A Moura Dubeux tem a maior queda entre as novatas da bolsa. É hora de comprar?
Focada no mercado de média/alta renda do Nordeste, a Moura Dubeux amarga queda de mais de 50% desde o IPO, apesar do bom momento operacional
Desde o começo do ano passado, 41 empresas estrearam na bolsa brasileira. Naturalmente, muito se fala sobre as ações que dispararam desde o IPO, como Locaweb, Méliuz e Sequoia, mas o outro extremo desse ranking é igualmente relevante. E, liderando a ponta negativa, aparece a construtora e incorporadora Moura Dubeux, focada no segmento de média/alta renda no Nordeste.
Lançadas ao mercado em fevereiro de 2020 ao preço unitário de R$ 19,00, as ações ON da companhia (MDNE3) fecharam o último pregão a R$ 8,98, amargando uma queda de 52,7% desde a abertura de capital. Uma baixa relevante e que nos leva a uma dúvida: esse desconto é justificado ou os papéis representam uma boa oportunidade de investimento?
A própria Moura Dubeux fez um movimento que dá a entender que a empresa está desconfortável com o atual nível de preços de suas ações. Mais cedo, a construtora e incorporadora sediada em Recife (PE) anunciou um programa de recompra de até 10% das ações em circulação.
Ou seja: a empresa pretende adquirir, via negociação em bolsa num período de 12 meses, até 5,7 milhões de papéis — uma quantia relevante e que tende a puxar as cotações para cima, considerando que o montante disponível para negociação será menor.
A notícia não deu muito ânimo para as ações da Moura Dubeux, que chegaram a cair 1,56% na mínima do dia. Mas os papéis enfim fecharam com ganho de 1,22%, a R$ 9,09.

Moura Dubeux e o IPO 'esquecido'
E o que explica esse desempenho tão ruim das ações da Moura Dubeux?
Leia Também
Antes de analisarmos as métricas operacionais e financeiras da companhia, é importante entendermos a relação do mercado com os papéis. A construtora estreou na bolsa em fevereiro de 2020, portanto antes do início da pandemia — e, com o terremoto visto em março, as ações ficaram "esquecidas", sem atrair grande interesse de investidores ou de casas de análise.
Até hoje, apenas cinco grandes instituições financeiras possuem cobertura para a Moura Dubeux: Itaú BBA, Credit Suisse, Eleven, Banco do Brasil e Bradesco BBI. Todas têm recomendação de compra.
Há ainda a questão geográfica: trata-se de uma construtora e incorporadora cujas atividades estão concentradas na região Nordeste, o que faz com que muitos investidores não tenham familiaridade com a empresa. Para se ter uma ideia, o volume médio diário negociado (ADTV, na sigla em inglês) é de cerca de US$ 1,5 milhão — uma cifra bastante baixa, dentro dos padrões brasileiros.
Novamente, o timing jogou contra a Moura Dubeux: a tese de investimento nos IPOs de "gigantes regionais", como Quero-Quero e Grupo Mateus, ganhou força apenas no segundo semestre de 2020, quando havia maior clareza em relação à dinâmica da pandemia.
Vale também destacar o grande número de companhias do setor que fizeram IPO: Mitre Realty, Melnick, Plano&Plano, Lavvi e Cury abriram capital ano passado, aumentando a concorrência num segmento que já tinha inúmeras possibilidades de investimento. A Moura Dubeux, mais uma vez, ficou de escanteio.
Por fim, há o ambiente macroeconômico desfavorável, com uma previsão de alta nas taxas de juros no longo prazo — o que é particularmente ruim para construtoras e incorporadoras, considerando o tempo estendido dos financiamentos imobiliários.

Bom momento operacional
Dito tudo isso, vamos à análise da companhia em si — e os números apresentados pela Moura Dubeux mostram uma imagem distante da sugerida pelo mau desempenho das ações.
Começando pela prévia operacional do primeiro trimestre de 2021, divulgada no último dia 12. A empresa lançou dois empreendimentos entre janeiro e março deste ano, com um valor geral de vendas (VGV) líquido de R$ 90 milhões — não houve lançamentos no mesmo período de 2020.
No lado da comercialização, os dados foram ainda mais animadores: as vendas e adesões líquidas chegaram a R$ 244 milhões, alta de 272%; os distratos avançaram num ritmo muito menor: crescimento de 27%, para R$ 14,8 milhões. Com isso, a relação entre vendas líquidas e distratos mostra tendência de baixa relevante, fechando o trimestre em 5,7% — uma queda de 9,4 pontos percentuais em um ano.

No lado financeiro, a Moura Dubeux fechou 2020 com receita líquida de R$ 513,3 milhões, alta de 25,9% na comparação com 2019 — um avanço importante, considerando as dificuldades enfrentadas pelo setor durante a pandemia.
O resultado operacional, no entanto, foi fortemente impactado pelo aumento nas despesas, ficando negativo em R$ 72,3 milhões no ano passado. Ao fim do balanço, a empresa teve prejuízo de R$ 100,1 milhões, praticamente estável em relação a 2019, quando a perda foi de R$ 96,3 milhões.
No lado do endividamento, a empresa está praticamente zerada: a dívida líquida era de apenas R$ 7,2 milhões ao fim de 2020 — vale lembrar, no entanto, que boa parte dos recursos obtidos com o IPO foi destinada ao pagamento de compromissos financeiros, o que não foi bem visto pelo mercado.
Analistas confiantes
Como dito acima, as cinco casas de investimento com cobertura para as ações da Moura Dubeux possuem recomendação de compra. Veja abaixo os preços-alvos e o potencial implícito de ganho, considerando o fechamento de ontem:
- Itaú BBA: R$ 15,00 (alta de 67%)
- Credit Suisse: R$ 15,00 (alta de 67%)
- Eleven: R$ 14,00 (alta de 56%)
- Banco do Brasil: R$ 14,50 (alta de 61,5%)
- Bradesco BBI: R$ 16,00 (alta de 78,2%)
E o que explica esse otimismo todo? Mais do que as condições financeiras ou as tendências operacionais, aparece um fator puramente técnico: a Moura Dubeux está sendo negociada com métricas de valuation bem inferiores às dos pares do setor.
Veja, por exemplo, o indicador preço/valor patrimonial (P/BV). A Moura Dubeux, hoje, é negociada a cerca de 0,75 vez — "um desconto de 50% em relação aos pares no setor de média renda, mesmo com um momento operacional parecido e positivo", comenta o Credit Suisse.
Traduzindo: quando comparadas com companhias semelhantes, as ações da Moura Dubeux estão descontadas, sem nada que justifique esse preço mais baixo. Portanto, uma boa oportunidade de lucro, embora também acompanhada de certa dose de risco.
Afinal, a Moura Dubeux é uma empresa de porte muito menor do que Cyrela ou Even, por exemplo, o que também reduz o espaço no balanço para eventuais erros de estratégia. Além disso, a empresa de Recife está no início de um novo período de expansão, enquanto seus pares já estão num ponto mais confortável desse ciclo.
Por fim, há o próprio efeito liquidez: por mais que a recompra de 10% possa dar impulso às cotações, ela também tende a reduzir o volume negociado na bolsa e dificultar uma transação rápida, se necessário — um risco que deve ser embutido no preço dos ativos.

Nubank (ROXO34) pode estar ajudando a ‘drenar’ os clientes de Tim (TIMS3) e Vivo (VIVT3); entenda
Segundo a XP, o avanço da Nucel pode estar acelerando a migração de clientes para a Claro e pressionando rivais como Tim e Vivo, o que sinaliza uma mudança mais rápida na dinâmica competitiva do setor
Bradespar (BRAP4) distribui quase R$ 600 milhões em dividendos e JCP; pagamento será feito em duas etapas
Do total anunciado, R$ 330 milhões correspondem aos dividendos e R$ 257 milhões aos juros sobre capital próprio (JCP); Localiza também detalha distribuição de proventos
Falta de luz em SP: Prejuízo a bares, hotéis e restaurantes pode chegar a R$ 100 milhões
Estimativa da Fhoresp é que 5 mil estabelecimentos foram atingidos pelo apagão
Isa Energia (ISAE4) recebe upgrade duplo do JP Morgan depois de comer poeira na bolsa em 2025
Após ficar atrás dos pares em 2025, a elétrica recebeu um upgrade duplo de recomendação. Por que o banco vê potencial de valorização e quais os catalisadores?
Não colou: por que a Justiça barrou a tentativa do Assaí (ASAI3) de se blindar de dívidas antigas do Pão de Açúcar
O GPA informou, nesta segunda (15), que o pedido do Assaí por blindagem contra passivos tributários anteriores à cisão das duas empresas foi negado pela Justiça
Braskem (BRKM5) com novo controlador: IG4 fecha acordo com bancos e tira Novonor do comando
Gestora fecha acordo com bancos credores, avança sobre ações da Novonor e pode assumir o controle da petroquímica
São Paulo às escuras: quando a Enel assumiu o fornecimento de energia no estado? Veja o histórico da empresa
Somente no estado, a concessionária atende 24 municípios da região metropolitana, sendo responsável por cerca de 70% da energia distribuída
Concessão da Enel em risco: MP pede suspensão da renovação, e empresa promete normalizar fornecimento até o fim do dia
O MPTCU defende a divisão da concessão da Enel em partes menores, o que também foi recomendado pelo governador de São Paulo
Cemig (CMIG4) promete investir cifra bilionária nos próximos anos, mas não anima analistas
Os analistas do Safra cortaram o preço-alvo das ações da empresa de R$ 13,20 para R$ 12,50, indicando um potencial de alta de 13% no próximo ano
Casas Bahia (BHIA3) avança em mudança de estrutura de capital e anuncia emissão de R$ 3,9 bilhões em debêntures
Segundo o documento, os recursos obtidos também serão destinados para reperfilamento do passivo de outras emissões de debêntures ou para reforço de caixa
Azul (AZUL4) avança no Chapter 11 com sinal verde da Justiça dos EUA, e CEO se pronuncia: ‘dívida está baixando 60%’
Com o plano aprovado, grande parte da dívida pré-existente será revertida em ações, permitindo que a empresa levante recursos
Bancos oferecem uma mãozinha para socorrer os Correios, mas proposta depende do sinal verde do Tesouro Nacional
As negociações ganharam fôlego após a entrada da Caixa Econômica Federal no rol de instituições dispostas a emprestar os recursos
Mais de R$ 9 bilhões em dividendos e JCP: Rede D’Or (RDOR3) e Engie (EGIE3) preparam distribuição de proventos turbinada
Os pagamentos estão programados para dezembro de 2025 e 2026, beneficiando quem tiver posição acionária até as datas de corte
BRK Ambiental: quem é a empresa que pode quebrar jejum de IPO após 4 anos sem ofertas de ações na bolsa brasileira
A BRK Ambiental entrou um pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar um IPO; o que esperar agora?
Os bastidores da nova fase da Riachuelo (GUAR3), segundo o CEO. Vale comprar as ações agora?
Em entrevista ao Money Times, André Farber apresenta os novos projetos de expansão da varejista, que inaugura loja-conceito em São Paulo
O rombo de R$ 4,3 bilhões que quase derrubou o império de Silvio Santos; entenda o caso
Do SBT à Tele Sena, o empresário construiu um dos maiores conglomerados do país, mas quase perdeu tudo no escândalo do Banco Panamericano
Citi corta recomendação para Auren (AURE3) e projeta alta nos preços de energia
Banco projeta maior volatilidade no setor elétrico e destaca dividendos como diferencial competitivo
De sucos naturais a patrocínio ao campeão da Fórmula 1: quem colocou R$ 10 mil na ação desta empresa hoje é milionário
A história da Monster Beverage, a empresa que começou vendendo sucos e se tornou uma potência mundial de energéticos, multiplicando fortunas pelo caminho
Oi (OIBR3) ganha mais fôlego para pagamentos, mas continua sob controle da Justiça, diz nova decisão
Esse é mais um capítulo envolvendo a Justiça, os grandes bancos credores e a empresa, que já está em sua segunda recuperação judicial
Larry Ellison, cofundador da Oracle, perdeu R$ 167 bilhões em um só dia: veja o que isso significa para as ações de empresas ligadas à IA
A perda vem da queda do valor da empresa de tecnologia que oferece softwares e infraestrutura de nuvem e da qual Ellison é o maior acionista
