Esquenta dos mercados: Semana das bolsas internacionais começa no vermelho com cautela global; Ibovespa acompanha reta final das eleições
A prévia da inflação brasileira será divulgada na terça-feira, enquanto o PCE, índice cheio dos EUA, é a bola da vez na sexta-feira

O Ibovespa vai precisar se esforçar bastante para deslocar-se de Wall Street em uma semana decisiva para as eleições presidenciais por aqui. Ao mesmo tempo, as bolsas internacionais abrem mais um pregão com cautela nas alturas — os índices globais estão no vermelho pelo quarto pregão seguido.
O aumento do custo dos empréstimos e a alta do dólar em relação a outras moedas fortes pesam sobre os ativos de risco ao redor do globo.
A libra encontra-se em sua mínima histórica ante o dólar. Já o euro pega carona no movimento e imita a moeda inglesa. Analistas colocam o derretimento da moeda britânica na conta de Liz Truss, a nova primeira-ministra do Reino Unido.
Na semana passada, Truss anunciou um amplo pacote de cortes de impostos acompanhado de aumento de gastos.
O susto com a libra e a perspectiva de piora dos indicadores econômicos internacionais formam o caldo perfeito para os índices terem um pregão — ou até mesmo uma semana — difícil pela frente.
Por aqui, a reta final da corrida eleitoral não deve trazer novidades por aqui. O Ibovespa tem se descolado do desempenho do exterior já há alguns pregões, mas o impacto do pleito no próximo domingo deve colocar os investidores em posição defensiva.
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Isso porque a intenção de voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeiro turno foi a 45% na mais recente edição da pesquisa BTG/FSB, de 44% na rodada anterior. Considerando apenas os votos válidos, existe chance de vitória do petista já no próximo domingo.
No pregão da sexta-feira da semana passada, o Ibovespa encerrou as negociações em queda de 2,06%, aos 111.716 pontos. Na semana, porém, o otimismo falou mais alto e o índice registrou alta de 2,23%.
Já na comparação com o real, a divisa avançou 2,62%, cotada em R$ 5,2485. Mas, mesmo com a forte alta, o acumulado da semana mostra um recuo de 0,20%.
Confira o que movimenta as bolsas, o dólar e o Ibovespa nos próximos dias:
Bolsas da Europa e o ‘Trussonomics’
Apelidado Trussonomics, o pacote econômico da primeira ministra traz algumas mudanças para a arrecadação inglesa:
- anula a elevação da alíquota de impostos corporativos;
- reduz a taxa de imposto de renda da parcela mais rica da população;
- diminui uma série de outros impostos;
- põe fim a um teto sobre os bônus pagos aos executivos do setor financeiro.
À primeira vista, essas medidas não foram muito bem recebidas nem dentro nem fora do Reino Unido. Numa reação inusitada, até o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, zombou publicamente do Trussonomics na semana passada.
Mercado digere o pacote
Participantes do mercado especulam que o governo britânico será obrigado a emitir dívida para financiar os cortes de impostos. Também não está descartada uma ação mais agressiva por parte do BoE, o banco central da Inglaterra, na taxa de juro.
Afinal, o pacote coloca o Reino Unido na contramão de outras economias desenvolvidas em um momento no qual a inflação corrói o poder de compra mundo afora, o risco de recessão é real e não há muita clareza sobre como essa conta vai ser paga.
Conservadores na Europa
Ainda na Europa, a conservadora Giorgia Meloni reivindicou a vitória nas eleições do fim de semana na Itália e deve se tornar a primeira mulher a governar o país. Mas não só.
Esta será a primeira vez desde os tempos do governo fascista de Benito Mussolini que a extrema-direita estará à frente do governo italiano.
Com isso, os investidores em todas as partes do continente europeu digerem esses panoramas políticos locais e o cenário macroeconômico — em outras palavras, as bolsas amanheceram no vermelho.
O perigo das bolsas esta semana
Enquanto o mundo político agita os negócios, indicadores macroeconômicos mais concretos devem ser observados pelo investidor em bolsa ao longo da semana.
O principal deles é, sem dúvida, o índice de gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), o dado de inflação preferido do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) para decisão de política monetária.
Ao longo desta segunda-feira (26) e dos próximos dias, diversas autoridades tanto do Fed quanto do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE, em inglês) devem discursar em eventos.
Ibovespa: eleições são o evento da semana
No cenário político local, a expectativa gira em torno do manifesto de Ciro Gomes (PDT). Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o pedetista anunciou que fará hoje uma transmissão ao vivo para divulgar “um importante manifesto à nação”.
Em meio a especulações de que Ciro poderia desistir da candidatura, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, negou tal possibilidade.
Diante disso, o mais provável é que Ciro se manifeste contra a tese do “voto útil” no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Reta final
Segundo a nova rodada da pesquisa BTG/FSB, a intenção de voto em Lula foi a 45% em primeiro turno, de 44% na rodada anterior.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) permaneceu com 35%. Ciro também manteve os 7% da semana passada. Simone Tebet (MDB), por sua vez, oscilou de 5% para 4%.
Considerados somente os votos válidos, Lula teria 48% em primeiro turno, o que coloca a possibilidade de vitória sem a necessidade de um tira-teima com Bolsonaro no extremo superior da margem de erro de dois pontos porcentuais.
No último debate…
No sábado, enquanto isso, o debate promovido por CNN, SBT, Estadão, Veja e Nova Brasil com os candidatos à Presidência da República transcorreu sem a presença de Lula.
Em meio a um debate morno, a cena foi roubada pelo excêntrico Padre Kelmon, substituto de Roberto Jefferson como candidato do PTB.
O petebista atuou como linha auxiliar ao presidente Jair Bolsonaro (PL), convertido no principal alvo de críticas.
Lula, por sua vez, foi criticado pelos adversários pela ausência.
Indicadores da semana que mexem com o Ibovespa
O dado local mais importante vai para o IPCA-15 de setembro, considerado uma prévia da inflação oficial divulgado na terça-feira (27). No mesmo dia, a ata da mais recente reunião do Copom também deve mexer com os negócios.
Na quinta-feira (28), o Relatório Trimestral da inflação (RTI), publicado pelo Banco Central, é a bola da vez para os investidores em bolsa. As atenções, por fim, se voltam para a coletiva de imprensa de Roberto Campos Neto, presidente do BC, na sequência da divulgação dos dados.
Bolsa na semana: agenda dos próximos dias
Segunda-feira (26)
- Banco Central: Boletim Focus semanal (8h25)
- Banco Central: Conta corrente e setor externo (9h30)
- Estados Unidos: Continuação da Assembleia Geral das Nações Unidas (o dia todo)
Terça-feira (27)
- Banco Central: Ata do Copom (8h)
- França: Discurso do presidente do Fed, Jerome Powell (9h30)
- IBGE: IPCA-15 (9h)
- Estados Unidos: Encomendas de bens duráveis em agosto (9h30)
Quarta-feira (28)
- Tesouro Nacional: Relatório mensal da dívida pública federal em agosto (14h30)
- Caged: Geração de emprego formal em agosto (sem horário específico)
Quinta-feira (29)
- Banco Central: Relatório da inflação (8h)
- Estados Unidos: 3ª leitura do PIB do 2º trimestre (9h30)
- Estados Unidos: Pedidos de auxílio-desemprego (9h30)
- Banco Central: Coletiva do presidente Roberto Campos Neto sobre o RTI (11h)
- Brasil: Resultado primário do Governo Central em agosto (14h30)
Sexta-feira (30)
- Zona do Euro: CPI e Núcleo do CPI em setembro (6h)
- IBGE: PNAD contínua divulga taxa de desemprego em agosto (9h)
- Banco Central: Setor Público Consolidado (9h30)
- Estados Unidos: PCE e Núcleo do PCE (9h30)
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