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Cotações por TradingView
Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Família Nu Seleção

Fundos do Nubank completam um ano com retorno mais baixo que a poupança e a própria NuConta; é hora de resgatar?

Fundos da família Nu Seleção se tornaram os maiores multimercados do país em número de cotistas, mas retorno ainda deixa a desejar e perde do CDI.

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
27 de abril de 2022
6:30 - atualizado às 2:24
Montagem de imagem de um cofre com interrogação em cima e logo do NuBank ao lado.
Fundos do Nubank têm aporte mínimo de R$ 1. Imagem: Andrei Morais/Shutterstock

Há cerca de um ano, o Nubank passou a oferecer a seus clientes três fundos de “marca própria”, com o objetivo de democratizar os investimentos entre os clientes ainda iniciantes nesse universo.

Diversificados, baratos, fáceis de investir e com aplicação inicial de apenas R$ 1, os fundos de investimento da família Nu Seleção logo se tornaram hits, entrando para a lista dos maiores fundos multimercados do país em número de cotistas.

O fundo Nu Seleção Cautela, o mais conservador, é o campeão, com mais de 425 mil cotistas, ultrapassando até os multimercados dos bancões. Se fosse um fundo de renda fixa, seria o segundo maior do país em número de cotistas, atrás apenas de um mastodôntico fundo da Caixa que tem quase 600 mil investidores.

O arrojado Nu Seleção Potencial (mais de 134 mil cotistas) e o moderado Nu Seleção Equilíbrio (mais de 126 mil cotistas) também ficam no top 5 multimercados em número de cotistas, ocupando, respectivamente, o terceiro e o quinto lugares.

Essa popularidade evidencia a potência e o alcance dos produtos do Nubank, mas infelizmente não se traduziu em boa rentabilidade.

No seu pouco mais de um ano de existência (os fundos começaram em março de 2021, mas passaram a ser oferecidos ao público em meados de abril), todos os três fundos perdem do CDI, a taxa de juros que caminha próxima da Selic e baliza as aplicações de renda fixa mais conservadoras da nossa economia.

Por sinal, isso significa que eles perdem da própria NuConta, a conta de pagamento do Nubank, que oferece retorno de 100% do CDI, sem taxas (há apenas a cobrança de impostos) e com baixíssimo risco. Dois deles, o Equilíbrio e o Potencial, perdem até mesmo da caderneta de poupança.

Todos os fundos do Nubank também apresentam um desempenho pior que o dos multimercados em geral - que, aliás, vêm apresentando ótima rentabilidade em 2022.

A seguir, você pode ver as características, composição da carteira e histórico dos três fundos do Nubank. A rentabilidade é comparada aos desempenhos da poupança, do CDI e do IHFA, o Índice de Hedge Funds Anbima, que mensura o retorno dos fundos multimercados.

Nu Seleção Cautela

Perfil: conservador
Composição da carteira: 94% de renda fixa, 4% de ações e 2% de ouro e dólar
Taxa de administração: 0,47% ao ano
Retorno desde o início: 5,40%, contra 6,53% do CDI

Nu Seleção Equilíbrio

Perfil: moderado
Composição da carteira: 80% de renda fixa, 13% de ações e 7% de ouro e dólar
Taxa de administração: 0,64% ao ano
Retorno desde o início: 3,04%, contra 6,53% do CDI

Nu Seleção Potencial

Perfil: arrojado
Composição da carteira: 67% de renda fixa, 22% de ações e 11% de ouro e dólar
Taxa de administração: 0,78% ao ano
Retorno desde o início: 1,27%, contra 6,53% do CDI

InvestimentoRentabilidade bruta*
Nu Seleção Cautela5,40%
Nu Seleção Equilíbrio3,04%
Nu Seleção Potencial1,27%
CDI6,53%
Poupança**4,46%
IHFA8,12%***
(*) Antes do desconto de impostos, mas já depois do desconto de taxas, no período que vai do início de março de 2021 ao fim de março de 2022.
(**) Poupança com aniversário no dia 1º. O rendimento da poupança já é líquido, pois não há a cobrança de impostos ou taxas.
(***) Retorno nos 12 meses terminados em 13 de abril de 2022.

O próprio Nubank oferece alternativas mais rentáveis - muitas delas com menos risco

O período analisado coincidiu justamente com a alta mais recente da Selic, que saltou de 2,00% ao ano em março do ano passado para os 11,75% atuais. Ou seja, nesse período, foi possível obter uma boa rentabilidade praticamente sem risco e sem fazer grande esforço, bastando permanecer nas aplicações mais conservadoras atreladas à Selic ou ao CDI.

O próprio Nubank oferece, no seu app, algumas dessas opções, que acabaram rendendo mais do que os fundos da família Nu Seleção. Uma delas, como já mencionado, é a NuConta, que investe os recursos deixados em conta em títulos públicos Tesouro Selic ou RDB do próprio Nubank.

No primeiro caso, trata-se do investimento mais conservador da economia brasileira, com garantia do governo e baixíssima volatilidade; no segundo, trata-se de um título de renda fixa com garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a mesma garantia da poupança.

Em ambos os casos, há apenas a cobrança de impostos (IR e IOF), sem valor mínimo de aporte e com liquidez e rendimento diário.

E não há problema caso o cliente queira separar o dinheiro investido do valor deixado em conta, para não acabar gastando ou se confundindo. A NuConta oferece a função “Guardar Dinheiro”, que separa o valor do pé de meia da quantia que você usa no dia a dia.

Ao optar por essa função, você pode até mesmo receber mais do que 100% do CDI, caso escolha manter os recursos aplicados em RDB do Nubank por um prazo pré-definido. Atualmente, as remunerações variam de 104% do CDI, para aplicações de seis meses, a 108,5% do CDI, para investimentos de dois anos.

Isso sem contar os CDBs emitidos por outros bancos e oferecidos no app do Nubank. Todos atualmente rendem mais de 100% do CDI, para vencimentos que variam de julho de 2022 a abril de 2025, com investimento mínimo de R$ 100.

É um pouco mais arrojado, mas não sabe investir em ações? Bem, o período em questão também não foi ruim para o Ibovespa. Do início de março de 2021 até o final de março de 2022, o principal índice da bolsa brasileira acumulou alta de 9,06%.

Bastava ter investido em um ETF (fundo de índice) que acompanhasse o desempenho do Ibovespa, como o BOVA11 ou o BOVV11, ambos com baixíssimas taxas de administração.

O investimento mínimo em um ETF é de apenas uma cota, o que atualmente está em torno de R$ 100. Além da taxa de administração, há cobrança apenas de IR de 15% sobre os ganhos, independentemente do prazo de aplicação.

Como eu disse anteriormente, todas essas alternativas estão disponíveis dentro do próprio app do Nubank. Mas caso o investidor estivesse disposto a colocar um pouco mais de esforço e baixar o app do NuInvest, conseguiria ainda investir no Tesouro Direto, com taxa de administração zero, e comprar títulos públicos, as aplicações mais seguras do país.

O investimento mínimo no Tesouro Direto é de R$ 30 ou 1% do valor de um título. No caso do Tesouro Selic, papel mais conservador da plataforma de títulos públicos do governo federal, o investimento mínimo ronda, atualmente, a casa dos R$ 100. Nos últimos 12 meses, por exemplo, todos os Tesouro Selic disponíveis renderam acima de 7%.

Mas não comparemos bananas com laranjas - os fundos do Nubank são para o médio prazo

Para ser justo, comparar os fundos do Nubank com aplicações tão conservadoras, destinadas à reserva de emergência e objetivos de curto prazo, bem como com ações, é meio como comparar bananas com laranjas e maçãs.

Os fundos Nu Seleção investem em diversas classes de ativos - renda fixa, ações no Brasil e nos Estados Unidos, ouro e dólar -, têm níveis de risco intermediários entre as aplicações mais conservadoras de renda fixa e as carteiras de ações, e destinam-se, segundo o próprio Nubank, a horizontes de investimento entre três e cinco anos.

Assim, é bem verdade que esses produtos são ainda jovens e não tiveram tempo de “mostrar a que vieram”. Além disso, é possível que muitos dos seus cotistas já invistam, acertadamente, em alternativas conservadoras, e tenham dedicado, aos fundos do Nubank, apenas uma pequena parte das suas reservas, em busca de uma rentabilidade um pouco maior no médio prazo.

Se for esse o seu caso, tudo bem. Talvez não seja mesmo o caso de resgatar o seu fundo do Nubank, podendo ser mais vantajoso esperar o investimento ter chance de maturar.

Agora, se toda a sua poupança estiver num desses fundos, saiba que você está deixando de aproveitar uma fase muito boa da renda fixa brasileira e poderia estar ganhando mais, com menos risco. Fora o fato de que a sua reserva de emergência deveria estar numa aplicação bem menos arriscada. Fazer alguma mudança na sua carteira é algo a se considerar.

O tamanho do patrimônio líquido dos fundos Nu Seleção já sugere que seus cotistas, embora numerosos, investiram apenas pequenas quantias nesses produtos. O Nu Cautela, por exemplo, tem patrimônio líquido de pouco mais de R$ 60 milhões, apesar dos mais de 400 mil cotistas. Já o segundo fundo multimercado com mais cotistas do país tem 189 mil investidores e nada menos que R$ 17,8 bilhões de patrimônio.

Há que se reconhecer, portanto, o mérito do Nubank em conseguir atrair para seus fundos tantos investidores provavelmente novatos no mundo dos investimentos, oferecendo alternativas acessíveis e com taxas realmente baixas, em comparação ao restante da indústria.

Mais que isso, com um bom nível de diversificação - inclusive com parte do portfólio dolarizada, coisa difícil de se encontrar para o pequeno investidor - e seguindo os princípios clássicos de alocação de ativos. Segundo o Nubank, as carteiras são montadas por algoritmos e calibradas por profissionais.

Por que o desempenho dos fundos do Nubank deixa a desejar?

Mas por que, afinal, os retornos dos fundos Nu Seleção perdem do CDI e, em alguns casos, até da poupança? Afinal, no período analisado tivemos alta nos juros, elevando os retornos das aplicações de renda fixa pós-fixada, que compõem boa parte das carteiras.

O Ibovespa, como vimos, também subiu, assim como o S&P 500, principal índice de ações americano, que teve alta de cerca de 20% no período.

Até se analisarmos os retornos dos títulos públicos em geral - incluindo os prefixados e os atrelados à inflação, e não apenas os pós-fixados à Selic - vemos que o retorno desse prazo de pouco mais de um ano foi positivo.

O IMA-Geral, índice que replica o desempenho de uma cesta de títulos públicos de vários tipos e vencimentos, subiu 4,68% no período; o IMA-B, que considera só uma cesta de títulos indexados à inflação, teve alta de 4,44%; e o IRF-M, que representa os prefixados, subiu 1,55%.

Das classes de ativos representadas nos fundos da família Nu Seleção, só quem apanhou mesmo neste último ano foi o dólar, com queda de 15% ante o real.

Eu pedi uma entrevista com o Nubank para falar sobre o desempenho dos fundos e cheguei até a enviar as perguntas, mas não obtive resposta até o fechamento desta matéria.

Na carta de um ano dos fundos, porém, o Nubank destaca que, no caso do fundo Nu Seleção Potencial, o mais arrojado, a principal contribuição positiva no início da sua existência foi a porção de bolsa brasileira da carteira, que mais recentemente contribuiu para o desempenho mais negativo do fundo.

Também contribuiu positivamente o desempenho das ações americanas, enquanto o desempenho dos títulos prefixados e atrelados à inflação puxou o retorno do fundo para baixo, em alguns momentos.

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