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O novo nem sempre é melhor: como ganhar dinheiro com os ensinamentos clássicos na bolsa

Se você aproveitou a queda das ações nos últimos meses para comprar um pouco mais delas, deve estar colhendo frutos interessantes com a alta dos últimos dias

21 de janeiro de 2022
6:01 - atualizado às 18:35
manada contra a maré mercadoss
Imagem: Shutterstock

Nascido no interior de São Paulo e bastante caipira para os padrões da capital paulista, confesso que nunca fui um grande adepto de modernidades.

Acredite se quiser, eu fui o último da família a aderir ao WhatsApp, fui ultrapassado até pelos meus pais nessa. Só comprei um celular com suporte para o aplicativo depois de muita insistência da minha mãe, que queria saber com mais frequência como eu estava me virando na cidade grande.

Na hora de fazer anotações importantes, não tenho a menor intenção de trocar meu caderno de papel pelo “bloco de notas” do computador, e se o próximo livro da minha lista de leitura for digital ao invés de impresso, pode apostar que as chances de eu acabar não lendo são enormes – me perdoem, árvores.

Nada contra as boas inovações que realmente nos ajudam a facilitar as tarefas do dia a dia. Mas algumas coisas antigas não são piores apenas porque são velhas.

Estratégia antiga, lucros atuais na bolsa

Se você leu livros sobre Warren Buffett, ou viu alguma entrevista dele, já deve ter ouvido falar que ele se inspira até hoje nos ensinamentos contidos nas obras de Benjamin Graham. Acredite, são livros escritos há mais de 70 anos.

É claro que Buffett se adaptou e aprendeu coisas novas desde então, mas ainda hoje os ensinamentos de Graham são a espinha dorsal de sua filosofia de investimentos e continuam ajudando o maior investidor de todos os tempos a interpretar os momentos do mercado e buscar novas ações na bolsa.

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Se você se questiona se as ideias daquele livro ainda podem ser consideradas válidas, dá uma olhada neste trecho capturado do livro O Investidor Inteligente:

"Quase todos os mercados de alta tiveram várias características bem definidas em  comum, tais como (1) nível histórico de preços altos, (2) razões preço/lucro elevadas, (3) rendimentos de dividendos baixos em comparação com os rendimentos das obrigações, (4) muita especulação na margem e (5) muitos lançamentos de ações ordinárias novas de qualidade baixa.

Portanto, para o estudante da história do mercado acionário pareceu que o investidor inteligente teria sido capaz de identificar os mercados de baixa e de alta recorrentes de modo a comprar durante os primeiros e vender durante os segundos."

Qualquer semelhança com o mercado de alta que terminou na metade do ano passado não é mera coincidência. Tínhamos valuations altos, dividend yields baixos, uma penca de IPOs de empresas com negócios questionáveis e vários outros indicativos de um mercado efervescente.

E o que temos hoje na bolsa, cerca de seis meses depois?

Exatamente o oposto. Ações em queda, múltiplos baixos, dividend yields elevados, nenhum IPO na fila e um êxodo de investidores da bolsa brasileira.

Não é preciso ser muito inteligente para perceber que agora estamos num mercado de baixa segundo a definição de Graham.

O que é muito mais sutil e que muita gente esquece é a parte que ele diz que é justamente nestes momentos na bolsa (mercado de baixa, quando tudo parece ruim) que o investidor inteligente deveria aumentar a sua posição em ações, como você deve ter percebido neste trecho:

"(...) o investidor inteligente teria sido capaz de identificar os mercados de baixa e de alta recorrentes de modo a comprar durante os primeiros e vender durante os segundos."

O método automático

Eu sei, eu sei… é duro olhar uma classe de ativos caindo e se propor a colocar ainda mais dinheiro nela.

Mas segundo Graham, Buffett, Howard Marks e qualquer outro investidor de destaque, é exatamente isso o que você deveria fazer, desde que os ativos em questão continuem interessantes.

Mais especificamente no caso das ações na bolsa, é importante que mesmo depois das quedas, as companhias continuem gerando caixa, não estejam muito endividadas e que os múltiplos já tenham atingido patamares suficientemente interessantes.

E para facilitar essa decisão difícil de onde melhor alocar o seu dinheiro a cada novo aporte na bolsa, o próprio Graham propõe uma técnica que, apesar de muito velha, é útil até os dias de hoje: o método automático, que ele explica no trecho abaixo:

"Suas ações subiram, bom! Você está mais rico do que era, bom! Mas será que o preço subiu demais e você deve pensar em vender? Ou você deve se flagelar por não ter comprado mais ações quando os preços estavam mais baixos? Ou, pior de tudo, você deveria agora se render à atmosfera do mercado de alta, se deixar infectar pelo entusiasmo, a super confiança e a ganância do grande público (do qual, afinal de contas, você faz parte) e assumir compromissos maiores e mais perigosos? (…)

É por razões de natureza humana (…) que somos a favor de algum tipo de método automático para variar as proporções relativas entre títulos e ações na carteira do investidor (…) À medida que o mercado avança, ele vende ações de tempos em tempos, aplicando a receita em títulos; à medida que desce, ele inverte o procedimento."

É claro que Graham fala explicitamente sobre vender um determinado ativo para comprar outro, mas isso não precisa ser levado à risca caso você ainda tenha recursos sobrando.

O importante é dedicar a maior parte do aporte para aquelas que foram pior ou que se desvalorizaram mais, já que essas passarão a ter maior potencial de alta depois da queda na bolsa — aliás, se você aproveitou a queda das ações nos últimos meses para comprar um pouco mais delas, deve estar colhendo frutos interessantes com a alta dos últimos dias.

Mas note que não é para se desfazer daquilo que subiu. O potencial de valorização desses ativos pode ter ficado um pouco pior, é verdade.

No entanto, isso também não significa que essa classe está fadada a cair no mês seguinte – sabemos como funcionam as modinhas do mercado, não é? Elas podem continuar se valorizando por muito mais tempo do que você pode imaginar.

O importante é se lembrar dos riscos e sempre manter uma posição equilibrada naquela classe de ativos. Caso contrário, quando o mercado virar, você terá um baita de um prejuízo.

Por exemplo, quem continuou aumentando a alocação em criptomoedas só porque elas estavam subindo provavelmente se deu mal recentemente.

Ótimo, mas não ideal

Se você não tem muito tempo para acompanhar de perto o mercado e calcular o potencial de valorização de todas as classes de ativos a cada flutuação, incluindo a bolsa, o método automático é uma ótima maneira de manter o portfólio minimamente equilibrado. Diminui um pouco a posição do que subiu e aumenta um pouco no que caiu, e vida que segue.

Mas é claro que é sempre melhor ter especialistas capazes de indicar todos os dias quanto você deveria ter investido em cada classe de ativos – bolsa brasileira, bolsa americana, Tesouro Direto, dólar, ouro, FIIs, criptomoedas, etc – de acordo com o potencial de valorização de cada uma, exatamente o que acontece na Carteira Empiricus.

Por exemplo, hoje a série recomenda investimentos de 39% em ações brasileiras (como a Gerdau Metalúrgica), 22% em ações gringas (entre elas, a Microsoft), 30% em renda fixa e 5% em fundos imobiliários. Os outros 4% estão divididos entre ouro, prata, criptomoedas e alguns long & shorts.

Seja como for, apenas lembre-se de sempre evitar a manada. Comprar mais porque subiu e vender só porque caiu são receitas que induzem você a comprar na alta e vender na baixa, deixam o portfólio completamente desbalanceado e raramente levam o investidor ao sucesso.

Um grande abraço e até a semana que vem!

Ruy

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