Por quem os sinos dobram? Saiba o que esperar dos investimentos no segundo semestre de 2022
Precisamos ver forte desaceleração, batendo sobre a inflação, que passa a ceder e inibe aumentos muito vigorosos das taxas de juro. É o começo do fim
Poderia ser Hemingway: “quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade.”
Também poderia ser Metallica: “Olhe para o céu logo antes de você morrer; é a última vez que você o fará.”
Mas é só Raul Seixas: "É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro; evita o aperto de mão de um possível aliado; convence as paredes do quarto e dorme tranquilo; sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo.”
Este é meu primeiro Day One do segundo semestre e, mesmo que eu acerte ou erre (não importa tanto para esta mensagem) cada uma das palavras aqui escritas pelos próximos seis meses, no final, haverá um grande responsável pela sua carteira: você mesmo.
O primeiro semestre e os investimentos
Talvez a hecatombe da primeira metade de 2021 nos investimentos tenha lhe imposto medo ou te paralisado. Seria até compreensível.
O principal índice de ações dos EUA teve seu pior desempenho semestral desde 1970, ao cair 21%.
Leia Também
Se somarmos aí uma inflação de cerca de 10%, estamos falando de uma perda real superior a 30%.
Se você é um brasileiro que, acertada e racionalmente, quis diversificar seus investimentos e comprou bolsa norte-americana para fugir dos riscos domésticos, a coisa foi ainda pior, porque o hedge clássico não funcionou: o dólar caiu contra o real no ano.
Investimentos na bolsa brasileira
A Bolsa brasileira também não foi bem. O Ibovespa caiu 6% no primeiro semestre, mas essa é uma referência ruim, porque bancos e commodities representam quase dois terços do índice.
Como esses nichos foram bem, puxaram a média ponderada para cima. O resto foi uma chacina.
O SMAL11, cuja composição tem menor influência das instituições financeiras e das produtoras de matérias-primas, se desvaloriza 16% no ano, enquanto grandes fundos de ações, mesmo as maiores referências na indústria, observam suas cotas caindo em torno de 20%, influenciadas pelo mau desempenho do “fator quality”, tipicamente de grande peso em suas carteiras.
Se você tentou se esconder nas criptomoedas atraído pelo suposto “ouro digital”, encontrou o ouro de tolo. Destruição geral. E, na renda fixa, com a exceção dos pós-fixados, a impiedosa marcação a mercado deixou suas cicatrizes profundas.
A inflação e a recessão
Como no original de “Por quem os sinos dobram”, com as alusões críticas de Hemingway à violência dos dois lados da guerra civil espanhola, estivemos também entre as trincheiras da preocupação com inflação global e recessão.
E se entre os Republicanos daquela Guerra Civil encontrávamos excesso de burocratização e extensos privilégios para certos amigos do rei, aqui também observamos as mazelas de uma política fiscal típica de momentos eleitorais (ou eleitoreiros).
Diante das perdas e do desânimo generalizado, a tendência seria desistir, parar de abrir o app da corretora, delegar tudo para o gerente ou agente autônomo.
Dor, sofrimento e viradas
Não há porque tergiversar ou terceirizar responsabilidades. Na metáfora de Phil Knight para as longas maratonas, “quando a dor chegar, apenas não pare. Continue correndo.”
Há algo particularmente interessante sobre a dor e o sofrimento. Em muitas situações, o ápice do sofrimento representa a iminência da virada.
Vários fenômenos sociais são assim também. Quando algo está “trendy”, ou, sei lá, muito na moda, ele está prestes a se tornar meio batido, cafona, ultrapassado.
É um pouco das bolhas. No caso das crises financeiras ou dos bear markets, funciona assim também.
E aqui é concretamente o caso, de maneira tangível, porque o auge da angústia representa o vale dos preços.
- ESTÁ GOSTANDO DESTE CONTEÚDO? Tenha acesso a ideias de investimento para sair do lugar comum, multiplicar e proteger o patrimônio.
Um pouco mais de dor
De maneira direta e transparente, não atribuo, dentro da distribuição de probabilidades percebida, grandes chances de que estejamos na mínima (aliás, a probabilidade de você cravar um ponto dentro de uma distribuição infinita e contínua é zero).
Ao contrário, com o Fed de Atlanta agora apontando para uma contração do PIB dos EUA da ordem de 2% no segundo trimestre, parece cada vez mais distante a possibilidade de afastarmos uma recessão norte-americana.
Isso deveria exigir uma revisão dos lucros estimados e algum (pequeno) de-rating (queda dos múltiplos) para Wall Street. Ou seja, deveríamos nos preparar para um pouco mais de dor.
Um fim de ciclo
Contudo, talvez estejamos realmente próximos da inflexão. Petróleo, trigo, gás natural, chumbo e vários outros metais estão em suas mínimas desde março. Soja derreteu, alumínio caiu 40%, milho, cobre…
Pode haver alguma defasagem até que os preços das matérias-primas cheguem até aos IPCs, à inflação ao consumidor.
Mas o fato é que enfrentamos nada muito diferente de um fim de ciclo.
O começo do fim
Para isso, precisamos ver forte desaceleração, batendo sobre a inflação, que passa a ceder e inibe aumentos muito vigorosos das taxas de juro. É o começo do fim.
A dor final é sofrida, mas depois vem o alívio.
Entre um fim terrível e o terror sem fim, o primeiro cenário é certamente preferível.
Se o ajuste adicional para baixo vier e representar mesmo o fim do ciclo negativo para o início de algo construtivo, todos terão a chance de agressivar os portfólios em níveis de preço extremamente atrativos, para uma multiplicação de capital vigorosa à frente.
O ano de 2022 está apenas na metade.
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA