Hapvida (HAPV3) apresenta balanço anêmico e ações despencam mais de 30%; confira as razões para a queda
O caminho parece complicado no curto e médio prazo na maior operadora de saúde verticalizada do país, e a Hapvida apanha na bolsa
Boa parte do mercado financeiro já tinha expectativas baixas para os números do quarto trimestre da Hapvida (HAPV3), diante das dificuldades macroeconômicas recentes e o processo ainda em andamento da consolidação da aquisição de diversas operadoras de saúde dos últimos anos. Ainda assim, o balanço divulgado na noite de ontem (28) conseguiu frustrar até os mais conservadores.
Apesar da adição significativa de vidas ao portfólio, a empresa segue tendo dificuldades em normalizar o seu nível de sinistralidade e despesas administrativas, o que pressiona as margens e coloca em risco as projeções de crescimento para o ano.
A reação das ações nesta manhã (01) refletem exatamente o tamanho da decepção — por volta das 11h40, os papéis de HAPV3 recuavam cerca de 35,39%, a R$ 3,88, puxando a queda do Ibovespa e entrando em leilão por oscilação máxima permitida diversas vezes ao longo do dia. Nos últimos 12 meses, o papel recua mais de 70%.
No início da manhã, um leilão chegou a movimentar um bloco de mais de 1 milhão de ações, a um preço de R$ 4,10. No fluxo do dia, o banco americano Goldman Sachs aparece liderando as operações de venda.
Os corredores mostram uma plateia desencantada, e o diagnóstico é unânime — o caminho parece complicado no curto e médio prazo na maior operadora de saúde verticalizada do país.
Por isso, os números fizeram com que diversas casas de análise colocassem a tese sob revisão. O Credit Suisse e a Genial Investimentos, no entanto, já foram rápidos. Enquanto o banco suíço rebaixou os papéis para o patamar neutro e cortou o preço-alvo de R$ 6,50 para R$ 4,40, a Genial manteve sua recomendação neutra, mas também cortou sua expectativa para os papéis — de R$ 8,50 para R$ 5,00.
Leia Também
Os números da Hapvida (HAPV3)
No quarto trimestre de 2022, a Hapvida registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 316,7 milhões. Um ano antes, quando a companhia ainda não havia consolidado os resultados com a NotreDame Intermédica, o lucro havia sido de R$ 200,2 milhões.
O lucro líquido ajustado no último trimestre de 2022 foi de R$ 161,14 milhões. Já o Ebitda consolidado foi de R$ 528,9 milhões. A receita líquida atingiu a casa de R$ 6,502 bilhões entre outubro e dezembro de 2022, 150,2% acima do quarto trimestre de 2021.
O avanço do tíquete médio foi visto como um dos poucos pontos positivos pelos investidores. Os preços tiveram alta de 3,8% no segmento de saúde, mas recuaram 5,3% nos planos odontológicos. A base de beneficiários também subiu — 0,6% na Hapvida e 1,8% na NDI. No consolidado, o crescimento anual foi de 113,6% no segmento saúde e 112,9% no odonto.
Outro ponto positivo e que agradou os analistas no meio dos resultados insatisfatórios foi o crescimento orgânico da base de clientes. Nos últimos três meses, foram adicionadas 503 mil vidas. Os cancelamentos totalizaram 403 mil pessoas — com um saldo de 103 mil vidas.
O que o mercado não gostou
Os números que agradaram o mercado — como o aumento na base de beneficiários e o crescimento do tíquete médio — foram insuficientes para blindar as ações do tombo. Isso porque na ponta contrária, houve uma piora no índice de sinistralidade e um continuado aumento das despesas administrativas, que custam a baixar em meio ao processo de consolidação de diversas aquisições feitas nos últimos anos, incluindo a da Intermédica.
Um dos índices que mais preocupam os investidores no momento é o de sinistralidade — o percentual de uso dos serviços prestados pela operadora de saúde versus a receita total recebida. Nos últimos trimestres, a Hapvida tem mostrado dificuldade em retornar aos patamares históricos.
Com a Copa do Mundo no quarto trimestre, a expectativa era de que a empresa apresentasse a mesma tendência que outras operadoras no período — uma queda na utilização —, mas não foi isso que aconteceu. Muito pelo contrário. No período, a média per capita de utilização passou da casa dos R$ 170.
Para analistas do Credit Suisse, essa tendência, com a sinistralidade de caixa alta, traz ainda mais incertezas sobre o futuro, o que tende a pressionar ainda mais os números, e não deve mudar já nos próximos trimestres.
A Genial Investimentos aponta que o cenário preocupa por indicar uma possível mudança de hábitos dos brasileiros com a saúde, "o que pode significar um patamar de sinistralidade em equilíbrio mais alto que o anteriormente observado”.
Apesar do crescimento do ticket médio do período, nem todo mundo está convencido. O Credit Suisse aponta que o ritmo atual ainda é insuficiente para compensar a pausa de dois anos no reajuste dos planos e a inflação do período — e não há uma previsão positiva para que isso mude ainda em 2023, o que também pesa sobre o nível da sinistralidade.
Para o Itaú BBA, a empresa precisa demonstrar um pulso mais firme no ajuste de preços e na estabilização dos custos por vida para que o banco de investimentos volte a ganhar confiança no horizonte de curto e médio prazo.
A pressão dos custos no lucro líquido da empresa é outra grande preocupação. O índice de despesas administrativas foi de 8,3% no 4T22, mas excluindo o efeito de ajuste de sinergias com a Promed, o índice seria de 9,6%.
A expectativa do mercado é que, conforme as sinergias com a NotreDame Intermédica e outras operadoras menores sigam ocorrendo, a diluição dos custos e despesas administrativas aumente. A gestão da empresa apontou que fez avanços no primeiro trimestre de 2023, eliminando duplicidades e revisando a estrutura corporativa para eliminar custos que podem chegar a R$ 6 milhões por mês.
Atualmente, o endividamento da Hapvida segue crescendo, tendo alcançado a casa de 2,45x Dívida Líquida/EBITDA Ajustado no 4T22, com a dívida líquida indo a R$ 7 bilhões.
"Como a opção mais acessível, a Hapvida tem bons pontos como escala, alcance, liderança de mercado e um modelo verticalmente integrado. Mas os investidores não fecharão os olhos para recentes resultados decepcionantes. A falta de confiança na tese de investimento provavelmente persistirá nos próximos meses", aponta o BTG Pactual.
AUAU3: planos da Petz (PETZ3) para depois da fusão com a Cobasi incluem novo ticker; confira os detalhes
Operação será concluída em janeiro, com Paulo Nassar no comando e Sergio Zimerman na presidência do conselho
IPO no horizonte: Aegea protocola pedido para alterar registro na CVM; entenda a mudança
A gigante do saneamento solicitou a migração para a categoria A da CVM, passo que abre caminho para uma possível oferta pública inicial
Nelson Tanure cogita vender participação na Alliança (ALLR3) em meio a processo sancionador da CVM; ações disparam na B3
Empresa de saúde contratou assessor financeiro para estudar reorganização e possíveis mudanças no controle; o que está em discussão?
Pílula emagrecedora vem aí? Investidores esperam que sim e promovem milagre natalino em ações de farmacêutica
Papéis dispararam 9% em Nova York após agência reguladora aprovar a primeira pílula de GLP-1 da Novo Nordisk
AZUL4 dá adeus ao pregão da B3 e aérea passa ter novo ticker a partir de hoje; Azul lança oferta bilionária que troca dívidas por ações
Aérea pede registro de oferta que transforma dívida em capital e altera a negociação dos papéis na bolsa; veja o que muda
Hapvida (HAPV3) prepara ‘dança das cadeiras’ com saída de CEO após 24 anos para tentar reverter tombo de 56% nas ações em 2025
Mudanças estratégicas e plano de sucessão gerencial será implementado ao longo de 2026; veja quem assume o cargo de CEO
Magazine Luiza (MGLU3) vai dar ações de graça? Como ter direito ao “presente de Natal” da varejista
Acionistas com posição até 29 de dezembro terão direito a novas ações da varejista. Entenda como funciona a operação
Tupy (TUPY3) azeda na bolsa após indicação de ministro de Lula gerar ira de conselheiro. Será mais um ano para esquecer?
A indicação do ministro da Defesa para o conselho do grupo não foi bem recebida por membros do colegiado; entenda
Santander (SANB11), Raia Drogasil (RADL3), Iguatemi (IGTI11) e outras gigantes distribuem mais de R$ 2,3 bilhões em JCP e dividendos
Santander, Raia Drogasil, JHSF, JSL, Iguatemi e Multiplan somam cerca de R$ 2,3 bilhões em proventos, com pagamentos previstos para 2025 e 2026
Eztec (EZTC3) renova gestão e anuncia projeto milionário em São Paulo
Silvio Ernesto Zarzur assume nova função na diretoria enquanto a companhia lança projeto de R$ 102 milhões no bairro da Mooca
Dois bancos para lucrar em 2026: BTG Pactual revela dupla de ações que pode saltar 30% nos próximos meses
Para os analistas, o segmento de pequenos e médios bancos concentra oportunidades interessantes, mas também armadilhas de valor; veja as recomendações
Quase 170% em 2025: Ação de banco “fora do radar” quase triplica na bolsa e BTG vê espaço para mais
Alta das ações em 2025 não encerrou a tese: analistas revelam por que ainda vale a pena comprar PINE4 na bolsa
Tchau, B3! Neogrid (NGRD3) pode sair da bolsa com OPA do Grupo Hindiana
Holding protocolou oferta pública de aquisição na CVM para assumir controle da Neogrid e cancelar seu registro de companhia aberta
A reorganização societária da Suzano (SUZB3) que vai redesenhar o capital e estabelecer novas regras de governança
Companhia aposta em alinhamento de grupos familiares e voto em bloco para consolidar estratégia de longo prazo
Gafisa, Banco Master e mais: entenda a denúncia que levou Nelson Tanure à mira dos reguladores
Uma sequência de investigações e denúncias colocou o empresário sob escrutínio da Justiça. Entenda o que está em jogo
Bilionária brasileira que fez fortuna sem ser herdeira quer trazer empresa polêmica para o Brasil
Semanas após levantar US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos, a fundadora da Kalshi revelou planos para desembarcar no Brasil
Raízen (RAIZ4) precisa de quase uma “Cosan” para voltar a um nível de endividamento “aceitável”, dizem analistas
JP Morgan rebaixou a recomendação das ações de Raízen e manteve a Cosan em Neutra, enquanto aguarda próximos passos das empresas
Direito ao voto: Copel (CPLE3) migra para Novo Mercado da B3 e passa a ter apenas ações ordinárias
De acordo com a companhia, a reestruturação resulta em uma base societária mais simples, transparente e alinhada às melhores práticas do mercado
Então é Natal? Reveja comerciais natalinos que marcaram época na televisão brasileira
Publicidades natalinas se tornaram quase obrigatórias na cultura televisiva brasileira durante décadas, e permanecem na memória de muitos; relembre (ou conheça) algumas das mais marcantes
Com duas renúncias e pressão do BNDESPar, Tupy (TUPY3) pode eleger um novo conselho do zero; entenda
A saída de integrantes de conselhos da Tupy levou o BNDESPar a pedir a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária para indicar novos nomes. Como o atual conselho foi eleito por voto múltiplo, a eventual AGE pode resultar na eleição de todo o colegiado
