A Totvs (TOTS3) vendeu a Techfin barato para o Itaú (ITUB4)? CEO diz que mercado interpretou errado
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Dennis Herszkowicz explica que principal elemento do negócio da Totvs com o Itaú é o financiamento do banco
É inegável que a parceria entre a Totvs e o Itaú para uma joint-venture anunciada nesta semana pegou bem no mercado. O tom geral entre os analistas foi de entusiasmo, mas um ponto levantou as sobrancelhas: os valores do negócio.
A vertical “Techfin” da Totvs, de onde saiu a parceria entre a gigante brasileira de tecnologia e o maior banco privado brasileiro, era avaliada pelo mercado em até R$ 3,7 bilhões.
Porém, ao fazer uma conta simples, o Itaú estaria pagando R$ 1,06 bilhão por metade da Techfin. Ou seja, 100% da nova companhia valeria R$ 2,12 bilhões, abaixo do valor de mercado estimado pelos analistas.
Então será que a Totvs vendeu a Techfin barato? O CEO da companhia garante que não. Em entrevista ao Seu Dinheiro, Dennis Herszkowicz disse que houve uma interpretação errada dos valores anunciados.
Vamos à explicação
Conforme o Itaú informou no fato relevante publicado no dia 12, o banco pagará à Totvs R$ 610 milhões por metade da participação na Techfin.
Além disso, o banco se comprometeu a pagar até R$ 450 milhões daqui a cinco anos caso a empresa atinja as metas de crescimento e performance.
Leia Também
E sim, somando R$ 610 milhões com R$ 450 milhões, a conta de R$ 1,06 bilhão por metade da Techfin, conforme falado acima, se mantém.
Mas, de acordo com Herszkowicz, a conta não considera o que ele vê como elemento principal do negócio: o compromisso de financiamento do Itaú para as operações atuais e futuras.
“Ter esse compromisso de funding no prazo, no formato, no volume e nas condições de preço necessários tem um valor brutal”, disse Herszkowicz. “Usar simplesmente o valor dos aportes primário e secundário e dividir por dois é um erro”.
O problema está em traduzir isso em números, uma vez que o financiamento dependerá das variáveis citadas pelo executivo, como prazo e volume.
Segundo os analistas do BTG Pactual, o Itaú dará à joint-venture “acesso a financiamento virtualmente infinito, flexível e indiscutivelmente barato.”
Totvs e Itaú: um longo namoro
Foi no final de 2020 que surgiu na Totvs a ideia para a joint-venture. Depois de conversar com diversas instituições financeiras, a empresa concluiu que o Itaú era o parceiro ideal.
Mas por que alguém que é referência em inovação e tecnologia optou por um bancão tradicional para crescer a Techfin?
“Apesar do mercado financeiro estar mais competitivo e desregulamentado, nós continuamos achando que o negócio de crédito é de grande porte. Nesse quesito, ninguém tem mais poderio que o Itaú”, explicou Herszkowicz.
O mercado viu no casamento entre Totvs e Itaú uma parceria perfeita.
Do lado da Totvs, os mais de 40 mil clientes — que, juntos, representam 25% do PIB do Brasil — permitem ter uma visão completa dos fluxos de caixa, perfis de crédito e outras informações relevantes das operações. Do lado do Itaú, o acesso a esses dados se traduzirá em ganho de eficiência na oferta de crédito.
“Temos informações numa quantidade, qualidade e frescor que ninguém mais tem e que certamente vão dar um grau de assertividade para essa joint-venture de oferecer o produto certo no momento certo”, disse Herszkowicz.
A Totvs Techfin
O objetivo da Totvs Techfin é oferecer às pequenas e médias empresas uma experiência pioneira de gestão e serviços financeiros. A proposta é que as empresas que usam os sistemas da Totvs para gerenciar seus negócios tenham acesso a serviços financeiros a um clique de distância, tudo no mesmo ambiente digital.
“É algo que já acontece com serviços financeiros para a pessoa física, mas é inédito para as empresas”, disse Herszkowicz.
Hoje uma vertical da Totvs, a Techfin passará a ser uma empresa autônoma e independente, ou seja, não ficará nem sob o guarda-chuva da Totvs, nem do Itaú.
De acordo com o executivo, a participação do banco vai acelerar os investimentos, e uma parcela importante deles irá para a contratação de mão de obra qualificada. Hoje já são mais de 300 pessoas no negócio.
Após a forte alta de ontem, as ações da Totvs devolvem uma parte dos ganhos no pregão desta quinta-feira. Por volta das 14h42, TOTS3 era negociada em queda de 2,91%, cotada a R$ 35,42. Os papéis do Itaú vão na direção contrária e sobem 0,69%, a R$ 26,34.
Leia também:
- Na Totvs (TOTS3), a união com o Itaú (ITUB4) junta a fome com a vontade de comer. Mas a que preço?
- Cadê o dinheiro que estava aqui? Itaú (ITUB4) enfrenta instabilidade no sistema e vira um dos assuntos mais comentados no Twitter
CSN (CSNA3) terá modernização de usina em Volta Redonda ‘reembolsada’ pelo BNDES com linha de crédito de R$ 1,13 bilhão
Banco de fomento anunciou a aprovação de um empréstimo para a siderúrgica, que pagará por adequações feitas em fábrica da cidade fluminense
De dividendos a ações resgatáveis: as estratégias das empresas para driblar a tributação são seguras e legais?
Formatos criativos de remuneração ao acionista ganham força para 2026, mas podem entrar na mira tributária do governo
Grupo Toky (TOKY3) mexe no coração da dívida e busca virar o jogo em acordo com a SPX — mas o preço é a diluição
Acordo prevê conversão de debêntures em ações, travas para venda em bolsa e corte de até R$ 227 milhões em dívidas
O ano do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11): como cada banco terminou 2025
Os balanços até setembro revelam trajetórias muito diferentes entre os gigantes do setor financeiro; saiba quem conseguiu navegar bem pelo cenário adverso — e quem ficou à deriva
A derrocada da Ambipar (AMBP3) em 2025: a história por trás da crise que derrubou uma das ações mais quentes da bolsa
Uma disparada histórica, compras controversas de ações, questionamentos da CVM e uma crise de liquidez que levou à recuperação judicial: veja a retrospectiva do ano da Ambipar
Embraer (EMBR3) ainda pode ir além: a aposta ‘silenciosa’ da fabricante de aviões em um mercado de 1,5 bilhão de pessoas
O BTG Pactual avalia que a Índia pode adicionar bilhões ao backlog — e ainda está fora do radar de muitos investidores
O dia em que o caso do Banco Master será confrontado no STF: o que esperar da acareação que coloca as decisões do Banco Central na mira
A audiência discutirá supervisão bancária, segurança jurídica e a decisão que levou à liquidação do Banco Master. Entenda o que está em jogo
Bresco Logística (BRCO11) é negociado pelo mesmo valor do patrimônio, segundo a XP; saiba se ainda vale a pena comprar
De acordo com a corretora, o BRCO11 está sendo negociado praticamente pelo mesmo valor de seu patrimônio — múltiplo P/VP de 1,01 vez
Um final de ano desastroso para a Oracle: ações caminham para o pior trimestre desde a bolha da internet
Faltando quatro dias úteis para o fim do trimestre, os papéis da companhia devem registrar a maior queda desde 2001
Negócio desfeito: por que o BRB desistiu de vender 49% de sua financeira a um grupo investidor
A venda da fatia da Financeira BRB havia sido anunciada em 2024 por R$ 320 milhões
Fechadas com o BC: o que diz a carta que defende o Banco Central dias antes da acareação do caso Master
Quatro associações do setor financeiro defendem a atuação do BC e pedem a preservação da autoridade técnica da autarquia para evitar “cenário gravoso de instabilidade”
CSN Mineração (CMIN3) paga quase meio bilhão de reais entre dividendos e JCP; 135 empresas antecipam proventos no final do ano
Companhia distribui mais de R$ 423 milhões em dividendos e JCP; veja como 135 empresas anteciparam proventos no fim de 2025
STF redefine calendário dos dividendos: empresas terão até janeiro de 2026 para deliberar lucros sem imposto
O ministro Kassio Nunes Marques prorrogou até 31 de janeiro do ano que vem o prazo para deliberação de dividendos de 2025; decisão ainda precisa ser confirmada pelo plenário
BNDES lidera oferta de R$ 170 milhões em fundo de infraestrutura do Patria com foco no Nordeste; confira os detalhes
Oferta pública fortalece projetos de logística, saneamento e energia, com impacto direto na região
FII BRCO11 fecha contrato de locação com o Nubank (ROXO34) e reduz vacância a quase zero; XP recomenda compra
Para a corretora, o fundo apresenta um retorno acumulado muito superior aos principais índices de referência
OPA da Ambipar (AMBP3): CVM rejeita pedido de reconsideração e mantém decisão contra a oferta
Diretoria da autarquia rejeitou pedido da área técnica para reabrir o caso e mantém decisão favorável ao controlador; entenda a história
Azul (AZUL54) chega a cair mais de 40% e Embraer (EMBJ3) entra na rota de impacto; entenda a crise nos ares
Azul reduz encomenda de aeronaves com a Embraer, enquanto ações despencam com a diluição acionária prevista no plano de recuperação
Corrida por proventos ganha força: 135 empresas antecipam remuneração; dividendos e JCP são os instrumentos mais populares
Recompras ganham espaço e bonificação de ações resgatáveis desponta como aposta para 2026, revela estudo exclusivo do MZ Group
IG4 avança na disputa pela Braskem (BRKM5) e leva operação bilionária ao Cade; ações lideram altas na B3
A petroquímica já havia anunciado, em meados deste mês, que a gestora fechou um acordo para assumir a participação da Novonor, equivalente a 50,1% das ações com direito a voto
Nvidia fecha acordo de US$ 20 bilhões por ativos da Groq, a maior aquisição de sua história
Transação em dinheiro envolve licenciamento de tecnologia e incorporação de executivos, mas não a compra da startup
