Com lambança fiscal do Auxílio Brasil, taxa dos títulos do Tesouro Direto já rende quase 1% ao mês
Quem investir hoje no título do Tesouro Direto prefixado com vencimento em 2031 leva para casa um retorno de 12,10% ao ano, o equivalente a 0,9563% ao mês
Estava com saudades do retorno de 1% ao mês proporcionado pelo governo? Pois a verdadeira lambança fiscal provocada pelo anúncio do benefício de R$ 400 do Auxílio Brasil furando o teto de gastos levou a uma disparada nos juros dos títulos públicos, incluindo aqueles que você pode investir no Tesouro Direto.
A taxa do título do Tesouro prefixado com vencimento em 2031 saltou de 11,08% no fechamento de segunda-feira para 12,10% na manhã desta quinta-feira.
Ou seja, quem investir nesse título hoje leva para casa um retorno equivalente a 0,9563% ao mês — com a regra dos juros compostos, não basta dividir 12% por 12 meses — e com direito a um rendimento caindo na conta a cada seis meses.
O problema é conseguir investir, já que o sistema do Tesouro Direto estava indisponível, com negociação apenas dos títulos atrelados à taxa básica de juros (Tesouro Selic).
A alta das taxas pode ser uma boa notícia para quem investe em renda fixa, mas é um péssimo sinal para o país e mostra a perda da credibilidade do governo. Mas afinal, por que o risco fiscal mexe com as taxas dos títulos do Tesouro Direto?
O receio dos investidores é o de que a falta de compromisso com o teto de gastos — que proíbe o crescimento das despesas além da inflação — leve a um descontrole fiscal.
É por isso que o mercado exige taxas maiores para comprar os títulos públicos. E o governo não tem muito o que fazer, já que opera com déficit nas contas desde 2014 e precisa do dinheiro dos investidores para arcar com as despesas, incluindo o novo programa social que vai substituir o Bolsa Família.
A "pá de cal" no teto e que levou os títulos do Tesouro Direto de volta aos 12% aconteceu ontem à noite, quando o ministro Paulo Guedes reconheceu que o governo pedirá uma "licença para gastar" R$ 30 bilhões fora do limite para bancar o Auxílio Fiscal de R$ 400.
Tesouro Direto prefixado: retorno bom, mas arriscado
Do ponto de vista do investidor, conseguir um retorno de quase 1% ao mês no Tesouro Prefixado pelos próximos 10 anos e com risco praticamente zero de calote é sedutor. Hoje já é possível obter ganhos semelhantes ou até maiores com títulos privados. Mas eles embutem o risco de o emissor dos papéis não honrar o compromisso.
No caso do Tesouro Direto, a chance de o investidor não ter o dinheiro de volta com o rendimento prometido é mínima, já que, no limite, o governo pode imprimir dinheiro para pagar.
Então, qual é o risco de se investir no Tesouro Prefixado? Como diz o nome, a taxa desse título público é definida no momento da compra e não muda mais.
Isso significa que, se os juros no Brasil subirem além dos 12% e permanecerem nesse patamar, quem investiu nos títulos prefixados do Tesouro Direto vai acabar perdendo dinheiro — ou ganhar menos do que poderia.
Outro lembrete importante é que o rendimento dos títulos do Tesouro Direto só é garantido no vencimento. Ou seja, se você precisar resgatar o dinheiro antes, terá que aceitar a taxa que está sendo negociada no momento da venda.
Quanto maior for a taxa, pior. Mas você também pode ganhar dinheiro se o mercado passar a exigir menos juros pelos títulos públicos. Saiba mais sobre a chamada "marcação a mercado" nesta matéria.
Esquenta dos mercados: Bolsas operam mistas antes do payroll dos EUA e paralisação dos auditores da Receita pressiona governo federal
O Ibovespa ainda registra queda na casa dos 3% e o exterior morno não deve ajudar o índice brasileiro
Esquenta dos mercados: Bolsas e bitcoin (BTC) caem após ata do Fed, e Ibovespa deve aprofundar queda com risco fiscal do cenário doméstico
Os índices dos Estados Unidos tiveram uma queda expressiva ontem (05) após a divulgação do documento, e o Ibovespa, que já ia mal, piorou ainda mais
Esquenta dos mercados: Bolsas operam com cautela no exterior antes da ata do Fed e cenário doméstico permanece atento ao risco fiscal; ações de tecnologia caem lá fora após cerco da China contra setor
O coronavírus se espalha pelos países, que batem recordes de casos registrados nas últimas 24h e situação pode comprometer a retomada das atividades
Relembre os principais eventos que fizeram você ganhar e perder dinheiro em 2021
Se você chorou ou sorriu em 2021, o importante é que, como sempre, não faltaram emoções durante o ano. E isso inclui os seus investimentos.
‘Responsabilidade social não significa irresponsabilidade fiscal’, diz Goldfajn, ex-presidente do BC
Atual presidente do conselho do Credit Suisse no país, Ilan Goldfajn vê com preocupação os recentes movimentos do governo no front fiscal
Bolsonaro diz que governo trabalha com alternativas para financiar Auxílio Brasil
O Ministério da Cidadania já confirmou que o reajuste no Bolsa Família será apenas para R$ 240 em novembro e o governo conta com a aprovação da PEC dos precatórios para fazer um pagamento maior a partir de dezembro.
Furo no teto e Guedes na corda bamba elevam apostas para os próximos passos da Selic; contratos de DI atingem oscilação máxima
Hoje os olhos do mercado se voltam para o próprio Guedes, com temores de que o ministro seja o próximo a pular fora do barco. A curva de juros reage
Cuidado fiscal: Presidente da Câmara quer PEC dos Precatórios dentro do teto de gastos
Arthur Lira (PP-AL) afirma que vai conversar com o STF para que a corte faça a intermediação com o governo para encontrar uma solução
AGORA: Ibovespa futuro abre em queda de mais de 1% enquanto dólar avança hoje
Os bons dias da bolsa brasileira parecem ter ficado para trás e o clima da eleição de 2022 tomou conta das decisões do Congresso
Pré-mercado: Ata do Fed repercute nas bolsas e Ibovespa deve cair hoje com risco fiscal e aumento da cautela no radar
Os bons dias da bolsa brasileira parecem ter ficado para trás e o clima da eleição de 2022 tomou conta das decisões do Congresso
Leia Também
-
É tudo culpa dos juros? PIB dos EUA vem abaixo do esperado, mas outro dado deixa os mercados de cabelo em pé
-
Novo imposto do aço: Governo aumenta taxa para importação em meio a apelo das siderúrgicas. Vem impacto na inflação?
-
"Efeito Campos Neto" leva a reviravolta nas projeções para a Selic no fim deste ano
Mais lidas
-
1
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
-
2
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
3
Como a “invasão” dos carros chineses impacta as locadoras como a Localiza (RENT3) e a Movida (MOVI3)