Após Jair Bolsonaro prometer que a Petrobras (PETR4) começará a diminuir o preço dos combustíveis nesta semana, a estatal rebateu que não antecipa decisões de reajustes ainda não anunciadas aos clientes e ao mercado, mas afirmou que as mudanças nos valores dos produtos "são realizadas no curso normal dos negócios".
O presidente, que é um dos críticos mais ferrenhos da política de preços da petroleira, afirmou, em entrevista ao site Poder360 no último domingo (5), que a queda nos valores deve seguir por algumas semanas.
Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras também reiterou o compromisso de manter os preços "competitivos e em equilíbrio com o mercado". Essa preocupação está no cerne da política que é alvo dos comentários ácidos de Bolsonaro e cujo objetivo é equiparar os valores com o preço do barril de petróleo no mercado internacional.
Agora, com o recuo da commodity - o petróleo do tipo Brent caiu US$ 10 nas últimas duas semanas e está cotado próximo aos US$ 73 hoje -, a queda nos preços dos combustíveis é antecipada pelo mercado.
Cabo de guerra
A briga entre a petroleira e o presidente a respeito de quanto deve custar a gasolina, o diesel e o gás liquefeito de petróleo - o famoso "gás de cozinha" - é antiga e já motivou até uma troca de comando na empresa.
Mas, mesmo com a chegada do general Joaquim Silva e Luna, nome indicado por Bolsonaro, à presidência da Petrobras, a estatal manteve a mesma política de preços.
No mês passado, em meio a críticas em relação aos aumentos mais recentes, o chefe do Executivo afirmou que o governo buscava rever a política de preços da Petrobras. Mas Silva e Luna rebateu que alta nos preços não é culpa da companhia.
"A alta de preços dos combustíveis não corresponde à Petrobras e está sendo colocada na conta dela", disse o presidente da estatal em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal para explicar a alta nos valores.
Privatização
Além da mudança na política de preços, o presidente também mira em uma alteração de cenário mais drástica: privatizar a estatal.
Bolsonaro já expressou publicamente o desejo em diversas ocasiões, e chegou a dizer que pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, um estudo sobre a possível privatização da Petrobras por meio da venda das ações da União.
A fala motivou um pedido de explicações por parte da estatal e a abertura de uma investigação na CVM, mas não há atualizações em nenhum dos dois casos.