos rostos. Não nossas costas”.
Não só Putin, mas muitos analistas esperavam que a resistência ucraniana desmoronasse em dias. Mas, por um ano, os militares ucranianos enfrentam uma força muito maior, revertendo os ganhos iniciais dos russos nas cidades de Kharkiv e Kherson, mantendo a linha na disputada região de Donbass, no leste do país.
No processo, os ucranianos infligiram perdas impressionantes ao exército russo e revelaram táticas antiquadas, liderança obsoleta e moral frágil de uma força que se mostrou mais impressionante em desfile do que no campo de batalha.
As unidades ucranianas se tornaram ágeis e adaptáveis, aproveitando a tecnologia de drones, comando descentralizado e planejamento operacional inteligente para explorar as fraquezas sistêmicas do inimigo. Poucos apostaram que, um ano após o início da guerra, a antiga força aérea ucraniana ainda estaria voando.
Mas até os heróis da resistência têm seu calcanhar de Aquiles: o déficit de munição.
Sabendo que não é fácil enfrentar o vasto reservatório russo de sistemas de artilharia e foguetes, um soldado ucraniano disse à CNN Internacional recentemente: “Precisamos de granadas, granadas e mais granadas”.
O próprio secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, admitiu na semana passada que o maior inimigo da Ucrânia agora é a logística da guerra. “Está claro que estamos em uma corrida logística”, afirmou ele na ocasião.
EUA e aliados europeus, entre eles a Alemanha, já se comprometeram a enviar mais equipamentos para a Ucrânia, mas seguem se recusando a fornecer qualquer coisa que permita à Kiev atingir o território russo — uma linha vermelha observada por Moscou.
- [TREINAMENTO GRATUITO] O Seu Dinheiro preparou 3 aulas exclusivas para ensinar tudo que você precisa saber para poder receber renda extra mensal com ações. Acesse aqui.
Putin e a espiral da guerra
“Então peça para mim, peça para mim, peça para mim” — o famoso refrão do The Smiths pode traduzir o maior desejo de Putin: que a Ucrânia peça para a ofensiva acabar e se renda de uma vez por todas.
Para isso, o líder russo já colocou até preço na sua bandeira branca: o reconhecimento por parte da Ucrânia da conquista de um quinto de seu território pelos russos.
Mas, por enquanto, essa é uma realidade ainda distante e o chefe do Kremlin sabe disso. Ao invadir o território ucraniano em 24 de fevereiro de 2022, Putin entrava em uma espiral da guerra que, mal sabia ele, estaria longe de acabar.
EUA, Europa e outros aliados no Ocidente se uniram para manter Kiev de pé — e armada — no front de batalha. O presidente russo se viu encurralado, com seus homens morrendo, cidades sendo retomadas e países amigos rangendo os dentes aos efeitos econômicos de uma guerra que parece não ter fim.
No auge do desespero, Putin determinou que seus cidadãos deveriam lutar na Ucrânia, um chamado que deu início a uma fuga em massa de homens e mulheres em idade de convocação.
Mas ele também resistiu. No discurso de terça-feira (21) à nação, Putin disse que a economia estava indo bem. A história não é bem essa, mas é fato que as previsões de uma queda de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) russo em 2022 não se confirmaram.
Em meio a recordes de baixa do rublo ante o dólar e de sucessivos aumentos da taxa de juros, Putin viu a economia do país encolher 2,1% em 2022 e, agora, o Banco Central da Rússia calcula uma contração menor, de 1,5%, para este ano.
Se confirmada a previsão do BC russo, o tombo será de 3,6% no biênio, um número relevante, porém pequeno se comparado a outros países fora do contexto de guerra — o Brasil, por exemplo, encolheu 6% entre 2015 e 2016.
Esse desempenho foi alcançado em meio a um tsunami de sanções do Ocidente, que incluíram as joias da coroa russa: o petróleo e o gás — até mesmo a Europa, super dependente da Rússia, começou um plano para buscar fontes alternativas de energia.
E, mais uma vez, o chefe do Kremlin deu seu jeito. Ele encontrou outros parceiros, entre eles, Índia e China, para continuar vendendo petróleo, gás e carvão e manter a máquina de financiamento de guerra funcionando.
Mas, se a economia não está sofrendo tanto quanto se imaginava, não se pode dizer o mesmo da imagem de Putin. A falta de uma vitória rápida, a incapacidade de tomar Kiev e as bem-sucedidas contraofensivas da Ucrânia, geraram raiva e descontentamento nos oponentes do presidente russo.
Só que criticar o Kremlin pode ser uma tarefa difícil na Rússia de Putin. Seu crítico mais veemente, o líder da oposição Alexey Navalny, foi envenenado e depois preso. Outro adversário político, Boris Nemtsov, foi baleado por pistoleiros que não revelaram quem os enviou. O escritor e político Vladimir Kara-Murza está na prisão depois de falar contra a invasão da Ucrânia.
Essas são algumas das várias vítimas do Kremlin que reforçam ainda mais o controle da liberdade de expressão após o lançamento do que a Rússia chama de “operação militar especial” e não de guerra.
*Com informações da CNN
A maioria das tarifas de Trump é ilegal, afirma Tribunal Federal dos EUA. O republicano vai ter que voltar atrás das sobretaxas?
Decisão do Tribunal de Apelações dos EUA aponta uso excessivo de poderes de emergência por Trump; entenda o que esperar dos próximos capítulos
Brasil tem muito o que ensinar aos EUA, diz The Economist; para revista, julgamento de Jair Bolsonaro é “lição de democracia”
Reportagem de capa da publicação britânica traça paralelo entre os dois países e elogia a postura da Suprema Corte brasileira — também diz que julgamento do ex-presidente será exemplo para o mundo
A aliança global dos bancos contra o aquecimento global subiu no telhado; o que isso significa?
Entidade enfrentou debandada de grandes instituições financeiras, principalmente dos Estados Unidos
US Open 2025: Depois de ‘virar a chave’ na estreia, Bia Haddad Maia enfrenta Viktorija Golubic hoje; veja horário e onde assistir
Bia Haddad Maia busca embalar no US Open depois de quebrar sequência de derrotas em sua estreia no Grand Slam
Oneflip: o método que ‘hipnotiza’ a inteligência artificial — e é quase impossível de defender ou rastrear
A boa notícia é que o método de invasão analisado exige conhecimento técnico avançado e algum nível de acesso ao sistema onde opera o modelo de inteligência artificial
Natal em risco? Depois de café, suco de laranja e manga, tarifaço dos EUA também pode atingir panetone
Quem aponta este problema iminente é a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados (Abimapi)
Filho do bilionário George Soros entra na mira de Trump e pode cair na lei antimáfia — e o motivo tem a ver com o Brasil
O presidente norte-americano ameaçou nesta quarta-feira (27) acusar Alex Soros na lei de organizações corruptas e influenciadas por extorsão
Taylor Swift, Travis Kelce e um anel de noivado avaliado em quase R$ 3 milhões
Anel de noivado de Taylor Swift, com diamante raro de 8 quilates, transforma a joia em peça única e repercute até no mercado financeiro
US Open 2025: após vitória em estreia João Fonseca enfrenta campeão olímpico nesta quarta (27); veja onde assistir
João Fonseca, invicto em estreias de Grand Slam, enfrenta Tomas Machac, campeão olímpico, na segunda rodada do US Open 2025, nesta quarta-feira (27)
Os EUA vão virar a Turquia? O cenário traçado por Paul Krugman, bancos e corretoras após crise no Fed
Depois que o republicano demitiu a diretora Lisa Cook e ela decidiu se defender na justiça, especialistas passaram a questionar a independência do BC norte-americano e tentar saber até onde o chefe da Casa Branca pode ir nessa história
O que está em jogo para Trump com a demissão de Lisa Cook, diretora do Fed?
As tentativas de interferência do republicano no banco central norte-americano adiciona pressão sobre a autarquia, que vem sendo cobrada pelo início da queda de juros nos EUA
Bia Haddad Maia enfrenta ‘carrasca’ em estreia no US Open; veja quanto ela vai faturar caso consiga a revanche e onde assistir
Brasileira Bia Haddad estreia no US Open 2025 em busca do maior prêmio da história do tênis; só por entrar na quadra ela vai receber US$ 110 mil
Quem é a mulher que quer desafiar a ordem de demissão de Trump
Apesar de Trump afirmar que a decisão tem efeito imediato, a diretora do Federal Reserve diz que não pretende sair do cargo
João Fonseca estreia hoje no US Open; veja quanto ele vai faturar se vencer o melhor tenista sérvio depois de Djokovic
Brasileiro João Fonseca estreia no US Open 2025 em busca do maior prêmio da história do tênis; só por entrar na quadra ele vai receber US$ 110 mil
Mísseis hipersônicos: Como os EUA ficaram para trás no mais novo estágio da corrida armamentista com China e Rússia
A guerra entre Ucrânia e Rússia revela contrastes geopolíticos, com destaque para o uso de mísseis hipersônicos no conflito
Lançamento da Starship está previsto para este domingo (24); entenda por que este teste da SpaceX é tão decisivo e saiba como assistir
Após falhas explosivas, o colossal foguete de Elon Musk decola neste domingo em uma missão crucial para os planos do empresário de chegar à Lua e a Marte
Quem é Lisa Cook, a diretora do Fed acusada de fraude pelo governo Trump
Confirmada pelo Senado em 2023 para um mandato que se estende até 2038, Cook se juntou ao banco central em 2022 vinda de uma carreira como pesquisadora acadêmica
Mais um marco na carreira: Roger Federer é o mais novo bilionário do pedaço — e foi graças a um tênis
Mesmo tendo se aposentado em 2022, o tenista continua faturando alto com os negócios fora da quadra
US Open 2025: onde assistir aos jogos de Bia Haddad Maia e João Fonseca na busca pelo título inédito
O US Open 2025 terá a maior premiação da história de uma competição de tênis
R$ 50 bilhões a mais na conta em poucas horas e sem fazer nada: Elon Musk dá a receita
Os mais ricos do mundo ficaram ainda mais ricos nesta sexta-feira após o discurso de Jerome Powell, do Fed; veja quanto eles ganharam