🔴 [NO AR] TOUROS E URSOS: COMO FLÁVIO BOLSONARO MEXE COM A BOLSA E AS ELEIÇÕES – ASSISTA AGORA

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

Virou pesadelo

Embrião do ‘sonho grande’ de Jorge Paulo Lemann, Americanas (AMER3) agora ameaça o homem mais rico do país

Escândalo na companhia já reduziu patrimônio do bilionário e seus sócios em mais de US$ 1 bi, os obrigará a abrir a carteira e ainda arranhou sua reputação ao evidenciar a recorrência de más práticas contábeis nos seus negócios

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
19 de janeiro de 2023
19:00 - atualizado às 11:21
Montagem com Jorge Paulo Lemann e o logo da Americanas (AMER3)
Jorge Paulo Lemann caiu no ranking de bilionários da Forbes devido ao rombo nas Americanas, mais ainda é o homem mais rico do Brasil. - Imagem: Montagem Seu Dinheiro

“Sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno”, diz a famosa frase do bilionário Jorge Paulo Lemann, homem mais rico do Brasil. Mas o rombo descoberto nos balanços das Americanas (AMER3), que resultou no seu pedido de recuperação judicial, está aí para provar que, em alguns casos, sonhar grande pode dar muito mais trabalho sim.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Admirado por financistas e empresários, Lemann, ao lado de seus sócios Marcel Telles e Beto Sicupira, agora se vê em uma berlinda: para além do impacto bilionário no bolso - o que, no entanto, ainda não será o suficiente para retirar os três da lista dos mais ricos - o escândalo contábil descoberto na varejista também pesa sobre a reputação dos empresários.

A Americanas foi a primeira joia da coroa forjada pelo trio desde os anos 1980, o início do “sonho grande” de Lemann de transformar empresas brasileiras em colossos de sucesso muitas vezes global.

Hoje, a superendividada varejista demanda um aporte bilionário de seus “sócios de referência”, que já perderam mais de US$ 1 bilhão em patrimônio desde a divulgação das inconsistências contábeis, que derrubou os papéis da empresa em mais de 90%.

Além disso, trata-se do terceiro caso de inconsistências ou erros contábeis em balanços de uma empresa da qual Lemann, Telles e Sicupira são sócios, reforçando as suspeitas de fraude institucionalizada nesses negócios, onde a “contabilidade criativa” apareceria como um modus operandi próprio do modelo de negócios.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

VEJA TAMBÉM - Americanas não foi o primeiro fracasso se Lemann e sócios: veja os outros 3 problemas contábeis que marcaram a história do trio

O início de um sonho grande…

Fundada em 1929 por um grupo estrangeiro como varejista voltada para o segmento de baixa renda, a então Lojas Americanas foi uma das primeiras empresas a abrir capital na bolsa de valores de São Paulo, ainda em 1940.

Leia Também

Em apuros financeiros no início dos anos 1980, a companhia começou a ter suas ações adquiridas pelo Garantia, banco de investimentos fundado por Lemann e que então já contava com Telles e Sicupira como sócios.

Em 1982, o trio conseguiu assumir o controle da empresa após pagar cerca de US$ 24 milhões por uma fatia de 70%. Era a primeira incursão do grupo financeiro na chamada “economia real”, a fim de levar a cabo a ideia de assumir diretamente a gestão da empresa para atingir os resultados desejados e recuperar o negócio.

Na visão de Lemann, ainda que tudo desse errado ao apostar na Americanas, seria possível embolsar algum dinheiro com a investida.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Beto Sicupira foi o escolhido para representar o Garantia nas Americanas. Inspirado na filosofia de controle agressivo de custos da rede americana Walmart, o empresário realizou uma série de cortes de gastos e pessoal, o que turbinou o valor de mercado da companhia em apenas seis meses.

Com a venda do Garantia para o Credit Suisse em 1998, Lemann, Telles e Sicupira mantiveram a sua participação em Americanas por meio do 3G Capital, seu veículo de investimentos, que também tem no portfólio as outras empreitadas do trio, como a Ambev, a Kraft Heinz e o Burger King.

Embora o 3G tenha deixado o controle da Americanas em meados de 2021, quando a companhia passou por uma reestruturação, os três ainda se mantêm como “acionistas de referência” e próximos do dia a dia do negócio.

…deu tudo errado?

Mesmo antes do fatídico fato relevante de 11 de janeiro, identificando o rombo estimado em R$ 20 bilhões no balanço da companhia, a Americanas já não estava mais no seu melhor momento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Embora tenha sido pioneira nas vendas pela internet, com investimentos vultosos no e-commerce, a varejista foi ficando para trás frente a uma forte concorrência, crescente nos últimos anos, que conta com nomes como Magazine Luiza, Via, Mercado Livre e, mais recentemente, asiáticas como AliExpress, Shein e Shopee.

A ida de Sergio Rial para a presidência executiva da varejista, cuja contratação foi anunciada ainda em agosto do ano passado, foi um sopro de ar fresco nos negócios. Bem-visto pelo mercado, Rial era a aposta da companhia para voltar aos trilhos, mas em vez disso coube a ele a tarefa de ser o portador das más notícias.

Na quarta-feira da semana passada, o executivo deixou o comando da companhia após apenas 11 dias, depois de identificar inconsistências contábeis bilionárias nas demonstrações financeiras. Basicamente, a varejista estava lançando de maneira incorreta no balanço operações de financiamento feitas para pagar fornecedores.

Tal rombo evidenciou que o endividamento da companhia era muito maior do que se supunha, o que permitiu aos bancos anteciparem o vencimento de várias dívidas e até mesmo utilizarem recursos que a empresa mantinha depositados junto a eles para quitá-las.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na última sexta-feira (13), a Americanas obteve na Justiça o direito de ter as cobranças de dívidas e penhora de bens suspensas por 30 dias, já em preparação para um pedido de recuperação judicial.

Isso fez com que os bancos, a começar pelo BTG Pactual, entrassem com recursos contra tal proteção em relação a dívidas que venceram e foram cobertas automaticamente logo que a inconsistência contábil foi divulgada.

O BTG obteve vitória nesse sentido e conseguiu bloquear uma parte do caixa da Americanas, que ficou estrangulado, obrigando a companhia a entrar com pedido de recuperação judicial já nesta quinta-feira (19).

A conta para Lemann, Telles e Sicupira

A derrocada das ações AMER3 na bolsa ainda não foi suficiente para tirar de Jorge Paulo Lemann o título de homem mais rico do Brasil, mas já o levou a cair no ranking dos bilionários da Forbes. Hoje, sua fortuna ainda é avaliada em US$ 15,8 bilhões. Marcel Telles e Beto Sicupira também perderam algumas posições.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E eles certamente também terão que abrir a carteira. No dia seguinte à divulgação do rombo bilionário, Sergio Rial, então já ex-CEO da companhia, fez uma teleconferência com investidores em que assegurou que Lemann, Telles e Sicupira fariam uma injeção de recursos na varejista, demonstrando que ainda acreditam no negócio e desejam recuperá-lo.

Em seguida, o trio propôs uma capitalização de R$ 6 bilhões, mas credores e analistas acreditam que menos de R$ 10 bilhões não é suficiente.

Foi fraude?

Dada a relativamente pequena participação das Americanas no patrimônio dos empresários, o maior risco para eles agora, no entanto, é o reputacional. Antes do caso da varejista, inconsistências e erros contábeis já haviam sido encontrados em duas outras empresas do portfólio do 3G.

Primeiro foi a empresa de logística ALL, que deu origem à Rumo (RAIL3), que precisou republicar seus balanços de 2013 e 2014 após ser adquirida pela Cosan (CSAN3) em 2015.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mais recentemente, o escândalo foi internacional: a Securities and Exchange Commission (SEC), comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, multou a Kraft Heinz em US$ 62 milhões por erros contábeis.

Em ambos os casos, os lançamentos errôneos nos balanços inflaram o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das empresas.

Agora, o “strike três” das Americanas deve resultar na quarta maior recuperação judicial da história do país e levanta a suspeita no mercado de que as inconsistências sejam, na verdade, frutos de uma prática intencional e recorrente nas empresas do 3G.

Credores da varejista a acusam de fraude. Em seus recursos à Justiça, o BTG Pactual usou palavras duras, dizendo que a crise pela qual passa a companhia foi causada por uma fraude confessada pelo seu antigo CEO (Rial) e que “numa crise de insolvência de uma empresa que tem na fraude contábil o seu modelo de negócio, não há função social subjacente que se possa preservar.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os advogados do BTG afirmaram ainda que, se não conseguissem garantir o pagamento devido pelas Americanas no valor de R$ 1,2 bilhão, o valor seria “evaporado por meio da gestão fraudulenta” da varejista ou, na melhor das hipóteses, incorporado a um longo processo de recuperação judicial.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
AQUISIÇÃO

Orizon (ORVR3) compra Vital e cria negócio de R$ 3 bilhões em receita: o que está por trás da operação e como fica o acionista

17 de dezembro de 2025 - 16:30

Negócio amplia a escala da companhia, muda a composição acionária e não garante direito de recesso a acionistas dissidentes

Conteúdo Empiricus

Maior rede de hospitais privados pagará R$ 8,12 bilhões em proventos; hora de investir na Rede D’Or (RDOR3)?

17 de dezembro de 2025 - 16:00

Para analista, a Rede D’Or é um dos grandes destaques da “mini temporada de dividendos extraordinários”

DO BOATO AO FATO

Fim da especulação: Brava Energia (BRAV3) e Eneva (ENEV3) negam rumores sobre negociação de ativos

17 de dezembro de 2025 - 14:00

Após rumores de venda de ativos de E&P avaliados em US$ 450 milhões, companhias desmentem qualquer transação em curso

NA BERLINDA?

Virada à vista na Oncoclínicas (ONCO3): acionistas querem mudanças no conselho em meio à crise

17 de dezembro de 2025 - 11:29

Após pedido da Latache, Oncoclínicas convoca assembleia que pode destituir todo o conselho. Veja a proposta dos acionistas

DE ONDE VEM O ALÍVIO?

Bancos pagam 45% de imposto no Brasil? Não exatamente. Por que os gigantes do setor gastam menos com tributos na prática

17 de dezembro de 2025 - 6:17

Apesar da carga nominal elevada, as instituições financeiras conseguem reduzir o imposto pago; conheça os mecanismos por trás da alíquota efetiva menor

BOLSO CHEIO

Mais de R$ 4 bilhões em dividendos e JCP: Tim (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Allos (ALOS3) anunciam proventos; veja quem mais paga

16 de dezembro de 2025 - 20:17

Desse total, a Tim é a que fica com a maior parte da distribuição aos acionistas: R$ 2,2 bilhões; confira cronogramas e datas de corte

SIMPLES E BARATA

Vale (VALE3) mais: Morgan Stanley melhora recomendação das ações de olho nos dividendos

16 de dezembro de 2025 - 19:55

O banco norte-americano elevou a recomendação da mineradora para compra, fixou preço-alvo em US$ 15 para os ADRs e aposta em expansão do cobre e fluxo de caixa robusto

AÇÕES DO VAREJO PARA 2026

Não é por falta de vontade: por que os gringos não colocam a mão no fogo pelo varejo brasileiro — e por quais ações isso vale a pena?

16 de dezembro de 2025 - 18:45

Segundo um relatório do BTG Pactual, os investidores europeus estão de olho nas ações do varejo brasileiro, mas ainda não estão confiantes. Meli, Lojas Renner e outras se destacam positivamente

INVESTIMENTO SUSTENTÁVEL

Pequenos negócios têm acesso a crédito verde com juros reduzidos; entenda como funciona 

16 de dezembro de 2025 - 18:30

A plataforma Empreender Clima, lançada pelo Governo Federal durante a COP30, oferece acesso a financiamentos com juros que variam de 4,4% a 10,4% ao ano

CONEXÃO COM O CLIENTE

Antes ‘dadas como mortas’, lojas físicas voltam a ser trunfo valioso no varejo — e não é só o Magazine Luiza (MGLU3) que aposta nisso

16 de dezembro de 2025 - 17:59

Com foco em experiência, integração com o digital e retorno sobre capital, o Magalu e outras varejistas vêm evoluindo o conceito e papel das lojas físicas para aumentar produtividade, fidelização e eficiência

MAIS DINHEIRO NO BOLSO NO FUTURO?

Petrobras (PETR4): com novo ciclo de investimentos, dividendos devem viver montanha-russa, segundo Itaú BBA e XP

16 de dezembro de 2025 - 17:31

O novo ciclo de investimentos da Petrobras (PETR4) tende a reduzir a distribuição de proventos no curto prazo, mas cria as bases para dividendos mais robustos no médio prazo, disseram analistas. A principal variável de risco segue sendo o preço do petróleo, além de eventuais pressões de custos e riscos operacionais. Na visão do Itaú […]

VOO TURBULENTO

Depois de despencarem quase 12% nesta terça, ações da Azul (AZUL4) buscam recuperação com otimismo do CEO

16 de dezembro de 2025 - 17:29

John Rodgerson garante fluxo de caixa positivo em 2026 e 2027, enquanto reestruturação reduz dívidas em US$ 2,6 bilhões

CANETAS EMAGRECEDORAS

Ozempic genérico vem aí? STJ veta prorrogação de patente e caneta emagrecedora mais em conta deve chegar às farmácias em 2026

16 de dezembro de 2025 - 17:17

Decisão do STJ mantém vencimento da patente da semaglutida em março de 2026 e abre espaço para a chegada de versões genéricas mais baratas do Ozempic no Brasil

É PARA COMEMORAR?

Por que tantas empresas estão pagando dividendos agora — e por que isso pode gerar uma conta alta para o investidor no futuro 

16 de dezembro de 2025 - 16:21

A antecipação de dividendos tomou a B3 após o avanço da tributação a partir de 2026, mas essa festa de proventos pode esconder riscos para o investidor

FÔLEGO EXTRA

Cosan (CSAN3) vende fatia da Rumo (RAIL3) e reforça caixa após prejuízo bilionário; ações caem forte na B3

16 de dezembro de 2025 - 15:37

A holding reduziu participação na Rumo para reforçar liquidez, mas segue acompanhando desempenho da companhia via derivativos

REDUÇÃO ATRÁS DE REDUÇÃO

Raízen (RAIZ4) recebe mais uma baixa: S&P reduz nota de crédito para ‘BBB-‘, de olho na alavancagem

16 de dezembro de 2025 - 13:57

Os analistas da agência avaliam que a companhia enfrenta dificuldades para reduzir a alavancagem, em um cenário de dívida nominal considerável e queima de caixa

APETITE PELO CONTROLE

Fim da era Novonor na Braskem (BRKM5) abre oportunidade estratégica que a Petrobras (PETR4) tanto esperava

16 de dezembro de 2025 - 13:11

A saída da Novonor da Braskem abre espaço para a Petrobras ampliar poder na petroquímica. Confira o que diz a estatal e como ficam os acionistas minoritários no meio disso tudo

UNIÃO NO MUNDO PET

Fusão entre Petz (PETZ3) e Cobasi finalmente vai sair do papel: veja cronograma da operação e o que muda para acionistas

16 de dezembro de 2025 - 12:34

As ações da Petz (PETZ3) deixarão de ser negociadas na B3 ao final do pregão de 2 de janeiro de 2026, e novas ações ordinárias da Cobasi serão creditadas aos investidores

FIM DA LINHA

Fim da concessão de telefonia fixa da Vivo; relembre os tempos do “alô” no fio 

16 de dezembro de 2025 - 11:55

Ao encerrar o regime de concessão, a operadora Vivo deixará de ser concessionária pública de telefonia fixa

ATENÇÃO, ACIONISTA!

Vamos (VAMO3), LOG CP (LOGG3), Blau Farmacêutica (BLAU3) anunciam mais de R$ 500 milhões em dividendos; Rede D´Or (RDOR3) aprova recompra de ações

15 de dezembro de 2025 - 19:53

A LOG fica com a maior parte da distribuição aos acionistas, ou R$ 278,5 milhões; Rede D´Or já havia anunciado pagamento de proventos e agora renova a recompra de ações

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar