Campos Neto estragou a festa do mercado e mexeu com as apostas para a próxima reunião do Copom. Veja o que os investidores esperam para a Selic agora
Os investidores já se preparavam para celebrar o fim do ciclo de ajuste de alta da Selic, mas o presidente do Banco Central parece ter trazido o mercado de volta à realidade

Apesar de a maior parte do mercado ainda apostar que o ciclo de alta da Selic chegará ao fim na próxima reunião do Copom, na semana que vem, não há como negar: o presidente do BC, Roberto Campos Neto, andou estragando a festa que vinha sendo preparada nas últimas semanas.
A ata do encontro do Copom de agosto, aliada à leitura de deflação no mês passado, deixou os investidores e analistas confiantes de que a taxa básica de juros brasileira iria estabilizar em 13,75% ao ano; alguns até sonhavam com a possibilidade de corte na Selic já no início de 2023.
- NÃO É HORA DE SAIR DA RENDA FIXA: após a declaração de Campos Neto, esse é o momento para você ‘surfar’ com títulos premium que os bancos podem estar escondendo de você. Saiba aqui como você pode ter acesso a essas ofertas exclusivas.
Isso até Campos Neto e o diretor de política monetária do BC, Bruno Serra Fernandes, colocarem água no chope da Faria Lima.
No último dia 5, o presidente do Banco Central voltou a abrir a porta para a possibilidade de um ajuste residual nos juros, de 0,25 ponto percentual (pp), ao afirmar que o ambiente segue sendo de grande incerteza. Veja o vídeo com um trecho da fala em nossa página do Instagram (e aproveite para nos seguir por lá para receber nossos conteúdos especiais, basta clicar aqui):
Nas palavras de Campos Neto, a batalha contra a inflação ainda não está ganha, apesar da deflação registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
É fácil medir o impacto das palavras do chefe do BC no imaginário do mercado brasileiro: basta observar as opções de Copom negociadas na B3 — derivativos que permitem ao investidor apostar nas decisões de juros.
- NÃO É HORA DE SAIR DA RENDA FIXA: após a declaração de Campos Neto, esse é o momento para você ‘surfar’ com títulos premium que os bancos podem estar escondendo de você. Saiba aqui como você pode ter acesso a essas ofertas exclusivas.
Na véspera do pronunciamento, apenas 15% dos investidores apostavam em um ajuste residual de 0,25 pp na próxima reunião, enquanto 81% indicavam um cenário de manutenção. No dia seguinte, aqueles que acreditavam em mais uma alta nos juros — de 0,25 pp ou 0,50 pp — já haviam passado para quase 30%.
As apostas em uma manutenção da Selic no patamar atual seguiram caindo na semana seguinte às falas de Campos Neto e, embora esse ainda seja o cenário-base para a próxima reunião, o número de investidores que acreditam no fim do ciclo de aperto monetário já na semana que vem é o menor em mais de um mês.
De acordo com os dados da B3, até ontem (14), 64,5% das expectativas eram para uma manutenção dos juros na casa dos 13,75% ao ano, enquanto 34,69% apontavam para um aumento de 0,25 pp — outros 0,50% vão além e enxergam uma alta de 0,50 pp na Selic.
Mudança de discurso ou alinhamento de expectativas?
A fala de Campos Neto gerou uma reação imediata no mercado e colocou uma camada de incerteza para o próximo encontro. Mas, para analistas do mercado, o pronunciamento do chefe do BC fala mais sobre 2023 do que sobre o futuro próximo.
Os últimos dados de inflação, que mostraram um recuo nos preços, alimentaram as esperanças de que o Banco Central poderia iniciar um movimento de corte na Selic no início do próximo ano, o que foi visto como precipitado pela autoridade monetária.
Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, o recado dado por Campos Neto foi uma tentativa de balizar as expectativas do mercado frente às incertezas que ainda circulam no cenário econômico na virada de 2022 para 2023.
- NÃO É HORA DE SAIR DA RENDA FIXA: após a declaração de Campos Neto, esse é o momento para você ‘surfar’ com títulos premium que os bancos podem estar escondendo de você. Saiba aqui como você pode ter acesso a essas ofertas exclusivas.
"O que ele fez foi resgatar a leitura da ata e do comunicado da reunião de agosto, de que há um espaço para um ajuste residual”, disse Abdelmalack.
Na visão da economista, apesar dos registros deflacionários, é preciso lembrar que os próximos trimestres deverão ser impulsionados pelas medidas temporárias adotadas pelo governo para manter a economia aquecida e recompor a renda da população.
E, ainda que o boletim Focus siga corrigindo para baixo as expectativas de inflação para o próximo ano, pode existir um movimento contrário caso haja uma pressão maior na inflação de serviços, herdada dos estímulos recentes.
Ao contrário do compilado de estimativas do BC, a curva de juros futuros pode ser um indicativo mais palpável de quanto o cenário se deteriorou nas últimas semanas, já que os contratos de depósitos interfinanceiros (DIs) são investimentos — e, naturalmente, envolvem dinheiro.
Com os sinais de que o Banco Central não está disposto a arriscar um corte precipitado nos juros, a curva passou a adiar uma queda para a Selic. Ao contrário do que vinha sendo precificado nas últimas semanas, o mercado agora espera que a taxa básica volte a recuar apenas em maio de 2023 — e que permaneça na casa dos 12% ao ano até o início de 2024.
Leia também:
- EXCLUSIVO "BOLSONARO X LULA": com 7 de setembro e ânimos à flor da pele para eleições, saiba como as eleições podem mexer com o Ibovespa daqui para frente e o que aconteceu com a Bolsa nas últimas 6 eleições, de 1998 a 2018. Basta liberar o material gratuito neste link
Powell e RCN lado a lado?
A deterioração da expectativa por manutenção para a próxima reunião também contou com um empurrãozinho de outro presidente de banco central — Jerome Powell, chefe do Federal Reserve, dos Estados Unidos.
Para Rafael Passos, sócio-analista da Ajax Capital, o endurecimento do discurso de Campos Neto está alinhado à postura de seus colegas do Fed, ainda que o Copom esteja em um estágio bem mais avançado do ciclo de aperto monetário — e que, lá fora, ainda seja preciso acompanhar com calma os dados de atividade e inflação para tentar prever o teto dos ajustes.
Nas últimas semanas, os dirigentes do Fed também mostraram um discurso mais firme contra a inflação, e a surpresa negativa com o índice de preços ao consumidor nos EUA fez crescerem as apostas de que o BC americano elevará os juros em mais de 0,75 pp na próxima quarta (21).
Olhando para a negociação das opções de Copom, dá para perceber que os dados de inflação nos EUA mexeram com as apostas dos investidores brasileiros, levando a um novo crescimento nas expectativas por um ajuste residual.
- NÃO É HORA DE SAIR DA RENDA FIXA: após a declaração de Campos Neto, esse é o momento para você ‘surfar’ com títulos premium que os bancos podem estar escondendo de você. Saiba aqui como você pode ter acesso a essas ofertas exclusivas.
A mudança acompanhou a postura vista também em Nova York. De acordo com o CME Group, que monitora as probabilidades de ajuste para a próxima reunião do BC americano, as chances de uma alta de 0,75 pp na próxima reunião são de 80%, contra 20% de um ajuste de 1 pp.
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas
O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas
Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)
O preço de um crime: fraudes no Pix disparam e prejuízo ultrapassa R$ 4,9 bilhões em um ano
Segundo o Banco Central, dados referem-se a solicitações de devoluções feitas por usuários e instituições após fraudes confirmadas, mas que não foram concluídas
É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano
Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos
A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street
No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022
Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado
Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)