O que esperar da Super-Quarta? Como as reações do Copom e do Fed aos desdobramentos da guerra podem influenciar seus investimentos
Em um contexto de inflação acelerada e elevação de juros, os investidores voltam a se posicionar em renda fixa, mas não só

Chegamos a um dos dias mais esperados do ano até agora: a Super-Quarta. Trata-se de um nome um pouco bobo, admito, para descrever o momento em que acumulamos duas reuniões de política monetária muito importantes para nós, investidores, a do Brasil, pelo Copom, e dos EUA, pelo Fed.
Não temos, porém, os únicos bancos centrais com encontro marcado para esta semana. Na verdade, oito membros do Grupo dos 20 devem se reunir, apesar de ser o Fed que provavelmente roubará os holofotes no nível internacional.
Além do Brasil e dos EUA, chamam a atenção também os movimentos do Japão, do Reino Unido, da China e da Rússia. Os chineses, aliás, têm abertura até mesmo para reduzir suas taxas, em meio a um novo surto de covid-19 e depois que o crescimento piorou.
No fim do dia, as autoridades de todo o mundo desejam oferecer uma nova avaliação sobre as mudanças de perspectiva monetária depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, que provocou choques inflacionários no mundo inteiro.
Foquemos em quem realmente nos importa: Fed e Copom
Sobre o primeiro, espera-se que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) aumente as taxas de juros nesta semana pela primeira vez desde 2018.
Com uma alta de 25 pontos-base praticamente garantida para a quarta-feira, os investidores deverão prestar atenção no comunicado de Jerome Powell, na sequência da divulgação da decisão.
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Não só a mensagem do presidente do Fed será vital, mas a divulgação do chamado “gráfico de pontos” de projeções provavelmente atrairá os olhares atentos dos mercados. Por enquanto, a aposta nos mercados é que teremos pelo menos mais cinco aumentos em 2022.
Duas ideias se chocam
Por um lado, o banco central americano busca combater a inflação mais elevada em quatro décadas, como podemos ver no gráfico abaixo, com o risco de permanecer elevada por ainda mais tempo devido à guerra na Ucrânia.
Por outro, como a visibilidade da inflação se tornou menos clara por conta da guerra, entende-se que os efeitos sobre os preços poderão afetar a confiança na economia, a disponibilidade de renda e, consequentemente, a demanda dos agentes.
Neste caso, os bancos centrais, ainda que queiram subir os juros, o farão comedidamente.
Em outras palavras, se as expectativas de inflação de longo prazo aumentam, significa que pode haver um caminho mais longo para percorrermos até levarmos a política monetária a um contexto neutro, que não acelera e nem desacelera o crescimento, em contraposição à maior agressividade aguardada anteriormente.
Para o Copom, movimento é um pouco diferente
Ao contrário do mundo desenvolvido, antecipamos um pouco do processo. Acontece que já vínhamos de uma alta considerável da inflação nos últimos dois anos. Veja abaixo como em 2020 e 2021 o IPCA acumulado chegava a dois dígitos, em 15%. Observe também que os principais itens são alimentos e transporte (combustíveis).
Em resposta, o nosso Banco Central já vinha subindo os juros desde o ano passado, o que nos coloca próximos do final do ciclo de aperto monetário. A guerra na Ucrânia, contudo, mudou um pouco a situação.
O conflito entre russos e ucranianos produz os quatro tipos de choques:
- positivo de demanda: ligado ao fato de que o Brasil passou a ser um exportador líquido de petróleo e derivados (cujos preços tiveram grande alta);
- negativo de demanda: o PIB mundial deve crescer menos este ano por causa do conflito — na Guerra do Golfo, entre 1990 e 1991, tivemos uma recessão curta e modesta de dois trimestres;
- positivo de oferta: somos importadores líquidos de trigo, cevada e fertilizantes (pode ameaçar a safra de 2022-23), cujos preços estão sendo muito elevados pela guerra; e
- negativo de oferta: parte do dinheiro que está sendo desinvestido da Rússia está sendo direcionada para países emergentes como o Brasil, tanto em termos de portfólio quanto de investimento direto, o que nos beneficia estruturalmente;
Tom inflacionário é predominante
Entretanto, ainda que tenhamos duas vertentes positivas, vale destacar que há uma predominância de tom inflacionário para nós, assim como no mundo.
Já estávamos flertando anteriormente com um cenário de estagflação, então o Copom não deverá se conter por conta da redução da expectativa da atividade econômica.
Neste contexto, o mercado espera predominantemente uma alta de 100 pontos-base da taxa de juros, para 11,75% ao ano, mas não é descartada uma variação de 125 pontos, com o Copom levando a Selic a 12%.
Comunicado é o mais importante
No comunicado do Copom, poderemos contemplar mais detalhes sobre a Selic terminal, ou a que encerrará o ciclo de aperto. Projeções de 12,5% até 13% não são mais descartadas até a metade deste ano, de modo a ancorar as expectativas de inflação.
Em um contexto de inflação acelerada e de juros mais altos, os investidores voltaram a se posicionar em renda fixa. Os títulos indexados ao IPCA e ligados à Selic são os favoritos neste primeiro momento. Ações também são vencedoras clássicas de movimentos inflacionários, em especial as ligadas ao setor de commodities.
Imóveis voltam a ser desejados como nunca e, internacionalmente, os metais preciosos, como ouro e prata, ganham bastante espaço — o ouro costuma ter um bom desempenho em momentos inflacionários em que os juros reais estão cadentes (inflação alta, mas Fed contido, por exemplo).
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
A Super-Quarta, como de costume, guarda muitas novidades para os mercados. Os direcionamentos dos BCs serão fundamentais para sabermos para onde os ativos deverão caminhar pelo resto de 2022.
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