A indústria de fundos de investimento encerrou 2020 com captação líquida positiva de R$ 156,4 bilhões, segundo dados da Anbima divulgados nesta terça-feira (12). A cifra representa um recuo de 32% na comparação com 2019.
O montante é a diferença entre os R$ 8,4 trilhões de aportes e R$ 8,3 trilhões de saques no período, sendo que as maiores influências positivas foram dos fundos multimercados e de ações - com saldo de R$ 97,6 bilhões (avanço de 30% sobre 2019) e R$ 69,4 bilhões (queda de 22%), respectivamente.
A classe de renda fixa foi a que mais sofreu os impactos da crise, mas teve desempenho superior a 2019 - com aportes de fundos representativos no segmento do poder público. Os resgates líquidos totalizaram R$ 41,2 bilhões.
O vice-presidente da Anbima, Carlos André, lembrou que a renda fixa em um ambiente de taxa de juros baixa naturalmente perde atratividade, "especialmente nos fundos com estratégias mais conservadoras".
"Particularmente em 2020, muitas pessoas também precisaram acessar suas reservas de emergência, que estão em fundos mais conservadores, para pagamento de contas", disse.
De acordo com a Anbima, o número de contas saltou de 21 milhões, em 2019, para cerca de 25 milhões, em 2020. No último dia de 2020, a indústria chegou à marca histórica de R$ 6 trilhões de patrimônio líquido.
Multimercados têm maiores retornos
Em relação às rentabilidades acumuladas no ano, os multimercados foram destaque. A maior parte teve desempenho acima da taxa DI (2,76%) e do Ibovespa (2,9%), segundo a Anbima.
O tipo investimento no exterior (pode alocar mais de 40% do seu patrimônio líquido em ativos lá fora) teve retornos de 12,2%.
O tipo estratégia específica (adota estratégias de investimento em riscos específicos, como commodities, futuro de índice etc.) ficou em segundo lugar com 8,3%.
O ações livre (pode adotar diversos tipos de estratégia de renda variável) se destacou entre os tipos que apresentam estratégias de investimento na classe de ações com 6,2%.
Na renda fixa, o tipo dívida externa (aplica, no mínimo, 80% em títulos representativos da dívida externa) teve retorno de 36%, influenciado pela alta de 28,9% do dólar em 2020.
O tipo duração alta grau de investimento (investe, no mínimo, 80% da carteira em títulos públicos com prazos maiores) rendeu 9,8% de janeiro a dezembro, ainda conforme informações da Anbima.