McDonald’s vende McPicanha sem picanha; veja outras empresas que criaram histórias sobre seus produtos
O McDonald’s já se pronunciou sobre o caso e admitiu que o sanduíche não tem carne de picanha. Procon-SP e Conar ainda não se manifestaram
O McDonald’s sempre cativou o cliente pela propaganda, despertando a fome pelos olhos. Mas, dessa vez, o olhar traiu a vontade de comer, confundiu os sabores e a história pegou mal. A rede de fast-food admitiu que o novo sanduíche, o McPicanha, não tem a carne bovina prometida.
A “farsa” do lanche, lançado recentemente, foi descoberta após a denúncia da página do Instagram sobre resenhas de sanduíches “Coma com os olhos” sobre possível caso de propaganda enganosa.
O McDonald's, porém, já se manifestou, antevendo a repercussão do caso. Em nota, a rede de restaurantes afirmou que, na verdade, os lanches foram desenvolvidos com molho sabor picanha e que a carne, na verdade, é “produzida com um blend de cortes selecionados”.
“Lamentamos que a comunicação criada sobre os novos produtos possa ter gerado dúvidas e informamos que haverá novas peças [publicitárias] destacando a composição dos sanduíches de maneira mais clara”, disse o McDonald's.
Além disso, a rede retirou o vídeo de campanha do ar no início da manhã desta terça-feira, que estava sendo veiculado nas redes sociais e meios de comunicação.
- MUDANÇAS NO IR 2022: baixe o guia gratuito sobre o Imposto de Renda deste ano e evite problemas com a Receita Federal; basta clicar aqui
Procon-SP e Conar notificam campanha do McDonald's
Os órgãos de regulação e defesa do consumidor, Conar e Procon-SP respectivamente, se pronunciaram sobre a propaganda da McPicanha do McDonald's.
Leia Também
O Procon-SP notificou a empresa e pediu explicações sobre a campanha, que deve responder ao órgão até 2 de maio. Já o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abriu processo para verificar a veracidade da peça publicitária, no último dia 26, a partir de uma reclamação de um consumidor.
Até o momento, o McDonald's não se manifestou sobre as notificações dos órgãos.
Além do McDonald's: outras empresas que inventaram histórias
Publicidade enganosa ou “storytelling” — técnica publicitária que visa encantar e persuadir o cliente? O caso do McPicanha sem picanha do McDonald’s chamou mais uma vez a atenção para a “criatividade” nas estratégias de marketing das empresas.
O caso mais recente a ganhar repercussão foi o da Netbags. A varejista online de bolsas de luxo divulgou uma promoção depois que a fundadora teria morrido de câncer.
A empresa reconhece no próprio site, porém, que a história sobre a fundadora não é verdadeira. Depois de ser notificada pelo Procon-SP, a Netbags tirou a propaganda do ar.
Conheça a seguir outros casos de empresas questionadas pelas narrativas “criativas”:
1. Diletto
A sorveteria paulistana fundada em 2008 por Leandro Scabin é um dos clássicos sobre um storytelling comovente, mas falso.
A inspiração para criar picolés teria vindo do avô de Leandro, o italiano Vittorio Scabin. A imagem do nonno estampava as embalagens da Diletto, remetendo à história de uma tradição familiar na fabricação de sorvetes. E isso foi o que impulsionou as vendas e a consolidação da marca, conquistando até o bilionário Jorge Paulo Lemann como sócio em 2012.
Contudo, o senhor Vittorio nada tinha a ver com sorvete e não era o nome do avô de Leandro. A única parte verdadeira da história era a origem italiana da família Scabin.
2. Abercrombie & Fitch
A varejista de vestuário americana também usou das técnicas “exageradas” do storytelling para promover uma outra marca do grupo: a Hollister.
Fundada em 2000, o presidente da varejista, Mike Jeffries, criou uma bela história. A Hollister teria sido fundada em 1922 pelo americano John Hollister, formado na Universidade de Yale e filho de um banqueiro.
John foi um jovem que trabalhava numa plantação de borracharia na Indonésia e que se tinha encantado com o artesanato do sul do Pacífico. Com isso, resolveu abrir uma galeria para vender as obras, a Hollister, que depois se tornou uma loja de roupas inspiradas no surfe pelo filho John Jr.
Contudo, a história verdadeira é outra. A primeira loja da Hollister, em Ohio (EUA) foi aberta como parte da holding Abercrombie & Fitch, para atingir o público mais jovem - crianças e adolescentes - que praticam algum tipo de esporte.
3. Sucos do Bem
A fabricante de sucos orgânicos Do Bem, fundada em 2007 no Rio de Janeiro, foi outro exemplo de empresa que inventou uma história como parte da estratégia de marketing do produto, com a impressão de manifestos nas caixinhas de bebidas.
Em uma delas, a história é que as laranjas são “colhidas fresquinhas todos os dias, vêm da fazenda do senhor Francesco do interior de São Paulo, um esconderijo tão secreto que nem o Capitão Nascimento poderia descobrir”.
Porém, as frutas não são do Francesco, mas sim de outras empresas fornecedoras. Em nota, a empresa afirmou que o personagem foi “inspirado em pessoas reais”.
“Foi uma mentira pequena ou uma meia-verdade romanceada, mas o suficiente para estragar a história”, afirma Adilson Xavier, publicitário e escritor do livro “Storytelling - Histórias que deixam marcas”.
No caso do “Sucos do Bem”, o Conar não considerou a propaganda enganosa e absolveu a marca da acusação. “Mesmo assim, o dano à reputação aconteceu”, comentou o publicitário.
Caso McDonald's: repercussão para as marcas e empresas
Tanto a história “inventada” quanto a prática do storytelling — que não deve induzir a uma propaganda enganosa — podem afetar as marcas de forma momentânea, quando justificada, ou até resultar na perda da credibilidade. Casos de propaganda enganosa, como esse do McDonald's, também são passíveis de sofrer recursos judiciais.
Para Adilson Xavier, “os erros cometidos no storytelling repercutem imediatamente na reputação das empresas e marcas. Descuidos ainda que minúsculos podem causar grandes prejuízos, e nem sempre conseguem ser sanados”.
“Estamos vivendo uma perigosa onda do ‘fake’, que rebatiza ‘mentira’ como ‘fato alternativo’, e tenta se agarrar em conceitos limpos como ‘storytelling’ e ‘liberdade de expressão’ para confundir os desavisados e desqualificar a verdade”, disse.
Para ele, o grande desafio e — ao mesmo tempo, o que torna o terreno fértil para tais práticas, como a do McDonald's — “é fazer com que as narrativas das marcas se insiram na infinidade de outras que inundam as redes sociais”.
Leia também
- Netbags: Com notificação Procon-SP por anúncio falso, site segue no ar; entenda o caso
- McDonald’s virou relíquia na Rússia? Após marca pausar atividades no país, lanches já custam o equivalente a R$ 2 mil na internet; caixas descartáveis viram ‘artigo de colecionador’
*Com informações de Exame e Uol
Hasta la vista! Itaú (ITUB4) vende ativos na Colômbia e no Panamá; entenda o plano por trás da decisão
Itaú transfere trilhões em ativos ao Banco de Bogotá e reforça foco em clientes corporativos; confira os detalhes da operação
Virada de jogo para a Cosan (CSAN3)? BTG vê espaço para ação dobrar de valor; entenda os motivos
Depois de um ano complicado, a holding entra em 2026 com portfólio diversificado e estrutura de capital equilibrada. Analistas do BTG Pactual apostam em alta de 93% para CSAN3
Atraso na entrega: empreendedores relatam impacto da greve dos Correios às vésperas do Natal
Comunicação clara com clientes e diversificação de meios de entregas são estratégias usadas pelos negócios
AUAU3: planos da Petz (PETZ3) para depois da fusão com a Cobasi incluem novo ticker; confira os detalhes
Operação será concluída em janeiro, com Paulo Nassar no comando e Sergio Zimerman na presidência do conselho
IPO no horizonte: Aegea protocola pedido para alterar registro na CVM; entenda a mudança
A gigante do saneamento solicitou a migração para a categoria A da CVM, passo que abre caminho para uma possível oferta pública inicial
Nelson Tanure cogita vender participação na Alliança (ALLR3) em meio a processo sancionador da CVM; ações disparam na B3
Empresa de saúde contratou assessor financeiro para estudar reorganização e possíveis mudanças no controle; o que está em discussão?
Pílula emagrecedora vem aí? Investidores esperam que sim e promovem milagre natalino em ações de farmacêutica
Papéis dispararam 9% em Nova York após agência reguladora aprovar a primeira pílula de GLP-1 da Novo Nordisk
AZUL4 dá adeus ao pregão da B3 e aérea passa ter novo ticker a partir de hoje; Azul lança oferta bilionária que troca dívidas por ações
Aérea pede registro de oferta que transforma dívida em capital e altera a negociação dos papéis na bolsa; veja o que muda
Hapvida (HAPV3) prepara ‘dança das cadeiras’ com saída de CEO após 24 anos para tentar reverter tombo de 56% nas ações em 2025
Mudanças estratégicas e plano de sucessão gerencial será implementado ao longo de 2026; veja quem assume o cargo de CEO
Magazine Luiza (MGLU3) vai dar ações de graça? Como ter direito ao “presente de Natal” da varejista
Acionistas com posição até 29 de dezembro terão direito a novas ações da varejista. Entenda como funciona a operação
Tupy (TUPY3) azeda na bolsa após indicação de ministro de Lula gerar ira de conselheiro. Será mais um ano para esquecer?
A indicação do ministro da Defesa para o conselho do grupo não foi bem recebida por membros do colegiado; entenda
Santander (SANB11), Raia Drogasil (RADL3), Iguatemi (IGTI11) e outras gigantes distribuem mais de R$ 2,3 bilhões em JCP e dividendos
Santander, Raia Drogasil, JHSF, JSL, Iguatemi e Multiplan somam cerca de R$ 2,3 bilhões em proventos, com pagamentos previstos para 2025 e 2026
Eztec (EZTC3) renova gestão e anuncia projeto milionário em São Paulo
Silvio Ernesto Zarzur assume nova função na diretoria enquanto a companhia lança projeto de R$ 102 milhões no bairro da Mooca
Dois bancos para lucrar em 2026: BTG Pactual revela dupla de ações que pode saltar 30% nos próximos meses
Para os analistas, o segmento de pequenos e médios bancos concentra oportunidades interessantes, mas também armadilhas de valor; veja as recomendações
Quase 170% em 2025: Ação de banco “fora do radar” quase triplica na bolsa e BTG vê espaço para mais
Alta das ações em 2025 não encerrou a tese: analistas revelam por que ainda vale a pena comprar PINE4 na bolsa
Tchau, B3! Neogrid (NGRD3) pode sair da bolsa com OPA do Grupo Hindiana
Holding protocolou oferta pública de aquisição na CVM para assumir controle da Neogrid e cancelar seu registro de companhia aberta
A reorganização societária da Suzano (SUZB3) que vai redesenhar o capital e estabelecer novas regras de governança
Companhia aposta em alinhamento de grupos familiares e voto em bloco para consolidar estratégia de longo prazo
Gafisa, Banco Master e mais: entenda a denúncia que levou Nelson Tanure à mira dos reguladores
Uma sequência de investigações e denúncias colocou o empresário sob escrutínio da Justiça. Entenda o que está em jogo
Bilionária brasileira que fez fortuna sem ser herdeira quer trazer empresa polêmica para o Brasil
Semanas após levantar US$ 1 bilhão em uma rodada de investimentos, a fundadora da Kalshi revelou planos para desembarcar no Brasil
Raízen (RAIZ4) precisa de quase uma “Cosan” para voltar a um nível de endividamento “aceitável”, dizem analistas
JP Morgan rebaixou a recomendação das ações de Raízen e manteve a Cosan em Neutra, enquanto aguarda próximos passos das empresas