Esquenta dos mercados: Bolsas lá fora ampliam cautela enquanto Ibovespa aguarda debate e relatório da inflação do BC hoje
O medo do exterior pressiona as bolsas por mais um dia: a perspectiva de um aperto monetário maior e mais longo injeta aversão ao risco nos investidores

Os participantes do mercado financeiro brasileiro têm uma lição importante para aprender com Adoniran Barbosa. Ao lamentar a sua amada que não poderia perder aquele último trem para chegar ao Jaçanã, o artista parecia ciente das consequências. O mesmo se pode aplicar ao ocorrido ontem nas bolsas.
Com os três principais índices de ações de Wall Street em território de “bear market” (mercado de baixa), toda e qualquer oportunidade de encontrar um fôlego para respirar em meio ao abraço do urso precisa ser aproveitada.
Na véspera, a notícia de que o Banco Central da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) compraria títulos na tentativa de estabilizar o mercado financeiro local e a libra impulsionou os ativos de risco em Nova York.
Mas o Ibovespa perdeu o bonde. E nem foi para namorar. Diante da tensão pré-eleitoral, o principal índice da B3 não conseguiu acompanhar a forte recuperação em Wall Street e a alta por aqui limitou-se a 0,07%.
O problema é que a intervenção proporcionada pelo BoE teve fôlego curto. Na Europa, os principais mercados de ações abriram em queda acentuada. Em Wall Street, os índices de ações também estão no vermelho.
Enquanto o exterior reage à perspectiva de que os BCs pelo planeta apertem os cintos e a política monetária global — com juros elevados e a perspectiva de recessão —, o Brasil está a poucos dias da eleição.
Leia Também
Na noite desta quinta-feira (29) acontece o último debate antes do dia da votação de primeiro turno das eleições de 2022. A noite promete ser quente, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) frente a frente com o presidente Jair Bolsonaro (PL) mais uma vez.
Confira o que movimenta as bolsas, o dólar e o Ibovespa hoje:
Chapa quente para o Ibovespa
O debate terá transmissão ao vivo pela Rede Globo e começa às 22h30. Mas o que segue incomodando são os questionamentos ao sistema eleitoral por parte do próprio governo.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que integrantes do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, sejam investigados por produzirem um texto com informações falsas sobre a segurança das urnas eletrônicas.
Enquanto Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal, rebatia críticas já feitas por Bolsonaro ao sistema de urnas eletrônicas — que, vale lembrar, elegeram o presidente e deram a ele mandatos no Congresso nos últimos 30 anos — com uma visita à sala de totalização dos votos, membros do PL questionavam o método.
Ao mesmo tempo que o texto circulava, o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, esteve na sede do TSE na citada visita.
Irritação presidencial
"Tudo Alexandre de Moraes faz, e não é de hoje, para me prejudicar e para ajudar o Lula. Só está faltando ele ter a coragem moral de, no final da sentença, assinar lá 'Alexandre de Moraes, Lula livre', só falta isso", declarou o presidente em uma live feita após o presidente do TSE determinar a investigação de membros do partido de Bolsonaro.
O clima de tensão institucional tem algum potencial de azedar o humor dos investidores nesta reta final eleitoral.
Enquanto o debate esquenta
O Ibovespa terá muito o que se ocupar antes do debate. Antes da abertura do mercado, o Banco Central divulga um novo Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Os investidores devem buscar na publicação a perspectiva do BC sobre os preços no Brasil. Se a inflação vem caindo, não é sem um custo: a queda no preço dos petróleo internacional somada à ampla renúncia fiscal deram descompressão no índice.
Porém, o rombo nas contas públicas acende a luz amarela para membros do BC e integrantes do mercado financeiro.
Bolsas no exterior e a indigestão com o Reino Unido
Hoje, a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, saiu em defesa de seu pacote de corte de impostos. Aquele mesmo que intensificou o azedume nos mercados nos últimos dias. Hoje, a libra volta a flertar com sua mínima histórica em relação ao dólar.
Ainda na Europa, a Porsche protagonizou nesta quinta-feira o maior IPO na bolsa de Frankfurt em 25 anos.
Mas a maior preocupação gira em torno da inflação e do crescimento econômico ao redor do mundo.
Os dados do dia que mexem com os índices
Em meio a temores de uma recessão iminente, os Estados Unidos divulgam hoje uma nova revisão para os dados do PIB no segundo trimestre.
Os investidores também acompanham as falas de diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), na busca por sinais referentes aos próximos passos da autoridade monetária.
Mas o filé mignon da semana está para a divulgação dos dados de inflação dos Estados Unidos, medidos pelo PCE — o índice favorito do Federal Reserve para decidir sobre os juros norte-americanos.
Hoje são divulgados os números do trimestre e, amanhã, os dados mensal e anual que podem voltar a azedar o humor das bolsas.
Bolsa hoje: agenda do dia
- FGV: IGP-M de setembro (8h)
- FGV: Confiança de serviços em setembro (8h)
- Banco Central: Relatório Trimestral de Inflação (RTI) (8h)
- Estados Unidos: PCE e Núcleo do PCE no trimestre (9h30)
- Estados Unidos: Pedidos de auxílio-desemprego (9h30)
- Caged: Geração líquida de postos de trabalho (10h30)
- Banco Central: Coletiva com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, sobre política monetária (11h)
- Tesouro Nacional: Resultado primário do Governo Central (14h30)
- China: PMI industrial, composto e de serviços em setembro (22h30)
- TV Globo: Ultimo debate de presidenciáveis antes do 1º turbo (22h30)
Ibovespa deu uma surra no S&P 500 — e o mês de abril pode ter sido apenas o começo
O desempenho do Ibovespa em abril pode ser um indício de que estamos diante de uma mudança estrutural nos mercados internacionais, com implicações bastante positivas para os ativos brasileiros
Esta empresa mudou de nome e ticker na B3 e começa a negociar de “roupa nova” em 2 de maio: confira quem é ela
Transformação é resultado de programa de revisão de estratégia, organização e cultura da empresa, que estreia nova marca
Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como
Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Depois de lambermos a lona no início de janeiro, a realidade acabou se mostrando um pouco mais piedosa com o Kit Brasil
Balanço da Weg (WEGE3) frustra expectativa e ação despenca 10% na bolsa; o que fazer com a ação agora
Lucro líquido da companhia aumentou 16,4% na comparação anual, mas cresceu menos que o mercado esperava
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas
Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio
Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento
Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)
O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira