Putin encurralado: as opções que restam ao líder russo após a inesperada perda de terreno na guerra na Ucrânia
Após o retrocesso no conflito, o chefe do Kremlin tem tentado usar a exportação de gás como arma para pressionar a Europa a suspender sanções — mas a estratégia, até agora, não funcionou
Quando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou em fevereiro a invasão em grande escala da Ucrânia, o objetivo do Kremlin era que a chamada operação militar especial fosse finalizada em poucos dias, com o povo ucraniano saudando as tropas russas como libertadoras, e que o governo de Kiev entrasse em colapso como um castelo de cartas.
Não foi o que aconteceu. Quase sete meses depois, o exército russo vem perdendo terreno. Mais do que isso: a imagem construída cuidadosamente por Putin nos últimos 20 anos de líder e estrategista político capaz de conduzir a Rússia aos dias de glória começa a desmoronar.
A Rússia sofreu reveses significativos no início da guerra, a exemplo de quando perdeu o Moskva, o carro-chefe da frota russa no Mar Negro, ou quando foi forçada a se retirar das áreas ao redor de Kiev, a capital ucraniana.
Mas foi nos últimos dias que uma contraofensiva ucraniana no leste do país expôs as inadequações do plano mestre de Moscou e forçou as tropas russas a recuar.
Especialistas dizem que o colapso russo na região de Kharkiv, na Ucrânia, é o maior desafio da carreira de Putin, e que o chefe do Kremlin está ficando sem opções.
Putin: um tiro pela culatra
Na segunda-feira (12), o Kremlin informou que Putin estava ciente da situação na linha de frente e insistiu que a Rússia alcançaria todos os objetivos de sua operação militar especial — como Moscou se refere à guerra na Ucrânia — para assumir o controle de toda Luhansk e regiões de Donetsk, no leste do país.
Leia Também
Mas essa operação será muito mais difícil pelas vitórias da Ucrânia na vizinha Kharkiv. E os contratempos provocaram críticas e acusações entre influentes militares russos e da mídia estatal russa. Excepcionalmente, até o próprio Putin foi criticado.
Publicamente, porém, o presidente da Rússia não tem intenção de acabar como perdedor. Ontem, seu porta-voz Dmitry Peskov disse a jornalistas: "A operação militar especial [da Rússia] continua e continuará até que todas as tarefas inicialmente estabelecidas sejam cumpridas".
Só que o tiro de Putin saiu pela culatra. Em vez de destruir a Ucrânia, o presidente russo uniu o país. Além de as forças ucranianas estarem mostrando uma resiliência impressionante — apesar das baixas substanciais — uma pesquisa recente mostrou que 91% dos ucranianos aprovam o presidente Volodymyr Zelensky e outros 98% expressaram confiança na vitória.
Putin conta as baixas
Putin conseguiu manter o apoio russo para sua operação militar especial reprimindo brutalmente a dissidência e escondendo seu custo real.
Cálculos da CIA, o serviço secreto dos EUA, indicam que as baixas russas foram estimadas em 15 mil soldados mortos e 45 mil feridos. Analistas independentes projetam que a Rússia perdeu mais de 5.400 veículos militares, incluindo mais de 1.000 tanques, juntamente com 52 aeronaves e 11 navios.
Segundo especialistas, essas perdas maciças de tropas e equipamentos serão difíceis de substituir — ainda mais porque Putin se recusa a arriscar uma mobilização total da sociedade russa que poderia minar o apoio ao seu governo.
- Leia também: Vladimir Putin e os corações partidos: Torre Eiffel ficará no escuro para economizar energia
Putin cede em outras áreas
Putin esperava colocar a Ucrânia e seus aliados ocidentais de joelhos travando uma guerra econômica, mas até agora suas maquinações foram frustradas.
Em 22 de julho, sob pressão da Turquia e de outros países cujo apoio ele busca, Putin concordou em relaxar o bloqueio ao Mar Negro e permitir embarques de grãos ucranianos sob os auspícios das Nações Unidas.
O Ministério da Infraestrutura da Ucrânia informa que até agora 86 navios partiram dos portos ucranianos transportando 2 milhões de toneladas de produtos agrícolas para 19 países.
Essas remessas estão prejudicando as tentativas de Putin de armar a escassez de alimentos, relaxando as pressões inflacionárias e permitindo que a Ucrânia gere receita extremamente necessária.
A queda de braço do gás
Putin tem tentado usar a ameaça de cortes de energia russos para persuadir a Europa a parar de apoiar a Ucrânia.
Para isso, a Rússia fechou o gasoduto Nord Stream 1 para a Europa até que as sanções ocidentais fossem levantadas. Mas os europeus não dão sinais de que vão ceder. Em vez disso, eles aceleraram os esforços para acabar com a dependência da energia russa.
As instalações europeias de armazenamento de gás já estão quase 80% preenchidas, bem antes do prazo de novembro, e a União Europeia está aumentando as importações de gás natural liquefeito, adiando os planos de fechar usinas nucleares e reduzindo o uso de energia.
As sanções ocidentais não levaram a uma implosão econômica na Rússia ou forçaram Putin a interromper a invasão, mas estão cobrando um preço que só aumentará.
De acordo com a Bloomberg, um documento interno do governo russo alerta para uma “recessão muito mais longa e profunda” do que as autoridades admitem em “seus pronunciamentos públicos otimistas”, com a economia não retornando ao seu nível pré-guerra até “o final da década ou mais tarde”.
*Com informações do Washington Post, da CNN e da Euronews
Uma guerra em larga escala vem aí? Irã ameaça retaliar Israel após assassinato de líder do Hamas em Teerã; petróleo dispara
Ataque atribuído a Israel eleva temores de que a situação saia de controle no Oriente Médio; EUA negam envolvimento em morte de líder do Hamas
Governo Lula cobra transparência nas eleições da Venezuela e passa o ônus da prova para Maduro
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Nicolás Maduro teria vencido as eleições da Venezuela; governos e entidades multilaterais cobram transparência na apuração dos votos
Ibovespa repercute Orçamento congelado, privatização da Sabesp e pane em sistemas da Microsoft
Governo anuncia congelamento de R$ 15 milhões no Orçamento de 2024 em tentativa de cumprir meta fiscal
O “quarteto mortal”: os países que vão tirar o sono dos EUA e da Europa e podem levar a uma nova guerra global
Especialistas destacam o poder econômico do Ocidente, mas reconhecem que a missão de conter o avanço do grupo de quatro países não é fácil
Fed anima e Ibovespa emplaca melhor sequência desde 2018 — mas vale a pena pagar para ver de novo?
Desaceleração da inflação nos EUA e sinalização de Powell levam investidores a projetarem corte de juros em setembro — e isso pode ajudar o Ibovespa
Uma gafe daquelas: Biden troca nomes, chama o presidente da Ucrânia de Putin e complica ainda mais as chances de reeleição
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e desde então os dois países se enfrentam em uma guerra que não dá sinais de trégua
A Ucrânia vai finalmente entrar para a Otan? O que esperar da cúpula que pode virar o pesadelo da Rússia
Os líderes dos 32 países-membros da Otan se reúnem a partir de terça-feira (9) em Washington para uma cúpula e a adesão da Ucrânia à aliança volta a bater na porta de Moscou
Depois de 5 altas seguidas, Ibovespa tenta igualar a melhor sequência do ano até agora, mas não terá vida fácil
Ata da última reunião do Copom tende a dar o tom dos negócios no Ibovespa hoje, mas perda de fôlego da inteligência artificial lá fora pode pesar
União Europeia dobra a aposta e impõe sanções contra o gás da Rússia em meio a guerra com Ucrânia
Mais 116 pessoas e organizações passam a sofrer sanções, o que significa que ficam impedidas de ter acesso a bens que tenham em países europeus
Poucos amigos, mas perigosos: o saldo da visita de Putin à Coreia do Norte que deixou o mundo em alerta
Isolados por severas sanções internacionais, Moscou e Pyongyang juntam forças para continuarem de pé; entenda toda essa história
Putin não aguenta mais? Rússia diz qual é o preço para acabar com a guerra na Ucrânia — e Ocidente manda a própria fatura
Pelo menos 90 países e organizações se reuniram na Suíça — sem a participação de Moscou — para tentar encontrar o caminho para a paz
Acabou para o dólar? FMI confirma perda gradual e constante da dominância da verdinha — e moedas que ganharam espaço surpreenderam
Ainda que as incertezas econômicas contribuem para a valorização do dólar, alguns países começaram a incluir outras moedas nas reservas cambiais
Putin trocou o dólar pelo real? Rússia dá as costas para “moedas tóxicas” e abre espaço para o Brasil
Segundo o presidente russo, quase 40% do volume de negócios do país é agora em rublos, uma vez que a parcela realizada em dólares, euros e outras moedas ocidentais “não amigáveis” diminuiu
Xi Jinping na Rússia: o presidente da China está disposto a pagar o preço pela lealdade de Putin?
O líder chinês iniciou nesta quinta-feira (16) uma visita de Estado de dois dias à Rússia e muito mais do que uma parceria comercial está em jogo, mas o momento para Pequim é delicado
O recado da China à Europa: o que o presidente Xi Jinping foi fazer na França após cinco anos — e não é só comércio
Ainda esta semana, o presidente chinês fará escalas na Sérvia e na Hungria, aliados da Rússia que cortejaram o investimento chinês
Paciência no limite? Biden solta o verbo e não perdoa nem mesmo um grande aliado dos EUA
O presidente norte-americano comparou o aliado à China e à Rússia; saiba o que ele disse e a razão para isso
Exército russo tem avanço diário sobre Ucrânia, que enfrenta soldados exaustos após mais de dois anos de guerra
Na semana passada, os Estados Unidos aprovaram um novo pacote bilionário para ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan
Deputados dos Estados Unidos aprovam novo pacote bilionário de apoio à Ucrânia — e Putin não deve deixar ‘barato’
O novo pacote também prevê ajuda a Israel e Taiwan; Rússia fala em ‘guerra híbrida’ e humilhação dos Estados Unidos em breve
Por essa nem Putin esperava: a previsão que coloca a Rússia à frente da maior economia do mundo
O Fundo Monetário Internacional (FMI) atualizou as projeções para a economia russa e os números revelam o segredo de Putin para manter o país em expansão
“A Ucrânia vai perder a guerra” — o alerta mais severo que o Zelensky já fez desde o início do conflito com a Rússia
Entenda o que mudou para que o presidente ucraniano emitisse um aviso sério sobre o desfecho da guerra contra os russos agora