Bolsonaro usa artilharia pesada para vencer Lula, mas será que deu certo? Saiba o que dizem as pesquisas até agora
A campanha do atual presidente estava de olho principalmente no efeito do Auxílio Brasil de R$ 600 sobre as pesquisas de intenção de voto — o benefício começou a ser pago em 9 de agosto

Mudaram as estações, nada mudou. Os versos de Renato Russo resumem com perfeição o atual momento da disputa entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — os dois principais candidatos das eleições presidenciais de outubro.
Entra pesquisa, sai pesquisa, Bolsonaro sobe um degrau, volta outro, segura no corrimão, mas Lula segue cristalizado num nível próximo da metade do eleitorado e desponta com chances reais de vencer o pleito já no primeiro turno.
Eu sei que alguma coisa aconteceu
E olha que Bolsonaro recorreu a artilharia pesada na tentativa de assumir a dianteira da corrida para o Palácio do Planalto. Ofereceu renúncias fiscais, antecipação do 13º salário a aposentados, facilitação de acesso a recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), vale para caminhoneiros, reajuste do Auxílio Brasil…
O objetivo do governo com esse pacote de bondades — que inclui ainda medidas orientadas a reduzir o preço dos combustíveis — é claro: melhorar a popularidade de Bolsonaro a fim de aumentar suas chances de conseguir a reeleição.
Afinal, as constantes altas nos preços dos combustíveis que vinham sendo observadas até pouco antes do início da campanha eleitoral pressionavam a inflação ao mesmo tempo em que influenciavam negativamente a popularidade de Bolsonaro.
Tá tudo assim tão diferente?
A campanha de Bolsonaro estava de olho principalmente no efeito do Auxílio Brasil sobre as pesquisas de intenção de voto.
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Isso porque o benefício mira a população de baixa renda — aquela que ganha até 2 salários mínimos. Ela corresponde a 53% do eleitorado brasileiro. Ou seja, trata-se de uma camada com potencial elevado de definir os rumos de uma eleição.
O Auxílio Brasil passou de R$ 400 para R$ 600 agora em agosto. A primeira parcela do benefício foi paga no dia 9. Entretanto, as pesquisas divulgadas depois dessa data não mostraram um desempenho tão diferente de antes do auxílio mais gordo cair na conta dos eleitores.
As pesquisas mais recentes até mostraram uma pequena redução na diferença para Lula. Mas todas dentro da margem e certamente em um ritmo muito menor do que imaginavam até mesmo os que não torcem para Bolsonaro.
Por que Bolsonaro não sobe?
De um lado, os apoiadores de Bolsonaro dizem que ainda não teria dado tempo para os eleitores entenderem o reajuste no benefício como uma iniciativa do presidente — e candidato à reeleição.
De outro, especialistas atribuem esse efeito à inflação, que segue corroendo a renda da população, e à memória do eleitorado, que atrela a imagem de Lula aos benefícios sociais.
Não bastasse isso, parte considerável dos eleitores vê no pacote de bondades de Bolsonaro uma ação de cunho meramente eleitoral, uma vez que os efeitos da maioria das medidas se esgotam em dezembro.
Seja como for, Bolsonaro precisa vencer um grande rival se quiser emplacar a reeleição: ele próprio.
O presidente é, de longe, o político mais rejeitado entre os candidatos às eleições presidenciais deste ano, de acordo com todas as pesquisas, até mesmo as mais favoráveis ao candidato do PL.
O que dizem as pesquisas
Seja na pesquisa feita por telefone ou por meio de entrevistas pessoais, Lula estaria muito próximo de vencer em primeiro turno.
Esse retrato é confirmado pelo agregador de pesquisas elaborado pelo Estadão. A ferramenta consolida os dados das sondagens e atribui pesos a elas. Pesquisas feitas com entrevistas presenciais têm peso maior que as telefônicas.
De acordo com os dados mais recentes, Lula tem, na média, 45% das intenções de voto, contra 33% de Bolsonaro. Enquanto o petista está a apenas um ponto de seu índice mais elevado, o atual presidente encontra-se em seu melhor momento.
Considerando-se os votos válidos, Lula levaria em primeiro turno, obtendo 51% da votação. Esse percentual, é claro, está longe de garantir conforto ao petista e está dentro da margem de erro das pesquisas. Ou seja, ele pode tanto ter uma preferência ainda maior do eleitorado como estar abaixo do mínimo necessário para liquidar a fatura em primeiro turno.
Analisamos a seguir as pesquisas que mais têm repercutido na mídia e o que mais elas sinalizam a menos de 40 dias das eleições.
Veja também: Lula ou Bolsonaro — quem investe melhor?
O que diz a pesquisa Ipec (ex-Ibope)
Vamos começar pelas pesquisas feitas presencialmente, consideradas mais precisas pelos especialistas.
A pesquisa Ipec (ex-Ibope) divulgada no último dia 15 mostra que mesmo com o Auxílio Brasil de R$ 600 e outras medidas do governo, a campanha de Bolsonaro não viu o presidente deslanchar e ficar próximo a Lula em consequência direta do impacto dos benefícios.
No levantamento de 15 de agosto, Lula registrou 44% das intenções de voto contra 32% de Bolsonaro no primeiro turno, uma distância de 12 pontos percentuais (pp). No segundo turno, Lula ganharia com 16 pp de vantagem em relação ao Bolsonaro: 51% contra 35%.
O cenário traçado pelo Ipec deixa Lula no limite para vencer Bolsonaro sem a necessidade de um segundo turno. Vale lembrar que, para isso, o petista precisaria de 50% mais 1 dos votos válidos, excluindo brancos e nulos. É necessário ressaltar que a margem de erro é de dois pontos para ambas as pesquisas.
Datafolha mostra vitória de Lula em primeiro turno
O último Datafolha, divulgado em 18 de agosto, traz Lula estável com 47% das intenções. Bolsonaro passou de 29% para 32%.
Considerando-se os votos válidos, porém, Lula teria 51% da votação em primeiro turno.
Ao destrinchar o levantamento, o Datafolha mostra que Bolsonaro avançou dez pontos percentuais entre eleitores do segmento social classificado como “seguro” — grupo de pessoas com renda familiar estável de 2 a 5 salários mínimos e que representa 20% do eleitorado total.
A intenção de voto em Bolsonaro passou de 33% em julho para 43% em agosto nesse grupo. Já o ex-presidente Lula caiu de 40% para 36% no mesmo intervalo.
Em contrapartida, Lula aumentou sua vantagem entre os considerados “vulneráveis”, que representam 35% do eleitorado. O grupo é formado por pessoas com renda familiar de até 2 salários mínimos e sem fonte de renda estável.
Lula passou de 54% para 56% entre julho e agosto nesse segmento. Enquanto isso, Bolsonaro oscilou de 24% para 23%.
BTG/FSB: voto em Bolsonaro na margem de erro
Destrinchadas as duas principais pesquisas presenciais, passamos agora às pesquisas telefônicas, consideradas eficazes para a captação de tendências. E, ao mesmo tempo em que elas mostram um avanço de Bolsonaro dentro da margem de erro, Lula aparece com uma intenção de voto cristalizada em nível muito próximo da metade do eleitorado.
A pesquisa BTG/FSB divulgada no último dia 22, por exemplo, mostrou que a primeira parcela de R$ 600 do Auxílio Brasil caiu na conta dos beneficiários e a intenção de voto em Bolsonaro até subiu dentro da margem de erro, mas sem prejuízo à campanha de Lula.
Apesar de a diferença ter diminuído, o movimento não tirou de cena a possibilidade de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sem a necessidade de segundo turno.
Enquanto o petista lidera as intenções de voto com 45%, Bolsonaro passou de 34% para 36%, crescendo no limite da margem de erro de dois pontos — o percentual mais alto registrado pelo presidente que tenta a reeleição na série BTG/FSB.
Mas o que chama mesmo atenção no levantamento é que Bolsonaro avançou sete pontos percentuais (pp) entre os eleitores que recebem o Auxílio Brasil, alcançando 31%.
Embora a maioria dos beneficiários dos R$ 600 ainda prefira Lula, que obteve 52% das intenções de voto nesse recorte, essa foi a primeira vez, desde março, que Bolsonaro ultrapassou os 30% entre quem recebe o auxílio, segundo a pesquisa.
Além disso, o levantamento registrou a menor distância neste segmento do eleitorado entre os dois candidatos que lideram a corrida presidencial.
Mas, se de um lado, Bolsonaro cresceu entre os que recebem o Auxílio Brasil, entre os entrevistados que não recebem o benefício, mas moram com alguém beneficiado, a preferência por Lula é mais evidente: 62% responderam que votariam no ex-presidente e 27% afirmaram que confiariam seu voto a Bolsonaro.
Genial/Quaest: mais do mesmo
Sondagem da Quaest Pesquisa e Consultoria contratada pela Genial Investimentos também mostrou que os efeitos dos pagamentos do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 não afetaram substancialmente os desempenhos de Bolsonaro e Lula, pelo menos por enquanto.
No levantamento de 17 de agosto, Lula lidera com 45% e Bolsonaro aparece em segundo, com 33%.
Como Lula tem 45% das intenções de voto e a soma dos outros candidatos dá 42%, o petista pode ganhar no primeiro turno, mas a margem de erro não assegura vitória — os demais podem chegar a 44%, e Lula varia entre 43% e 47%.
Quando considerados apenas aquelas que recebem o Auxílio Brasil, a distância entre Lula e Bolsonaro é de 30 pontos. Neste caso, o petista tem 57% e o atual presidente tem 27%.
A pesquisa também avaliou o desempenho dos candidatos conforme o tamanho do impacto do Auxílio Brasil na vida das famílias brasileiras.
Entre os que consideraram que melhora muito, Lula e Bolsonaro empatam com 42%. Entre os que consideram que melhora pouco, o petista tem ampla vantagem ante o presidente, 65% contra 20%.
Para aqueles que não sentem diferença, Lula é o preferido, com 68% contra 15% de Bolsonaro.
Um recorte da pesquisa Quaest mostrou ainda que 62% dos entrevistados acreditam que o Auxílio Brasil de R$ 600 foi estabelecido para ajudar Bolsonaro a se eleger.
Embora aliados do presidente sigam afirmando que ainda não houve tempo hábil para o eleitor entender que o aumento do benefício de R$ 400 para R$ 600 foi promovido por Bolsonaro, a pesquisa Quaest coloca na casa dos 60% os entrevistados que afirmam saber que o aumento do auxílio foi realizado pelo governo atual.
Lula x Bolsonaro no PoderData
Assim como as demais pesquisas, o levantamento do PoderData mais recente, de 17 de agosto, mostrou que Lula segue praticamente estável e, por mais que o Auxílio Brasil e outras medidas tenham sido adotadas pelo governo de Bolsonaro, a vantagem do ex-presidente está cristalizada em uma faixa muito próxima da metade dos votos válidos.
Por outro lado, é nesta pesquisa que a diferença entre os dois principais candidatos é menor. Na sondagem, Lula aparece com 44% das intenções de voto, enquanto o atual presidente tem 37% — percentual que tem oscilado nos últimos levantamentos.
O PoderData também fez uma simulação de segundo turno entre Lula e Bolsonaro. O petista ficou com 52%, oscilando dois pontos para cima na comparação com o levantamento anterior. Já Bolsonaro registrou 38%, oscilando dois pontos para baixo em relação à sondagem anterior.
Ou seja: excluídas as oscilações dentro da margem de erro restando pouco mais de um mês para o primeiro turno, as últimas pesquisas pouco acrescentam ao que já se sabia em relação à corrida presidencial de 2022.
Para as próximas pesquisas, as atenções estarão voltadas para eventuais impactos das sabatinas com os candidatos no Jornal Nacional, realizadas no decorrer desta semana e fora do escopo das sondagens disponíveis.
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