O Nubank (NUBR33) vai calar a boca dos críticos? Saiba o que esperar dos resultados do 1T22 do banco digital
Nubank é um daqueles papéis que costumam gerar um comportamento binário dos investidores, a exemplo de Oi (OIBR3) e IRB (IRBR3): ou você é fã, ou é hater.
No clube dos arrependidos de colocar dinheiro na oferta pública (IPO) do Nubank (NUBR33), certamente existe uma maioria que torce pela recuperação das ações. Seja para vender assim que recuperar o investimento, seja porque realmente acredita no banco digital.
De uma maneira ou de outra, todos assistem estarrecidos à desvalorização de um papel que chegou a ser o banco mais valioso da América Latina e hoje vale a metade do Itaú. Apenas neste ano, a ação do Nubank acumula queda de 52%, com o preço bem distante das cotações máximas logo após o IPO.
Mas será que tem volta? É para responder a essa pergunta que os analistas vão se debruçar sobre os resultados da fintech no primeiro trimestre deste ano. A publicação aconteceu na noite de segunda-feira e você pode conferir todos os detalhes aqui.
Vamos detalhar o que os analistas estão esperando para o resultado e o que pode mexer com a ação.
Nubank: fã ou hater?
O Nubank é um daqueles papéis que costumam gerar um comportamento binário dos investidores, a exemplo de Oi (OIBR3) e IRB (IRBR3): ou você é fã, ou é hater.
Quando estreou na Nasdaq, em dezembro do ano passado, o Nubank teve enorme espaço no noticiário de negócios. Todos estavam interessados no roxinho, principalmente porque o negócio deu lucro pela primeira vez às vésperas do IPO.
Leia Também
A ação do Nubank chegou valendo US$ 9 na Bolsa de Nova York (Nyse), enquanto o BDR (Brazilian Depositary Receipt) negociado na B3 saiu a R$ 8,38. Na época, a fintech foi avaliada em exuberantes US$ 41,4 bilhões. .
O frenesi era geral.
Enquanto todos estavam ouriçados com o Nubank, eu me lembrava de uma frase, atribuída a Nelson Rodrigues, que meu irmão tinha colada no vidro do carro muitos anos atrás: toda unanimidade é burra.
Não demorou muito para que o entusiasmo com a fintech minguasse.
É banco ou tech?
Será que a euforia acabou porque o Nubank é, de fato, uma empresa ruim? Não é o que pensam os analistas que cobrem a companhia.
Uma das contas que deve seguir em alta é o número de clientes. Nas contas do Itaú BBA, o Nubank deve ter ganhado mais de 5 milhões de clientes no primeiro trimestre e fechado o período com 59,25 milhões.
Assim, de acordo com a Bloomberg, de 18 bancos e casas de análise, 10 recomendam compra do papel e apenas quatro recomendam vender. Os outros quatro indicam manutenção.
O Goldman Sachs, por exemplo, notou que as ações do Nubank estão mais correlacionadas com as empresas americanas de tecnologia do que com as empresas brasileiras refletidas no EWZ, o fundo de ações brasileiras negociado em dólar na bolsa de valores dos Estados Unidos.
Além disso, o banco também vê pouca relação entre o Nubank e os títulos públicos brasileiros (bonds).
“Portanto, o preço da ação parece ser mais afetado pela aversão a risco a nomes de tecnologia/crescimento do que com preocupações com a macroeconomia brasileira”, apontou o Goldman Sachs em relatório.
Até mesmo os analistas que recomendam a venda das ações reconhecem que os méritos do Nubank ao desafiar os grandes bancos e criar um produto amado pelos clientes.
Mas nada disso muda o fato de que o Nubank é uma instituição financeira que dá prejuízo.
Como se não bastasse, a empresa se viu envolvida em uma série de polêmicas recentes, incluindo a remuneração quase bilionária para o CEO e fundador, David Vélez.
O Nubank vai dar lucro?
Não no primeiro trimestre de 2022, de acordo com os analistas ouvidos pela FactSet. A estimativa é de que o Nubank tenha prejuízo de US$ 77 milhões no período.
Caso a projeção se confirme, o resultado representaria um aumento de 16,6% no prejuízo em relação ao quarto trimestre. Como o Nubank não publicou os balanços anteriores ao IPO, não temos como fazer a comparação anual.
Com a mediana do FactSet apontando para prejuízo de US$ 77 milhões, é importante ressaltar que há quem estime resultado pior e também melhor.
O UBS BB, por exemplo, estima prejuízo maior que a mediana, de US$ 106 milhões.
Já o Goldman Sachs prevê redução do prejuízo para US$ 51 milhões. Parte da melhora seria sustentada pela desvalorização do dólar no primeiro trimestre. Vale lembrar que a maior parte das receitas e gastos do Nubank está em real, mas a moeda utilizada para o balanço é o dólar.
Não parece que o Nubank seja comparável aos bancões brasileiros, ao menos na linha do lucro.
No primeiro trimestre, Santander (SANB11), Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) reportaram lucro líquido somado de R$ 24,76 bilhões. Isso significa uma alta de 13,57% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Mas se o lucro não é uma métrica comparável, podemos, então, colocar uma lupa sobre o índice de inadimplência.
Inadimplência deve subir
Mesmo com uma exposição grande a clientes de baixa renda, notadamente os que têm maior risco de atrasar contas, o Nubank tem um índice de inadimplência melhor que a média do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
No quarto trimestre, enquanto a média do SFN foi de 5,0%, a inadimplência no Nubank atingiu 3,5%.
Não há um motivo único que explique porque a inadimplência do Nubank é baixa.
Parte disso se deve, segundo analistas, ao crescimento do portfólio. No entanto, competidores como o Inter (BIDI11) têm crescimento similar e inadimplência mais alta.
Ao mesmo tempo, o Nubank tem uma parcela muito maior de recebíveis de cartão sem juros que o SFN. Eles têm um índice de inadimplência zero e, portanto, reduzem o índice geral de inadimplência.
Além disso, o UBS BB acredita que o baixo nível de empréstimos rotativos no Nubank tem a ver com a abordagem de crédito diferenciada, que consiste em conceder um limite de crédito muito baixo e que vai aumentando com o tempo.
“Observe que o Nubank menciona em seu site que uma das maneiras de obter um limite de crédito maior é pagar todo o saldo do cartão de crédito em dia. Isso provavelmente desencoraja o uso de empréstimos rotativos por clientes que estão tentando aumentar seu limite de crédito”, diz o UBS BB.
Mas isso não significa que o Nubank vai passar ileso a um aumento da inadimplência no primeiro trimestre.
A linha foi o destaque negativo entre janeiro e março nos bancos tradicionais, com todos vendo os atrasos de mais de 90 dias aumentarem. Segmentando entre empresas e clientes pessoas físicas, nota-se uma alta mais forte da inadimplência no segundo grupo.
Para o Itaú BBA, o índice de inadimplência do Nubank deve subir 0,6 ponto percentual , para 4,1%. O Goldman Sachs vê crescimento mais modesto, para 3,8%. Já o UBS BB acredita em redução, para 3,1%
A divulgação do balanço, portanto, pode ser a oportunidade que o Nubank tanto precisa para calar — pelo menos temporariamente — os críticos do negócio da fintech. Isso, é claro, se os números que saírem logo após o fechamento dos mercados vierem favoráveis.
Recomendação dos analistas para ações do Nubank
| Banco | Recomendação | Preço-alvo | Potencial de alta |
| UBS BB | Compra | US$ 11,50 | +138,6% |
| Goldman Sachs | Compra | US$ 12,00 | +148,9% |
| BTG Pactual | Venda | US$ 8,50 | +76,3% |
| Itaú BBA | Underperform (venda) | US$ 6,60 | +36,9% |
| JP Morgan | Neutro | US$ 8,00 | +65,9% |
Leia também:
- Nubank (NUBR33) passa a oferecer criptomoedas em seu app e aloca parte do caixa em bitcoin (BTC); confira detalhes
- Com lucro recorde no 1T22, Banco do Brasil (BBAS3) vai revisar guidance ‘no momento oportuno’
- Lucro do Itaú (ITUB4) sobe 15% no 1T22; veja o que fez o resultado superar a previsão do mercado
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro
FII VGHF11 volta a reduzir dividendos e anuncia o menor pagamento em quase 5 anos; cotas apanham na bolsa
Desde a primeira distribuição, em abril de 2021, os dividendos anunciados neste mês estão entre os menores já pagos pelo FII
Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
