O número que faz o dólar tocar os R$ 4,95, derruba as bolsas mundo afora e não poupa nem o petróleo
Os investidores voltaram a temer uma nova rodada de aperto monetário mais agressivo nos EUA e na Europa. A ata do Fed de ontem deu um spoiler do que virá, mas não é só ela que mexe com os mercados aqui e lá fora.

O caos está em toda parte: as bolsas na Ásia, na Europa e nos EUA derretem e levam o petróleo com elas, enquanto, por aqui, o dólar avança e toca a máxima intradiária de R$ 4,95. O responsável por tudo isso? Um dado do mercado de trabalho norte-americano.
Os empregos no setor privado dos EUA aumentaram a 497 mil em junho, de acordo com dados levantados pela ADP, no maior ganho mensal desde julho de 2022. A abertura de vagas do mês passado também é mais do que o dobro das estimativas de 220.000 dos analistas e muito acima dos 267.000 vistos em maio.
A grande questão envolvendo esses dados mais fortes do que o esperado é que eles foram divulgados um dia antes do chamado payroll — o principal relatório de emprego dos EUA. Até então, os analistas projetam uma abertura de 240 mil postos de trabalho em junho para o payroll, o que seria uma desaceleração em relação aos 339 mil de maio.
No entanto, ainda que os números da ADP sejam mais voláteis, os investidores passaram a cogitar um dado mais quente de emprego no relatório de amanhã (7) — o que levaria a uma retomada da campanha de aperto monetário do Federal Reserve (Fed).
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Dólar e as bolsas reagem
A leitura de que mais aperto monetário está a caminho fez as bolsas na Europa encerrarem a quinta-feira com perdas importantes. Paris, por exemplo, caiu mais de 3%, enquanto Londres, Frankfurt e Milão baixaram mais de 2%.
Em Wall Street, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 1% desde que o dado de emprego da ADP foi revelado. No mercado de petróleo, os futuros recuam 1% e só não perdem mais porque a Arábia Saudita anunciou um corte de produção para ajudar a sustentar as cotações.
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Por aqui, o Ibovespa também sofre, recuando quase 2%, enquanto o dólar avança 1,40%, e fica na casa de R$ 4,90. A moeda norte-americana chegou a tocar R$ 4,95 na máxima intradiária — um nível não visto para a cotação intradiária do dólar desde o início de junho. Acompanhe a nossa cobertura de mercados ao vivo.
“Em dias como os de hoje, os ativos reais [como o petróleo] sofrem com mais intensidade e esse comportamento afeta a bolsa brasileira. O real também sofre porque é visto como uma moeda de commodities, por isso perde espaço com a valorização do dólar por aqui”, diz João Piccioni, analista da Empiricus.
Para ele, o salto na criação de vagas da ADP era esperado e se deu especialmente nos segmentos de lazer e hospitalidade. Piccioni lembra que no hemisfério norte é verão e, especialmente nos EUA, as pessoas trocaram os gastos em bens por gastos sem serviços — o segmento que viu uma explosão nas contratações no mês passado.
Fed, sempre ele…
O caos no mercado acontece um dia depois da divulgação da ata do Fed da reunião de 13 e 14 de junho. Após uma pausa no ciclo de aperto monetário, o documento reafirmou o compromisso do banco central norte-americano com o combate à inflação e, consequentemente, com o aumento da taxa de juros.
“A divulgação de ontem da ata de junho deu poucos motivos para duvidar da determinação do Fed em continuar aumentando os juros, por isso, a barra subiu quando se trata indicadores econômicos”, disse Francesco Pesole, estrategista do ING.
Depois da ata e dos dados de emprego de hoje, as apostas em um aperto monetário de 0,25 ponto percentual na reunião do Fed de 26 de julho aumentaram. Os traders estão precificando uma chance de 92,4% de uma elevação na reunião do final deste mês, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group.
“As chances de o Fed subir os juros no final do mês ganham força. O mercado de juros disparou, as bolsas aprofundaram as quedas. Na Europa, um dos membros do Banco da Inglaterra disse que mais aperto monetário está por vir por conta da inflação resiliente por lá, sinalizando que a taxa pode bater em 6%”, lembra Piccioni, da Empiricus.
Bom demais para ser verdade?
Apesar de o número da ADP ter superado em muito as projeções, analistas explicam que o dado — que reflete apenas a abertura de vagas no setor privado — é extremamente volátil.
Christopher Lewis, analista da FX Empire, diz que o comportamento das bolsas hoje reflete a preocupação com a manutenção da política ultra-apertada do Fed depois dos números da ADP, mas pondera:
“Se esse é realmente o caso, ainda não se sabe, mas vale a pena notar que a ADP é notoriamente cheia de ruídos, portanto, quando os números do payroll forem divulgados amanhã, poderemos ver uma situação completamente diferente”, diz.
A Capital Economics também chama atenção para o mesmo fato. Segundo a consultoria, a criação inesperada de empregos no setor privado medida pela ADP em junho "é boa demais para ser verdade" e pode não refletir a realidade do mercado de trabalho dos EUA.
"Suspeitamos que não seja um sinal genuíno de força do mercado de trabalho", diz a Capital Economics em relatório.
Assim como Piccioni, da Empiricus, a consultoria chama atenção para o fato de a alta da ADP ter sido puxada principalmente pelo aumento de empregos em lazer e hotelaria — um movimento parecido com o que aconteceu em junho de 2022, quando foi registrada um aumento expressivo, de 188 mil empregos em maio para 465 mil em junho, puxada pelo mesmo setor.
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