Por que o pacote de Liz Truss está provocando uma corrida global ao dólar e demolindo a libra
Desde que a mini proposta orçamentária foi tornada pública, a libra vem renovando mínimas em relação ao dólar. Nesta segunda-feira (26), a moeda britânica bateu novo recorde de baixa ao cair para US$ 1,03 antes de recuperar algum terreno e se situar em R$ 1,08.

A tradicional cantiga de roda britânica “London Bridge Is Falling Down” nunca fez tanto sentido como agora, que a libra esterlina segue renovando mínimas em relação ao dólar e o custo dos empréstimos do Reino Unido no médio prazo dão um salto.
A canção de 1744 conta a história da depredação da Ponte de Londres e das tentativas de reconstruí-la. Traçando um paralelo, é o que está acontecendo no Reino Unido agora: um novo governo está tentando reconstruir a economia, que sentiu os efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia.
Como na cantiga, a fair lady — ou a bela dama — em questão é Liz Truss, a primeira-ministra britânica, que apresentou na semana passada um plano com os maiores cortes de impostos do Reino Unido em 50 anos.
Desde que a mini proposta orçamentária foi tornada pública, a libra vem renovando mínimas em relação ao dólar. Nesta segunda-feira (26), a moeda britânica bateu novo recorde de baixa ao cair para US$ 1,03 antes de recuperar algum terreno e se situar em R$ 1,08.
Investidores se preocupam com os planos de Truss de cortar impostos, temendo mais inflação, o aumento do endividamento do governo e a exigência de uma política monetária mais restritiva.
Libra em queda e a reação dos mercados
A proposta, apresentada pelo novo ministro das Finanças do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, na sexta-feira (23), reduz tributos em 45 bilhões de libras até 2026.
Leia Também
Visando uma tendência de crescimento de 2,5%, o plano inclui eliminar uma taxa de imposto de renda de 45% sobre ganhos de mais de 150 mil libras por ano para manter a taxa em 40% e reduzir os impostos pagos pelos compradores de casas.
A proposta geral já exigiria por si a tomada de mais empréstimos pelo governo britânico. Para agravar a situação, Kwarteng promete agora mais cortes de impostos além do pacote de 45 bilhões de libras que ele anunciou na sexta-feira.
A reação do mercado foi imediata: o custo dos empréstimos do governo do Reino Unido subiu, e os investidores passaram a especular sobre um aumento emergencial da taxa de juro.
O retorno do bônus de 5 anos do Reino Unido avançou a 4,535% nesta segunda-feira, segundo a Tradeweb. Já o yield para papéis com mesmo vencimento de Itália e Grécia, respectivamente, seguia abaixo de 4%. Os yields avançam quando os preços dos bônus caem.

Alguns economistas preveem que o Banco da Inglaterra pode convocar uma reunião extraordinária ainda esta semana para promover um novo aperto monetário, ajudar a conter a queda da libra e acalmar a inflação, que não dá tréguas.
Se isso acontecer, o novo aumento do juro aconteceria menos de uma semana depois de o banco central britânico elevar a taxa básica em meio ponto percentual, para 2,25%, e antes de sua próxima reunião oficial em 3 de novembro.
Agentes do mercado preveem agora que a taxa de juro no Reino Unido pode chegar a 5,5% até março.
O aperto monetário de setembro foi o sétimo consecutivo e levou o juro ao maior nível em 14 anos. Uma elevação adicional da taxa básica aumentaria os custos mensais de hipotecas para milhões de proprietários.
- Leia também: O que pensa Liz Truss, a nova primeira-ministra do Reino Unido, e a pedreira que ela vai pegar no governo
Se correr o bicho pega…
Se a libra permanecer em níveis baixos em relação ao dólar, as importações de commodities cotadas na moeda norte-americana, incluindo petróleo e gás, ficarão mais caras.
Outros importados também podem se tornar consideravelmente mais caros, alimentando ainda mais a inflação, que já está no nível mais alto em décadas.
Bens de tecnologia, como iPhones, feitos no exterior, podem ficar mais caros nas lojas do Reino Unido. Mesmo as coisas feitas no Reino Unido, mas com peças compradas no exterior, podem ficar muito mais caras para os britânicos.
E os turistas britânicos que visitam os EUA descobrirão que o dinheiro das férias não vai tão longe quanto antes da queda da libra — em compensação, para outros turistas como os brasileiros, ver o Big Ben fica mais barato.
Por volta de 16h40, a libra subia 0,04% ante o real, cotada a R$ 5,7530.
Embora as preocupações com a economia do Reino Unido tenham atingido a libra, o valor da moeda britânica também está sob pressão devido à força do dólar.
Outras moedas vêm caindo em relação ao dólar, e o euro atingiu uma nova mínima de 20 anos em relação à moeda americana, em meio a preocupações com o risco de recessão na Europa.
Se ficar, o bicho come…
No fim de semana, o ministro das Finanças britânico disse que havia mais por vir em termos de cortes de impostos depois de anunciar uma grande reformulação orçamentária para impulsionar o crescimento econômico.
De acordo com os planos, que Kwarteng classificou como uma nova era para a economia, o imposto de renda e o imposto de face sobre a compra de casas serão cortados e os aumentos planejados nos impostos sobre as empresas serão descartados.
Além de delinear 45 bilhões de libras em cortes de impostos, o governo confirmou que gastaria 60 bilhões de libras nos primeiros seis meses para subsidiar o aumento das contas de energia para residências e empresas. Mas espera-se que esse custo aumente, pois o plano de apoio às famílias durará dois anos.
*Com informações da BBC
Como a volta do Oasis aos palcos pode levar a Ticketmaster a uma disputa judicial
Poucos dias antes do retorno dos irmãos Noel e Liam Gallagher, separados desde 2009, o órgão britânico de defesa da concorrência ameaça processar a empresa que vendeu 900 mil ingressos para os shows no Reino Unido
Cidadania portuguesa: quem tem direito e como solicitar em meio a novas propostas?
Em meio a discussões que ameaçam endurecer o acesso à nacionalidade portuguesa, especialistas detalham o cenário e adiantam o que é preciso para garantir a sua
A culpa é de Trump? Powell usa o maior evento dos BCs no mundo para dizer por que não cortou os juros ainda
O evento organizado pelo BCE reuniu os chefes dos principais bancos centrais do mundo — e todos eles têm um inimigo em comum
Agência vai na contramão de Trump e afirma que Irã pode voltar a enriquecer urânio nos próximos meses; confira a resposta de Teerã
Em meio a pronunciamentos dos governos iraniano e norte-americano neste fim de semana, o presidente francês, Emmanuel Macron, cobrou retorno do Irã à mesa de negociações
G7 blinda empresas dos EUA de impostos mínimos globais após pressão de Trump
O acordo para a tributação das companhias norte-americanas foi firmado em meio a uma decisão do governo Trump no megaprojeto de gastos
Trump tem vitória no Senado com avanço de megaprojeto de gastos, e Elon Musk solta o verbo: “Completamente insano”
Apesar da vitória, a votação não foi fácil. O projeto vem sendo criticado pela oposição e também por aliados, incluindo o CEO da Tesla
Recebendo currículos, Trump diz o que o candidato precisa ter para ser escolhido presidente do Fed
O mandato do atual chefe do banco central norte-americana acaba em maio do ano que vem e o republicano já está em busca de nomes para a sucessão
Será que deu ruim? Titãs de Wall Street passam por teste de estresse; confira se algum dos grandes bancos EUA foi reprovado
A avaliação considerou uma recessão global severa, com desemprego em 10% e queda acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) real de 7,8%
A guerra dos EUA com a China acabou? O sinal de Trump que pode colocar fim à disputa entre as duas maiores economias do mundo
Um ponto crucial para as tarifas serem suspensas teria sido acordado nesta semana, segundo fontes da Casa Branca
A guerra acabou, decreta Trump sobre Israel e Irã — mas nem ele mesmo tem certeza disso
Presidente norte-americano deu declarações conflituosas sobre o status do conflito entre os dois inimigos no Oriente Médio, que mantêm um cessar-fogo frágil
Trump dá aval para Powell subir juros, mas impõe uma condição para isso acontecer nos EUA
O presidente do banco central norte-americano participou do segundo dia de depoimentos semestrais no Congresso; já o republicano usou os holofotes da Otan para falar da política monetária norte-americana
A Europa corre perigo? Otan sobe meta de gastos para 5% em mudança histórica e Trump manda recado duro para um membro
A medida mais decisiva da aliança em mais de uma década ocorre em meio à escalada de tensões no Oriente Médio e ao conflito entre Ucrânia e Rússia — mas um país europeu ainda resiste
Trump falhou: peças centrais do programa nuclear do Irã seguem intactas, diz inteligência dos EUA
Enquanto a Casa Branca nega as informações, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, promete atacar novamente se Teerã retomar seu programa nuclear
Após cessar-fogo entre Irã e Israel, Donald Trump é indicado ao Nobel da Paz (de novo)
Mais que prestígio, a indicação ao prêmio entra no jogo político da Casa Branca — e no xadrez internacional
Israel e Irã podem mexer com a política de juros nos EUA? Powell responde
O presidente do Federal Reserve presta depoimento ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara e fala dos reflexos da instabilidade no Oriente Médio nas decisões do banco central norte-americano
Powell diz o que pensa na guerra pelo corte de juros após ser chamado de burro por Trump
O presidente do Federal Reserve presta depoimento ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara e fala o que vai acontecer com os juros, o que pensa sobre as tarifas e sobre a guerra entre Israel e Irã
A guerra não acabou: Trump anuncia cessar-fogo entre Israel e Irã — mas tem o maior dos desafios pela frente
Mais cedo, Teerã respondeu à ofensiva norte-americana contra instalações nucleares com um ataque com mísseis à Base Aérea de Al Udeid, no Catar
Brasil na guerra: governo se posiciona sobre ataque dos EUA ao Irã; veja o que diz o Itamaraty
Ministério das Relações Exteriores emite nota oficial sobre a escalada do conflito no Oriente Médio; mais cedo o ex-chanceler e agora assessor especial Celso Amorim havia se manifestado sobre os confrontos
Empresas começam a suspender atividades com escalada da guerra entre Israel e Irã
Do setor marítimo ao setor aéreo, as primeiras companhias começam a anunciar uma paralisação temporária das operações na esteira dos ataques dos EUA às instalações nucleares iranianas
Apagando fogo com gasolina: a oferta da Rússia ao Irã que pode desencadear uma guerra nuclear
Um dos homens fortes do governo de Putin questiona sucesso do ofensiva norte-americana, que atacou três instalações nucleares iranianas, afirmando que uma futura produção de armas atômicas segue sobre a mesa