O balanço da Cielo (CIEL3), divulgado ontem após o fechamento da bolsa, foi bem recebido pelos analistas, de maneira geral.
Alguns destacaram que os resultados vieram acima do esperado, mas paira uma dúvida quanto à capacidade da ação se valorizar além do que ela já subiu. Nesta sexta-feira, o papel lidera as quedas no Ibovespa, recuando mais de 3%. No ano passado, CIEL3 acumulou rentabilidade de 140%.
No resultado publicado ontem, a Cielo informou lucro líquido recorrente de R$ 1,5 bilhão no ano passado inteiro, um avanço de 78,6% em relação a 2021. No último trimestre de 2022, o lucro foi de R$ 490,1 milhões, 63,3% maior do que o mesmo período do ano anterior.
O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também avançou 42,6% em 2022, para R$ 3,8 bilhões, indicando que a Cielo está gerando caixa. No quarto trimestre, o Ebitda cresceu 40% em relação ao mesmo período de 2021, para R$ 914,7 milhões no resultado consolidado.
“O lucro recorrente foi impulsionado por custos e despesas operacionais abaixo do esperado, parcialmente compensados por maiores despesas financeiras”, analisou o Goldman Sachs.
Para Matheus Spiess, da Empiricus, a companhia deve caminhar para um 2023 igualmente positivo. Na visão do analista, impacto da Americanas deve ter pouca relevância para a Cielo e os efeitos não-recorrentes do 4T22 devem ser diluídos.
Apesar do resultado ter sido considerado forte, alguns pontos preocupantes foram levantados pelos analistas.
“Vimos uma desaceleração forte de volumes no 4T22 para um crescimento de apenas 11% a/a frente ao resto dos trimestres que estavam rodando entre 20-35% de expansão anual”, ressaltou a Genial.
Além disso, os produtos de prazo, soluções que possibilitam a antecipação de recebíveis, também desaceleraram de um trimestre para outro.
Potencial de alta da ação da Cielo (CIEL3) limitado
Por já ter acumulado alta de três dígitos no ano passado, a ação da Cielo está com potencial de ganho adicional limitado, na visão do Safra.
“Acreditamos que 2023 deve ser um ano desafiador para a Cielo, especialmente porque uma competição mais acirrada pode ser retomada e o TPV desacelerar. Além disso, vemos uma alta limitada para as ações, após a recente recuperação”, disseram os analistas do Safra em relatório.
Para o BTG Pactual, no entanto, uma mudança regulatória anunciada recentemente que coloca um limite de 0,7% para a tarifa de intercâmbio em cartões pré-pagos foi avaliada como positiva para as adquirentes “puras”, como a Cielo. Essa mudança apoia a projeção de lucro de R$ 2 bilhões que o BTG estima para a empresa neste ano.
“Com um valuation atrativo, juntamente com sólidos fundamentos operacionais e resultados, ainda a vemos como uma ótima ação para se ter”, diz o BTG.
Confira abaixo as recomendações sobre a Cielo às quais o Seu Dinheiro teve acesso:
BANCO | RECOMENDAÇÃO | PREÇO-ALVO | POTENCIAL* |
GENIAL | Compra | R$ 6,42 | 21,36% |
SAFRA | Neutro | R$ 5,90 | 11,53% |
BTG PACTUAL | Compra | R$ 7,00 | 32,32% |
ITAÚ BBA | Compra | R$ 6,00 | 13,42% |
SANTANDER | Compra | R$ 7,50 | 41,77% |
GOLDMAN SACHS | Neutro | R$ 5,70 | 7,75% |