Números de abril revelam melhora do IRB, mas queda da ação mostra que desconfiança persiste
Estratégia de rever contratos, principalmente no exterior, diminuiu as receitas fora do Brasil, mas ajudou sinistralidade e resultado final
A história do IRB Brasil Re (IRBR3) depois que foi privatizado e abriu seu capital seria digna de um capítulo à parte em um eventual livro sobre o mercado de ações brasileiro.
Entre o IPO, em julho de 2017, e fevereiro de 2020, quando atingiu quase R$ 39, a ação praticamente quintuplicou seu valor. E desde então, o papel parece procurar uma corda para se segurar e parar de cair.
Na tarde desta terça-feira, 22, perto de completar quatro anos de sua chegada à bolsa, a ação ON do IRB vale R$ 6. Ou seja, perdeu quase 85% do seu valor desde que atingiu o pico, pouco antes da pandemia de covid-19 chegar ao Brasil.
A queda na ação foi consequência mais da descoberta de fraudes contábeis que da crise sanitária. E desde o fim do ano passado, a nova administração da resseguradora tenta recuperar a credibilidade junto ao mercado.
Uma das iniciativas é a divulgação de relatório operacional mensal com base em dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Hoje, a empresa divulgou os números de abril, que mostram os efeitos de outra medida: a revisão de contratos, principalmente no exterior.
No entanto, com a ação caindo cerca de 1,0% hoje, parece que os investidores ainda preferem manter uma certa distância do IRB, mesmo com números melhores.
O índice de sinistralidade, importante para qualquer empresa de seguros ou resseguros, ficou em 84,3% em abril, ante 118,7% de um ano antes. As despesas caíram 27,5%, para R$ 479 milhões.
Desde janeiro, o índice ficou em 75,6%, ante 87,9% do ano passado, com as despesas com sinistros em R$ 1,5 bilhão, quase R$ 300 milhões a menos que em 2020.
Em relação aos resultados financeiros, o IRB teve prejuízo antes dos impostos de R$ 81,6 milhões em abril, ante resultado negativo de R$ 259 milhões 12 meses antes.
No acumulado do ano, a empresa conseguiu ter lucro de R$ 11,1 milhões, ante prejuízo de R$ 172,1 milhões em 2020, antes dos impostos.
No resultado líquido, o IRB teve prejuízo de R$ 48,9 milhões em abril, e acumula lucro de R$ 1,9 milhão em 2021. No ano passado, as perdas foram de R$ 170 milhões no mês e R$ 135 milhões no quadrimestre.
Sem contar o efeito dos negócios descontinuados e efeitos não recorrentes, o IRB teve prejuízo de R$ 38,9 milhões em abril e lucro de R$ 41,5 milhões desde janeiro deste ano.
Foco no Brasil
Desde o começo de 2021, o IRB emitiu R$ 2,716 bilhões em prêmios, uma redução total de 2,6% na comparação com o primeiro quadrimestre de 2020.
O curioso é que, somente no mercado brasileiro, os prêmios cresceram 15,6%, para R$ 1,4 bilhão. Já no exterior, houve queda de 16,9%, para R$ 1,3 bilhão.
Dentro do processo de reestruturação para recuperar a confiança do mercado, a empresa divulgou que estava fazendo uma ampla revisão dos contratos ativos. O principal alvo, segundo a administração do IRB, eram as operações no segmento Vida no exterior, que tinham impactos negativos nos resultados da empresa.
Os números somente de abril confirmam a mesma tendência. O faturamento com prêmios caiu 0,9% em relação ao mesmo mês de 2020, para R$ 785,9 milhões. Houve crescimento de 8,6% no Brasil e queda de 7,9% no exterior.
Pelos números de abril, o faturamento vindo do exterior, em reais, ainda tem participação ligeiramente maior, mesmo com toda a revisão já realizada. Foram R$ 421,2 milhões em prêmios emitidos, ante R$ 364,7 milhões no Brasil. Claro que o câmbio é decisivo nesta “vantagem”.
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