Quem acompanhava as redes sociais do Nubank (NUBR33) nas últimas semanas percebeu uma certa inclinação do roxinho para o mercado de criptomoedas. Algumas perguntas — aparentemente fora de contexto — parecem fazer sentido agora que a fintech anunciou que permitirá compra, venda e custódia de moedas digitais via aplicativo.
A permissão ainda não engloba todos os clientes do Nubank, mas haverá uma inclusão gradativa para incluir 100% dos usuários até o fim de junho. As negociações começam com as duas maiores criptomoedas do mundo, o bitcoin (BTC) e o ethereum (ETH).
Nubank e Bitcoin: um novo caso de amor
De acordo com o comunicado do banco digital, os clientes poderão negociar BTC e ETH a partir de R$ 1. Além disso, não será necessário abrir nenhuma outra conta em uma corretora de criptomoedas (exchange) ou outras instituições para começar a negociar.
O Nubank contará com uma parceria feita com a Paxos, provedor líder de infraestrutura de blockchain, que atua como corretora e realiza a custódia das criptomoedas no app do Nubank. A empresa ainda garante a proteção global dos ativos dos clientes pelos principais reguladores do mercado.
Nu Holdings embolsa criptomoedas
Na esteira das notícias do roxinho, o Nubank ainda anunciou a alocação de aproximadamente 1% do caixa da Nu Holdings — empresa que controla o Grupo Nubank — em bitcoins. Outras empresas realizaram movimentos parecidos, como a Tesla e a Microstrategy, que adotaram criptomoedas aos seus balanços no último ano.
Cripto-projeções
Atualmente, o Brasil se destaca como o centro de desenvolvimento do mercado de criptomoedas na América Latina — além de uma crescente tensão entre corretoras nacionais e do exterior para pegar uma fatia desse bolo.
"Não existem dúvidas que as criptomoedas são uma tendência crescente na América Latina. Temos acompanhado o mercado de perto e acreditamos que existe um potencial transformacional na região", explica David Velez, CEO e fundador do Nubank.
Nubank, isso me lembra alguém…
No final do ano passado, o Mercado Pago — braço financeiro do Mercado Livre — anunciou que passaria a oferecer compra, venda e custódia de criptomoedas para os clientes. Inclusive, nós fizemos uma matéria especial falando das vantagens e desvantagens dessa carteira digital (wallet).
Assim como no Nubank, a Paxos Trust Company também auxilia o Mercado Pago a manter esse sistema, bem como outras grandes empresas como o PayPal — que também oferece pagamentos em bitcoin — e a Meta, dona do Facebook.
Nubank carente de boas notícias?
O anúncio foi feito em meio a uma queda das ações do Nubank, na sequência de uma série de perdas do setor de tecnologia, um dos que mais sofrem com a alta dos juros nos Estados Unidos.
Desde o IPO do roxinho em Nova York, o Nubank já perdeu US$ 20 bilhões em valor de mercado, ficando atrás do Santander — o terceiro maior banco privado do país.
Só este ano, os BDRs (brazilian depositary receipt, ou recibo de ações) do Nubank acumulam perdas de 65,94% — e os papéis em queda de 9,02% nesta quarta-feira (11) após o anúncio.
Outros problemas
Ainda não está claro se o Nubank permitirá que os usuários negociem criptomoedas entre si, assim como acontece com a carteira do Mercado Pago, o que é visto como certa limitação do aplicativo pelos entes do mercado.
Mas o braço a torcer
É verdade que a entrada dessas instituições no mercado de criptomoedas aumenta a confiança dos investidores nessa nova classe de ativos. Grandes empresas também dão passos em direção a esse novo universo — o que pode influenciar nas cotações dessas moedas.
Pensando no mercado brasileiro, são 5 milhões de CPFs na bolsa local, apenas uma pequena parcela da população de mais de 210 milhões de habitantes.
O Nubank já conta com seu braço de investimento Nu Invest e possui cerca de 50 milhões de clientes.